quinta-feira, novembro 29, 2007

Cada vez mais bonitos

Mais uma vez fui ao casamento de um amigo querido (na verdade, uma amiga) e saí com esperanças renovadas sobre o futuro dos relacionamentos humanos.
Sei que sou piegas (o que esperar de alguém que tem “Quatro Casamentos e um funeral” e “Simplesmente amor” como seus filmes favoritos”), mas quando estou em um casamento, acredito mesmo que a coisa do “felizes para sempre” pode funcionar.
Sei também que depois de umas boas doses de rotina e outras tantas de vida real, boa parte desse romantismo perde um pouco de espaço, mas isso é só até o próximo casamento. É só ver a noiva apontando lá longe e as lágrimas dos parentes durante os cumprimentos para esquecer de todas as dúvidas e ceticismos.

E nada mais renovador de esperanças do que um casamento na praia.
Tudo estava no lugar, planejado e executado nos mínimos detalhes, que é peculiar àquela pequena menina que aprendi a admirar desde os idos de 2001.
Até o noivo, com seu nervosismo e jeito de andar pendendo para os lados parecia combinar com o lugar.
Praia, amigos, felicidade e amor. Tudo combinado como o lombo assado, a couve refogada com alho e o tutu de feijão da minha sogra. Maravilha.

Apesar de curtir bastante a festa, nada havia me preparado para dois dos poucos momentos que tive com minha amiga.
O primeiro foi ver uma foto nossa, minha e dela, em um quadro pendurado na parede. Acho que é a única foto que temos juntos e senti um baita orgulho de merecer essa homenagem. Não havia muita gente nas fotos. Eram mais imagens do casal nas suas inúmeras viagens. Mas eu estava lá. E ela nos deixou ali para todo mundo ver.
Foi o máximo.

O segundo momento quase me derrubou de tão simples e inesperado.
Ela simplesmente me disse que gostou muito de eu ter ido e me estalou um beijo na bochecha. Fiquei envergonhado e emocionado. Foi simples, mas cheio de significado.
Ainda bem que ela não viu aquele “cisco” que entrou no meu olho esquerdo. E no direito também.

É por essas e outras que eu ainda acredito que o amor e o casamento valem a pena, apesar do cansaço que sinto às vezes.
Vale a pena te ter como esposa, Minha Mineira, e os casamentos dos amigos queridos só reforçam isso!

Que venham mais!

quarta-feira, novembro 14, 2007

Pede para sair

Acabei de voltar do cinema. Fui ver “Tropa de elite” e ainda estou “adrenado”.
Saí do cinema como o povo do BOPE: com cara de mau e querendo matar.
Obviamente isso passou logo depois do primeiro beijo da Minha Mineira, mas a memória do filme vai ficar por muito mais tempo.
Tive a sorte de não ler muitos comentários antes de ver o filme. Me poupei de críticas ao “fascismo” e ao “maniqueísmo” do filme.
Ao invés disso, tive a oportunidade de elaborar meu próprio parecer sobre o filme e achei que tudo fazia sentido.

Explicando um pouco melhor: não quero dizer que concordo com tortura, violência policial e tudo mais, mas, do ponto de vista de quem arrisca a vida para combater o crime, o filme faz sentido.
Pode não ser o único caminho nem a única “verdade”, mas segue fazendo sentido.
Fica uma certa idéia do BOPE como uma terceira via, um caminho de perfeição ética e honestidade (bem longe dos outros extremos: o crime organizado e o Estado corrupto), algo difícil de acreditar no país de Renan, mas ainda assim me vi torcendo para que o Capitão Nascimento pudesse voltar inteiro para a esposa e o filho recém nascido.
Eu e esse lado romântico que não me abandona nem em filme de matança, viu!

Sem perder tempo com um discurso vazio, o filme não é tão bem feito quanto “Cidade de Deus”, mas vale a pena como diversão e como breve exercício de reflexão.
Sim, por que acreditar que é possível mudar o mundo ou a cabeça das pessoas deste mundão é algo bastante além da ingenuidade.

E o melhor de tudo: o filme é policial, como milhares já feitos em Hollywood, mas tem cara de Brasil, por incrível que isso possa parecer.

Eu recomendo!

sexta-feira, outubro 05, 2007

O casório do Presidente

A cerimonialista era meio confusa e esquisita com uns trejeitos meio afrescalhados demais para o meu gosto, mas acabou dando tudo certo na cerimônia, que foi cheia de pontos altos. Do desfile da Primeira Sobrinha pela nave até o “sim” definitivo, todos se sentiram felizes com a felicidade que eles aparentavam e, certamente, sentiam. O Presidente e a Primeira Dama se casaram felizes e bem acompanhados. Nós estávamos lá para o que desse e viesse.

O trajeto até a recepção manteve a confusão. Quase ninguém sabia onde ficava o tal Templo da Sonegação e eu cansei de tentar explicar as melhores alternativas. Chegou uma hora em que desisti, coloquei a Minha Mineira no carro e fui embora.
Na verdade, toda essa reação explosiva era uma reação à urticária que me percorria dos pés à cabeça por conta da concessão que eu estava a ponto de fazer.
Pisar naquele solo de sonegação e ostentação sempre havia sido um tabu para mim, mas o motivo era mais do que nobre e eu me rendi. Deixei de lado meus preconceitos proletários e entrei de cabeça na festa.

Confesso, sem vergonha nenhuma, que não senti culpa nenhuma depois disso.
Foi ótimo ser bem atendido e curtir a festa ao lado deles. Era o Presidente que estava se casando e tudo valia a pena. Até mesmo “derrubar” oito caipirinhas de limão com Smirnoff Black. Maravilha de ressaca!
Aliás, se tem uma coisa que me impressionou nessa festa de casamento foi o atendimento do bufê. Eu não precisava pensar duas vezes em alguma coisa e lá estava ela à minha disposição. E quando o copo ficava vazio, eu mal percebia quando havia alguém deixando novos líquidos à minha disposição. Impressionante! Deve ter ficado os olhos da cara, mas foi impressionante.

Mas independente de ideais, de bebidas e de serviço, o que realmente importa é que o objetivo da celebração foi alcançado e eles iniciaram uma nova etapa da vida a dois com os dois pés direitos: um de cada metade do casal.
Espero e desejo que as mudanças que devem acontecer após a cerimônia só façam aumentar a felicidade e a satisfação por estarem dividindo suas vidas com quem amam.
E isso vale para ambos!

Longa vida para o casal presidencial!
Que Deus sempre olhe por vocês!
E que nunca falte bebida e companhia!
Da minha parte, garanto a companhia, afinal de contas Presidente, em certas ocasiões, sempre haverá dois!

quinta-feira, setembro 06, 2007

Para fora

Me deu vontade de passar um tempo no exterior.
Deve ter a ver com o e-mail que escrevi há pouco para o amigo-irmão que está em Boston e com a idéia de que a solução para todos os problemas de uma amiga estão na Alemanha.
Mas não sou como ela. Não estou procurando soluções. Não preciso me arrepender (muito) do que fiz no passado e fugir.
Sou mais como ele, que está procurando viver melhor. E voltar, diga-se de passagem.

Tenho amigos morando em Madrid, também. Daqui a pouco terei mais, mas por enquanto é uma só pessoa que foi para lá mais ou menos fugida: ela deixou a vida para trás e fugiu.
Lá ela foi a uma lojinha de descontos e comprou outra, novinha em folha, cheia de coisas coloridas para alegrar os dias, cheia de amores novos, rotinas novas, vidas novas.

Mas também não preciso renovar tudo. Tem coisas que funcionam na minha vida. Nem tudo, mas algumas coisas sim. Não preciso largar tudo. Não quero largar tudo.

Mas bem que poderia passar dois anos na França como o X.
Ele largou pouca coisa aqui. Quase nada, na verdade. E quando voltou, tinha uma vida nova montadinha esperando por ele.
Tudo bem que falta um pouco de emoção, mas não se pode ter tudo, não é?
Ou será que sim?

Não vai adiantar buscar defeitos sentimentais na idéia de sair um pouco.
Por mais que eu os encontre, a vontade de ir só vai passar com o tempo.
Ou com a cerveja.
Ou ainda com uma boa conversa com a Minha Mineira, tão apegada que é às raízes, à família, a tudo.
Ou com tudo isso junto, misturado e batido com gelo e limão. Saúde!

A vontade talvez não passe e eu provavelmente não vá.
Mas fica o registro da vontade, ah, fica.
Quem sabe um dia eu tome coragem e vá. Ou fique e mude tudo. Sei lá.
Vontades são para isso mesmo.

UPDATE:

Esqueci de mencionar o Jar-Jar, que vai passar uma boa temporada em Buenos Aires, em uma situação onde eu queria estar (inveja pura), mas isso é outra história.

terça-feira, setembro 04, 2007

Tiozão

Em recente ida para Bertioga eu vivi uma situação que, se não era nova, acabou sendo meio que reveladora: me vi em meio a um bando de gente mais nova, dando conselhos sentimentais e desafiando algumas idéias que estavam enraizadas em alguns deles.
A idéia era mesmo fazer todo mundo pensar nas suas "verdades" e, adivinhem, virei ídolo dos bêbados.
As meninas me ouviram praticamente sem manifestações, mas os caras, principalmente os mais acelerados na birra me elogiaram até o início da madrugada.

E havia razão para tanta alegria.
Eu falei coisas em que acreditava e que fizeram os caras pensarem nas próprias realidades, principalmente no que se refere ao coração. Falei de mim, da Minha Mineira, do nosso relacionamento e do nosso acordo de cuidar da felicidade um do outro.
Não sei se foi bom ter mencionado o fim da ilusão e a maior adequação de sentimentos que vem com a idade, mas acredito que eles entenderam que a mensagem visava aumentar a confiança no sucesso de relacionamentos.
Sim, por que o sucesso no amor foi a tecla mais batida em toda a conversa.
Ficou a impressão de que só quem tem medo de ficar sozinho não entendeu a idéia de esperança, concessão e ajuste de expectativas que tentei passar.
Me senti como o irmão mais velho cuidando da molecada.

Um dos pontos que mais irritou uma das amigas da Minha Mineira foi a minha idéia de que a fidelidade é uma escolha e não uma coisa natural do ser humano.
Ela ficou indignada e não se acalmou, mesmo depois de eu explicar que não achava moralmente certo ter um relacionamento paralelo, mas sim que acreditava que isso dependia de esforço, dedicação e, principalmente, disposição.
Eu quis dizer que não era natural por não ser fácil, mas ela não entendeu. Ou não quis entender. Ou teve medo de entender.

Não sou o dono da verdade, por isso não posso falar por ela.
Mal posso falar por mim e pelas minhas escolhas, mas me sinto bem em conseguir passar algum tipo de mensagem para aqueles que ainda tem coisas para viver e amores para curtir.
Acho que sou um "tiozão" legal, compreensivo e preocupado e é assim que continuará sendo, mesmo que as recalcadas queiram me matar.

quarta-feira, julho 18, 2007

Mulher mineira

O "caldinho" que envolve a mineira e dá a ela este jeitinho gostoso foi preparado em panela de ferro num fogão à lenha!

Mineira não mente, conta lorota.

Não paquera, espia.

Não fica bonita, já nasce formosa.

Mineira não usa perfume e cheira gostoso demais (sô).

Mineira não curte um som, ouve música.

Não fala, proseia.

Mineira não come estrogonofe, mas adora um picadinho.

Não faz crediário, compra fiado.

Não fica pelada, mostra as "vergonhas".

Não erra, comete engano.

Não liga pra ninguém, mas telefona pra todo mundo.

Mineira ama diferente.

Flerta de longe, promete com o olhar e cumpre tudo o que nos fez sonhar.

Ela sabe que amor não é pra discursar, é pra fazer.

Ama com os olhos, com as mãos, com o sorriso, com os
gestos.

Conheci muitos tipos de brasileiras.

Faceiras, trigueiras, formosas, poderosas, turbinadas, loiras, morenas, mulatas, bonitas, mas lhes falta essa brejeirice das mineiras, essa paciência de tecer sem
pressa uma teia de aconchegos e mimos, de lembranças e sorrisos, que nós das gerais tanto apreciamos.

Existem coisas que já nascem com a mulher e muitas destas coisas estão
diretamente ligadas ao lugar.

Mineira faz doce como ninguém neste país.

Quem já provou doce de cidra ou de leite feito por mineira, sabe o que é
bom.

Goiabada e marmelada, então, nem se fala!

Mineira ensina mais porque, o que há de importante, ela já nasceu sabendo.

Mineiras se embelezam com bijuterias e ofuscam o brilho de jóias raras.

Vestem-se de chita e ficam bonitas, porque mineira não segue moda, faz moda.

Mineira não usa tênis, enfeita as alpercatas.

Mineira vai à igreja, assiste missa, comunga, mas por via das dúvidas toma
um passe no centro espírita e joga rosas vermelhas pra Iemanjá no "corgo"
de frente à horta.

Sabe que são misteriosos os caminhos que levam às graças de Deus.

Escondida por trás da simplicidade de toda mineira está uma guerreira...

Escondida atrás de toda simplicidade e graça está uma brasileira.


Domingos Leoni


Uma pequena homenagem a quem me inspira.

Um beijo, Minha Mineira.

quarta-feira, junho 27, 2007

Esperança

Acabei de voltar do cinema e minha vida mudou.
Tudo tem outra perspectiva.



Descobri que, se até o Shrek pode aceitar bem a idéia de ser pai, talvez haja mesmo esperança para mim.
Será?

Sobre o filme: como era de se esperar, é divertido, engraçado e vale a pena mesmo que você não precise de persuasão para aceitar que não terá como fugir da paternidade.
Pode confiar.

sexta-feira, junho 22, 2007

Ida e volta

O lugar estava tinindo de novo. Parecia até um hotel ou um shopping. Só caí na real quando não encontrei as lojas e os cachorros do Higienópolis. Bom que isso tenha acontecido antes de eu incomodar a recepcionista.

Assinamos um calhamaço de papéis, seguimos a moça de coque impecável e mãos enrugadas até um quarto do tamanho do nosso apê e começamos a brincar com os botões e controles.
Fiquei fascinado com a cama, cheia de badulaques e inclinações. Precisei me deitar controlar para não tirar uma soneca antes de você e amarrotar a coisa toda. Imaginei que o povaréu que entrava e saía não aprovaria a substituição de corpos.

Falando em gente, a equipe do lugar precisou de reforço para chegar perto do tamanho da nossa turma. A caravana de Uberlândia estava toda lá, com faixas, cornetas e confetes. Só faltaram o tutu e o lombo assado.

Uma picadinha e uns minutos depois, você já estava tomando uma com Sonho e os Perpétuos.
Jogo de paciênca no Ipod, receitas da Ana Maria Braga, explicações para minha mãe sobre mp3 players. Enganei o tempo como deu e até que me dei bem no processo. Quase não dava para perceber que eu estava com vontade de sair correndo pelado pela Martiniano, mas me controlei, para o bem dos olhos do Presidente da empresa que poderia sair para almoçar justo naquela hora.

Só eu sei como você estava em boa companhia. Sei bem como a Matriarca pode ser eficiente e protetora. Tenho certeza que ela cuidou bem de você como se fosse eu. Melhor até.
Com tanto reforço, o lazarento do Murphy não tinha como dar as caras. Nem ele teria essa cara-de-pau.

Noves fora, você entrou e saiu da mesma maneira. Inteirinha. Talvez até mais completa.
Saúde e vaidade equilibradas novamente, o Castelo nos recebeu carinhoso e com saudade da moça rabiscada.
Agora é sossegar o facho e esperar uns dias até pode castigar canais novamente. Por mais que eles mereçam, melhor é não exigir demais da velha/nova carcaça.
Este escriba/acompanhante/amante e toda a trupe do Triângulo e da Octava Región agradecem.

sexta-feira, junho 08, 2007

A arte de gostar de mulher

Ainda nos meus tempos de graduação em jornalismo na Uerj, fui assistir a uma palestra do fotógrafo André Arruda, que foi do JB, Globo e trabalhava, entre outras coisas, com moda. Em determinado momento da palestra ele relatava a sua experiência em fotografar nu artístico e soltou a seguinte frase: "para fotografar nu feminino é preciso gostar de mulher". Eu sorri, porque na minha cabeça aquilo parecia meio óbvio, mas antes que qualquer um fizesse algum comentário ele completou.

- Não se trata de gostar de mulher no sentido sexual, ter tesão por mulher nua, essas coisas. Isso pode ter também. Mas se trata de gostar de mulher em um sentido mais profundo. Gostar do universo feminino. Observar que cada calcinha é única, tem uma rendinha diferente e ficar entretido com isso - afirmou.

O fato é que eu concordo com o conceito do Arruda sobre gostar de mulher. Não basta ser heterossexual, o machão latino. Para gostar de verdade de uma mulher. São necessários outros requisitos que são raros. Por isso as mulheres andam tão insatisfeitas.

Sensibilidade é fundamental. Paciência também. O homem que não tem paciência para escutar a necessidade que a mulher tem de falar, ou sensibilidade para cativá-la, a cada dia, não gosta de mulher. Pode gostar de sexo com mulher. O que é bem diferente.

Gostar de mulher é algo além, é penetrar em seu universo, se deliciar com o modo com que ela conta todo o seu dia, minuto por minuto, quando chega do trabalho. Ficar admirando seu corpo, ser um verdadeiro devoto do corpo feminino, as curvas, o cabelo, seios. Mas também cultuar a sagacidade feminina, sua intuição, admirar seu sorriso que é muito mais espontâneo que o nosso.

Gostar de mulher é querer fazer a mulher feliz. Levar flores no trabalho sem nenhum motivo, a não ser o de ver seu sorriso. É escutar pacientemente todas as queixas da chefa rabugenta, que provavelmente, é assim, porque seu homem não gosta de mulher.

O homem que gosta de mulher não está preocupado em quantas mulheres ele comeu durante a vida, mas sim com a qualidade do sexo que teve. Quantas mulheres ele realizou sexualmente, fazendo-as se sentirem desejadas, amadas, únicas, deusas, na cama e na vida.

O homem que gosta de mulher não come mulher. Ele penetra não só no corpo, mas na alma, respirando, sentindo, amando cada pedacinho do corpo, e, é claro, da personalidade.

"Para viver um grande amor é necessário ser de sua dama por inteiro", afirmou Vinícius de Morais no poema "Para viver um grande amor". Para amar verdadeiramente uma mulher, o homem deve ser totalmente fiel, amá-la até a raiz dos cabelos. Admirá-la, se deixar apaixonar todo dia pelo seu sorriso ao despertar, e, principalmente conquistá-la, seduzi-la, como se fosse a primeira vez. O homem que não tem paciência, nem tesão, nem competência para lhe seduzir várias e várias vezes, esse, minha amiga, não se iluda, não gosta nem um pouco de mulher.

Conquistar o corpo e a alma de uma mulher é algo tão gratificante, que tem que ser tentado várias vezes. Só que alguns homens, os que não gostam de mulher, querem conquistar várias mulheres. Os que gostamos de mulher é que conquistamos várias vezes a mesma mulher. E isso nos gratifica, nos fortalece e nos dá uma nova dimensão. A dimensão da poesia, do amor e em última instância do impenetrável universo feminino.

Mas atenção amigos que gostam de mulher: gostar de mulher e penetrar em seu universo não é torná-las cativas e sim libertá-las, admirá-las em sua insuperável liberdade.

Uma das músicas com que mais me identifico é uma em inglês - por incrível que pareça, para um nacionalista e anti-imperialista convicto. É a "Have you really loved a woman?" do cantor Bryan Adams. A música foi tema do filme Don Juan de Marco, e em uma tradução livre quer dizer "você já amou realmente uma mulher?". Em toda a música o cantor fala sobre a necessidade de se conhecer os pensamentos femininos, sonhos, dar-lhe apoio, para amar realmente uma mulher. Essa música é perfeita.

Como se vê, gostar de comer mulher é fácil. Agora gostar de mulher é dificílimo. Precisa ser macho de verdade para isso. Quem se habilita?

quarta-feira, maio 30, 2007

A difícil arte

Muita gente diz que estou na profissão errada, que eu deveria ser terapeuta ou, pior, que eu só preciso do diploma para sair por aí consertando o mundo e suas manias.
Outros dizem que eu deveria ser cozinheiro, guia turístico, colunista de jornal e outras coisas que nada têm a ver com a minha atividade atual.
De tudo isso, o que mais me dá prazer é a primeira parte que, mesmo feita sem nenhuma base teórica, acaba dando vários resultados positivos para as pessoas com quem converso.
É claro que não posso dizer que todo mundo encontra a solução dos seus problemas, mas entendo que acabo contribuindo para que a pessoa encontre suas próprias respostas, principalmente por que me coloco na posição de ouvinte atento e de opinador com respeito, o que invariavelmente é o que as pessoas precisam para seguir em frente.

Uma parte engraçada nessa vida de psicólogo amador é quando o necessitado sou eu.
Aí a coisa muda de figura e todos os meus conselhos perdem a sua efetividade.
Não adianta ninguém tentar conversar, me ajudar ou me animar. Nada funciona e eu sigo no buraco até que me decido a sair dele e efetivamente saio. Quando tenho um problema, eu me fecho e só saio quando melhoro.
Considero isso um defeito, mais do que uma capacidade de sobrevivência, coisa que eu admito que é forte em mim. Defeito por que afasta as pessoas de mim e impede que se preocupem comigo. Quer dizer, elas se preocupam, mas eu me isolo e ninguém fica feliz.

Se eu não estivesse em um rotina de estresse e raiva do mundo, talvez ninguém precisasse se preocupar comigo, mas infelizmente isso não está acontecendo e quando consegue se livrar das próprias frustrações e medos, a Minha Mineira vem babando para cima de mim e dos meus perrengues.
Pena que ela não pode fazer nada. Minto. Não que ela não possa, eu é que não deixo que ela faça nada.
Aliás, que não deixo que ninguém faça nada.
Somos só eu e minha casca.
Por enquanto tem sido suficiente.
Pena que seja assim.
É meio solitário e escuro às vezes.

quarta-feira, maio 23, 2007

Abrir a mente

Livre Pensador

Há algum tempo recebi um convite de um colega para servir de árbitro na revisão de uma prova. Tratava-se de avaliar uma questão de Física que recebera nota zero. O aluno contestava tal conceito, alegando que merecia nota máxima pela resposta, a não ser que houvesse uma "conspiração do sistema" contra ele. Professor e aluno concordaram em submeter o problema a um juiz imparcial, e eu fui o escolhido. Chegando à sala de meu colega, li a questão da prova, que dizia: "Mostre como pode-se determinar a altura de um edifício bem alto com o auxilio de um barômetro."

A resposta do estudante foi a seguinte: "Leve o barômetro ao alto do edifício e amarre uma corda nele; baixe o barômetro até a calçada e em seguida levante, medindo o comprimento da corda; este comprimento será igual à altura do edifício."
Sem dúvida era uma resposta interessante, e de alguma forma correta, pois satisfazia o enunciado. Por instantes vacilei quanto ao veredicto. Recompondo-me rapidamente, disse ao estudante que ele tinha forte razão para ter nota máxima, já que havia respondido a questão completa e corretamente.

Entretanto, se ele tirasse nota máxima, estaria caracterizada uma aprovação em um curso de física, mas a resposta não confirmava isso. Sugeri então que fizesse uma outra tentativa para responder a questão. Não me surpreendi quando meu colega concordou, mas sim quando o estudante resolveu encarar aquilo que eu imaginei lhe seria um bom desafio. Segundo o acordo, ele teria seis minutos para responder à questão, isto após ter sido prevenido de que sua resposta deveria mostrar, necessariamente, algum conhecimento de física.

Passados cinco minutos, ele não havia escrito nada, apenas olhava pensativamente para o forro da sala. Perguntei-lhe então se desejava desistir, pois eu tinha um compromisso logo em seguida, e não tinha tempo a perder. Mais surpreso ainda fiquei quando o estudante anunciou que não havia desistido. Na realidade tinha muitas respostas, e estava justamente escolhendo a melhor.
Desculpei-me pela interrupção e solicitei que continuasse. No momento seguinte ele escreveu esta resposta: "Vá ao alto do edifico, incline-se numa ponta do telhado e solte o barômetro, medindo o tempo t de queda desde a largada até o toque com o solo.
Depois, empregando a fórmula h = (1/2)gt^2 , calcule a altura do edifício."

Perguntei então ao meu colega se ele estava satisfeito com a nova resposta, e se concordava com a minha disposição em conferir praticamente a nota máxima à prova. Concordou, embora sentisse nele uma expressão de descontentamento, talvez inconformismo.

Ao sair da sala lembrei-me que o estudante havia dito ter outras respostas para o problema. Embora já sem tempo, não resisti à curiosidade e perguntei-lhe quais eram essas respostas.
"Ah, sim!" - disse ele - "há muitas maneiras de se achar a altura de um edifício com a ajuda de um barômetro".

Perante a minha curiosidade e a já perplexidade de meu colega, o estudante desfilou as seguintes explicações.
"Por exemplo, num belo dia de sol pode-se medir a altura do barômetro e o comprimento de sua sombra projetada no solo, bem como a do edifício". Depois, usando-se uma simples regra de três, determina-se à altura do edifício. "Um outro método básico de medida, aliás bastante simples e direto, é subir as escadas do edifício fazendo marcas na parede, espaçadas da altura do barômetro. Contando o número de marcas ter-se-á a altura do edifício em unidades barométricas".

"Um método mais complexo seria amarrar o barômetro na ponta de uma corda e balançá-lo como um pêndulo, o que permite a determinação da aceleração da gravidade (g). Repetindo a operação ao nível da rua e no topo do edifício, tem-se dois g's, e a altura do edifício pode, a princípio, ser calculada com base nessa diferença."

"Finalmente", - concluiu, - "se não for cobrada uma solução física para o problema, existem outras respostas. Por exemplo, pode-se ir até o edifício e bater à porta do síndico. Quando ele aparecer diz-se: "Caro Sr. síndico, trago aqui um ótimo barômetro; se o senhor me disser a altura deste edifício, eu lhe darei o barômetro de presente.".

A esta altura, perguntei ao estudante se ele não sabia qual era a resposta 'esperada' para o problema. Ele admitiu que sabia, mas estava tão farto com as tentativas dos professores de controlar o seu raciocínio e cobrar respostas prontas com base em informações mecanicamente arroladas, que ele resolveu contestar aquilo que considerava, principalmente, uma farsa.

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"Não basta ensinar ao homem uma especialidade, porque se tornará assim uma máquina utilizável e não uma personalidade. É necessário que adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto"

Albert Einstein

sexta-feira, maio 18, 2007

Vão com Deus

Para Edu e Nat

Tive uma conversa com o Coordenador da Comissão Técnica do Céu, meu querido amigo Judas Tadeu, e acordei uma série de táticas para quando vocês estiverem fora.
O primeiro acerto foi garantir que vocês voltem, por que visitar Boston uma vez quando o curso já tiver acabado é uma coisa, fazer dos States um destino frequente de férias é algo que nem os portenhos merecem.

Depois tratamos de temas como saúde, felicidade, diversão e coisas afins.
Achei prudente reforçar algo que vocês costumam levar muito bem. Nunca é demais uma ajuda divina em algo tão humano.


Boston


Acho que isso deve garantir que os próximos 12 meses sejam do jeito que vocês planejaram. Ou melhor, que sejam ainda melhores do que planejaram. Ou ainda que vocês deixem de lado essa besteira de planejamento e vivam a vida da forma mais feliz que puderem.
É melhor assim.

Vão com Deus meus queridos e que o sangue basco que corre nas veias de cada um de vocês garanta a emoção que a vida precisa.
Por aqui, os amigos ficarão torcendo e morrendo de saudades.
Pelo menos eu garanto a minha parcela de ambos.

Até a volta!

PS - Para descobrir coisas a fazer no tempo livre, cliquem aqui, aqui, aqui e também aqui.

quarta-feira, maio 09, 2007

Pais

Há poucas semanas o pai de um grande amigo foi conversar com a Comissão Técnica do Céu deixando um espaço considerável na vida de um monte de gente, inclusive na minha, que se não era muito próximo dele, acaba admirando-o em silêncio quando cruzava com ele na descida da Consolação.
Quer dizer, para mim era uma descida, mas para ele, com 70 anos nas costas, era uma longa e cansativa subida.

Assim que soube do ocorrido, procurei fazer o que me cabia, mesmo que eu não soubesse bem o que isso significava. Eu não sabia se devia me fazer presente fisicamente ou se bastava ligar ou mesmo mandar um e-mail.
Essas coisas de cerimoniais nunca foram o meu forte e o fato dos demais amigos também não saberem o que fazer não ajudava muito.



Acabamos não visitando o hospital (nem quando ele ainda estava vivo), mas marcando presença no velório e na missa de sétimo dia.
Não foi como aquela história de Internet onde o doente terminal diz que sabia que o amigo relutante viria visitá-lo, mas acabaram sendo dois momentos bons para o reforço da nossa amizade.

Eu ainda estava sob efeito dessa solidariedade quando acabei sentindo algo muito parecido com o meu próprio sangue. Bastou uma abelha e uma alergia exagerada para que meu velho ficasse todo inchado e me enchesse de preocupação.
Felizmente não foi nada de mais, mas não foi bom pensar no que poderia ter acontecido com ele.

Sou bastante econômico nas demonstrações de sentimentos, mas tenho certeza que não estou preparado para reagir a esse tipo de perda. Não consigo entender a morte, apesar de aceitá-la e até esperá-la, mas no meu caso, não no dele. Ou da minha velha mãe ou de qualquer um da minha família.
Tenho certeza que vou "despirocar" quando isso acontecer.
Sim, por que aqui a condicional não vale. É uma coisa que depende apenas do tempo.

Outra coisa que não sei como será é a minha própria experiência como pai, isso se a Minha Mineira conseguir mesmo me convencer a largar o meu medo da responsabilidade.
Por que é exatamente isso que eu tenho quando se fala de filhos e família: medo de não ser capaz, medo de não fazer direito, medo do fracasso.
Mas acho que meu medo não é suficiente para convencê-la e terei mesmo muito assunto para expandir este tema de paternidade.
Por enquanto, fico com a dor do meu amigo e com o meu próprio susto.

Ou medo. Como queiram.

sexta-feira, abril 27, 2007

Exercícios

Na minha época áurea de comparecimento à academia, eu fazia questão de estar lá em dois períodos. De manhã, eu fazia alguma aula ou pedalava ou corria ou fazia um pouco de musculação. À noite, eu nadava, fazia yoga ou experimentava todas as modalidades novas que a academia chique inventava.
Eu experimentei de tudo mesmo, de ginástica animal a boxe, passando por alongamentos com grande bolas de plástico e hidroginástica.
Ir à academia era um vício bom e me dava um grande crédito para tomar as minhas tão adoradas cervejinhas.

Por falar nisso, ficaram notórias as noites em que eu saía arrebentado da natação, depois de ralar por 45 minutos e fazer várias "chegadas" das mais variadas formas, ligava para os amigos e ia encontrá-los no boteco.
Eles também haviam feito sua cota de exercícios e se achavam no direito de curtir um pouco a boa forma.

Até aí tudo bem, mas com a alta frequência dos exercícios vieram as lesões e com isso a depressão.
É incrível como em uma questão de dias, o alto astral provocado pela endorfina vira bode total por conta de uma lesão no punho ou por um estiramento no braço.
Mesmo quando não estou tão aplicado nos exercícios, interrompê-los por causa de uma lesão me deixa mais por baixo do que a moral dos deputados federais mensaleiros e sanguessugas.

Em um mesmo ano foram três ou quatro problemas mais ou menos seguidos, nem todos provocados por excesso de atividade ou por execução errada.
Assim não há santo que mantenha o alto astral.
Era azar puro mesmo!

E não são só as coisas coriqueiras que são afetadas por essa depressão pós-lesão.
Até o sexo perde com isso. Da mesma forma como acontece quando estou muito estressado no trabalho, também quando pinta alguma lesão física, a Minha Mineira acaba sendo a principal afetada.
Infelizmente ela não tem culpa, mas infelizmente também essa é uma coisa que faz parte do pacote.

Hoje em dia as lesões diminuíram bastante, mas só por que a atividade física também é quase nula.
Ultimamente só me sobra tempo (e vontade) para ir e voltar a pé do trabalho e para suar um pouco na esteira do prédio.
Como não estou em uma fase muito boa estresse, espero que eu não torça uma unha quando for pegar uma fruta na geladeira ou a Minha Mineira vai passar por um novo período de estiagem, maior até do que o atual.
Ai, meus sais!

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Motivos

Mesmo correndo o risco de ser apedrejado sempre que entro nesse assunto, gosto de dizer que se é para transar com alguém fora do casamento, que seja da forma mais barata possível, ou seja, que seja com uma prostituta.

Explicando um pouco melhor, não defendo a infidelidade, a traição ou qualquer outro nome que se queira dar para uma relação extra-conjugal, envolvendo ou não o sexo.
Se eu não acreditasse que esse negócio de casamento é para ser feito uma vez só, talvez até tivesse uma opinião diferente, mas feliz ou infelizmente é assim que eu penso e não dá para acreditar em nada que se afaste muto dessa linha.
Sendo assim, reforço que não acredito que uma infidelidade seja moral ou socialmente acietável.

Dito isso, volto ao que queria comentar, ou seja, volto a falar sobre quando o sexo com uma profissional é a melhor alternativa.
Da mesma forma que declarei naquela certa tarde na mesa do Original, transar com uma prostituta envolve uma série de riscos sanitários e sociais, mas te dispensa de outros riscos, a meu ver muito mais complicados, já que envolvem sentimentos e família.

Então vejamos: ao pagar, você não compra só sexo, mas compra também o sossego de não ter que ligar no dia seguinte, de não ter que dar presentes caros e nem ter que se lembrar de datas comemorativas. Você paga, transa e pronto. Que venha o próximo cliente, para ela, e que venha a velha rotina de volta, para você.
Além disso, com uma profissional, você minimiza sensivelmente o risco de se apaixonar, coisa que, convenhamos, seria a pior coisa que poderia acontecer quando se é casado.

Então, já que a infidelidade é inevitável, melhor relaxar, pagar e gozar, mas gozar bastante que é para valer a pena.
Mas que fique bem claro que eu acredito que quando houver dúvida, melhor não fazer e pagar as velhas e mais caras contas que se ganha quando se diz o fatídico "sim" lá em cima no altar.
Em poucas palavras: na dúvida, não faça!

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

35 anos para ser feliz

Uma notinha instigante na Zero Hora de 30/09: foi realizado em Madri o Primeiro Congresso Internacional da Felicidade, e a conclusão dos congressistas foi que a felicidade só é alcançada depois dos 35 anos.
Quem participou desse encontro? Psicólogos, sociólogos, artistas de circo?
Não sei. Mas gostei do resultado.

A maioria das pessoas, quando são questionadas sobre o assunto, dizem:
"Não existe felicidade, existem apenas momentos felizes". É o que eu pensava quando habitava a caverna dos 17 anos, para onde não voltaria nem puxada pelos cabelos. Era angústia, solidão, impasses e incertezas pra tudo quanto era lado, minimizados por um garden party de vez em quando, um campeonato de tênis, um feriadão em Garopaba. Os tais momentos felizes.

Adolescente é buzinado dia e noite: tem que estudar para o vestibular, aprender inglês, usar camisinha, dizer não às drogas, não beber quando dirigir, dar satisfação aos pais, ler livros que não quer e administrar dezenas de paixões fulminantes e rompimentos. Não tem grana para ter o próprio canto, costuma deprimir-se de segunda a sexta e só se diverte aos sábados, em locais onde sempre tem fila. É o apocalipse. Felicidade, onde está você? Aqui, na casa dos 30 e sua vizinhança.

Está certo que surgem umas ruguinhas, umas mechas brancas e a barriga salienta-se, mas é um preço justo para o que se ganha em troca. Pense bem:
depois dos 30, você paga do próprio bolso o que come e o que veste.
Vira-se no inglês, no francês, no italiano e no iídiche, e ai de quem rir do seu sotaque. Não tenta mais o suicídio quando um amor não dá certo, enjoou do cheiro da maconha, apaixonou-se por literatura, trocou sua mochila por uma Samsonite e não precisa da autorização de ninguém para assistir ao canal da Playboy. Talvez não tenha se tornado o bam-bam-bam que sonhou um dia, mas reconhece o rosto que vê no espelho, sabe de quem se trata e simpatiza com o cara.

Depois que cumprimos as missões impostas no berço - ter uma profissão, casar e procriar - passamos a ser livres, a escrever nossa própria história, a valorizar nossas qualidades e ter um certo carinho por nossos defeitos. Somos os titulares de nossas decisões. A juventude faz bem para a pele, mas nunca salvou ninguém de ser careta. A maturidade, sim, permite uma certa loucura. Depois dos 35, conforme descobriram os participantes daquele congresso curioso, estamos mais aptos a dizer que infelicidade não existe, o que existe são momentos infelizes. Sai bem mais em conta.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Urgência

Descobri nestes últimos dias uma das causas para a confusão que aparece de vez em quando aqui nesta cabeça grande não muito cheia de coisas boas: me falta urgência.
Isso mesmo, me falta urgência, desejo, objetivos idealizados. Me falta sonhar.

Acho que é esse mesmo o caminho.
Diferente da Minha Mineira, eu nunca sonhei com a aprovação no vestibular, com a minha formatura, com o casamento "de véu e grinalda", com a paternidade, com nada.
Basicamente, minha vida sempre foi uma sequência de coisas que simplesmente aconteciam, sem muita preparação, sem muito sonho.
E o que dizer da minha reação depois de conseguir coisas "não sonhadas": costumo dar um sorriso tímido, levantar os ombros e fazer cara de "o que é que está pegando?".
Não saio pulando, comemorando, perdendo as estribeiras.
Eu agradeço educadamente e saio de fininho ainda mais educadamente.

Para não dizer que sou um boneco de cera sem sentimentos, me lembro de dois momentos em que liberei a alegria e "não estava nem aí com a hora do Brasil".
A primeira foi quando comprei meu primeiro carro e ganhei a "liberdade" de convidar as mulheres para sair sem depender de ônibus e encontros em shoppings. Isso foi o máximo, fiquei muito feliz, obviamente que tudo do meu jeito.
A outra foi o segundo show do U2, no início do ano passado. Minha Mineira disse que nunca havia me visto tão empolgado e era verdade.
Talvez esses sejam os dois únicos casos que eu quis muito alguma coisa e cheguei e sonhar com consegui-la
No mais, nada de sonhos, só acontecimentos. Nem a primeira vez teve sonhos. Era mais uma coisa de pressão e de se livrar do incômodo da virgindade. Não havia empolgação ou idealização.

E na atual conjuntura das minhas já 35 primaveras, não sei se existe algo a fazer com relação à essa urgência.
Não vejo forma nem necessidade disso.
Melhor seguir vivendo esta minha vida de expectativas mornas e, graças a Deus, realizações felizes.
O complicado vai ser ter certeza de que é assim mesmo que deve ser.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Mais uma cliente

Recentemente ganhei mais uma cliente na minha clínica informal de psicologia amadora.
Uma colega de trabalho que tinha fama de brava e implacável acabou se revelando uma moça carente, frágil e insegura ao extremo, terreno ideal para a entrada em cena do Dr. E e sua análise surpreendentemente rasteira e efetiva dos problemas da humanidade.

E parece que todas as "baboseiras" que eu disse sobre viver bem sozinha, deixar de ter o relacionamento como fim e passar a tê-lo como meio, se mostrar feliz e se permitir tropeçar na felicidade acabaram dando um resultado mais rápido do que qualquer um de nós esperava: ela conheceu outro colega de trabalho, coincidentemente um quase vizinho de mesa, e se encantou por ele.
Isso era tudo o que eu precisava para reforçar as mensagens passadas anteriormente.
E como ela acreditou em mim, aceitou a sua não-culpa e resolveu "se jogar", estou na expectativa do que pode sair dessa história.

Como deixei bem claro para ela, o que espero é que ela curta esse encantamento, se divirta, conheça o cara legal que esse meu colega é e deixe para fazer planos quando for mesmo necessário. Nada de querer conhecer os pais dele logo depois do primeiro beijo ou começar a comprar o enxoval do bebê depois da primeira transa.
Tudo a seu tempo. Primeiro a curtição, depois os planos. Se o que tiver que ser significar namoro, bem. Se significar amizade, bem também.
O importante é que o encantamento surgiu e que ela curtiu a sensação.
O resto é com Ele.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

A primeira vez

O entorno era simples demais, espartano até: um colchão, uma TV, um DVD player, uma coletânea de clipes do Culture Club, um show da Joss Stone, uma garrafa de tinto chileno e duas taças emprestadas pela minha mãe.
A nossa primeira noite no apartamento foi isso e mais um monte de fantasias e sonhos.
Só não foi mais completa por que tínhamos hora para voltar e sono para compensar.
Mas valeu muito a pena. Aliás, ainda hoje vale.

Tudo isso foi há mais de um ano atrás, quase dois na verdade, mas parece que foi ontem.
É bom pensar que está valendo a pena.
Nada mais parece ser tão difícil e complicado.

quarta-feira, janeiro 31, 2007

Satisfação garantida

Tenho um amigo, infelizmente não muito próximo fisicamente, que é o símbolo da perseverança e da vontade de vencer.
Ele sempre foi muito tranquilo diante das limitações e nunca demonstrou descontrole mesmo que a coisa estivesse condenada e a entrega fosse a melhor coisa a se fazer.
E não dá para dizer que ele deve sua força à família. Infelizmente, o povo dele vive em uma esfera muito mais limitada e o máximo que consegue fazer por ele é lembrá-lo da distância que ele percorreu e da dificuldade que precisou superar para conseguir aprender alguma coisa e "sair da caixa".
Um irmão que vive de micro-golpes, um pai dedicado ao século retrasado e uma mãe educada para não se manifestar não constituiam exatamente um ambiente propício à mudança, mas ninguém se lembrou de contar isso a ele e a coisa deu no que deu.

Esse meu amigo colheu maçãs na Itália, foi garçom na Inglaterra, viajou por boa parte da Europa, aprendeu mais duas línguas, voltou para o Brasil, arrumou o emprego dos sonhos antes de entrar na faculdade e finalmente conseguiu se formar e realizar um sonho pessoal, talvez o único.
Tudo isso em um fôlego só, praticamente sem parar para respirar.

Obviamente que sempre existiram problemas e crises, como o desemprego, por exemplo, mas nunca o vi desanimado ou entregue. Sempre percebi que o sucesso era algo fixo na cabeça dele e nada o faria desistir, nem mesmo a realidade.
Por sorte ele não precisou desse "empurrão" e as coisas se acertaram como deveriam: ele se acertou com aquela que sempre foi a mulher da sua vida, encomendou e recebeu uma linha mesticinha, entrou e saiu da vida de empresário e finalmente se acertou em um emprego de sonhos, pelo menos dos sonhos dele.
Tudo isso para coroar o sempre presente conflito entre a tranquilidade externa e a inquietude externa. Sim, por que ninguém que seja inquieto consegue ir em tantas direções e ainda chegar a algum lugar.
Seria incoerência pura.

Estive presente em diversos momentos felizes da vida desse cara e me considero um privilegiado por poder estar por perto para felicitá-lo e me inspirar na sua vontade de vencer.
Que Deus o proteja agora e sempre!

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Trabalho

Se eu soubesse que casar dava tanto trabalho, talvez tivesse adiado um pouco mais esta decisão, que tende a ser definitiva e imutável.
Quer dizer, que dava trabalho eu sabia. Muitos amigos casados já haviam me dito que a coisa às vezes se complicava a ponto da vontade de voltar para a casa dos pais chegar a níveis quase incontroláveis. Mas esses mesmos amigos sustentavam que em outros momentos tudo valia a pena e qualquer sacrifício ou concessão era pequeno diante da felicidade de amar e ser amado.
O senso de justiça me impede de omitir que muitos dos meus amigos mais próximos desaconselharam totalmente o casamento. Para eles, "morar junto" já era o suficiente.
Esses mesmos amigos correm o risco de ficar nessa para sempre, o que certamente não era possível no meu caso.

Minha própria experiência mostrou que ambas opiniões estavam certas. A seu modo.
Casar "enche mesmo o saco", mas é bom demais quando tudo funciona e o excesso de cobranças e compromissos não domina a realidade.
Sim, por que ninguém merece sete dias por semana de cobranças, pagamento de contas e mau humor do parceiro.
Na verdade, nem é preciso que tudo funcione para que a vida a dois funcione. Basta que (no meu caso) a esposa esteja pronta para ouvir como foi meu dia e que me conte em detalhes como foi o seu para que o estresse diário (que nestes tempos anda saindo pelas tampas) diminua um pouco e a gente possa fazer da novela das oito um momento de cumplicidade e relaxamento a dois.

Eu e a minha mineira estamos completando cinco anos de relacionamento.
Foram pouco mais de três de namoro, um e pouco de noivado e quase um e meio de divisão do mesmo teto.
Neste período passamos por todas as experiências relatadas pelos amigos, até mesmo a briga na hora de dormir e a decisão de cada um virar para o seu lado e deixar apenas as bundas se encarando e se desafiando.

Por incrível que pareça, mesmo com pouco mais de um ano de experiência, já estou fazendo escola. Não perco nenhuma oportunidade de conversar com os amigos e colegas que estão a caminho do altar e de explicar em detalhes o que eles devem encontrar depois que disserem o "sim" e passarem a dividir banheiros, contas e gavetas de armário.
Obviamente que mesmo com caminhões de informação, eles terão que aprender suas próprias lições. O que tenho para passar para eles é apenas a minha vida e isso não precisa significar nada para alguém que teve formações, experiências e até vidas inteiras diferentes da minha.
Mas mesmo assim eu acredito que estou colaborando para o sucesso daquela união.
Sim, por que se tem uma coisa em que eu acredito é que casar vale a pena e que trabalhar dia a dia pelo sucesso da empreitada é algo que devemos fazer sem hesitação.

Uma coisa que faço questão de fazer é matar a idéia de que só com amor tudo se resolve. Infelizmente para os mais românticos, até agora tudo que tenho vivido mostra que isso só funciona nos livros e nos filmes. Aliás, nem nos filmes isso tem funcionado mais.
Por mais cínico que pareça, o amor é apenas a base do relacionamento, mas são a concessão, a compreensão, os projetos de vida, as afinidades, as rotinas complementares e até a raiva que mantém o casal unido.
É nisso que acredito, é isso que pratico (com razoável sucesso) e é isso que passo para quem acho que posso ajudar.
Não tive essa informação quando me casei e sinto que ela teria sido bem útil, mas não posso reclamar das decisões que tomei e da trajetória que tive.
Fiz como aquela universidade paulista e aprendi na prática.
E foi bom, está sendo bom e será ainda melhor.

Mas não tente me convencer de que ser pai é legal.
Ainda não consigo engolir essa idéia e me acostumar com mais uma mudança de vida.
Ainda!

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Transferência de responsabilidades

Não costumo postar textos que não são meus, mas achei que este era bastante apropriado e resolvi quebrar mais uma das minhas regras pessoais.

"Um artigo publicado no jornal nos chamou a atenção, pelo tema enfocado. Tratava das desculpas que sempre damos para justificar a nossa infelicidade.
O articulista dizia que um amigo seu, depois de mais de uma década de casamento infeliz, separou-se e, após temporária euforia , caiu em profunda tristeza.
Curioso, perguntou-lhe: "qual a razão para tanto sofrimento?".
E seu amigo respondeu: "aquela maldita está me fazendo uma grande falta, pois agora já não tenho a quem culpar pela minha infelicidade".
O curioso é que muitas vezes nós também agimos de maneira semelhante, pois sempre estamos à procura de alguém a quem responsabilizar pela nossa infelicidade.
E isso é resultado do atavismo que trazemos embutido na nossa forma de pensar e agir.
Quando somos jovens ouvimos nossos pais e amigos dizerem que um dia encontraremos alguém que nos faça feliz.
Então acreditamos que esse alguém tem a missão de nos trazer a felicidade. E passamos a aguardar que chegue logo para fazer o milagre.
Mas, antes disso, quando ainda somos criança, nossos pais acham sempre algo ou alguém a quem culpar pelo nosso sofrimento.
Se nos descuidamos e tropeçamos numa pedra, a culpa foi da pedra, que não saiu da nossa frente.
Se brigamos com o amiguinho , foi ele que nos provocou. Se tiramos nota baixa na escola, a culpa é do professor que não soube nos ensinar.
E é assim que vamos terceirizando nossos problemas e nossa felicidade. E, por conseguinte, as responsabilidades e as soluções.
Se sinto ciúmes, é porque a pessoa com quem me relaciono não permite que eu dirija a sua vida. Embora devesse admitir que é porque não sinto confiança em mim.
Se a inveja me consome, a culpa é de quem se sobressai, de quem estuda mais do que eu, de quem avança e não me dá satisfação dos seus atos.
Se alguém do meu relacionamento tem mais amizades e recebe mais afeto do que eu , fico inventando fofocas para destruir as relações, em vez de conquistar, com sinceridade e dedicação, o afeto que desejo.
Se uma amiga, ou amigo, faz regime e emagrece, e eu não consigo, fico infeliz por isso.
Se tenho problemas de saúde e não melhoro, a culpa é do médico, afinal eu o pago para me curar e ele não cumpre o seu dever..., ainda que eu não siga as suas orientações.
Se não consigo um bom emprego é porque ninguém me valoriza, e às vezes esqueço de que há muito tempo não invisto na melhoria de minha qualidade profissional.
Pensando assim, nós nos colocamos na posição de vítimas, julgando que só não somos felizes por causa dos outros. Afinal, ninguém sabe nos fazer feliz...
Importante pensar com maturidade a esse respeito, pois somente admitindo que somos senhores da nossa vida e do nosso destino, deixaremos de encontrar desculpas, e faremos a nossa parte.
Se seus relacionamentos estão enfermos, analise o que você tem oferecido aos outros. De que maneira os tem tratado. Que atenção tem lhes dado.
Considere sempre que você pode ser o problema. Analise-se. Observe-se. Ouça a sua voz quando fala com os outros.
Sinta o teor de suas palavras. Preste atenção quando fala de alguém ausente.
Depois dessas observações, pergunte-se, sinceramente, se você tem problemas ou se é o próprio problema.
Não tenha medo da resposta, afinal você não deseja ser feliz?
Então não há outro jeito, a não ser enfrentar a realidade...
A felicidade é construção diária e depende do que consideramos o que seja ser feliz.
Se admitimos que a felicidade é uma forma de viver, basta aprender a arte de bem-viver.
E bem viver é buscar a solução dos problemas, sem terceirização...
É assumir a responsabilidade pelos próprios atos.
É admitir que a única pessoa capaz de lhe fazer feliz, está bem perto...
Para vê-la é só chegar em frente ao espelho, e dizer: "muito prazer pessoa capaz de me fazer feliz!"
Pense nisso, e vá em busca de sua real felicidade, sem ilusões e sem medo"

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Eterno

Tem um verso de "All I want is you" do U2 que simbolizou um epísódio muito feliz da minha vida e que diz mais ou menos o seguinte: todas as promessas que eu faço, do berço ao túmulo, quando tudo o que eu quero é você.
Isso sempre me fez crer na eternidade do amor, naquele tipo de eternidade cantada por Vinícius, naquela que é eterna somente enquanto dura.
Esse é o meu tipo de verdade. Vinícius é o meu tipo de poeta: beberrão e apaixonado.

Não tenho talento para a poesia, mas entendo perfeitamente o que esse carioca e careca quis dizer. Entendo bem a urgência que ele tinha de amar. É a mesma urgência que eu tenho. Mais urgência de amar do que de ser amado, é verdade, mas ainda assim um tipo de desejo que me fez caminhar em direção àquele altar e dizer "sim" com convicção.
Naquele momento, assim como hoje, eu acredito que o amor e o compromisso são eternos, mesmo que um dia alguém me convença do contrário.

Entrei nessa para a posteridade e não admito falhas no processo. Sou perfeccionista e exigente demais comigo mesmo para pensar em partir para outra se não funcionar.
Até entendo que esse seja um dos caminhos possíveis diante de um beco sem saída, mas certamente não era nisso que eu estava pensando quando abracei meus pais, meus amigos e até gente que eu não conhecia, chorando como criança e agradecendo a benção que eles nos davam naquele dia.
Entrei nessa para ganhar! E vou ganhar "haja o que hajar".

E que Deus me dê paciência e serenidade!

Dito isso, a letra que me inspirou:

All I want is you

You say you want
Diamonds on a ring of gold
You say you want
Your story to remain untold

But all the promises we make
From the cradle to the grave
When all I want is you

You say youll give me
A highway with no one on it
Treasure just to look upon it
All the riches in the night

You say youll give me
Eyes in a moon of blindness
A river in a time of dryness
A harbour in the tempest
But all the promises we make
From the cradle to the grave
When all I want is you

You say you want
Your love to work out right
To last with me through the night

You say you want
Diamonds on a ring of gold
Your story to remain untold
Your love not to grow cold

All the promises we break
From the cradle to the grave
When all I want is you

You...all I want is...
You...all I want is...
You...all I want is...
You...

segunda-feira, janeiro 22, 2007

O sofá

Tradicionalmente, depois das inevitáveis brigas de casal, o sofá acaba sendo o principal refúgio para os cônjuges que querem demonstrar a sua insatisfação ou para quem quer apenas incomodar o parceiro ao não se juntar a ele na cama.
Parece que deitar-se no incômodo móvel demonstra rebeldia e falta de respeito, tudo aquilo que se pretende quando se briga com o parceiro, mesmo que seja pelos mais banais motivos.

Curiosamente, não é bem assim que funciona o meu casamento.
Não costumamos ter brigas muito grandes, mas mesmo naquela que pode ser considerada nossa maior crise, a minha mineira não permitiu que eu pegasse meu travesseiro e fosse me contorcer no nosso sofá terracota.
Segundo ela, deixar de dormir juntos é o começo do fim e isso não é aceitável.
Com o rabinho entre as pernas (eu era o culpado naquela ocasião), me encolhi no meu lado da cama e fiquei tentando pegar no sono.
Obviamente, não consegui, mas ainda assim fiquei.

Mais uma coisa curiosa na relação entre o sofá e as brigas do casal: nesta semana a gente teve uma comemoração e uma discussão, tudo mais ou menos no mesmo horário.
Apesar de não ter sido nada grave a ponto de se considerar o sofá como alternativa ou refúgio e de termos ido deitar mais ou menos na mesma hora, no dia seguinte a minha mineira me contou que passou boa parte da noite no sofá e que só voltou para a cama por volta das quatro da manhã.
Como ela não se lembra como ou porquê foi parar lá, começo a pensar que nosso sofá cansou de ser apenas um expectador e resolveu assumir seu verdadeiro papel de acolhedor dos desagrigados e desencamados.
Será?

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Os rituais e a falta deles

Todo mundo estava chupando sementes de romã, dando quinze pulinhos com cada perna, vestindo cueca vermelha e fazendo pedidos para Deus Jorge Benjor.
Todo mundo menos eu.
Por alguma estranha razão, neste Réveillon eu não quis comer sete uvas e guardar as sementes na carteira, correndo o risco de ganhar uma colônia de fungos ao invés de algum prêmio da loteria.
Não senti vontade de pedir nada nem de fazer promessas que sei que não vou cumprir.
Apenas deixei as coisas acontecerem e o ano chegarsem muito alarde.
Pensei: que aconteça o que tiver que sere que Deus me ajude no processo.

Não preciso de muito mais do que isso para ser feliz, não mesmo.
Apesar de desta vez não ter sido tão divertido quanto das demais, eu estava na companhia das pessoas mais queridas (talvez só com duas ou três ausências), comendo e bebendo tudo o que eu sentia vontade e acahdno que as preocupações do trabalho e da rotina estavam bem mais longe do que os 530 quilômetros que havíamos percorrido até a fazenda.
Não havia razão nenhuma para eu abandonar os rituais, mas eu os abandonei mesmo assim.
Como não tinha ondinhas para pular, resolvi abrir mão de tudo em um misto de falta de vontade ou de esperança.
Não tenho como dizer qual deles predominou e não sei até que ponto vale a pena pensar nisso.
O ritual não foi feito e isso não pode ser mudado.
O ano começou, está aí para ser vivido e isso sim me interessa.
E que o resto sejam superstições.

Pé de pato, mangalô, três vezes. Valei-me meu São Judas!

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Natal

Este foi um Natal atípico.
Ao contrário do que acontece todos os anos, desta vez não me enfurnei em shoppings e percorri aqueles corredores até encontrar "aquele" presente, aquela coisa que tivesse "a cara" de cada um dos meus entes queridos.
Isso sempre foi uma tradição que acabava carregando bastante o meu cartão de crédito, mas que me dava um grande prazer, tanto ao comprar quanto ao entregar o presente.

Desta vez isso não aconteceu. Em um misto de desânimo e passividade com a movimentação da minha mineira, acabei deixando tudo passar e quando acordei era dia 24 e todos estavam trocando presentes na casa da minha cunhada.
Todos menos eu. Eu não tinha nada para dar. Nem a minha mineira, a esposa querida, tinha algum presente para receber.
Esse desleixo me deixou em uma posição muito desconfortável, apesar de ninguém ter feito nenhum comentário.
Nem a minha mineira, talvez a única pessoa para quem eu devesse um presente.
Mas ela não precisou dizer nada para eu acordar e entender o impacto daquele gesto.
Ou melhor, o impacto de não ter feito gesto nenhum.
Apesar de ter me juntado ao espírito religioso que dominou aquele Natal, eu matei o simbolismo que sempre me acompanhou em todas as celebrações anteriores.
Fui descuidado e não gostei disso.

E não adiantou muito ter comprado um belo presente há alguns dias.
O presente era o menos importante. Mais do que tudo, era preciso demonstrar a preocupação. Se eu tivesse comprado uma bijouteria de camelô já estaria de bom tamanho.
Pelo menos para a minha mineira, o importante seria o gesto e a lembrança.
Mas não fiz isso e me arrependo.
Não sei bem a razão, mas achei que as idas dela ao Brás e à 25 de Março eram suficientes.
Não eram. Me enganei redondamente.
Me enganei e agora tenho que me mexer por que será necessário um bom conjunto de coisas boas para recuperar o clima dos Natais anteriores.
Ou não. Tudo depende de mim e da minha mineira.
Ou melhor, de mim, por que a parte dela é certa.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Saudade



O narigudinho foi embora e com ele foi também um pouco da idéia de estrutura familiar que eu quero para mim.
E isso não é nada de muito elaborado.
Apenas um pouco de carne e sangue que eu ame e pronto.

Volta logo, viu!

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Pinocho



Ele morreu, mas não consigo dizer que já foi tarde.
Uma das principais razões para a saída dos meus pais (e minha, óbvio) do Chile, morreu rico e sem responder criminalmente por nenhuma das dores que causou ao povo.
Aos defensores, a justificativa de um país estável, com crescimento constante e cada vez mais oportunidades, apesar das limitações geográficas e humanas.
Aos oposicionistas, um gosto amargo de fracasso na tentativa de fazê-lo pagar.

Não deu, mas vamos em frente.
Quem sabe a história ainda não acaba sendo justa e o legado dele acaba pagando o pato.

Xô, Pinocho!
Agora você é problema do Coisa Ruim!