sexta-feira, agosto 29, 2003

De quem é a vez?

Se eu reunisse um grupo grande de pessoas e perguntasse de forma bem séria a quem caberia a responsabilidade da iniciativa de demonstrar verbalmente os sentimentos dentro de um relacionamento, que tipo de resultado eu teria?
Será que a tradição machista deste país diria que os “eu-te-amos” e “estou-com-saudades” da vida devem partir das mulheres?
Ou será que a liberação feminina, que assola este mundo e que complica demais as abordagens de alguns pobres diabos, imporia a necessidade de receber para só então retribuir?

Não consigo ver uma resposta única para esta pergunta. Na verdade, não há uma resposta que possa ser considera certa. Felizmente, tudo depende da realidade de cada um e da forma como a intereferência do grupo acontece na vidinha de cada indivíduo.

No meu caso, é bastante frequente que a iniciativa venha de mim.
Não sei bem o que acontece, mas eu acabo sentindo vontade de demonstrar o que estou sentindo mesmo que o outro lado ainda não tenha verbalizado a recíproca.
Tenho bem pouco medo de não estar despertando a mesma coisa na mulher que está ao meu lado e não faço muitos rodeios para escancarar.
É claro que não saio dizendo esse tipo de coisa para qualquer moça e em qualquer momento. A idéia é deixar que o instinto detecte mais ou menos a hora certa e deixar o resto por conta das palavras e gestos.

Fui o primeiro a soltar um "te adoro" no telefone. A resposta veio imediata e não precisei olhar para a rosto dela para saber que havia um sorriso aberto naquele rosto claro e delicado.

O "te amo" veio através de um cartão de Natal.
Era o nosso primeiro Natal juntos e já estávamos muito ligados. Na verdade, nossa ligação já era tal que eu, que não sou o maior fã de mudanças de qualquer tipo, acabei deixando minha família de lado para me empanzinar de quitutes natalinos com a família dela.
Não estou acostumado à barulheira de celebrações de parentes e por isso me incomodei um pouco, mas a presença dela compensou demais o sacrifício e embalou a vontade de escancarar de novo.
Entreguei o cartão e pedi para que ela só o lesse depois que eu fosse embora.
Desta vez tive que fazer um exercício um pouco maior para imaginar o sorriso de espanto que ela estaria exibindo após ler aquele tipo de declaração.

Depois desse emblemático cartão ela se sentiu livre para dizer qualquer coisa que estivesse sentindo.
Os "eu-te-amos" por telefone não são muito numerosos para nenhum dos lados, mas quando saem vêm cheios de coisas positivas.
Como dizem lá no interior, por onde passa um boi passa uma boiada.

Com a San também fui o primeiro e dizer coisas, mas faz muito tempo que isso aconteceu e prefiro deixar que esse tipo de coisa descanse em paz.
Vale mais a pena pensar que outras coisas posso dizer primeiro para fazê-la feliz.

Voltando à pergunta inicial...
Não existe vez, não existe regra, não existe obrigatoriedade.
A verbalização deve partir de quem se sente à vontade com ela, de quem se sente mais livre para fazê-la e de quem tem menos medo de receber alguma resposta que não esteja à altura da expectativa.
O negócio é se jogar no rio e não se preocupar muito com a profundidade da água.
Que Ele decida o que aconteça!!

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