segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Motivos

Mesmo correndo o risco de ser apedrejado sempre que entro nesse assunto, gosto de dizer que se é para transar com alguém fora do casamento, que seja da forma mais barata possível, ou seja, que seja com uma prostituta.

Explicando um pouco melhor, não defendo a infidelidade, a traição ou qualquer outro nome que se queira dar para uma relação extra-conjugal, envolvendo ou não o sexo.
Se eu não acreditasse que esse negócio de casamento é para ser feito uma vez só, talvez até tivesse uma opinião diferente, mas feliz ou infelizmente é assim que eu penso e não dá para acreditar em nada que se afaste muto dessa linha.
Sendo assim, reforço que não acredito que uma infidelidade seja moral ou socialmente acietável.

Dito isso, volto ao que queria comentar, ou seja, volto a falar sobre quando o sexo com uma profissional é a melhor alternativa.
Da mesma forma que declarei naquela certa tarde na mesa do Original, transar com uma prostituta envolve uma série de riscos sanitários e sociais, mas te dispensa de outros riscos, a meu ver muito mais complicados, já que envolvem sentimentos e família.

Então vejamos: ao pagar, você não compra só sexo, mas compra também o sossego de não ter que ligar no dia seguinte, de não ter que dar presentes caros e nem ter que se lembrar de datas comemorativas. Você paga, transa e pronto. Que venha o próximo cliente, para ela, e que venha a velha rotina de volta, para você.
Além disso, com uma profissional, você minimiza sensivelmente o risco de se apaixonar, coisa que, convenhamos, seria a pior coisa que poderia acontecer quando se é casado.

Então, já que a infidelidade é inevitável, melhor relaxar, pagar e gozar, mas gozar bastante que é para valer a pena.
Mas que fique bem claro que eu acredito que quando houver dúvida, melhor não fazer e pagar as velhas e mais caras contas que se ganha quando se diz o fatídico "sim" lá em cima no altar.
Em poucas palavras: na dúvida, não faça!

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

35 anos para ser feliz

Uma notinha instigante na Zero Hora de 30/09: foi realizado em Madri o Primeiro Congresso Internacional da Felicidade, e a conclusão dos congressistas foi que a felicidade só é alcançada depois dos 35 anos.
Quem participou desse encontro? Psicólogos, sociólogos, artistas de circo?
Não sei. Mas gostei do resultado.

A maioria das pessoas, quando são questionadas sobre o assunto, dizem:
"Não existe felicidade, existem apenas momentos felizes". É o que eu pensava quando habitava a caverna dos 17 anos, para onde não voltaria nem puxada pelos cabelos. Era angústia, solidão, impasses e incertezas pra tudo quanto era lado, minimizados por um garden party de vez em quando, um campeonato de tênis, um feriadão em Garopaba. Os tais momentos felizes.

Adolescente é buzinado dia e noite: tem que estudar para o vestibular, aprender inglês, usar camisinha, dizer não às drogas, não beber quando dirigir, dar satisfação aos pais, ler livros que não quer e administrar dezenas de paixões fulminantes e rompimentos. Não tem grana para ter o próprio canto, costuma deprimir-se de segunda a sexta e só se diverte aos sábados, em locais onde sempre tem fila. É o apocalipse. Felicidade, onde está você? Aqui, na casa dos 30 e sua vizinhança.

Está certo que surgem umas ruguinhas, umas mechas brancas e a barriga salienta-se, mas é um preço justo para o que se ganha em troca. Pense bem:
depois dos 30, você paga do próprio bolso o que come e o que veste.
Vira-se no inglês, no francês, no italiano e no iídiche, e ai de quem rir do seu sotaque. Não tenta mais o suicídio quando um amor não dá certo, enjoou do cheiro da maconha, apaixonou-se por literatura, trocou sua mochila por uma Samsonite e não precisa da autorização de ninguém para assistir ao canal da Playboy. Talvez não tenha se tornado o bam-bam-bam que sonhou um dia, mas reconhece o rosto que vê no espelho, sabe de quem se trata e simpatiza com o cara.

Depois que cumprimos as missões impostas no berço - ter uma profissão, casar e procriar - passamos a ser livres, a escrever nossa própria história, a valorizar nossas qualidades e ter um certo carinho por nossos defeitos. Somos os titulares de nossas decisões. A juventude faz bem para a pele, mas nunca salvou ninguém de ser careta. A maturidade, sim, permite uma certa loucura. Depois dos 35, conforme descobriram os participantes daquele congresso curioso, estamos mais aptos a dizer que infelicidade não existe, o que existe são momentos infelizes. Sai bem mais em conta.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Urgência

Descobri nestes últimos dias uma das causas para a confusão que aparece de vez em quando aqui nesta cabeça grande não muito cheia de coisas boas: me falta urgência.
Isso mesmo, me falta urgência, desejo, objetivos idealizados. Me falta sonhar.

Acho que é esse mesmo o caminho.
Diferente da Minha Mineira, eu nunca sonhei com a aprovação no vestibular, com a minha formatura, com o casamento "de véu e grinalda", com a paternidade, com nada.
Basicamente, minha vida sempre foi uma sequência de coisas que simplesmente aconteciam, sem muita preparação, sem muito sonho.
E o que dizer da minha reação depois de conseguir coisas "não sonhadas": costumo dar um sorriso tímido, levantar os ombros e fazer cara de "o que é que está pegando?".
Não saio pulando, comemorando, perdendo as estribeiras.
Eu agradeço educadamente e saio de fininho ainda mais educadamente.

Para não dizer que sou um boneco de cera sem sentimentos, me lembro de dois momentos em que liberei a alegria e "não estava nem aí com a hora do Brasil".
A primeira foi quando comprei meu primeiro carro e ganhei a "liberdade" de convidar as mulheres para sair sem depender de ônibus e encontros em shoppings. Isso foi o máximo, fiquei muito feliz, obviamente que tudo do meu jeito.
A outra foi o segundo show do U2, no início do ano passado. Minha Mineira disse que nunca havia me visto tão empolgado e era verdade.
Talvez esses sejam os dois únicos casos que eu quis muito alguma coisa e cheguei e sonhar com consegui-la
No mais, nada de sonhos, só acontecimentos. Nem a primeira vez teve sonhos. Era mais uma coisa de pressão e de se livrar do incômodo da virgindade. Não havia empolgação ou idealização.

E na atual conjuntura das minhas já 35 primaveras, não sei se existe algo a fazer com relação à essa urgência.
Não vejo forma nem necessidade disso.
Melhor seguir vivendo esta minha vida de expectativas mornas e, graças a Deus, realizações felizes.
O complicado vai ser ter certeza de que é assim mesmo que deve ser.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Mais uma cliente

Recentemente ganhei mais uma cliente na minha clínica informal de psicologia amadora.
Uma colega de trabalho que tinha fama de brava e implacável acabou se revelando uma moça carente, frágil e insegura ao extremo, terreno ideal para a entrada em cena do Dr. E e sua análise surpreendentemente rasteira e efetiva dos problemas da humanidade.

E parece que todas as "baboseiras" que eu disse sobre viver bem sozinha, deixar de ter o relacionamento como fim e passar a tê-lo como meio, se mostrar feliz e se permitir tropeçar na felicidade acabaram dando um resultado mais rápido do que qualquer um de nós esperava: ela conheceu outro colega de trabalho, coincidentemente um quase vizinho de mesa, e se encantou por ele.
Isso era tudo o que eu precisava para reforçar as mensagens passadas anteriormente.
E como ela acreditou em mim, aceitou a sua não-culpa e resolveu "se jogar", estou na expectativa do que pode sair dessa história.

Como deixei bem claro para ela, o que espero é que ela curta esse encantamento, se divirta, conheça o cara legal que esse meu colega é e deixe para fazer planos quando for mesmo necessário. Nada de querer conhecer os pais dele logo depois do primeiro beijo ou começar a comprar o enxoval do bebê depois da primeira transa.
Tudo a seu tempo. Primeiro a curtição, depois os planos. Se o que tiver que ser significar namoro, bem. Se significar amizade, bem também.
O importante é que o encantamento surgiu e que ela curtiu a sensação.
O resto é com Ele.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

A primeira vez

O entorno era simples demais, espartano até: um colchão, uma TV, um DVD player, uma coletânea de clipes do Culture Club, um show da Joss Stone, uma garrafa de tinto chileno e duas taças emprestadas pela minha mãe.
A nossa primeira noite no apartamento foi isso e mais um monte de fantasias e sonhos.
Só não foi mais completa por que tínhamos hora para voltar e sono para compensar.
Mas valeu muito a pena. Aliás, ainda hoje vale.

Tudo isso foi há mais de um ano atrás, quase dois na verdade, mas parece que foi ontem.
É bom pensar que está valendo a pena.
Nada mais parece ser tão difícil e complicado.