quinta-feira, outubro 09, 2003

Apenas uma vez

Não sei bem por que, mas nesta semana me lembrei de algumas mulheres com quem não tive muita coisa além da primeira transa.
Com algumas delas, o relacionamento foi só a transa, mas com outras eu tive a sorte de ter alguma estória para contar. Rolou até uma amizade antes do sexo. Infelizmente pouquíssimas sobreviveram a isso.

Tentei buscar razões para o antes, o durante e o depois, mas só consegui achar fatos isolados para cada uma delas. Acho até bom que não exista um padrão de comportamento, ou eu acabaria me sentindo como um caçador impiedoso.

Uma das primeiras lembranças que tenho neste tema é da moça que conheci naquela casa de música cubana.
Eu estava lá com um amigo hispânico e de repente topei com essa mulher, que se não era linda, pelo menos cometeu o descuido de se aproximar demais de mim.
Começamos a conversar, nos beijamos, trocamos telefones, saímos para jantar, nos beijamos de novo e tentamos nos entender em alguma coisa que não fosse física. Essa foi a parte mais difícil já que ela era cheia de manias e quase não havia disposição para adaptação, concessão ou absorção de outra opinião. Era difícil conversar com ela, mas ficou ainda pior quando transamos: as manias dela chegavam a ponto de não gostar da presença de nenhum tipo de fluido em contato com o corpo. Nem o suor era permitido.
Isso foi demais para a minha formação básica e apaguei o telefone dela logo depois de deixar aquele apartamento pequeno e muito bem decorado.
Nunca entrei naquele apê. Nunca mais a vi.

Com a aeromoça foi mais ou menos a mesma coisa.
A gente ficou se desencontrando durante muito tempo, mais de um ano até. De repente abri o jogo e disse que não entendia por que a gente ainda não havia ficado juntos. Não entendia por que naqueles meses todos, o máximo de intimidade que havíamos conseguido havia sido um beijo de despedida depois de um cinema.
Pra minha surpresa, ela disse mais ou menos a mesma coisa. Apesar de bem mais velha do que eu, ela também sentia vontade de ver como poderia ser e daí para a cama foi um pulo.
Não tenho nada de ruim para dizer sobre o sexo que rolou. A gente se deu bem. Não foi perfeito, mas foi bom.
O esquisito foi depois. Do nada veio um e-mail dizendo que ela havia cometido um erro, uma confusão ou sei lá e que não queria mais receber e-mails ou me ver.
Talvez tenha acontecido com ela o que aconteceu comigo com relação à moça do apê bonito.

O caso que mais me deixa triste é o da professora.
Ela tinha um brilho carente no olhar e apesar de já ter sido casada, de conhecer bastante os caminhos dos relacionamentos e de ter uma filha linda, parecia que ela ainda vivia as incertezas da adolescência e das descobertas de todos nós.
Houve um encanto inicial que não se manteve, ao menos para mim. Mesmo antes de acontecer qualquer coisa, eu já achava que não iria dar certo e que o melhor seria não ir além.
Infelizmente não assumi essa posição a tempo e a gente se envolveu.
Tudo foi muito legal, mas aquela necessidade de salvação dela me incomodava cada vez mais. Nunca quis ser responsável por alguém de forma a garantir a sua sobrevivência. Sempre achei que o envolvimento exigia uma troca e não uma transferência unidirecional de energias.
Não demorou muito para que eu dissesse isso a ela e causasse mais uma decepção naquela moça que sempre gostou de fingir que era forte e independente, mas que no fundo era mais frágil do que a filha de pouca idade.

Por diferentes razões, a estória com algumas mulheres não passou da primeira página.
Tenho certeza de que também fui apenas a primeira para algumas moças deste mundo. Talvez não tenha passado nem da capa.
Gosto de pensar que foram passos necessários para chegar onde estou hoje.
Se isso não significa o ideal, ao menos quer dizer que consegui a troca que sempre desejei e encontrei a chance de criar algo que valha a pena viver.
Ainda bem que a terra do queijo gerou a minha grande chance de felicidade. Assim fica muito mais fácil.

Sem comentários: