sábado, janeiro 31, 2009

Nem motorista nem passageiro

Começo a sentir saudade da minha vida de passageiro de metrô lá em Sampa. Lá eu andava meio apertado e sentia alguns odores não tão agradáveis, principalmente quando chovia e fazia calor, mas me sentia parte de um grupo, mesmo que fosse o grupo dos "sem carro".

Aqui no Norte ninguém anda na rua e poucos usam o metrô. Mesmo o Metromover, que é gratuito, é muito pouco utilizado.
Tudo bem que no dia a dia eu não precise de qualquer tipo de transporte já que moro a cinco minutos de caminhada do escritório, mas fico pensando se eles acham feio não ter carro ou se todo mundo mesmo tem seu próprio queimador de gasolina barata. Talvez até mesmo mais de um.

Esse é um dos mistérios que tenho que resolver até Outubro.

sexta-feira, janeiro 30, 2009

Escolhas

Agora mesmo estava lendo o novo blog do André Takeda e me deu vontade de chorar. Não tinha nenhum motivo especial para isso, mas foi o que aconteceu. Tenho disso de vez em quando, principalmente quando me identifico com alguém ou alguma coisa, caso da obra do Takeda. Acontece também quando sinto que minha vida poderia ter sido diferente se tivesse feito outras escolhas.

Mas assim como o Takeda, eu também fiz algumas escolhas boas. A mulher que amo é uma delas. Plagiando o "plágio" do Takeda, she´s the one too, man.

Tiamu, Minha Mineira!

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Latinos mesmo?

Precisei de apenas três semanas aqui no Norte para entender por que os brasileiros adoram considerar como latinos apenas os hispanoablantes e não a si próprios.
Esta cidade é 99% latina e mesmo assim seu ritmo pouco tem a ver com a nossa vida lá no Cone Sul. Nós brazucas achamos a salsa uma dança exótica que só cabe no Carlinhos de Jesus e no Jaime Arôxa, temos certeza que o Ricky Martin é boiola e achamos a Shakira brega. Praticamente nenhum de nós fora do Rio Grande sabe que é o Soda Stereo e os Fabulosos Cadillacs, ninguém foi ao Festival de Viña e Cartagena é praticamente uma marca de rum.


Alguém se arrisca no modelito?


Apesar de sermos latinos na origem, não temos nada de latinos no comportamento e muito menos nos hábitos. Espanhol é algo bonito na boca da Penélope Cruz e nada mais.


Não vale a pena ser latino por isto?


Gostaria de crer que isso tem a ver apenas com nossa dimensão continental e sensação de auto-suficiência, mas fico com a sensação de que a origem disso tudo está aqui no Norte, mais precisamente um pouco mais ao norte. Me parece que o Brasil gosta de ser amigo do States, mas não da Bolívia ou Paraguai. É como se o aluno novo-rico da faculdade só quisesse falar de carros do ano com a turma de quatrocentões enquanto a turma do colégio ficava ali em um canto falando do pagode de todo domingo. A origem e a criação do novo-rico têm tudo a ver com a turma do pagode, mas ele reluta em aceitar isso e acredita piamente que merece se relacionar com os ricos.
E olha que esse mesmo novo-rico adora achar que o Ronaldinho Gaúcho é o máximo e se veste de forma descolada e original!

Com certeza esta é uma comparação barata e rasteira, mas fez algum sentido para mim.
E será que é só para mim?

quarta-feira, janeiro 28, 2009

O Feijão

Na minha forma tradicional de ver as coisas, uma criança sempre foi uma enorme fonte de pavor e sarcasmo.
Acho graça em ir contra o senso comum de achar "bonitinho" tudo que uma criança faz ou é. Nesse assunto eu adoro ser do contra e "escandalizar". Minha situação favorita diz respeito ao que se deve fazer quando o casal precisa sair de casa: deixar um pote de ração e uma tigela de água perto da criança, mas não muito. Se ela quiser mesmo sobreviver, dará um jeito de chegar até elas.

Outra coisa que me matava de rir era chamar os filhos dos outros de Joelho, Cotovelo, Cabeção, Girino, Labrador e outros mimos.

Quando descobri que Ele havia decidido que era minha hora de criar algo mais do que baratas na despensa, comecei a tratar o herdeiro de Girino, mas isso perdeu logo a graça por que ele/ela logo perdeu o rabo e, principalmente, por que as esposas dos meus amigos começaram a me ameaçar de morte. Achei que elas haviam perdido o humor, mas preferi me render e passar a tratá-lo/a apenas de Feijão, um apelido "bonitinho" e bastante apropriado para alguém que na sua primeira aparição pública tinha assustadores 18 milímetros.

E como tudo isso que escrevi nada mais era do que uma preparação, deixo vocês com aquele que terá a grande responsabilidade de consertar as cagadas que fiz neste mundo. Coitado/a.

Go, Tiger!

terça-feira, janeiro 27, 2009

Adaptação

Nesta semana acabei percebendo a dificuldade de estar imerso em um ambiente que não acrescenta muita coisa de novo ao que já conheço em termos de vida e cultura.
Vim para o Norte querendo viver algo novo e encontrei praticamente o que tinha em casa, só que com a tecla SAP setada para o espanhol.
Pouca coisa é diferente do que eu tinha em casa e isso me incomoda. Tanto que começo a pensar em andar menos com as pessoas que passei a chamar de amigos desde que cheguei.
Não quero dizer que quero sumir do mapa e largar o povo, mas acho que é melhor para mim, em todos os sentidos, que eu passe e frequentar um ambiente onde as coisas não sejam tão familiares. Preciso entender se o termo "cultura americana" é algo real ou apenas obra de ficção. Tenho que ver esse tal de american way.
Por essas e outras, vou voltar para a faculdade!

Antes que meus colegas de tortura nos anos de Engenharia mandem me matar, devo dizer que não me refiro a voltar a um curso de graduação ou mesmo a um MBA genérico "só para marcar pontos". O que quero é o ambiente universitário com sua diversidade e suas precariedades. Quero ver gente diferente, ouvir coisas diferentes e entender formas diferentes de ver o mundo. Posso estar completamente enganado, mas acho que vou conseguir isso se for estudar inglês no Community Center da faculdade local. Pelo que um amigo me contou, as pessoas que frequentam esses cursos têm origens diferentes e trazem bagagens completamente diversas. É exatemente isso que eu quero e é isso que eu vou ter. Diversidade!

Me aguarde Miami Dade College, daqui a alguns dias serei mais um freshman.

domingo, janeiro 25, 2009

Mudança

Eu deveria ter começado a escrever sobre a vida aqui no Norte desde o dia em que cheguei, mas, como de praxe, descobri algumas novas obsessões "internéticas" e me dispersei. Justo agora que, em teoria, eu teria tempo de sobra, acabei escrevendo menos ainda do que costumava fazer em casa.

Mas depois de levar uma chamada da Minha Mineira, vou adotar o hábito de escrever um pouco a cada dia e assim pegar o jeito. Ir devagar é mais fácil do que assumir o desafio de publicar uma tonelada de material e acabar não conseguindo publicar nada.

Ah, e para marcar esta mudança, resolvi alterar temporariamente o nome do blog.
À partir de agora, este lugar se chama Juntando estórias (em Miami). Em outubro o nome volta ao normal.

See ya!