quarta-feira, outubro 08, 2003

De amigo

Neste último final de semana eu estava almoçando com alguns amigos quando surgiu o papo de ciúme e dos limites que ele deve ter.
Algumas opiniões convergiram e outras, naturalmente, bateram de frente.
Tudo isso tem a ver com a natureza de cada pessoa e com a visão de mundo que foi consolidada ao longo dos anos de estrada de cada um.
Ao chegar a minha vez, respondi que não sou dos mais ciumentos e que detesto “piti”.
Acho que todos concordaram que eu não sou mesmo do tipo que dá escândalo ou que impõe proibições de vestuário, amizades ou comportamento.
Sou bem tranqüilo nisso e deixo as pessoas fazerem suas escolhas e entenderem as conseqüências.
Só não suporto desrespeito, mas aí acho que nem é uma questão de ciúme, né?

Uma coisa interessante que não foi abordada e que é muito comum no nosso círculo de amizades é o que eu costumo chamar de ciúme de amigo.
Isso tem a ver com o desconforto causado por um dos membros do grupo quando pessoas “de fora” se infiltram e o levam para um caminho diferente daquele que se costumava trilhar.
Um exemplo clássico do que rola no meu ambiente é a pizza de domingo: é só um de nós ligar a avisar que não vai por que tem aniversário de fulano ou festinha de ciclano para que os comentários de noite se concentrem nas razões que geraram a “traição”.
E engraçado, pra não dizer ridículo, o controle que acabamos achando que temos sobre as vidas uns dos outros. Parece que nenhum de nós tem o direito de fazer escolhas discordantes com o grupo. É uma espécie de ditadura fraternal.

No meu caso particular, isso rola muito entre homens de um grupo e mulheres de outro.
Não sei bem por que, mas me sinto extremamente desconfortável de promover o encontro desse tipo por não curtir as conseqüências típicas que acabam rolando.
Acabo achando que minhas amigas não merecem o espírito “just for fun” de alguns amigos e que esses mesmos amigos não deveriam se envolver com moças tão pouco “católicas”.
No fundo acho que rola uma relação meio pai-e-filha de um lado e uma vontade de estar no lugar do cara na outra situação.
No final das contas, acabo percebendo que eu deveria me preocupar menos e deixar que os adultos, brancos e vacinados se entendam.

Está rolando uma nova situação agora que nos aproximamos do Reveillon.
Existe uma movimentação do grupo para um evento coletivo e a simples idéia de deserções nos causa um grande desconforto. É certo que esse desconforto se concentra apenas em alguns membros do grupo (eu e o Presidente), mas como somos nós os grandes agregadores, acho natural que nos preocupemos.

Andei pensando bem e acho que vou afrouxar um pouco as rédeas e deixar o barco correr.
Quem quiser festejar em grupo, que venha.
Quem não quiser, que seja igualmente feliz onde quer que se escolha.
Acho que isso me deixa mais tranqüilo e elimina minha vontade de controlar tudo.
Se não parar com isso acabo envelhecendo antes da hora e minha impecável cabeleira preta (ou o que resta dela) vai acabar salpicada de fios de cor grisalho-stress.

Sendo assim, deixa rolar!!!

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