segunda-feira, outubro 27, 2003

Gostos e razões

Voltei de férias meio filosófico.
Talvez um pouco mais do que de costume. Certamente não voltei para casa apenas com quatro quilos a mais na região abdominal (ou pança de cerveja ou área para carinho).
Trouxe na bagagem também quinze dias de lua-de-mel.

Por mais que ainda não tenha cometido o ato de desvario (amor?? coragem?? entrega??) de percorrer o caminho para o altar de alguma igreja, as minhas férias serviram para ensaiar alguns comportamentos que só quem mora sob o mesmo teto pode ter acesso.
É óbvio que não estou falando da convivência de companheiros que racham o aluguel. Falo de casais, de metades de casais.
Sendo um pouco mais específico, falo de acordar junto.

Menciono o acordar e não o dormir por que essa é exatamente a parte que mais me agrada.
Curto muito dar um beijo de boa noite, formar a conchinha e adormecer sentindo o perfume dos cabelos dela, mas o acordar tem um significando um pouco mais especial.
Acho que desenvolvi esse apreço pelo abrir de olhos durante a minha fase promíscua: eu nunca ficava tempo bastante com a moça para vê-la acordar. Normalmente eu nem chegava a dormir. Mesmo sob protestos de algumas, o normal é que eu ficasse apenas o tempo suficiente para trocar um pouco de carinho, valorizar a generosidade da moça e agradecer silenciosamente aqueles momentos agradáveis.
Era meio complicado dizer que eu preferia dormir sozinho na minha cama, mas algumas vezes tive que apelar para esse grau de sinceridade.
É exatamente por isso que valorizo tanto a companhia das moças com quem acordo.

Esse valor é ainda maior quando a companhia significa para mim muito mais do que calor noturno e troca de carinho.
É muito melhor saber que o beijo de bom dia não é dado só com os lábios, mas que tem pele, cabeça e coração no mesmo pacote.
Faz muito bem não ligar (muito) para o hálito matutino e grudar as bocas quando o tesão é mais forte do que o sono e a vontade de escovar as "canjicas".
É tudo de bom não ligar se é dia ou noite e só querer levantar depois de vários abraços quentes e apertados.
É quase divino acordar com quem se ama.

Os centímetros a mais na cintura e as calças que devem se aposentar são um preço pequeno pela felicidade que rolou.
Acho que isso resume bem a parte mais importante das minhas férias.

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