sexta-feira, novembro 21, 2003

Falta

No final de semana passado eu assisti à parte final do Matrix.
Não quero ser espírito de porco e estragar o prazer de quem ainda não conseguiu ver o Revolutions, por isso vou me concentrar apenas em um aspecto do filme.
Na verdade, o que me chamou a atenção nesta nova chuva de efeitos e kung fu acrobático já tinha aparecido no segundo de forma bem intensa: me refiro ao amor da Trinity pelo Neo.

Apesar disto (o amor) ser muito mais legal quando envolve duas pessoas, não acho que o Neo tenha dado muitas demonstrações de que ama a dona daqueles olhos verdes e estilo impecável. Talvez tenha algo a ver com a "expressão dramática" do Keanu Reeves, mas sempre achei que ela o amava com muito mais intensidade.
O amor dela é cheio de sacrifício e entrega. Ela seria capaz de morrer por amor a ele e isso é para poucos.

Entendo que o amor também é feito de um pouco de sacrifício, nada em exagero, nada que o torne mais um carma do que um benefício. Apenas um tempero para que a coisa fique mais valorizada.
Também acredito que uma das formas mais intensas de demonstrar o amor é sentir falta dele.
É aí que eu me aproximo um pouco da Trinity. Ela fez o diabo para salvar o tal do Neo e tudo foi em nome do amor. O reencontro deles deixou bem claro o valor que ela dava para aquilo que eles tinham. Aquilo era a vida dela.
Não tenho a menor pretensão de ter aqueles olhos nem aquele estilo, mas sinto falta do amor e seria capaz de muitas coisas por ele.

Obviamente temos algumas diferenças básicas: o dela estava lutando pela vida dentro de um mundo virtual e o meu está "apenas" a 600 longos quilômetros de mim. Não é nada mortal, torturante ou coisa parecida, mas de vez em quando pinta uma dorzinha fina lá no fundo.
É mais ou menos como se uma agulha fininha ficasse me espetando quando me lembro que ela está ao alcance do telefone mas não do meu beijo.

Tenho sentido mais do que deveria a passagem dos tradicionais 15 dias.
É certo que as luas-de-mel que fazemos de vez em quando ajudam a aumentar o impacto da falta, mas está ficando complicado viver à distância.
Acho que chegou a hora de fazer algo para arredondar isto. Talvez seja a hora de crescer de verdade.
É claro que isto não significa que vai rolar algo impensado ou definitivo. Apenas vou dar um jeito na distância e me concentrar nos outros aspectos desta dinâmica.
Não vai mais haver desculpa para não almoçar em algum self service na quarta ou tomar um chope rápido na quinta à noite. Não vai ser mais impossível marcar um cinema ou algo mais romântico na sexta.

Talvez isso seja o começo de algo mais.
Não é impossível que seja também o fim de outras coisas, mas prefiro deixar isso nas mãos Dele.

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