quarta-feira, novembro 05, 2003

Cores diferentes

Quando eu era um moleque um pouco menos asseado do que sou agora, existia uma piada de muito mau gosto a respeito da anatomia sexual das mulheres orientais.
Não tenho coragem de repetir a piada aqui, mas garanto que não daria para ninguém se sentir elogiado ao ouvir a barbaridade de alguém.

Depois que engordei um pouco (por que crescer eu nunca consegui) acabei tendo oportunidade de comprovar a velha lenda da infância, mas infelizmente não consegui. Fiquei a ponto de matar mais um fantasma de repressão infanto-juvenil, mas na hora H a moça pulou fora.
Na verdade não foi uma só.

O relacionamento com aquela veterinária baixinha tinha tudo para dar certo. A sua mãe era japonesa e seu pai alagoano, acho. A mistura resultou em um rostinho meio redondo e em um sorriso lindo de se ver.
A gente gostava das mesmas músicas, curtia os mesmos filmes, gostava de bares mais tranqüilos, conseguia conversar sobre um monte de coisas, planejava as viagens que viriam e adorava o gosto do beijo do outro.
Ela foi uma das poucas com quem eu não senti pressa em passar da fase dos beijos. Podíamos ficar horas e horas só mudando a forma e a posição do beijo. Não rolavam toques nem apertos, apenas o contato dos lábios e o roçar das línguas.
Não era falta de tesão. Era simplesmente vontade de curtir o beijo.

A gente se conheceu no curso de inglês, mas só fomos começar a sair no segundo estágio que fizemos juntos. Uma colega nossa adorou saber que a gente estava junto e torceu muito para que desse certo.
Na verdade, até hoje não sei bem o que rolou. Sei que a gente saía há cerca de um mês quando senti vontade de oficializar a coisa. Queria romper a minha barreira pessoal e chamá-la de namorada. Ela não devia ter os mesmos planos e disse que preferia que a gente continuasse do jeito antigo.
Obviamente a coisa degringolou antes do namoro, do sexo e da intimidade maior.

A outra experiência oriental aconteceu com uma comissária de bordo que vinha de Suzano. Coincidentemente, a mãe dessa menina também estava morando no Japão e ela estava sozinha em Sampa.
Desta vez o curso era da japonês (um dos meus desvarios lingüísticos) e ela era mais alta e bonita. As diferenças terminaram por aí: foi só eu dizer que queria algo mais do que cinemas e bate-papos para ela inventar mil desculpas e sumir.
Mais uma vez fiquei longe da cama e do coração de alguém com sangue oriental.
Neste caso foi mais fácil aceitar já que ela era bem menos legal do que a veterinária.

Não posso terminar esta estória sem mencionar outra lenda sexual da minha infância.
Alguns amigos fingidamente experientes diziam que mulheres de sangue negro eram muito mais selvagens e ativas embaixo dos lençóis.
Apesar de não ser especialmente curioso, não perdi a oportunidade de provar um pouco do gosto da África e posso dizer que não existe um padrão.
Se aquela moça de cabelos curtos, cintura fina e voz delicada me trouxe ótimas experiências, a nutricionista de Natal foi mais um erro do que um acerto.
Infelizmente fui eu quem errei ao não tratá-la do jeito certo. Desde o começo eu a mantive afastada da minha vida até o momento em que decidi que ela deveria sair.
É engraçado dizer isso já que ela mal entrou, mas não conheço outra forma de dizer que decidi não vê-la mais.
Espero que nenhuma delas tenha sofrido e que ambas estejam felizes hoje.
É meio piegas dizer isso agora, mas nunca tive intenção de magoá-las.
Fiz o que sentia vontade. Experimentei o que quis e retribuí o carinho da melhor forma que pude.

Valeu experimentar o sabor diferente e eliminar as besteiras da infância.
Se tiver que escolher a minha favorita, a vencedora de longe é a veterinária. Espero que seu casamento esteja indo bem e que Ele garanta o recebimento da felicidade que ela merece.

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