segunda-feira, outubro 06, 2003

O jogo ideal

Não sou muito de curtir MPB, mas tem uma música do Djavan que sempre me chamou a atenção e pareceu interessante pela letra verdadeira.
Eu até sabia o nome da danada, mas tenho certeza que não vou lembrar dela agora nem que minha vida dependesse disso. Mesmo assim, acho fácil lembrar da música através dos versos “ela insiste em zero a zero, eu quero um a um”.
Essa metáfora futebolística me parece muito apropriada para o que eu entendo ser o tipo ideal de sexo: ninguém deixa de gozar e de curtir.
Nem eu nem o alagoano de tranças que é adorado pelas mulheres gostamos de deixar o “adversário” sair de campo frustrado e sem gols.

Tenho a sorte de ter amigos que pensam mais ou menos como eu.
Eles gostam de agir na cama como gostariam que suas parceiras agissem com eles. Isso acaba significando que eles se esforçam para que a moça sinta prazer e goze, mesmo que se trate de uma transa ocasional e/ou única.
Mesmo que eles nunca mais vejam o rosto daquela mulher na frente, sempre existe a preocupação de “fazer bonito” e de fazê-la gozar.

Pelo que existe no folclore, isso não é das coisas mais comuns.
Vivo dando risada com os relatos irônicos de mulheres modernas que não se conformam com rapidinhas e sonecas pós-gozo. Todas acham inaceitável que o gozo seja unilateral.
Uma coisa curiosa sobre essa posição: como esse tipo de mulher vê a situação em que só elas gozam?

Sei que é difícil que um cara transe e não goze, mas afirmo com conhecimento de causa que isso é perfeitamente possível. Não que não role tesão ou que o cara não sinta vontade, mas a coisa simplesmente não acontece.
Acho que isso aproxima ainda mais homens e mulheres: se ambos transam e podem não gozar, talvez exista esperança para aquelas que se julgam injustiçadas pela natureza.

Pessoalmente, acredito que o “placar” ideal para esse tipo de jogo seja 3 a 1. Para o adversário.
É claro que isso não acontece sempre e nem com qualquer adversário, mas ultimamente tenho me acostumado a ser derrotado por uma certa adversária lá do triângulo.
Obviamente acabam acontecendo outros placares. Acho que o melhor jogo da minha vida foi um glorioso 6 a 2 onde não sobrava energia nem para buscar um copo de água com gás para refrescar.

Também é óbvio que alguns adversários não sabem valorizar a dedicação que coloco no jogo e não se preocupam muito em descobrir o que acontece do meu lado. Acho que essas mulheres se acostumaram a não ter que se preocupar com o orgasmo do homem e não conseguem fazer muita coisa além de esperar e curtir. Talvez elas pensem que o homem sempre goza, não importa com quem.
Ainda bem que existem mulheres do outro extremo, que sabem alternar momentos de ataque e defesa e que só ficam satisfeitas quando caio de lado, meio morto, sonolento e com um enorme sorriso no rosto.

Tenho a impressão que esse tipo de jogo (6 a 2) só se consegue quando se juntam três coisas básicas: envolvimento, química e uma vontade de deixar o adversário estatelado.
Nenhum desses aspectos têm me faltado e por isso meu adversário regular não deve ter razão nenhuma para reclamar. Muito pelo contrário. É freqüente o pedido por um intervalo para recuperação de forças. Acho que se pudesse, eu ficaria no ataque por mais tempo do que ela pode suportar e teríamos que apelar para o resgate aéreo e os paramédicos.

Tomando a liberdade de mudar um pouco a letra do Djavan, minha versão da música ficaria assim: eu insisto em 6 a 2, ela quer 3 a 1.
No meu jogo, ninguém perde nem sai triste com o resultado.

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