Cor de canela
Mesmo que a gente só conviva durante o horário do expediente, a figura e a presença daquela mulher podem fazer com que qualquer um perca a concentração e demore dias para se reencontrar.
Felizmente, meu contatos com ela sempre se limitam a assuntos profissionais e a um ou outro gesto de simpatia para aliviar o stress.
Parece meio brega dizer isso, mas o rosto dela me lembra da Pocahontas. A pele naturalmente bronzeada, beirando quase o jambo, os cabelos longos e pretos, o perfil alongado e o sorriso sempre aberto a aproximam muito da imagem daquela índia de desenho animado.
Não sei que outra característica física poderia ser chamada de semelhança, mas me dou por satisfeito com aquelas que posso ver.
Se fossem outros tempos e outro ambiente, certamente ela faria parte do grupo das “certinhas”.
Acho que foi o Stanislaw Ponte Preta que celebrizou esse termo ao usa-lo para descrever mulheres de grande beleza física e que adoravam povoar os sonhos mais íntimos da galera dos carnavais.
Apesar de não passar nem perto da perfeição, o corpo dela é sabidamente atraente e de formas bastante generosas. Segunda ela, aquilo tudo é resultado de muito body pump e musculação.
Por mais “gostosa” que ela seja, o que chama atenção naquela mulher são duas coisas meio particulares, mas igualmente bonitas de se ver.
A primeira delas é o brilho nos olhos que ela sempre traz quando vem conversar com qualquer pessoa sobre qualquer assunto. Não importa se se trata da moça da limpeza ou do Diretor da área, ela sempre se mostra entusiasmada e com vontade de fazer com que tudo funcione direito.
É energizante estar a poucas mesas dela e assistir ao espetáculo de otimismo e bom humor.
No meu caso particular, é muito bom ter alguém para balancear a “nhaca” tradicional do meu humor ao lidar com assuntos do trabalho.
A segunda e potencialmente mais perturbadora coisa é a curva do lábio superior dela.
Não sei bem o que acontece, mas a boca dela faz desenhos meio diferentes do tradicional e um misto de curiosidade e encanto faz com que seja difícil deixar de reparar em qualquer palavra que ela diga.
Me sinto bastante desconfortável quando tenho que conversar com ela. Sempre vou até onde ela está pensando em alguma maneira de desviar a minha atenção e não encará-la enquanto conversamos. Sempre fico com medo que ela se sinta constrangida por conta da minha eventual cara de hipnotizado.
Ultimamente tenho sido muito bem sucedido nas minhas táticas de distração. Nem sei se ela percebe que eu nunca a encaro quando conversamos e espero que isso não cause nenhum tipo de má impressão.
Apenas tento não dar espaço para qualquer coisa que impeça que continuemos sendo bons colegas.
Digo colegas por que não costumo fazer muitos amigos no trabalho, ainda mais se tratando de mulheres, mas isso já foi assunto de outros dias nesta conversa.
Prefiro deixar minha homenagem a esta “Pocahontas” nacional que merece tudo o que há de bom nesta vida e que deve continuar a alegrar mais os dias de trabalho de uns poucos privilegiados.
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