segunda-feira, dezembro 22, 2003

O amor vence

Ontem eu fui ver um filme que me fez muito bem.
Não tenho passado por muito momentos onde seja necessária uma injeção de ânimo, mas esse filme foi exatamente isso. Saí da sala com o coração tranquilo, a alma lavada e os olhos idem. Fiz força para não chorar e não dar vexame na frente do casal de amigos que estava comigo.

O "culpado" pela choradeira foi o bobinho "Simplesmente amor".
Digo "bobinho" por que se trata de mais uma comédia romântica americana com o mesmo final feliz que a mulheres adoram ver e o mesmo humor inglês que eu adoro ver. O fato de contar com o Hugh Grant é uma grande qualidade já que aproxima o filme do meu grande favorito, Quatro Casamentos e um Funeral.

O filme é repleto de estorinhas de amor que só não enchem o saco por que são justamente estórias de amor. Acho que até o fã do Jason e Freddy Krueger gosta de saber que em algum lugar alguém pensa em amor de vez em quando.
Me arrisco a dizer que até esse tipo de louco tem uma menina ainda mais louca para atazaná-lo e fazer da sua vida um delicioso inferno.

Não tem como não gostar de estórias de amor.
Não tem como não rir com o inglês bobalhão que só decide correr atrás da mulher da sua vida depois que ela vai embora.
Não dá para não se sentir bem ao ver alguém dando um chute na bunda dos americanos e botando-os para correr só por que sentiu ciúmes da amada.
Não para não comemorar o final do bonitão do filme: ele é um dos únicos que fica sozinho. E tudo por causa de um outro tipo de amor.
Não dá para não vibrar ao ver gordos, magros, feios, bonitos, casados, solteiros e todo tipo de aliens se amando sem parar.
É claro que o sexo entra na mistura (graças a Deus), mas foi o amor que me energizou. Foi o amor que me fez esconder o rosto do Presidente para não ser zoado.
É o amor que me faz pensar tanto em você, Branca.
É o amor que me leva até você enquanto você não vem.

É o amor e sou grato a Ele por isso.

sexta-feira, dezembro 19, 2003

Na boa

Acho que estou ficando velho!!
Ontem rolou a festa de confraternização da empresa.
Por mais que os números não fossem muito favoráveis para quem estava a fim de confraternizar mais com pessoas do sexo oposto (eram seis homens para cada coitada), me espantei com a minha pouca disposição em fazer algo além de admirar decotes, adereços e aberturas de roupas.

Antes que alguém comece a falar inverdades a respeito da minha masculinidade, acho bom ressaltar que continuo gostando muito da fruta (para alívio e felicidade da minha mineira). O problema é que não tenho mais paciência para chegar perto de alguma mulher interessante e puxar papo nem que seja só para passar o tempo.
Na verdade eu nunca fui muito bom nessas coisas de paquera e conquista. Minhas chances sempre foram maiores quando a moça tinha a oportunidade de conviver comigo.
Como me considero até um pouco antipático, não é de se espantar que o "professor" receba muito mais sorrisos e tentativas de puxar conversa. Essa não é a minha e pronto!!

Na tal da festa, além de fugir assintosamente de todas as dezenas de litros de whsiky que passavam com insistências nas bandejas dos garçons, eu me deidiquei a conversar com os poucos amigos, dançar com alguns conhecidos e tirar sarro dos velhos ridículos que acham que roupa de festa é um blazer cinza em cima da roupa de trabalho.
Meu único contato mais próximo com um ente do sexo feminino foi quando a secretária do terceiro andar se jogou em cima de mim para fugir de um tiozinho meio impertinente e quase me matou de rir ao dizer que estava "bebaca".
Como sempre fui devagar, nem pensei que ela queria algo mais e já tratei de levá-la até um canto mais calmo do salão e deixá-la aos cuidados de uma amiga.

Tenho a impressão de que estou mesmo ficando velho!!
Ou será que estou mais concentrado em interesses menos adolescentes??
Que a minha mineira responda!!

quarta-feira, dezembro 17, 2003

Olhos verdes

Ele sempre foi um enorme paradoxo na nossa turma da faculdade.
O enorme pode ser interpretado em diversos sentidos quando se fala naquele cara.
Os anos de surfe aliados a uma genética privilegiada garantiam a posição de maior e mais forte do grupo. A justificativa do paradoxo vinha do temperamento gentil e dócil que ele tinha. Na verdade ele segue tendo esse temperamento, mas o casamento, o filho e os empregos estressantes e milionários mudaram um pouco o shape do garoto.
Uma das tiradas mais engraçadas dos tempos da faculdade é que o comparava com um touro de um desenho da Disney: o touro Ferdinando era o mais forte da fazenda e podia colocar medo em qualquer ser vivo só de olhar para ele; felizmente para os outros, o passatempo preferido do Ferdinando era sentir o cheiro das flores e dar passeios pelo campo. Uma verdadeira moça em corpo de gigante.
Era mais ou menos assim que sempre vimos aquele cara.

Além da gentileza de meninão, era a dedicação às paixões que mais chamava a atenção de quem convivia com ele.
Se não era o surfe era o Palmeiras. Se não era o Mack era a Juréia.
Infelizmente meu relacionamento com uma certa sargenta me impediu de conhecer a casa da praia, mas sei que foi lá que a vida dele começou a mudar. Fói lá que ele conheceu uma certa mulher que mudaria a sua vida para sempre e que o faria feliz por um pouco mais de tempo do que sempre.

Pelo que me lembro, ela era irmã de um companheiro de surfe dele.
Não sei bem por que ela frequentava aquela praia distante, mas certamente a comissão técnica do céu tem algo a ver com isso.
Outra coisa que está bem fresca na memória é o fato dela ter nascido com algo proibido para alguém como ele, tão cioso do respeito e do cuidado com os outros.
Para infelicidade inicial dele, ela tinha namorado!!
Não vale a pena citar o que rolou ou deixou de rolar até que eles pudessem ficar juntos sem se esconder de ninguém. O importante é que eles ficaram livres para entregarem a liberdade um para o outro.

O capítulo seguinte desta estória de amor é meio triste para mim: não pude ir ao casamento deles por que estava passando uma "maravilhosa" temporada de trabalho na minha "amada" Manaus.
Como meu desgosto por esta fase da minha vida ainda é grande, este parágrafo vai acabar depois de deixar registrado que todos os nossos amigos estavam lá para testemunhar o primeiro casamento da turma. Muitos outros vieram depois, mas o primeiro sempre fica marcado na memória de todos. Para o bem ou para o mal.

A chegada do primeiro herdeiro veio para coroar algo que já era bom.
Oivi-lo descrever a paternidade com um "legal" meio abobalhado não necessitava de tradução ou complemento. Tudo estava dito naquela única palavra.

Nunca tive certeza se ele sabia da admiração que sinto pelo que é e pelo que realizou, mas talvez esta seja a oportunidade prefeita de deixar isso para que todos vejam.
Admiro a luta que ele encarou para ter a mulher que amava. Admiro o tipo de vida que ele escolheu. Admiro a coragem de ter sido o primeiro a se casar e o primeiro a ser pai.
Admiro o brilho infantil que ainda sai daqueles olhos verdes, mesmo depois da partida de alguns cabelos, do surgimento de algumas rugas e da chegada de alguns quilos.
Admiro a alegria que sinto quando estamos juntos e admiro a possibilidade de chamá-lo de amigo.

Te admiro, bicho. Ponto final.

sábado, dezembro 06, 2003

Planos de futuro

Tenho falado muito de futuro ultimamente.
Antes de agora, quando me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse, não havia muita razão para mudar o discurso tradicional: eu queria trabalhar, estudar, ganhar dinheiro, comprar coisas, curtir a vida e encontrar alguém para amar.
Hoje em dia, por mais soltas que pareçam as idéias, me é muiot mais fácil saber o que vou fazer. Quer dizer, não sei lá muita coisa, mas não estou muito preocupado com isso.

Meus amigos-irmãos estão sintonizados com meu momento e percebem que meu olhar pede que eles me perguntem. É mais ou menos como se eu quisesse que todos soubessem, mas sem perder o charme da discrição.
As perguntas são, invariavelmente sobre o futuro com a minha mineira.

Recentemente, meu melhor amigo ficou de queixo caído quando eu falei bem sério que tinha a intenção de deixar Sampa para buscar a confirmação prática de algo que já sei no coração.
Por mais que eu já tivesse falado que poderia fazer isso, o fato de ter usado cores tão sérias, quebrou as pernas do brother.
Por mais que ele deseje a minha felicidade e saiba que os motivos são bastante justos, não foi possível esconder o desejo de "reverter a situação", de virar o jogo e fazer a mudança focar São Paulo e não Minas.
Sei que ele fez isso por que gosta de mim, mas fui muito consciente quando decidi que o primeiro passo será para fora.

Quando falo em primeiro passo me refiro a uma tentativa.
Assim como não dá para ter 100% de que tudo vai continuar funcionando com a minha mineira, não dá para saber se vou conseguir encontrar o que fazer longe da minha "cidade natal".
Sinceramente, não estou preocupado com isso. Estou muito tranquilo e sem pressa. Vou dar um passo de cada vez e não quero saber de milimetrar os detalhes do ano que vem.
Ao contrário, quero terminar este ano em grande estilo, visitar minha vó do lado de lá dos Andes, voltar e ver no que dá.

Hoje é sábado, estou aqui em Ubercity, sozinho em casa, mexendo no computador enquanto minha cara-metade está estudando. Me sinto como em um ensaio do que pode vir e me sinto muito bem.
Ontem um grande amigo, quase um amigo-irmão, me disse que só existe uma coisa que é obrigatória nesse processo: a geladeira da casa nova.

Se essa for a maior das minhas preocupações, 2004 vai ser muito fácil de ser vivido.

segunda-feira, novembro 24, 2003

Estar acostumado

Neste final de semana acabei sendo um pouco rude demais com a minha mineira.
Acredito que não havia muita justificativa para o destempero que rolou, mas meu atual estado de stress potencializou algo que poderia muito bem ter sido resolvido com muita conversa e alguns beijos.
O fato é que fiquei nervoso pela insistência dela em dizer que não estava acostumada a fazer determinada coisa e que por isso não havia como fazê-la direito.
Ao invés de brigar, teria sido muito melhor se eu tentasse fazê-la entender que nem sempre a gente faz somente coisa com as quais se está acostumado.

Por mais que eu não goste de grandes mudanças, tenho consciência de vivo uma dicotomia ao exigir de mim mesmo um grande poder de adaptação a qualquer nova situação que eu viva.
Talvez eu consiguisse viver melhor sem essa exigência toda, mas aí não seria eu, não haveria o gosto de ser crica e "analítico".
Não importa se é um novo caminho para casa, se é um novo emprego que encaro ou se é um novo relacionamento que se inicia. Sempre procuro me adaptar o mais rápido possível para que a situação me cause o mínimo de prejuízo ou sofrimento.
Tenho a impressão de que isso tem a ver com sobrevivência (grande Darwin).

Voltando à bronca do final de semana.
Por mais doce que seja, a minha mineira gosta de insistir nessa linha de não estar acostumada com algumas coisas.
Isso costuma me incomodar um pouco, mas desta vez foi complicado. Eu diria que pode até ter sido justificado, mas certamente foi exagerado.
Tenho que tentar entender que talvez essa seja a verdade dela, que talvez ela não entenda isso como uma exigência a cumprir, que talvez ela viva melhor assim.
Acho que esta última frase resume bem o que esta questão deve conter: se a pessoa vive bem com seu próprio grau de adaptação às coisas e situações, que seja assim e que ela continue feliz.

Vou tentar passar isso para a minha doce mineira.
Algo me diz que ela vai entender.

sexta-feira, novembro 21, 2003

Falta

No final de semana passado eu assisti à parte final do Matrix.
Não quero ser espírito de porco e estragar o prazer de quem ainda não conseguiu ver o Revolutions, por isso vou me concentrar apenas em um aspecto do filme.
Na verdade, o que me chamou a atenção nesta nova chuva de efeitos e kung fu acrobático já tinha aparecido no segundo de forma bem intensa: me refiro ao amor da Trinity pelo Neo.

Apesar disto (o amor) ser muito mais legal quando envolve duas pessoas, não acho que o Neo tenha dado muitas demonstrações de que ama a dona daqueles olhos verdes e estilo impecável. Talvez tenha algo a ver com a "expressão dramática" do Keanu Reeves, mas sempre achei que ela o amava com muito mais intensidade.
O amor dela é cheio de sacrifício e entrega. Ela seria capaz de morrer por amor a ele e isso é para poucos.

Entendo que o amor também é feito de um pouco de sacrifício, nada em exagero, nada que o torne mais um carma do que um benefício. Apenas um tempero para que a coisa fique mais valorizada.
Também acredito que uma das formas mais intensas de demonstrar o amor é sentir falta dele.
É aí que eu me aproximo um pouco da Trinity. Ela fez o diabo para salvar o tal do Neo e tudo foi em nome do amor. O reencontro deles deixou bem claro o valor que ela dava para aquilo que eles tinham. Aquilo era a vida dela.
Não tenho a menor pretensão de ter aqueles olhos nem aquele estilo, mas sinto falta do amor e seria capaz de muitas coisas por ele.

Obviamente temos algumas diferenças básicas: o dela estava lutando pela vida dentro de um mundo virtual e o meu está "apenas" a 600 longos quilômetros de mim. Não é nada mortal, torturante ou coisa parecida, mas de vez em quando pinta uma dorzinha fina lá no fundo.
É mais ou menos como se uma agulha fininha ficasse me espetando quando me lembro que ela está ao alcance do telefone mas não do meu beijo.

Tenho sentido mais do que deveria a passagem dos tradicionais 15 dias.
É certo que as luas-de-mel que fazemos de vez em quando ajudam a aumentar o impacto da falta, mas está ficando complicado viver à distância.
Acho que chegou a hora de fazer algo para arredondar isto. Talvez seja a hora de crescer de verdade.
É claro que isto não significa que vai rolar algo impensado ou definitivo. Apenas vou dar um jeito na distância e me concentrar nos outros aspectos desta dinâmica.
Não vai mais haver desculpa para não almoçar em algum self service na quarta ou tomar um chope rápido na quinta à noite. Não vai ser mais impossível marcar um cinema ou algo mais romântico na sexta.

Talvez isso seja o começo de algo mais.
Não é impossível que seja também o fim de outras coisas, mas prefiro deixar isso nas mãos Dele.

quinta-feira, novembro 20, 2003

Sinais

Ontem eu recebi uma espécie de sinal de que as coisas boas do passado sempre podem voltar a nos alegrar quando não estamos exatamente nadando em felicidade.
Não estou em uma semana muito feliz e receber a visita inesperada do meu ex-chefe soou como um alento.
Nunca fui muito fã de chefes, mas ver o "espanhol" na minha frente depois de mais de um ano da sua partida para a terra natal, foi estranhamente satisfatório.
Não é de se estranhar que hoje eu me lembre dele mais como amigo do que como ex-chefe.

Ele continua magrão, meio careca (como eu), com os dentes meio encavalados e branco como cera.
Nosso principal assunto continua sendo o futebol e parece que nosso reencontro nos deu sorte a ambos: mal no encontramos e a Espanha marcou o primeiro gol contra a Noruega.
Isso me fez recordar das "conversas sérias" que tinhamos durante a Copa. Todos se espantavam quando ele atravessava o andar e vinha debater os resultados do dia anterior e os prognósticos para o dia seguinte.
Foi engraçadissímo quando cada um de nós preencheu uma tabela da Copa com seus próprios gostos. Na dele, a Espanha finalmente seria campeã e em cima do Brasil.
Na minha, era Brasil de ponta a ponta.

É engraçado pensar que só quando todos sabíamos que ele ia embora é que eu baixei a guarda e me permite uma aproximação. Ele era tão ou mais zeloso das coisas do trabalho quanto eu e por isso raramente nos víamos fora do ambiente de trabalho.
Ainda bem que deu tempo de levá-lo até O Velhão e deixá-lo embasbacado com a enorme quantidade de comida.

Hoje me lembro com saudade dos primeiros anos na empresa.
Era tudo mais inocente e divertido. Eu era mais imaturo mas não sofria tanto com a vontade de fazer as coisas certas.
Talvez a volta dele signifique mesmo que eu deva relaxar mais e deixar as coisas andarem mas livres.
Talvez seja um sinal para que eu relaxe mais.
Talvez...

quarta-feira, novembro 19, 2003

Missões

Estou terminando de ler o Senhor dos Anéis e finalmente o nanico do Frodo conseguiu fazer aquilo que ele passou o livro inteiro esperando. Finalmente ele conseguiu dar um jeito naquele anel lazarento e agora ele pode voltar à sua vidinha normal no Condado, em meio a atividades muito estressantes como tomar café da manhã cinco vezes e ir até o rio para pescar o almoço.
Ainda não cheguei ao final do livro e devem rolar mais algumas aventuras para cada um dos componentes da Sociedade, mas o Frodo já não precisa fazer mais nada. A sua parte foi devidamente cumprida e os outros devem se esforçar para chegar perto daquilo. A sua missão foi cumprida.

O primeiro pensamento que me veio à mente quando imaginei o Um Anel caindo foi a possibilidade de que cada um de nós venha para este mundo com alguma espécie de propósito, com alguma missão qualquer.
Mesmo que essa tal missão seja teoricamente irrelevante se comparada com a paz mundial ou com a erradicação da fome, o significado pessoal dela deve ser crucial para a vida de cada pessoa.

Sempre achei que eu tinha saído lá dos recônditos da minha mãe para realizar algum tipo de ato heróico.
Não sei bem por que, mas a imagem de uma cena de luta contra o mal, de conquista esportiva extrema ou de fama irrestrita sempre esteve presente na minha cabecinha doida quando eu pensava no futuro.
Talvez essa seja a grande razão de eu me emocionar facilmente quando o Brasil ganha algum jogo dramático ou quando alguém supera seus limites em uma competição.
É certo que eu me emociono até em filme da Sessão da Tarde, mas isso é outro assunto.
A intenção aqui é questionar a existência de missões pessoais para cada um, missões sem as quais a pessoa não possa completar sua passagem pela vida. Talvez isso tenha a ver com o conceito de carma, reencarnação e a continuidade da vida. Talvez seja só coincidência.

Tenho uma visão meio pessimista e umbiguista sobre a minha própria missão: me vejo mais como sendo responsável pela felicidade de outras pessoas do que pela minha própria. Sinceramente, acho que sou mais eficiente nos outros do que em mim.
Não costumo questionar a validade dessa idéia. Não questiono a possibilidade de não conseguir ser exatamente feliz.
Ao invés disso eu procuro fazer a minha parte nas coisas que tenhoa algum controle. Procuro fazer o que me cabe e confiar Nele.
Se com isso vou conseguir desmentir meu próprio pessimismo ancestral, eu não sei.

Mas será que alguém aí sabe?

terça-feira, novembro 11, 2003

Sincronizando

Mais uma vez "Sex in the city" me inspirou a escrever alguma coisa relacionada a sentimentos e relacionamentos.
Ando meio que precisando de inspiração externa. Tenho sofrido o efeito de uma tríade de contra-incentivos, as populares faltas: falta de tempo, falta de assunto e falta de vontade.
Se ao menos meus dois ou três leitores pudessem me sugerir algum assunto....

Mas não é por isso que volto a falar sobre a Kerri e suas amigas.
O sono que sinto hoje é consequência direta do aviso da minha irmã de que às 22:50 começava mais um episódio inédito (no Brasil) da quarta temporada. Como fiquei meio viciado nas estorinhas rápidas do seriado, não consegui resistir e tive que deixar minha cama esperando por mais algum tempo.
Isso me custou a ida à academia, mas acho que ela vai continuar no mesmo lugar hoje à noite.

A cada episódio que vejo, fico com mais certeza de que não me interesso muito pela devoradora de homens, pela certinha carente e pela mega-profissional que não se preocupa muito com nada. Por mais que essa última se pareça muito comigo, o que eu gosto mesmo é de ver os conflitos da Kerri, moça descolada, inteligente e independente que está tendo que aprender a adaptar a sua vida à presença de outra pessoa.
É muito legal vê-la sofrer com suas próprias decisões e ficar meio louca com a presença do namorado dentro da sua casa. Foi ela mesmo que o convidou para morar naquele apê (acho) e por isso mesmo o conflito de interesses e desejos acaba sendo exclusividade dela.

Mesmo que algumas amigas gostem de pensar que o amor é combustivel suficiente para garantir o sucesso de qualquer relacionamento, eu acredito que não é só aí que outras coisas acabam sendo igualmente importantes. O que vi na TV ontem me mostrou que o sincronismos entre as expectativas e as necessidades dos "adversários" têm igual ou maior importância do que os mais puros sentimentos românticos.
Digo isso por que a Kerri ama o Aidan e vice-versa. Ela o ama tanto que abriu mão de um pouco da sua liberdade para tê-lo mais junto e presente. Ele a ama tanto que quer se casar com ela.
Foi exatamente aí que o caldo entornou.

Parece que o amor intenso, o sexo romântico e as milhares de coisas em comum que eles tinham ficaram pequenas perto da alergia quase patológica que ela desenvolveu à assinatura do papel.
É bem importante dizer que ela não era contra continuar dividindo o teto com o homem que amava. A urticária surgiu quando se acrescentou a idéia de compromisso assumido perante outros.
Até um inocente brincadeira com velhos vestidos de noiva acabaram causando violentas alergias à pele daquela mulher acostumada a ser livre, mesmo que isso jamais tenha significado promiscuidade.

Fiquei pensando se eu já tinha vivido algo assim.
Graças a Deus a cena mais parecida com isso que vivi foi a resistência de uma namorada a me incluir na sua vida. Tentei durante algum tempo e acabei tendo que desistir: ela terminou comigo, seguiu sua vida e depois foi embora para se casar.
Não houve tempo para alergias, urticárias e coisas afins.
Não houve a oportunidade de colocar na balança os sentimentos que se tinha e o incômodo de se considerar casado.

Sinceramente, não tenho medo de dizer ao mundo que estou casado. Não acho que isso signifique que perdi alguma coisa ou que vou ter que abrir mão do melhor vida.
Atualmente meu pensamento é exatamente o contrário. Cada vez mais penso em casório com um ganho, uma troca com vantagem.
Espero que o “adversário” esteja na mesma fase da vida e que não exista nenhuma possibilidade de encararmos o problema de sincronismo da Kerri e do Aidan.

quinta-feira, novembro 06, 2003

Classe nórdica

A elegância daquela menina começa no nome.
Por muito tempo pensei que aqueles trações delicados viessem da Dinamarca, terra das loiras esculturais, do Aqua (aquele da música Barbie Girl) e da estátua da sereia na entrada do porto da capital.
Foi só recentemente que descobri que estava enganado. Aquele nome classudo vinha de um terra um pouco mais ao norte, do mesmo lugar de onde veio o Abba, as loiras ainda mais maravilhosas e um povo que adora os brasileiros. Diferente do que eu pensava, ela era sueca!!

Se bem que isso muda muito pouco o meu relacionamento com ela.
Dinamarquesa ou sueca, a minha admiração pelo jeito de ser daquela menina delicada permanece o mesmo. Gosto especialmente da forma educada com que ela expressa a sua opinião. É fácil conversar com ela por que não existe o risco dela aceitar a sua opinião simplesmente por que você é homem ou por que ela é bem mais jovem. Se houver motivo para discordar, educadamente ela dirá que não concorda e explicará o por que.

Demorei um pouco para me acostumar com isso.
Confesso que no começo eu achava que ela seria outra menina bem criada que prefere não criar polêmica e agradar antes de tudo. Eu sentia que ela seria outra menina bonita, perfumada e elegante que não teria muito a dizer por medo de não agradar.
Só depois de conhecê-la melhor, de conversar mais longamente sobre assuntos diversos e de atender aos seus convites para ir à igreja aos domingos é que encontrei a verdadeira mulher por trás daquelas bochechas rosadas. Para minha surpresa, aquela mulher tinhas bastante personalidade e opinião. Gostei muito dessa descoberta e hoje faço questão de conversar com ela quando quero entender melhor alguns assuntos, principalmente no que diz respeito a meninas do perfil dela.

O engraçado da nossa amizade é que tudo começou com o namoro da irmã mais velha dela com o irmão mais novo do Presidente. Já falei sobre isso em outras ocasiões e não tenho muito a acrescentar.
Na época em que a encontrei, os irmãos já não estavam mais juntos e a vida de todos havia mudado demais. Por ser alguns anos mais jovem do que a gente, ela sempre viveu momentos diferentes, mas agora essa diferença tem pouco significado e podemos compartilhar o que estivermos a fim.

Uma coisa engraçada do passado foi quando tentamos aproximar uma amiga dela do nosso amigo uruguaio. Parece que houve interesse de ambos os lados, mas o velho é bom “relacionamento anterior” fez com que ela não abrisse a porta para que ele tentasse entrar.
Foi uma pena que não desse certo. Acho que eles teriam formado um belo casal.

Hoje em dia não temos mais essa preocupação. Nossos amigos estão todos trilhando seus próprios caminhos e podemos concentrar nos nossos próprios momentos.
O fato dela ter se aproximado do Presidente só ajudou para que os momentos com a minha mineira ficassem ainda mais gostosos. Nós quatro sempre nos divertimos muito e ainda temos planos de fazer muito mais.
Gosto muito dela e acho que nunca tive a oportunidade de dizer o quanto.
Talvez agora eu consiga e espero que ela curta o gesto.
Espero também que ela curta a idéia de boa parte das minhas preces quando vamos juntos à igreja sejam destinadas à ela, sua saúde e sua felicidade. Na minha opinião, poucas pessoas merecem tanto.

quarta-feira, novembro 05, 2003

Cores diferentes

Quando eu era um moleque um pouco menos asseado do que sou agora, existia uma piada de muito mau gosto a respeito da anatomia sexual das mulheres orientais.
Não tenho coragem de repetir a piada aqui, mas garanto que não daria para ninguém se sentir elogiado ao ouvir a barbaridade de alguém.

Depois que engordei um pouco (por que crescer eu nunca consegui) acabei tendo oportunidade de comprovar a velha lenda da infância, mas infelizmente não consegui. Fiquei a ponto de matar mais um fantasma de repressão infanto-juvenil, mas na hora H a moça pulou fora.
Na verdade não foi uma só.

O relacionamento com aquela veterinária baixinha tinha tudo para dar certo. A sua mãe era japonesa e seu pai alagoano, acho. A mistura resultou em um rostinho meio redondo e em um sorriso lindo de se ver.
A gente gostava das mesmas músicas, curtia os mesmos filmes, gostava de bares mais tranqüilos, conseguia conversar sobre um monte de coisas, planejava as viagens que viriam e adorava o gosto do beijo do outro.
Ela foi uma das poucas com quem eu não senti pressa em passar da fase dos beijos. Podíamos ficar horas e horas só mudando a forma e a posição do beijo. Não rolavam toques nem apertos, apenas o contato dos lábios e o roçar das línguas.
Não era falta de tesão. Era simplesmente vontade de curtir o beijo.

A gente se conheceu no curso de inglês, mas só fomos começar a sair no segundo estágio que fizemos juntos. Uma colega nossa adorou saber que a gente estava junto e torceu muito para que desse certo.
Na verdade, até hoje não sei bem o que rolou. Sei que a gente saía há cerca de um mês quando senti vontade de oficializar a coisa. Queria romper a minha barreira pessoal e chamá-la de namorada. Ela não devia ter os mesmos planos e disse que preferia que a gente continuasse do jeito antigo.
Obviamente a coisa degringolou antes do namoro, do sexo e da intimidade maior.

A outra experiência oriental aconteceu com uma comissária de bordo que vinha de Suzano. Coincidentemente, a mãe dessa menina também estava morando no Japão e ela estava sozinha em Sampa.
Desta vez o curso era da japonês (um dos meus desvarios lingüísticos) e ela era mais alta e bonita. As diferenças terminaram por aí: foi só eu dizer que queria algo mais do que cinemas e bate-papos para ela inventar mil desculpas e sumir.
Mais uma vez fiquei longe da cama e do coração de alguém com sangue oriental.
Neste caso foi mais fácil aceitar já que ela era bem menos legal do que a veterinária.

Não posso terminar esta estória sem mencionar outra lenda sexual da minha infância.
Alguns amigos fingidamente experientes diziam que mulheres de sangue negro eram muito mais selvagens e ativas embaixo dos lençóis.
Apesar de não ser especialmente curioso, não perdi a oportunidade de provar um pouco do gosto da África e posso dizer que não existe um padrão.
Se aquela moça de cabelos curtos, cintura fina e voz delicada me trouxe ótimas experiências, a nutricionista de Natal foi mais um erro do que um acerto.
Infelizmente fui eu quem errei ao não tratá-la do jeito certo. Desde o começo eu a mantive afastada da minha vida até o momento em que decidi que ela deveria sair.
É engraçado dizer isso já que ela mal entrou, mas não conheço outra forma de dizer que decidi não vê-la mais.
Espero que nenhuma delas tenha sofrido e que ambas estejam felizes hoje.
É meio piegas dizer isso agora, mas nunca tive intenção de magoá-las.
Fiz o que sentia vontade. Experimentei o que quis e retribuí o carinho da melhor forma que pude.

Valeu experimentar o sabor diferente e eliminar as besteiras da infância.
Se tiver que escolher a minha favorita, a vencedora de longe é a veterinária. Espero que seu casamento esteja indo bem e que Ele garanta o recebimento da felicidade que ela merece.

terça-feira, novembro 04, 2003

Impressões – Parte 7

Aliviados por termos mantido nossas carteiras intactas após a passagem por Zurique, tomamos a estrada para a Alemanha. Tínhamos um pouco de medo do que podíamos encontrar na terra de Goethe, mas não havia muito jeito de chegar até Amsterdam por terra.
O caminho mais fácil nos pareceu ser aquele que pegava um breve trecho em território austríaco. Naquela época eu ainda não tinha esse desejo grande conhecer Viena e Praga e por isso não rumamos para o Leste. Queríamos chegar logo a Munique e por isso seguimos a estrada para o Norte.

A primeira boa impressão que tivemos da Alemanha foi logo na estrada.
As tais Autobahn eram o verdadeiro paraíso dos motoristas: asfalto impecável, inclinações para evitar o acúmulo de água, banheiros públicos com descarga e limpeza automáticas, locais para descanso sem o risco de assalto e o melhor, sem limite de velocidade.
O Presidente judiou do Renault 19 diesel e tascou 170km/h sem dó. Infelizmente não éramos os únicos que sabiam da lendária segurança das entradas e freqüentemente éramos quase que atropelados por Mercedes, BMWs e Audis a mais de 200!!! Dava até raiva!!!

A capital da Bavária se mostrou surpreendente desde o princípio.
Apesar do tamanho, não tivemos nenhuma dificuldade para chegar até o albergue. Pensando bem, tivemos sim, tanto que eu desci do carro para pedir informação na recepção de um hotelzinho na entrada da cidade. Quase ficamos por lá mesmo!!! É que a recepcionista era tão linda e simpática que mal me lembrei da pergunta que queria fazer.
Demorei alguns segundos para limpar a baba e logo estávamos no albergue lutando para nos comunicar com os chucrutes da recepção. Todos eles pareciam o Boris Becker e não pareciam muito pacientes para nos dar informações.
Depois da luta inicial, largamos as bagagens, tomamos um belo banho, descansamos uns minutos e nos arriscamos para descobrir o que a cidade poderia nos oferecer.

Eu tinha ouvido falar de um relógio gigante que mostrava as horas através do balé de uma série de bonecos coloridos e por isso nos enfiamos no centro da cidade para tentar ver o espetáculo.
Obviamente estávamos no lugar certo na hora errada e vimos apenas um ou dois bonequinhos e um par de badaladas de sino. Acho que a bagunça se forma mesmo ao meio dia!!
Depois de ver as horas fomos procurar o que comer. Nosso tosco conhecimento do local nos fez procurar comida local, mas infelizmente nenhum de nós sabia como dizer “salsicha” em inglês. Muita perna batida depois, sentamos em uma mesa na calçada e fomos atendidos por uma “alemoa” velha, gorda e mal encarada. Pedimos e nos arrependemos amargamente: a tal salsicha era branca, dura e intragável. Acho que cometemos algum erro e pagamos o preço.
Contrariados, tivemos que abandonar a culinária local e abraçar o Big Mac mais próximo.

O dia seguinte foi passado no complexo olímpico, no museu da BMW e nos jardins do museu da cidade. Na manhã do outro dia seguimos em direção à Floresta Negra e ao sossego de Baden Baden.
Infelizmente para nós, o sossego era maior do que esperávamos e saímos da cidade antes do planejado. Só conseguimos ver velhos nas ruas, gramados impecáveis e um castelo antigo muito bem conservado e aberto à visitação. Algumas fotos depois pegamos a estrada sonhando com Amsterdã.

Antes da Holanda, fizemos um pit stop em Bonn e finalmente tivemos uma boa surpresa: a antiga capital do país era o lar de Beethoven e de milhares de estudantes do mundo todo, inclusive um brasileiro que nos reconheceu na rua e nos levou para tomar litros de cerveja às margens do Reno. Além da cerveja deliciosa, ficamos boquiabertos com uma alemã linda que estava com esse brasileiro e que falava português.
Curtimos um pouco com eles e no dia seguinte finalmente tomamos a estrada para a Holanda.
Tínhamos a esperança de ver os campos de tulipas, os bares para fumar maconha e a mulherada do Red Light District, mas novamente tivemos novas surpresas.

No próximo capítulo: o perfume da Holanda.

segunda-feira, novembro 03, 2003

Linha dura

A primeira impressão que tive dela estava relacionada à parte física: achei que uma menina pequena como aquela não poderia ter personalidade forte e nem dar tanto trabalho para ter seu coração conquistado.
Tenha certeza que não fui o único a pensar isso, afinal de contas ela parece mesmo ser uma menininha: magrinha, delicada, de proporções pequenas, não dá mesmo para associá-la a coisas fortes e incisivas.

Mas não é que essa moça adora contrariar as primeiras impressões de quem a conhece?
Foi assim com a gente em Fortaleza: nos vimos em alguns dos passeios que fizemos juntos e acabamos combinando umas poucas saídas. Ela estava com uma amiga e eu, com o Presidente.
Por mais que tivéssemos a impressão de que elas estavam paquerando outros caras do grupo, acabamos nos divertindo bastante por lá. Não chegamos mais longe do que isso e foi até meio surpreendente que nosso contato tivesse voltado para o Sul.

Eu e ela nunca fomos mais do que amigos. O mesmo não pode ser dito do Presidente, mas não é sobre isso que quero falar agora.
Prefiro me concentrar na característica que me parece mais marcante na personalidade dessa descendente de espanhóis: é realmente um osso duro de roer conseguir convencê-la a se entregar a alguém.
Antes de ser mal interpretado quero deixar claro que não sei disso por experiência própria. Como já disse antes, a gente nunca ficou junto e nem rolaram tentativas de nenhuma parte. Não sei se foi falta de vontade, de oportunidade ou simplesmente a vontade de manter aquilo como uma amizade preto e branco mesmo, mas o resultado é esse mesmo: zero a zero.

Bom, o que chamo de “dureza” é um dos grandes motivos de brincadeiras entre a gente: sempre que nos encontramos, gosto de perguntar quantos ela dispensou nos últimos tempos.
Exagerando um pouco, é mais ou menos assim que rolam os relacionamentos dela: desde o final do namoro de cinco anos (pouco antes da ida para Fortaleza), seus envolvimentos não duram mais do que poucos meses. Normalmente é ela que dispensa o cara dizendo que não tem mais paciência ou algo do gênero.
Parece até que ela curte a variedade, mas quem a conhece sabe que isso está longe da verdade. Acredito que o que ela queira seja estar com alguém pelas razões certas e não pagar qualquer preço para não ficar sozinha. Aliás, essa é mais uma das amigas que admiro pela aceitação do fato de encarar a solidão ao invés da má companhia.

Gosto muito de sair, conversar e me divertir com ela.
Sempre rola um clima bem descontraído, apesar de vez por outra achar que ela só está me zoando!!! Pensando bem, faz parte do pacote de se divertir comigo!!

Uma de nossas últimas conversas mostrou que ela continua carinhosa como sempre e que a tranqüilidade segue sendo uma de suas melhores características. Pode mudar o emprego, a vida, o carro e o namorado, que sempre ela vai continuar com aquele jeitinho doce de mulher em um corpo de menininha.
Gosto disso nela e torço para que a serenidade se transforme logo em amor, filhos e felicidade duradoura.
Na verdade, faço mais do que torcer, rezo. Rezo para que todo esse “pacote” venha no momento certo e que ela consiga manter o ideal de não pagar qualquer preço.
Acho que é assim que tem que ser!!

quinta-feira, outubro 30, 2003

Os quase namoros

Durante boa parte da minha vida sexual e sentimentalmente ativa, achei que só pudessem existir duas formas de se relacionar de forma mais íntima com uma mulher: ou existia um relacionamento do tipo namoro (ou qualquer coisa mais séria e definitiva do que isso) ou era só uma troca de momentos agradáveis (com ou sem a adição de sexo).
Me parecia bastante lógico transitar entre esses dois pólos de uma forma bem binária: se eu não estivesse vivendo um, certamente estaria me fartando no outro.

Foi assim em muitos casos, mas foi preciso que aquela moça de pele escura cruzasse meu caminho para que as minhas certezas ficassem completamente balançadas.
Por mais que eu tentasse, não havia jeito de encaixar o que estava rolando em nenhum dos “quadros” que eu estava acostumado a pintar.
A gente não namorava já que nossas saídas eram, no máximo, semanais e quase sempre o programa incluía momentos de diversão no cinema e de paixão sob algum lençol branco e macio.

Acho que não havia muitas dúvidas de que a ausência de envolvimento sentimental descaracterizava totalmente o tal “namoro”.
A bagunça se instalava quando eu não conseguia também encaixá-la no perfil de parceira de cama, de alívio de tensões do dia a dia e de companhia para a realização de fantasias.
Ela era mais do que isso e eu sabia.

Apesar de não “namorá-la”, eu andava de mãos dadas com ela enquanto me dirigia para o carro depois do cinema, usava de muito carinho até quando estávamos apenas conversando e, mais importante de tudo, não saía com outras meninas nos intervalos dos nossos encontros.
Revendo tudo aquilo, só posso concluir que era tudo uma questão de admitir para mim mesmo o que estava acontecendo. Devia ser um caso típico de falta de coragem de dizer, em bom português, que aquela moça de sotaque levemente nortista era a minha namorada.

Esse tipo de “meio do caminho” entre as duas idéias que eu tinha passou a ser estranhamente na minha vida nos intervalos dos relacionamentos “de verdade”.
Tirando a questão da freqüência com que eu encontrava as meninas, acho que o grande diferencial era o fato de eu utilizar publicamente o termo “namoro”.
Na prática, isso era bem pouco significativo, mas na minha cabecinha confusa e cheia de normas, a verbalização significava muito.

Na verdade, isso ainda significa muito, quase tudo.
É por isso que ouvir um “eu te amo” saindo da minha boca deve ser motivo de orgulho e comemoração para a moça que estiver ao meu lado. Isso é algo bem raro de acontecer, raro mesmo.

Um vento vindo de Minas me contou que esse orgulho está sendo vivido há tempos e com muita intensidade.

quarta-feira, outubro 29, 2003

O mestre

A gente se conheceu na faculdade, em uma época onde eu ainda não sabia nada e ele havia optado por esquecer de tudo.
Ambos éramos pouco mais do que moleques, mas ele namorava sério com uma mulher que, dizia ele, tinha tudo para ser a mãe dos filhos que viriam para eternizar seu nome alemão.
Infelizmente alguém da comissão técnica do céu não concordava muito com isso e resolveu separar os destinos de ambos. Vivi boa parte da separação e sei como foi dolorido e traumático.
O cara que vivia sorrindo alternou diversos estados de espírito e nem todos eles fizeram muito bem para a cabeça e o espírito.

Começou com a tristeza e depressão. Os olhos pequenos e verdes ficavam meio mareados quando ele se lembrava das coisas boas que ele tinha vivido com aquela mulher e dos planos que haviam durado até o “tchau” final.
Depois veio a necessidade de compensação. Ele se transformou em um verdadeiro predador e suas mulheres significavam apenas troféus para anular o vazio que ele sentia. Poucas delas duraram mais do que uma noite e foi preciso muita persistência para que uma delas deixasse o rol das “temporárias”.
No final desse período veio o momento da escolha entre o amor e o desejo.
Ganhou o amor e com isso veio um casamento.

Infelizmente, novamente alguém tinha planos diferentes para ele e a sua escolha se mostrou infeliz ao extremo.
Não me arrisco a dizer as razões de mais uma infelicidade, mas sei que a questão envolveu doença, incompatibilidade de objetivos, morte e culpa.
Outro período de tristeza o acolheu e novamente eu os amigos-irmãos estávamos lá para oferecer o ombro e a companhia para a tentativa de matar na bebida a tristeza que imperava.

Acredito que foi nessa época que ele decidiu não mais sofrer e não mais se entregar.
Era mais uma questão de sobrevivência do que de escolha: ele não queria mais a tristeza do rompimento e do desaparecimento da esperança de que a felicidade durasse mais do que ele pudesse se lembrar.
Desta vez não foram necessárias muitas moças desavisadas para que ele se convencesse de que valia a pena tentar novamente. Sempre vale!!

Acho que dá para provar esse otimismo analisando a atual vida desse outrora mestre da paquera, hoje pacífico e amoroso trabalhador e marido.
A estonteante companheira sempre exibe um sorriso de felicidade quando nos encontramos e não há nem sombra da tristeza que adorava dominá-lo.
Por falar em companheira, ela veio mais ou menos do mesmo lugar que a minha mineira, mas não vou dizer muito mais além disso. É bom saber que eu e ele temos mais isso em comum.
Se ela for aquilo que posso ver dentro dos olhos, meu mestre será feliz por um longo e longo tempo.

Como não posso tomar as decisões de vida por ele, vou fazer o que me cabe: utilizar a minha suposta influência com a comissão técnica do céu e rezar para que a cota de tristezas tenha ficado no passado.
Ele já teve muito disso e merece viver uma vida tranqüila e cheia de felicidade.
Na verdade, ambos merecem e vou fazer a minha parte nisso.

Que não haja mais lugar para a tristeza!! Longa vida ao mestre!!

terça-feira, outubro 28, 2003

Intersecções

Tenho atualmente um grupo de amigos onde impera a lealdade e o companheirismo.
Me considero privilegiado por ter tais amigos-irmãos por perto e sempre me esforço para fazer jus a essa sorte e por demonstrar que eles podem contar comigo para o que der e vier.
É engraçado pensar que tal proximidade acabou gerando algumas coincidências no campo amoroso e sentimental.
Talvez seja melhor utilizar o termo intersecções já que nem tudo o que rolou foi “sem querer”.

O caso que mais me leva ao passado é o da psicóloga relutante de cabelos curtos e sexualidade explosiva.
Fui o primeiro a me aproximar dela e o segundo a beijá-la. Não tive muita chance de continuar na vanguarda já que foi ela que escolheu se entregar ao meu melhor amigo.
Não culpo nenhum dos dois, mas ele sabe o quanto desejei estar ali, bem no lugar que ele estava ocupando.
Aquela mulher sempre me enlouqueceu e agradeço a Deus por nada ter atrapalhado minha amizade com ele. Tive que engolir minha vontade de abraçá-la até que a vida voltou a nos aproximar. A vida e uma providencial viagem para a Alemanha: na ausência dele, acabei aproveitando o momento para me aproximar novamente dela e sentir o gosto do beijo que eu tanto quis.
Infelizmente nosso envolvimento durou muito pouco. Na verdade, foi até que ela se tocou de que não queria mesmo ficar comigo e de que os beijos e amassos que já haviam rolado eram toda a estória que teríamos.
Nunca ouvi isso dela, mas acho que não há muito distância entre isso e a verdade.

Outro caso envolvendo o Presidente foi o da moça magrinha do interior.
Na verdade, eu só me aproximei dela por que fui reconhecido como “o amigo de fulano”. Não me lembrava do rosto dela, mas tinha bem fresco na memória o dia em que havíamos nos conhecido e o envolvimento que havia acontecido.
Tivemos uma breve estória que foi abreviada pela diferença de expectativas e desejos.
Não tínhamos muito em comum e isso pesou muito para que deixássemos de nos ver.
Não sei se o passado com meu amigo teve alguma influência nisso, mas me sinto feliz de não ter prolongado algo que naquele momento não podia trazer bem estar e felicidade a nenhum dos dois.
Teria sido apenas sexo e não lamento muito o fato de nem isso ter rolado. Apenas foi.

Acredito que a maior paixão “dividida” com um amigo foi a que senti pela moça de Campinas e cabelos de anjinho.
Nem vale a pena dizer muito desse caso, apenas que sofri um monte ao descobrir por acaso que um dos meus supostos amigos havia dormido várias vezes com ela mesmo sabendo que eu sentia algo diferente e forte.
A amizade ficou abalada durante muito tempo, mas hoje já não me preocupo mais com a questão. Hoje vejo que meus amigos tinham razão: ela não valia a briga e estava na estória só para provar que era forte e que podia brincar com a gente.
Nunca lhe desejei mal, mas a vida acabou dando umas belas surras naquele rosto delicado. Espero que a volta para casa dos pais sirva para colocá-la nos eixos novamente.

Esse mesmo “amigo meio traíra” protagonizou um episódio muito engraçado.
Por estar envolvido em política, ele conheceu uma moça que adorava circular nos meios do poder e que tinha um desejo muito grande de se dar bem, mesmo que não fosse preciso muito esforço.
Pelo que sei, eles se beijaram algumas vezes e não passou disso.
Tempos depois essa mesma menina conheceu outro amigo e resolveu contrariar as regras da empresa onde trabalhavam ao começar um namoro meio escondido.
O lance não durou muito mais do que o suficiente para que nos divertíssemos muito com as confidências que cada um deles gostava de fazer com relação às manias dela. Não era nada ofensivo, mas certamente era divertido por mostrar um lado bem diferente daquele que ela gostava de exibir em público.

Por último, me lembro do caso mais recente que envolveu o Presidente e esse amigo que namorou a moça da mesma empresa.
Não há muito para dizer da moça que fez companhia constante para o primeiro e que se esqueceu do “amor” que sentia e curtiu um único momento de prazer com o segundo.
Ela tinha um corpo atraente, gostava de usar roupas provocantes, de freqüentar bares onde a “guerra” rola abertamente e ostentava uma longa cabeleira cor loiro-puta.
Essa causou frisson em toda a turma mas “só” esses dois comprovaram as suas habilidades.

Não sei o que poderei pensar no dia em que essas intersecções envolverem grandes amores e mulheres que realmente marcaram a vida de algum de nós.
Prefiro pensar que vai existir uma espécie de “código de honra” que vai afastar as tentações da carne e vão fortalecer o bom senso de todos.
Gosto de pensar que a minha história sentimental será só minha. E que fique por aí, por mais que eu goste desses meus amigos-irmãos!!

segunda-feira, outubro 27, 2003

Gostos e razões

Voltei de férias meio filosófico.
Talvez um pouco mais do que de costume. Certamente não voltei para casa apenas com quatro quilos a mais na região abdominal (ou pança de cerveja ou área para carinho).
Trouxe na bagagem também quinze dias de lua-de-mel.

Por mais que ainda não tenha cometido o ato de desvario (amor?? coragem?? entrega??) de percorrer o caminho para o altar de alguma igreja, as minhas férias serviram para ensaiar alguns comportamentos que só quem mora sob o mesmo teto pode ter acesso.
É óbvio que não estou falando da convivência de companheiros que racham o aluguel. Falo de casais, de metades de casais.
Sendo um pouco mais específico, falo de acordar junto.

Menciono o acordar e não o dormir por que essa é exatamente a parte que mais me agrada.
Curto muito dar um beijo de boa noite, formar a conchinha e adormecer sentindo o perfume dos cabelos dela, mas o acordar tem um significando um pouco mais especial.
Acho que desenvolvi esse apreço pelo abrir de olhos durante a minha fase promíscua: eu nunca ficava tempo bastante com a moça para vê-la acordar. Normalmente eu nem chegava a dormir. Mesmo sob protestos de algumas, o normal é que eu ficasse apenas o tempo suficiente para trocar um pouco de carinho, valorizar a generosidade da moça e agradecer silenciosamente aqueles momentos agradáveis.
Era meio complicado dizer que eu preferia dormir sozinho na minha cama, mas algumas vezes tive que apelar para esse grau de sinceridade.
É exatamente por isso que valorizo tanto a companhia das moças com quem acordo.

Esse valor é ainda maior quando a companhia significa para mim muito mais do que calor noturno e troca de carinho.
É muito melhor saber que o beijo de bom dia não é dado só com os lábios, mas que tem pele, cabeça e coração no mesmo pacote.
Faz muito bem não ligar (muito) para o hálito matutino e grudar as bocas quando o tesão é mais forte do que o sono e a vontade de escovar as "canjicas".
É tudo de bom não ligar se é dia ou noite e só querer levantar depois de vários abraços quentes e apertados.
É quase divino acordar com quem se ama.

Os centímetros a mais na cintura e as calças que devem se aposentar são um preço pequeno pela felicidade que rolou.
Acho que isso resume bem a parte mais importante das minhas férias.

sexta-feira, outubro 10, 2003

Intervalo

Finalmente estou saindo de férias e me afastando um pouco desta cidade que tanto me serve de inspiração para as estórias tortas que escrevo.
Por mais que goste de tudo o que tenho aqui, chega uma hora em que é preciso parar, pensar, relaxar e voltar a caminhar.
Agora é minha hora de parar.
Volto a escrever no dia 27/10.
Espero que quem aparecer por aqui (normalmente são só meus amigos) fique bem até lá.
Abraços e beijos.
Doutores

As personalidades de ambos podem fazer com que um desavisado acredite que eles vivem em eterno conflito. Um primeiro olhar sobre a forma como eles conversam pode levar a crer que o contato físico na intimidade chega a socos e pontapés.
Com relação a este casal, nada poderia estar mais longe da verdade.

Ambos são médicos, se conheceram na faculdade, estudaram juntos e se apaixonaram em meio a cadáveres, festas-monstro, garrafões de pinga esvaziados no gargalo e viagens paradisíacas.
Resolveram seguir especialidades distintas e hoje sofrem para se encontrar nos intervalos dos plantões e cirurgias.
Me parece que isso está bem adequado já que dificilmente alguém de fora do meio poderia levar na boa uma ligação de emergência às três da manhã ou um bip bem no meio do mais gostoso “rala e rola” do mês.

Vivi a parte final do namoro, pouco antes da brincadeira ficar mais séria e eles chegarem ao final do corredor da Igreja do Calvário.
A cerimônia foi muito legal e a festa melhor ainda. Me diverti muito com eles. Estava no meio dos amigos que são quase da família.

Minhas conversas com ambos sempre foram muito animadas e acho que eles também sentem que temos uma ligação quase sanguinea.
O fato dela ser irmão do meu “quase irmão” tem muito a ver com isso, mas no íntimo eu sinto que não é só isso. Sinto que temos um relacionamento especial e que todos nos importamos muito com o bem estar uns dos outros.

Tivemos muitos momentos tragi-cômicos e talvez o mais marcante deles tenha sido um certo Reveillon em Floripa: eram passados uns poucos minutos do novo ano e chuva caía torrencialmente sobre nossas cabeças alcoolizadas.
A decisão de ir embora da praia veio meio de repente e a separação do grupo acabou sendo “fatal”: ao correr para tentar alcançá-los, tropecei e caí de frente, colocando as mãos para amortecer a queda.
Até aí tudo bem, se não fosse o pequeno detalhe da garrafa de cerveja na minha mão direita: não tive reflexo de largá-la e quase consegui dar um gole antes de me quebrar todo.
Poucos minutos depois estávamos todos no pronto socorro para tentar um atendimento. O doutor estava voando por instrumentos e preferiu não entrar. Coube então à doutora a tarefa de tentar costurar a minha mão que exibia um vermelho-sangue bastante vivo (e dolorido).
Pensando no estado etílico dela, até que a cicatriz em zigue-zague que tenho hoje não ficou tão ruim.
Acho que teria sido muito pior se eles não estivessem lá comigo.

Com o doutor as coisas acontecem de uma forma um pouco diferente; Nosso negócio é secar garrafas de tequila e/ou de grappa miel sempre que vamos ao Tranvía ou a algum bar que não ofereça muita coisa além de boa bebida.
Ele sabe que sempre pode contar comigo quando precisa de um companheiro de bebida.
Infelizmente eu não agüento nem metade da capacidade do “tanque” dele, mas o que vale é o espírito de colaboração e alegria que pinta quando os destilados batem e sobem.

É por essas e outras que eles certamente estão nas primeiras posições entre os meus casais favoritos. Poucos convivem tanto comigo e poucos tem a opinião tão respeitada por mim.
Espero que a desejada (ao menos por nós, os amigos) vinda do(a) herdeiro(a) não mude a rotina do nosso relacionamento.
Torço para que ele continue sendo meu companheiro de destilados, meu cozinheiro favorito e meu amigo de fé.
Torço também para ela siga sendo minha parceira na academia, minha colaboradora nos eventos e minha incentivadora nos projetos.
Torço para que continuemos tão próximos quanto somos hoje.
Afinal de contas, é para isso que serve a família, né?

quinta-feira, outubro 09, 2003

Apenas uma vez

Não sei bem por que, mas nesta semana me lembrei de algumas mulheres com quem não tive muita coisa além da primeira transa.
Com algumas delas, o relacionamento foi só a transa, mas com outras eu tive a sorte de ter alguma estória para contar. Rolou até uma amizade antes do sexo. Infelizmente pouquíssimas sobreviveram a isso.

Tentei buscar razões para o antes, o durante e o depois, mas só consegui achar fatos isolados para cada uma delas. Acho até bom que não exista um padrão de comportamento, ou eu acabaria me sentindo como um caçador impiedoso.

Uma das primeiras lembranças que tenho neste tema é da moça que conheci naquela casa de música cubana.
Eu estava lá com um amigo hispânico e de repente topei com essa mulher, que se não era linda, pelo menos cometeu o descuido de se aproximar demais de mim.
Começamos a conversar, nos beijamos, trocamos telefones, saímos para jantar, nos beijamos de novo e tentamos nos entender em alguma coisa que não fosse física. Essa foi a parte mais difícil já que ela era cheia de manias e quase não havia disposição para adaptação, concessão ou absorção de outra opinião. Era difícil conversar com ela, mas ficou ainda pior quando transamos: as manias dela chegavam a ponto de não gostar da presença de nenhum tipo de fluido em contato com o corpo. Nem o suor era permitido.
Isso foi demais para a minha formação básica e apaguei o telefone dela logo depois de deixar aquele apartamento pequeno e muito bem decorado.
Nunca entrei naquele apê. Nunca mais a vi.

Com a aeromoça foi mais ou menos a mesma coisa.
A gente ficou se desencontrando durante muito tempo, mais de um ano até. De repente abri o jogo e disse que não entendia por que a gente ainda não havia ficado juntos. Não entendia por que naqueles meses todos, o máximo de intimidade que havíamos conseguido havia sido um beijo de despedida depois de um cinema.
Pra minha surpresa, ela disse mais ou menos a mesma coisa. Apesar de bem mais velha do que eu, ela também sentia vontade de ver como poderia ser e daí para a cama foi um pulo.
Não tenho nada de ruim para dizer sobre o sexo que rolou. A gente se deu bem. Não foi perfeito, mas foi bom.
O esquisito foi depois. Do nada veio um e-mail dizendo que ela havia cometido um erro, uma confusão ou sei lá e que não queria mais receber e-mails ou me ver.
Talvez tenha acontecido com ela o que aconteceu comigo com relação à moça do apê bonito.

O caso que mais me deixa triste é o da professora.
Ela tinha um brilho carente no olhar e apesar de já ter sido casada, de conhecer bastante os caminhos dos relacionamentos e de ter uma filha linda, parecia que ela ainda vivia as incertezas da adolescência e das descobertas de todos nós.
Houve um encanto inicial que não se manteve, ao menos para mim. Mesmo antes de acontecer qualquer coisa, eu já achava que não iria dar certo e que o melhor seria não ir além.
Infelizmente não assumi essa posição a tempo e a gente se envolveu.
Tudo foi muito legal, mas aquela necessidade de salvação dela me incomodava cada vez mais. Nunca quis ser responsável por alguém de forma a garantir a sua sobrevivência. Sempre achei que o envolvimento exigia uma troca e não uma transferência unidirecional de energias.
Não demorou muito para que eu dissesse isso a ela e causasse mais uma decepção naquela moça que sempre gostou de fingir que era forte e independente, mas que no fundo era mais frágil do que a filha de pouca idade.

Por diferentes razões, a estória com algumas mulheres não passou da primeira página.
Tenho certeza de que também fui apenas a primeira para algumas moças deste mundo. Talvez não tenha passado nem da capa.
Gosto de pensar que foram passos necessários para chegar onde estou hoje.
Se isso não significa o ideal, ao menos quer dizer que consegui a troca que sempre desejei e encontrei a chance de criar algo que valha a pena viver.
Ainda bem que a terra do queijo gerou a minha grande chance de felicidade. Assim fica muito mais fácil.

quarta-feira, outubro 08, 2003

De amigo

Neste último final de semana eu estava almoçando com alguns amigos quando surgiu o papo de ciúme e dos limites que ele deve ter.
Algumas opiniões convergiram e outras, naturalmente, bateram de frente.
Tudo isso tem a ver com a natureza de cada pessoa e com a visão de mundo que foi consolidada ao longo dos anos de estrada de cada um.
Ao chegar a minha vez, respondi que não sou dos mais ciumentos e que detesto “piti”.
Acho que todos concordaram que eu não sou mesmo do tipo que dá escândalo ou que impõe proibições de vestuário, amizades ou comportamento.
Sou bem tranqüilo nisso e deixo as pessoas fazerem suas escolhas e entenderem as conseqüências.
Só não suporto desrespeito, mas aí acho que nem é uma questão de ciúme, né?

Uma coisa interessante que não foi abordada e que é muito comum no nosso círculo de amizades é o que eu costumo chamar de ciúme de amigo.
Isso tem a ver com o desconforto causado por um dos membros do grupo quando pessoas “de fora” se infiltram e o levam para um caminho diferente daquele que se costumava trilhar.
Um exemplo clássico do que rola no meu ambiente é a pizza de domingo: é só um de nós ligar a avisar que não vai por que tem aniversário de fulano ou festinha de ciclano para que os comentários de noite se concentrem nas razões que geraram a “traição”.
E engraçado, pra não dizer ridículo, o controle que acabamos achando que temos sobre as vidas uns dos outros. Parece que nenhum de nós tem o direito de fazer escolhas discordantes com o grupo. É uma espécie de ditadura fraternal.

No meu caso particular, isso rola muito entre homens de um grupo e mulheres de outro.
Não sei bem por que, mas me sinto extremamente desconfortável de promover o encontro desse tipo por não curtir as conseqüências típicas que acabam rolando.
Acabo achando que minhas amigas não merecem o espírito “just for fun” de alguns amigos e que esses mesmos amigos não deveriam se envolver com moças tão pouco “católicas”.
No fundo acho que rola uma relação meio pai-e-filha de um lado e uma vontade de estar no lugar do cara na outra situação.
No final das contas, acabo percebendo que eu deveria me preocupar menos e deixar que os adultos, brancos e vacinados se entendam.

Está rolando uma nova situação agora que nos aproximamos do Reveillon.
Existe uma movimentação do grupo para um evento coletivo e a simples idéia de deserções nos causa um grande desconforto. É certo que esse desconforto se concentra apenas em alguns membros do grupo (eu e o Presidente), mas como somos nós os grandes agregadores, acho natural que nos preocupemos.

Andei pensando bem e acho que vou afrouxar um pouco as rédeas e deixar o barco correr.
Quem quiser festejar em grupo, que venha.
Quem não quiser, que seja igualmente feliz onde quer que se escolha.
Acho que isso me deixa mais tranqüilo e elimina minha vontade de controlar tudo.
Se não parar com isso acabo envelhecendo antes da hora e minha impecável cabeleira preta (ou o que resta dela) vai acabar salpicada de fios de cor grisalho-stress.

Sendo assim, deixa rolar!!!

terça-feira, outubro 07, 2003

Cor de canela

Mesmo que a gente só conviva durante o horário do expediente, a figura e a presença daquela mulher podem fazer com que qualquer um perca a concentração e demore dias para se reencontrar.
Felizmente, meu contatos com ela sempre se limitam a assuntos profissionais e a um ou outro gesto de simpatia para aliviar o stress.

Parece meio brega dizer isso, mas o rosto dela me lembra da Pocahontas. A pele naturalmente bronzeada, beirando quase o jambo, os cabelos longos e pretos, o perfil alongado e o sorriso sempre aberto a aproximam muito da imagem daquela índia de desenho animado.
Não sei que outra característica física poderia ser chamada de semelhança, mas me dou por satisfeito com aquelas que posso ver.

Se fossem outros tempos e outro ambiente, certamente ela faria parte do grupo das “certinhas”.
Acho que foi o Stanislaw Ponte Preta que celebrizou esse termo ao usa-lo para descrever mulheres de grande beleza física e que adoravam povoar os sonhos mais íntimos da galera dos carnavais.
Apesar de não passar nem perto da perfeição, o corpo dela é sabidamente atraente e de formas bastante generosas. Segunda ela, aquilo tudo é resultado de muito body pump e musculação.

Por mais “gostosa” que ela seja, o que chama atenção naquela mulher são duas coisas meio particulares, mas igualmente bonitas de se ver.
A primeira delas é o brilho nos olhos que ela sempre traz quando vem conversar com qualquer pessoa sobre qualquer assunto. Não importa se se trata da moça da limpeza ou do Diretor da área, ela sempre se mostra entusiasmada e com vontade de fazer com que tudo funcione direito.
É energizante estar a poucas mesas dela e assistir ao espetáculo de otimismo e bom humor.
No meu caso particular, é muito bom ter alguém para balancear a “nhaca” tradicional do meu humor ao lidar com assuntos do trabalho.

A segunda e potencialmente mais perturbadora coisa é a curva do lábio superior dela.
Não sei bem o que acontece, mas a boca dela faz desenhos meio diferentes do tradicional e um misto de curiosidade e encanto faz com que seja difícil deixar de reparar em qualquer palavra que ela diga.
Me sinto bastante desconfortável quando tenho que conversar com ela. Sempre vou até onde ela está pensando em alguma maneira de desviar a minha atenção e não encará-la enquanto conversamos. Sempre fico com medo que ela se sinta constrangida por conta da minha eventual cara de hipnotizado.
Ultimamente tenho sido muito bem sucedido nas minhas táticas de distração. Nem sei se ela percebe que eu nunca a encaro quando conversamos e espero que isso não cause nenhum tipo de má impressão.
Apenas tento não dar espaço para qualquer coisa que impeça que continuemos sendo bons colegas.
Digo colegas por que não costumo fazer muitos amigos no trabalho, ainda mais se tratando de mulheres, mas isso já foi assunto de outros dias nesta conversa.

Prefiro deixar minha homenagem a esta “Pocahontas” nacional que merece tudo o que há de bom nesta vida e que deve continuar a alegrar mais os dias de trabalho de uns poucos privilegiados.

segunda-feira, outubro 06, 2003

O jogo ideal

Não sou muito de curtir MPB, mas tem uma música do Djavan que sempre me chamou a atenção e pareceu interessante pela letra verdadeira.
Eu até sabia o nome da danada, mas tenho certeza que não vou lembrar dela agora nem que minha vida dependesse disso. Mesmo assim, acho fácil lembrar da música através dos versos “ela insiste em zero a zero, eu quero um a um”.
Essa metáfora futebolística me parece muito apropriada para o que eu entendo ser o tipo ideal de sexo: ninguém deixa de gozar e de curtir.
Nem eu nem o alagoano de tranças que é adorado pelas mulheres gostamos de deixar o “adversário” sair de campo frustrado e sem gols.

Tenho a sorte de ter amigos que pensam mais ou menos como eu.
Eles gostam de agir na cama como gostariam que suas parceiras agissem com eles. Isso acaba significando que eles se esforçam para que a moça sinta prazer e goze, mesmo que se trate de uma transa ocasional e/ou única.
Mesmo que eles nunca mais vejam o rosto daquela mulher na frente, sempre existe a preocupação de “fazer bonito” e de fazê-la gozar.

Pelo que existe no folclore, isso não é das coisas mais comuns.
Vivo dando risada com os relatos irônicos de mulheres modernas que não se conformam com rapidinhas e sonecas pós-gozo. Todas acham inaceitável que o gozo seja unilateral.
Uma coisa curiosa sobre essa posição: como esse tipo de mulher vê a situação em que só elas gozam?

Sei que é difícil que um cara transe e não goze, mas afirmo com conhecimento de causa que isso é perfeitamente possível. Não que não role tesão ou que o cara não sinta vontade, mas a coisa simplesmente não acontece.
Acho que isso aproxima ainda mais homens e mulheres: se ambos transam e podem não gozar, talvez exista esperança para aquelas que se julgam injustiçadas pela natureza.

Pessoalmente, acredito que o “placar” ideal para esse tipo de jogo seja 3 a 1. Para o adversário.
É claro que isso não acontece sempre e nem com qualquer adversário, mas ultimamente tenho me acostumado a ser derrotado por uma certa adversária lá do triângulo.
Obviamente acabam acontecendo outros placares. Acho que o melhor jogo da minha vida foi um glorioso 6 a 2 onde não sobrava energia nem para buscar um copo de água com gás para refrescar.

Também é óbvio que alguns adversários não sabem valorizar a dedicação que coloco no jogo e não se preocupam muito em descobrir o que acontece do meu lado. Acho que essas mulheres se acostumaram a não ter que se preocupar com o orgasmo do homem e não conseguem fazer muita coisa além de esperar e curtir. Talvez elas pensem que o homem sempre goza, não importa com quem.
Ainda bem que existem mulheres do outro extremo, que sabem alternar momentos de ataque e defesa e que só ficam satisfeitas quando caio de lado, meio morto, sonolento e com um enorme sorriso no rosto.

Tenho a impressão que esse tipo de jogo (6 a 2) só se consegue quando se juntam três coisas básicas: envolvimento, química e uma vontade de deixar o adversário estatelado.
Nenhum desses aspectos têm me faltado e por isso meu adversário regular não deve ter razão nenhuma para reclamar. Muito pelo contrário. É freqüente o pedido por um intervalo para recuperação de forças. Acho que se pudesse, eu ficaria no ataque por mais tempo do que ela pode suportar e teríamos que apelar para o resgate aéreo e os paramédicos.

Tomando a liberdade de mudar um pouco a letra do Djavan, minha versão da música ficaria assim: eu insisto em 6 a 2, ela quer 3 a 1.
No meu jogo, ninguém perde nem sai triste com o resultado.

sexta-feira, outubro 03, 2003

Impressões – Parte 6

As paisagens montanhosas da fronteira suíça serviram para nos irritar logo de cara; onde já se viu respeitar os limites de velocidade em um lugar sem guardas ou radares??
Aquilo parecia inconcebível para nossas mentes pós-adolescentes acostumadas a rachas, faróis furados de madrugada e som no talo.
Aquela civilização toda nos fez mal no início, mas logo nos acostumamos.

Nossa passagem relâmpago pela Itália foi brindada como deveria: uma bela macarronada à beira do lago Maggiore. Deu uma pontinha de inveja daquele povo com casas na beira da água e com barquinhos passeando para cá e para lá, mas isso logo passou. Afinal de contas, ainda tínhamos que chegar mais perto da neve e não podíamos ficar muito tempo nos sentindo mais próximos da Guarapiranga.

Voltando à terra dos chocolates e dos bancos milionários...
Ficamos meio enjoados de tantas curvas e de tantas montanhas, mas não pudemos deixar de admirar a beleza dos Alpes. Eu já conhecia algo parecido por conta das viagens para a terra natal andina, mas sempre é possível se surpreender e encontrar alguma coisa diferente e interessante. As montanhas de lá eram igualmente altas e geladas, mas não me lembro de ter visto tanta gente cruzando os Andes só para visitar os parentes do outro lado.

Depois de passar muito frio chegamos ao nosso destino na neve.
Zermatt havia sido recomendada pelo agente de viagens e naquela época isso dispensava qualquer tipo de preparativos ou pesquisa sobre o que encontraríamos.
Como já era noite quando chegamos lá, decidimos ficar no pé da montanha e não arriscar nossos pescoços na subida até a neve.
O hotel era caro (como tudo na Suíça) mas tinha um café da manhã muito legal. Não pude deixar de colocar meu lado glutão em ação e me fartar de tomar Ovomaltine. Afinal de contas, aquela era a terra do Ovomaltine!!

Tivemos alguns problemas para chegar até o lado alto da vila: a estrada era muito estreita e em boa parte dela só passava um carro por vez. Demoramos uns 30 minutos para fazer um trajeto de uns 3 quilômetros e quando chegamos lá quase tivemos a oportunidade de conhecer a hospitalidade das prisões suíças: o trânsito na vila alta era permitido somente aos locais e do jeito que eles são “coxinhas” o mínimo que aconteceria seria uma multa extorsiva.
Mais do que depressa demos meia volta e fugimos de lá. É impressionante pensar como a viagem de volta foi mais rápida do que a de ida.

Agora que estávamos a pé novamente, tivemos que recorrer à estação de trem para chegar novamente até a vila. Não demorou muito até que estivéssemos andando naquelas ruelas parecidas com brinquedos e com a presença constante do Matterhorn.
Para o que nunca estiveram naquelas bandas do Sul da Suíça, seria como circular a Avenida Paulista e nunca perder de vista a antena da Globo.
Até que tentamos nos arriscar nos esquis, mas o nosso orçamento não permitia tamanho desaforo.

No dia seguinte chegamos em Zurich e nos deparamos com outro trauma: a Banhofstrasse, tida como a rua mais cara da Europa naquela época.
Nem adianta tentar descrever a revolta com os preços praticados naquele lugar. Até pensamentos eram caros por lá.
No albergue de Zurich acabamos conhecendo alguns brasileiros e até uma americana que era namorada de um deles. Formamos uma turma bilíngüe e saímos para caminhar pelas ruas estreitas do outro lado do rio.
Encontramos outros brasileiros fazendo shows na rua e até um músico gay que nos identificou e convidou para um show que ele estava fazendo na cidade. Obviamente não nos arriscamos a comparecer. Vai que a gente gosta.
Depois de muitas cervejas, deixamos a parte alemã da terra dos bancos e fomos para a matriz das caras sisudas, do futebol-força e das regras inflexíveis.

No próximo capítulo: a experiência germânica.

quinta-feira, outubro 02, 2003

Rumos

Hoje estou meio down.
Não senti vontade de ir à academia, voltei pra casa e sentei ao lado da minha mãe para ver um capítulo novo (ao menos pra mim) do seriado que foi o um favorito durante anos: Beverly Hills 90210.
Um pouco antes de voltar a me maravilhar com a Jennie Garth (a Kelly), fiquei pensando nos caminhos que minha vida pode tomar nos próximos meses e no preço que cada escolha tomada pode cobrar da minha vida mansa.
Por um instante pensei que talvez fosse melhor não ter escolha alguma, mas isso logo sumiu da cachola. Tenho que dar graças pelos pontos de escape que tenho à minha disposição e que estão lá prontinhos para serem agarrados.

Minha certa insegurança presente tem uma certa ligação com o “crescimento” dos meus amigos mais próximos.
O melhor deles acabou de comprar um apartamento e deve se mudar para lá no começo do próximo ano. Se que vamos continuar irmãos, mas sei também que algumas coisinhas vão mudar. Não vai dar mais para quebrar móveis ou vomitar no tapete persa. À partir de agora tudo vai ficar mais caro e os porres homéricos vão demandar um cuidado todo especial para não acabar em móveis arremessados pela janela.

Outro dos meus grandes companheiros já mora sozinho e está pensando em pedir para a namorada se mudar para lá. Não seria a primeira vez, mas agora seria bem diferente. Agora seria mesmo um casamento e não uma pressão de um namoro muito longo.

Tenho uma série de decisões para tomar e um monte de caminhos para seguir.
Um fator especialmente complicador é que minhas decisões não podem ser tomadas de forma isolada. Tenho que levar muito em consideração a opinião e a decisão de outra pessoa de vital importância para a minha vida.
Minhas decisões se baseiam em algumas opções excludentes e deve ser isso que me incomoda. Não estou muito a fim de perder nada ao escolher, mas não vejo muitas chances de isso não acontecer. Terei que escolher um caminho e deixar os demais de lado.
Tenho que pensar para onde quero ir no trabalho e na vida pessoal.
Devo mudar um pouco a minha natureza e contar os cobres que virão com o caminho escolhido.
Não dá mais para ignorar o dinheiro, vil metal, horrendo mas necessário.
Não dá mais para continuar a viver como adolescente, irresponsável e inconseqüente.
Acho que a vida daqui pra frente vai ser um pouco mais definida e sem graça.
Ainda bem que eu tenho algumas estórias para contar.

Hoje o Brandon foi embora.
Por mais banal que isso possa parecer, acho que pode ser um sinal.
Se até o pessoal do Barrados no Baile cresce e segue seu rumo, acho que vou ter que pensar em fazê-lo também.
Vou ter que dar um jeito de organizar idéias e escolher o que for melhor.
Vou ter que controlar o instinto e fazer as coisas uma de cada vez. Nada de atropelos, nada de excesso de ansiedade, nada de atropelos. Tudo a seu tempo, tudo no seu lugar.

Que venha o Caos. Mas que venha organizado!

quarta-feira, outubro 01, 2003

O lembrador de nomes

Alguém aí sabe como se chama o cachorro que acompanhava o Jonny Quest nos desenhos?
E o nome do maior adversário do Sawamu dentro dos ringues do chutebox?
Ou ainda o nome dragão alado que soltava raios pelos olhos no desenho dos Herculóides?


Pois é. Muita gente nem deve fazer idéia do que estou falando. Muita gente deve achar que eu não saí da infância e que sou meio bitolado por trash culture. Muita gente deve ainda achar que não tenho coisa melhor a fazer a não ser ficar fissurado em frente à TV em busca do programa mais besta que eu puder encontrar.
Isso não está tão longe da verdade, mas não é bem o motivo de eu ter escrito este texto.
Queria falar um pouco sobre a minha paixão por nomes e sobre a impressão que isso causa em quem me conhece um pouco mais.

Tenho certeza que pouca gente se lembra do alter-ego do Ultraseven do seriado japonês!!
Duvido que exista alguém em sã consciência que saiba o nome do jogador de basquete que dividia com o Abdul Jabbar o modelo de óculos de proteção durante os jogos do time do Lakers durante o final dos anos 80!!
Será que alguém sabe o nome do treinador da Nadia Comaneci na época da primeira nota 10 ou do nome da ginasta russa, campeoníssima na olimpíada anterior, que foi destroçada pela romena franzina?


Algumas pessoas têm facilidade para números de telefone, outras para reconhecer rostos e outras ainda para letras de músicas. Eu nunca fui especialmente bom para nada disso. Meu negócio sempre foram os nomes.
Nomes de países, nomes de cantores, de bandas, de filmes, de atrizes pornô, enfim, todo e qualquer tipo de nome sempre foi comigo.
Isso era especialmente útil quando alguém da turma tinha que ligar para uma mulher que havia conhecido no dia anterior: era só me acionar e surpreender a moça ao se lembrar do nome dela mesmo só tendo tido poucos minutos de papo.
Quisera eu ter um back office tão bom assim!!

Mais algumas: o nome do filme onde o Richard Harris ficava pendurado em ganchos presos ao peito só para ser aprovado naquele ritual indígena?
O nome do vencedor da primeira maratona das Olimpíadas da era moderna?
E o nome verdadeiro do Lênin?
Nessa linha: em que país morreu Trostky e qual o nome do líder que foi assassinado e provocou o início da Primeira Guerra?


Gosto de saber os nomes das pessoas para mostrar que me importo com elas.
Isso vale para o porteiro do meu prédio (grande Josafá), para o garçom que sempre capricha nas porções de batata frita no almoço (Zivaldo com tudo) e para o catalão safado que me trouxe um monte de problemas na empresa (bendito Xavi).
Ao chamar as pessoas pelo nome me sinto mais próximo delas e isso vira e mexe me abre diversas portas.

As últimas: quem era o companheiro da Tartaruga Touché no desenho animado?
O nome do médico alemão que era insistentemente chamado naquele clássico desenho do Pica Pau?
A moça que contracena com o Prince no filme Purple Rain?


Sei que este texto não tem muito a ver com nada que tenho feito ultimamente, mas achei que seria legal poder desencanar um pouco de coisas sérias e escrever um pouco de besteiras de forma intencional.
As outras besteiras saem sem querer. Juro!!

terça-feira, setembro 30, 2003

Força

Uma das poucas razões que tenho para ficar morgando em frente à TV têm sido as meninas do “Sex and the city”. Assisti somente uns poucos capítulos, mas já virei um apreciador da narração em off da Sarah Jessica Parker contando as aventuras e desventuras dela e do grupo de amigas.
Posso estar sendo bastante raso na minha visão, mas acredito que a idéia seja caracterizar quatro personagens bastante diferentes e frágeis em algum aspecto.

Me lembro que existe a devoradora de homens que busca no sexo a realização daquilo que ela não conseguiu com o amor. Parece que ela desistiu de tentar encontrar algo mais “completo” e se contentou com uma coisa sabidamente recompensadora.

Outra das amigas da Sarah é uma trabalhadora fanática que parece também buscar uma espécie de compensação. Essa é a menos atraente de todas e talvez por isso use o trabalho como escudo e desculpa para tudo. É mais ou menos como quando muitos de nós dizem que estão sem tempo de fazer alguma coisa quando na realidade não conseguimos ou não temos prioridade para fazer essa coisa. Eu mesmo faço muito isso e nunca “tenho tempo”.

A terceira é a perfeita “mulher para casar”.
Tudo nela está no lugar, do broche de lapela que combina com o cinto que combina com qualquer outra coisa que se possa vestir à lingerie da Victoria Secret que serve (também) para mostrar que o sucesso e o dinheiro fazem parte do pacote “perfeito”.
De tão perfeccionista e certinha aquela mulher acaba sendo chato. Nada pode estar fora do lugar e até o sexo deve ter sua etiqueta respeitada de forma religiosa.
Me parece que isso acaba com toda a graça do inesperado dentro do relacionamento. Não há muito espaço para improvisar, para temperar, para surpreender.
E quando a surpresa deixa de fazer parte do relacionamento, basta contar os dias até o seu fim.

Por fim vem a própria Sarah.
Queria ter visto mais episódios para não ser tão raso no comentário, mas vejo que ela é o centro gravitacional do grupo. Todas circulam em torno dela e com isso fornecem experiências para as estórias que ela escreve. É mais ou menos como o que eu faço, só que ela tem talento e mora em Nova Iorque.
No último episódio que vi, ela estava enfrentando problema para lidar com o namorado que havia se mudado para a sua casa. Os problemas vinham da briga entre a independência que ela sempre gostou de ter e da vontade de ter o cara amado ali bem juntinho dela.
Entre idas e vindas, eles brigaram por que ele tentava ajudá-la com um problema no computador e com a tristeza da morte da mãe da amiga trabalhadora.
Ela não queria ser ajudada para não passar a precisar dessa ajuda em outra ocasião. Era uma briga para manter a independência em tudo, para manter o controle da situação.
Como conseqüência da briga, o cara devolveu a chave do apartamento e a deixou livre para fazer as coisas do jeito dela. Ele disse que não iria interferir nas decisões dela.

Na minha opinião, não é preciso ser auto-suficiente para ser feliz. É perfeitamente possível que se dividam até as necessidades com o parceiro e que a própria presença dele passe a ser uma necessidade.
Não é preciso fazer tudo sozinho só para não correr o risco de sofrer caso o parceiro falte por alguma razão. Não é errado precisar de alguém e até depender um pouco dessa pessoa.
Não é errado precisar da força de alguém em momentos de fraqueza ou baixo astral.

Voltando ao episódio, a Sarah e as amigas foram ao tal enterro e passaram a fazer as tradicionais descobertas de cada dia.
Uma das melhores foi a da Sarah ao ver o namorado (aquele que tinha devolvido a chave) lá nos fundos da igreja, dando a tradicional força, mesmo que ela tenha afirmado não precisar e nem soubesse que ele estaria lá.
O importante é que ele estava , ela o viu, gostou disso e resolveu arriscar.

No final, eles aparecem juntos de novo e ela resolve escrever sobre os benefícios da vontade de mudar.
Tenho a impressão de que ela estava aprendendo a curtir a idéia de trocar dependências com quem se ama.
Parece também que ela estava gostando muito disso.

segunda-feira, setembro 29, 2003

Cores

Fiquei pensando em representar o que sinto por você através de cores e de relacioná-las a algo que tenha a ver com a nossa história. Pode até ficar meio piegas e ingênuo, mas é o que estou com vontade fazer. Ultimamente não tenho passado vontade de fazer nada, principalmente se isso tem algo a ver com o que sinto por você.

Logo de cara pensei no verde.
Traços dessa cor aparecem misturados nos seus olhos grandes e vivos. Não sei dizer que outras cores sua mãe colocou lá, mas consigo ver que é o verde quem dá as cartas.
Teus olhos ficam um pouco mais intensos quando bate o sol. Deve ser por que calor combina com você e te energiza.
É meio perigoso ficar te encarando em um dia claro e sem nuvens. Dá a impressão de que posso ficar indefeso e sem reação a qualquer coisa que você resolva fazer comigo.
Pensando bem, pra que escapar?

Fiquei animado de uma forma bem diferente quando me lembrei das suas partes cor de rosa.
Como não poderia deixar de ser, elas são muito delicadas e frágeis. O mais leve toque é capaz de alterar seu estado e a externalização do que você estiver sentindo naquele momento.
O recente retoque que você resolveu dar neles acabou virando uma nova marca registrada da sua presença.
Adoro pensar que tive alguma participação na sua decisão. Acho que você adorou a idéia de me agradar ao aumentar a atração que aquelas duas manchinhas cor de rosa me faziam sentir.

As variações de amarelo do seu cabelo foram a minha inspiração seguinte.
Por mais que eu ache que você fica bem de qualquer forma, gosto de saber que uma quantidade saudável de vaidade te anima a encarar algumas horas de salão para retocar a sua já não mais tão longa cabeleira.
Aliás, se não bastasse a cor, agora também a forma me faz querer estar ainda mais perto de você e do perfume gostoso que sempre exala dos seus fios delicados e

Acabei de me lembrar de uma cor que poucos privilegiados tiveram a oportunidade de ver: o vermelho das suas bochechas logo depois do amor.
É simplesmente lindo ficar ali, abraçado ao seu corpo magro e quente e olhando seus olhos fechados e seu rosto levemente avermelhado. Você fica assim até alguns minutos depois que a nossa respiração volta ao normal, mas é tempo suficiente para que eu não queira te largar por nada deste mundo. Dá vontade de ter o poder de parar o tempo e te deixar daquele jeito para sempre.

Já mencionei o branco da sua pele e a delícia do seu perfume natural.
Adoro quando você usa coisas caras e especiais, mas não consigo pensar em um cheiro mais gostoso do que o que exala da sua pele logo depois que você sai do banho, ainda enrolada em uma toalha e com aquele sorriso sacana de quem sabe que não passa despercebida.
Consigo ver pouco das regiões que a toalha não cobre, mas isso basta para que eu já viaje longe e perto com você.
É cada sonho acordado que você nem imagina.
Por último, quis registrar o preto do asfalto que teima em impor limitações àquilo que sentimos vontade de fazer.
Sei que isso nada tem a ver com as suas cores, mas acho que tem tudo a ver com as nossas.
O danado do “pretinho” começa a nos cansar e a vontade de mudar o mundo aumenta muito.
Ainda bem que ambos estamos juntos nessa e entendemos que o tempo jogar a nosso favor. Nada de pular estágios e ter pressa.
A recompensa não vai sair do seu lugar e só devemos andar juntos para alcançá-la.

Que tal trazer suas cores para perto de mim e descobrir o que acontece, hein?

sexta-feira, setembro 26, 2003

A moeda de três lados

Um amigo meu me falou sobre uma mulher que ele havia conhecido de forma intensa, mas que continuava sendo um grande mistério para a sua cabeça acostumada a coisas meio paradas e sempre confortáveis.
Ele gosta de saber onde pisa e de impor um certo controle nas suas coisas, mas com ela isso nunca era possível. Era mais ou menos como entrar em uma sala escura que não parasse de girar: a gente nunca poderia saber para que lado ficaria a saída.

Uma coisa interessante que ele me contou foi a comparação da personalidade dela com uma moeda e seus três lados. Isso me pareceu incoerente, mas quando ele mencionou a parte externa da moeda, entre os dois lados, entendi um pouco melhor o tipo de impressão que aquela mulher havia causado nele.

Primeiro ele me contou detalhes a respeito do primeiro e mais perigoso lado dela.
Acabei ouvindo horas e horas de estórias sobre o efeito da risada escrachada e do cinismo irônico que ela adorava distribuir a quem estivesse ao alcance. Era uma verdadeira metralhadora giratória detonando a qualquer desavisado que ousasse criticar um autor que ela curtisse, uma música que estivesse sendo trilha sonora de momentos felizes ou as suas escolhas de roupas e acessórios.
Ela adorava intimidar as pessoas com a sua inteligência, charme e beleza. Parecia que rolava uma competição para saber que era o mais poderoso e interessante.
Esse tipo de postura não agradava nada ao meu amigo, mas ele continuava tentando descobrir algo menos letal na dona daquele colo salpicado de sardas. Acho que ele acabou chegando à conclusão de que ela se “montava” desse jeito só para não correr o risco de se sentir inferiorizada em alguma situação.

Depois ele me falou do poder de sedução que vinha daquela boca hábil em dizer coisas sinceras para agradar alguém por conta de objetivos nem tão sinceros.
Ele mesmo acabou “vítima” de uma sedução muito bem armada e temperada com prosecco, muffins de café e acid jazz.
Mesmo tendo adorado a forma intensa com que ela fazia amor, ele continuava com a pulga atrás da orelha com relação à sinceridade dela. Era como se ela quisesse provar algo para si mesma ao levá-lo para a sua cama e tomar toda a iniciativa da transa.
Era a confirmação da competição.

Felizmente ela não o expulsou de casa logo após se satisfazer. Ainda rolaram alguns momentos de carinho, conversa despreocupada e divisão de banheiro.
Segundo ele, foi preciso sair da cama dela para começar a ver resquícios do que ele acreditava ser a verdadeira natureza daquela mulher. Foi somente quando ela saiu da cama, colocou um hashi no cabelo, armou as madeixas no alto da cabeça e vestiu um robe de seda que ele parou de se sentir em uma competição.
Aparentemente, ao “descer do salto” ela mostrou um lado mais calmo, verdadeiro e sereno, coisa que o agradou muito.
Ele teria ficado um ano inteiro contando as suas sardas e falando sobre comida vegetariana, mas ambos tinham que voltar aos seus compromissos e assumir de novo as suas carrancas e personagens.
Acho que foi exatamente isso que ele mais lamentou já que nunca mais ele conseguiu chegar até o terceiro lado daquela mulher. Nunca mais ele achou o lado mais inacessível aos reles mortais.
Nunca mais ele viu aquele robe e aquelas sardas livres de máscaras.
Acho que ele lamenta isso até hoje.

quinta-feira, setembro 25, 2003

Independência

Cheguei à conclusão de que não gosto de assumir responsabilidades herdadas.
Não quero dizer que sou totalmente irresponsável, mas acho extremamente injusto que tenhamos que responder pelos atos de outra pessoa simplesmente por que essa pessoa nos é cara.
Uma coisa é se jogar na frente de uma bala por um amigo-irmão ou pela mulher que se ama, outra bem diferente é ser jogado por que a pessoa sabe que ela vale muito no nosso conceito.

Prefiro relações independentes onde cada um sabe viver sua vida isolada e curte intensamente os momentos em que tem que rolar uma divisão ou compartilhamento.
Entre pessoas emocionalmente saudáveis e inteligentes, existe uma separação entre o individual e o conjugal, entre o eu e o nós, entre o que se tem dentro e o que se quer colocar para fora.

Acho que devo explicar um pouco melhor o que entendo como responsabilidade herdada.
Imagine que você se oferece para ajudar um amigo ou uma parceira em alguma situação emocional ou financeiramente complicada. Você vai até a pessoa, oferece sua ajuda e acaba resolvendo parte do problema. Nesta situação não importa muito se foi uma mera questão de sorte. O fato é que a pessoa pode acabar associando a sua presença à resolução de problemas e é aí que mora todo o perigo.
É possível que se estabeleça uma relação de semi-dependência onde a pessoa não se sinta mais segura para enfrentar problemas se você não estiver lá para oferecer o ombro ou dar aquela empurradinha quando a coisa não anda.
Por mais simbólica que seja a ajuda, você se transforma no salvador e perde um pouco do direito de ter a sua vida, com seus próprios problemas e inconsistências.
Mesmo sem querer, você acaba herdando a responsabilidade de estar lá quando o outro precisar.

Situação pior se configura quando a sua parceira não faz nada sem você.
Pra mim não tem coisa mais irritante do que ter ao meu lado alguém que não tem opinião, que anula a sua personalidade em nome da “harmonia do casal”.
Entendo que devam existir concessões para que as coisas fluam um pouco melhor, mas daí a deixar de ser quem se é só por que o namorado quer ou a namorada precisa, são outros quinhentos.
Na verdade, isso pode até ser bom a curto prazo, mas é promessa de infelicidade a médio e longo prazo.
Acredito que não exista relacionamento que resista a muito anos de anulação e falta de expressão da verdadeira personalidade. Uma hora ou outra a corda estoura e aí não há band-aid que resolva.

É por isso que prefiro saber com quem estou lidando desde o começo.
Acho muito mais saudável fazer (e receber) concessões logo nos primeiros meses de relacionamento e adaptar aquilo que for possível. Por mais ardente que seja a paixão, acho melhor que ela se revele por completo ao invés de se velar e disfarçar.
Nada salva um relacionamento que se mascarou apenas para ganhar tempo.

Algo me diz que estou no caminho certo nesse quesito.
Acredito que tenho conseguido mostrar o que realmente sou e manter o interesse dela.
Vejo que isso é verdade também para as coisas que são dela. Não enxergo máscaras ou disfarces.
Acho isso muito bom e pressinto que vai ficar ainda melhor.

quarta-feira, setembro 24, 2003

Terapia física

Uma das coisas que mais chamava a minha atenção quando eu curtia sair na balada era o jogo de interesses que meninos e meninas faziam quando queriam demonstrar vontade ou sossego total.
Me lembro que meus amigos sempre diziam que era perda de tempo tentar interromper a conversa de duas mulheres em um bar: se elas não paravam de falar entre si era por que não tinham a menor intenção de permitir que algum inseto se infiltrasse na conversa e tentasse modificar qualquer que fosse o rumo dos comentários que elas estavam fazendo.
Em bom português: era um tiro n´água em quase que 100% dos casos.

Outra coisa que aprendi assistindo muitos programas “jovens” foi que se a menina conversa com você de braços cruzados é por que ela não quer que exista qualquer tipo de aproximação.
É mais ou menos como dizer “não vem não, violão”!!

Era realmente complicado ler todos esses sinais e invariavelmente eu optava por abrir mão da luta e me contentar com uma loira gelada ou uma russa ardente para me fazer companhia.
Enquanto isso, meus amigo seguiam na batalha pelo melhor entendimento dos sinais e pelo mais eficiente furo nas defesas montadas pelas mocinhas.

Certamente foi isso que fez ficar sempre em inferioridade na hora de contabilizar estórias.
Enquanto eles chegavam perto de encher uma mão com o número de moças que haviam dado o telefone ou que haviam sentido o gosto doce de um beijo, eu podia, no máximo, contar o número de sorrisos que havia arrancado com meus comentários gentis e piadas infanto-juvenis.
É certo que eu nunca curti competições e que vira e mexe eu acabava ajudando algum tipo de conquista deles, mas nunca reclamei da sorte. Sempre achei que cada um tinha o seu papel e que o meu era criar o clima e atuar como escudeiro.
Por mais Sancho Pança que eu meu sentisse às vezes, minha realidade estava longe da auto-piedade e da solidão. Sempre havia uma moça que curtia mais o bom humor do que o papo furado.

De qualquer maneira, o que fez querer escrever este texto foi a vontade de comentar os sinais que são dados durante a conquista e que podem significar a diferença entre uma noite de amor e outra de torpor.
Já falei sobre a conversa na mesa e seu efeito na abordagem externa. Agora acho interessante mencionar a necessidade de retorno quando uma pessoa quer se aproximar de outra.
É certo que para alguns não importa se a pessoa está interessada, olhando ou dando algum tipo de “entrada”: a personalidade rolo-compressor indica que se deve atacar, invadir espaço e tomar pela sufocação.
Por mais bem sucedida que seja essa tática, acredito que o sabor final não seja dos melhores.
Me parece muito mais adequado que exista uma troca antes da consumação final do relacionamento entre a “vítima” e o “caçador”.

Acho muito mais gostoso quando, por exemplo, uma mulher solta um convite através de um olhar. Independente de quem receba a mensagem, o convite foi feito de forma sutil e quase subjetiva e ninguém pode dizer que houve facilitação ou atitude escancarada.
Isso é bem diferente do jogo de “buscar um fora”.
Nessa variante da conquista, a pessoa que é abordada nem sempre sabe que algo vai acontecer e via de regra tem que improvisar uma reação no momento em que a abordagem acontece.
Nessa hora é matar ou morrer e as chances do “abordador” dependem diretamente do poder combinado do seu sorriso, do seu charme e da forma utilizada para se chegar à outra pessoa.
A pessoa que “chega” não se importa se vai se dar bem ou não. Na verdade, ela busca o fora, o fracasso. Mentalmente é melhor buscar o fracasso e encontrar o sucesso, do que o contrário.

Desta forma, sempre vale a pena conversar com alguém achando que não vai colar, que vai rolar uma dispensa, que o outro lado vai nos presentear com um belo e glacial olhar de canto de olho.
Se o fora vier, ok. Se não vier, melhor ainda.

Parece que é tudo uma questão de oportunidades e perspectivas.
Ganha quem melhor souber combinar os dois.

Acho que ainda tenho muito a aprender.

terça-feira, setembro 23, 2003

Por que te amo?

Resolvi listar algumas das razões que te fazem ocupar o lugar de mulher que eu amo.
Não foi sem razão que fiz isso. Foi para celebrar a felicidade que sinto por estar participando da escolha mútua que estamos fazendo. Nenhum de nós dois está com o outro por razões que não sejam o amor e a vontade enorme de ficar junto.
Acho que essa é a primeira resposta para a pergunta do título: te amo por que quero ficar junto de você o maior tempo possível. É o reino do amor-presença.

Te amo também por que adoro meus amigos como se fossem da família. E por gostar tanto deles é que valorizo cada gesto de aprovação que eles fazem quando estamos juntos.
Se eles dizem que é certo, é por que esse amor-companhia é certo.

Sinto amor quando quero te abraçar ainda mais depois de gozarmos juntos e de nos rendermos ao torpor merecido que sentimos. Nada mais importa nesse momento, só eu, você e nosso amor-tesão.

Amo teu sorriso de dentes grandes e queixo projetado para a frente. Fico com vontade de te beijar toda vez que te vejo sorrir e adoro quando isso acontece o tempo todo. Teu sorriso é o principal gosto do meu beijo, e isso é amor. É amor-sorriso.

Te amo pela pele branca e pintadinha, de poucas sardas e muito perfume. Cada pequena parte que descubro quando fazemos amor me faz sentir vontade de gastar dias e dias sem te deixar totalmente nua, só para curtir cada centímetro que toco. É amor-pele.

Acho que te amo também pelo bom humor, pelo companheirismo, pela disposição para aventuras, pela paciência com minhas manias e pelo abraço apertado dado sem razão aparente. Acho que é amor-divisão.

Amo teus olhos esverdeados, teu cabelo claro, tuas bochechas quentes, teus seios macios, tua barriga lisa, teu pé delicado e teus dedos finos e fortes. Amo cada parte do teu corpo, mesmo aquelas que só posso tocar com a mente quando estamos em público. Amo teu amor-corpo.

A simples idéia de que você me quer, me ama e me deseja, é suficiente para me causar amor.
Amo compartilhar isso com você e querer ir cada vez mais fundo no que temos para trocar.
Amo nosso amor-troca.

Amo o passar rápido dos dias para te ver, te abraçar, te colocar no meu colo, te ninar, velar teu sono e te acordar com um beijo. Não me importo com distâncias reais. Derrubo tudo com a vontade de te ver e de te ter. Amo o efeito do nosso amor-ponte.

Te amo por que te amo. É amor-amor. E isso basta.