quarta-feira, novembro 19, 2003

Missões

Estou terminando de ler o Senhor dos Anéis e finalmente o nanico do Frodo conseguiu fazer aquilo que ele passou o livro inteiro esperando. Finalmente ele conseguiu dar um jeito naquele anel lazarento e agora ele pode voltar à sua vidinha normal no Condado, em meio a atividades muito estressantes como tomar café da manhã cinco vezes e ir até o rio para pescar o almoço.
Ainda não cheguei ao final do livro e devem rolar mais algumas aventuras para cada um dos componentes da Sociedade, mas o Frodo já não precisa fazer mais nada. A sua parte foi devidamente cumprida e os outros devem se esforçar para chegar perto daquilo. A sua missão foi cumprida.

O primeiro pensamento que me veio à mente quando imaginei o Um Anel caindo foi a possibilidade de que cada um de nós venha para este mundo com alguma espécie de propósito, com alguma missão qualquer.
Mesmo que essa tal missão seja teoricamente irrelevante se comparada com a paz mundial ou com a erradicação da fome, o significado pessoal dela deve ser crucial para a vida de cada pessoa.

Sempre achei que eu tinha saído lá dos recônditos da minha mãe para realizar algum tipo de ato heróico.
Não sei bem por que, mas a imagem de uma cena de luta contra o mal, de conquista esportiva extrema ou de fama irrestrita sempre esteve presente na minha cabecinha doida quando eu pensava no futuro.
Talvez essa seja a grande razão de eu me emocionar facilmente quando o Brasil ganha algum jogo dramático ou quando alguém supera seus limites em uma competição.
É certo que eu me emociono até em filme da Sessão da Tarde, mas isso é outro assunto.
A intenção aqui é questionar a existência de missões pessoais para cada um, missões sem as quais a pessoa não possa completar sua passagem pela vida. Talvez isso tenha a ver com o conceito de carma, reencarnação e a continuidade da vida. Talvez seja só coincidência.

Tenho uma visão meio pessimista e umbiguista sobre a minha própria missão: me vejo mais como sendo responsável pela felicidade de outras pessoas do que pela minha própria. Sinceramente, acho que sou mais eficiente nos outros do que em mim.
Não costumo questionar a validade dessa idéia. Não questiono a possibilidade de não conseguir ser exatamente feliz.
Ao invés disso eu procuro fazer a minha parte nas coisas que tenhoa algum controle. Procuro fazer o que me cabe e confiar Nele.
Se com isso vou conseguir desmentir meu próprio pessimismo ancestral, eu não sei.

Mas será que alguém aí sabe?

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