segunda-feira, agosto 18, 2003

Produção independente

Ela é bem pequena e delicada, estilo bonequinha mesmo.
Se não fosse pelo corpo escultural resultado de uma alucinada rotina de exercícios, a gente poderia pensar que um vento mais forte a carregaria para longe.
Seus traços mezzo-orientais mezzo-portugueses a tornam um belo exemplar de miscigenação maravilhosamente bem sucedida. Seu jeito doce de falar acaba fazendo o assunto perder um pouco de importância: é muito mais gostoso se concentrar apenas nos seus gestos ao explicar a dinâmica de uma obra ou os problemas de relacionamento com o chefe.
Ah, é importante que se diga que a sua profissão a faz lidar com gente bem pouco acostumada com doçura e delicadeza.

E é exatamente esse jeitinho que torna mais curiosa a sua idéia de relacionamentos e maternidade.
Na contramão da maioria das moças que conheço, ela não acredita que nasceu para o formato namoro-noivado-casamento-filhos. Na verdade, nesse conjunto de “objetivos”, somente a casa cheia de bacuris faz seus olhos brilharem.

Certa vez ela me falou sobre um imaginário “medidor de preparação para ter filhos”.
O conceito dessa coisa esquisita seria a maturidade ou preparação da pessoa para encarar o desafio de colocar uma nova criaturinha no mundo.
Enquanto eu ainda não havia passado do terceiro nível, em uma escala de dez, ela já estava com o ponteirinho batendo no onze. Daqui a pouco o medidor acaba estourando e fazendo o maior fuzuê.
Até aí nada diferente do que muitas outras meninas desejam para a felicidade das suas vidas.
O detalhe diferente desta linda mestiça é que o marido não é parte essencial do pacote. Segundo ela, se ele existir, bem, se não, idem.

Fiquei muito surpreso quando ela disse que jamais havia tido o casamento como objetivo, apesar de já ter chegado perto dele em relacionamentos anteriores. Na verdade, ela só não se casou por que enrolou o rapaz até um ponto onde já não havia outra saída. Aparentemente ela não cedeu e o pretenso marido espanou.
Fiquei quase chocado quando fiquei sabendo que o momento de ser mãe estava muito próximo e que o pai já estava pré-selecionado. Perguntei o que isso significava e ela me contou que existe uma pessoa muito especial que fará o papel de pai caso ela ainda não tenha preenchido a vaga de marido.

Essa idéia de independência não combina muito com aquele jeito doce, mas depois percebi que realmente eu não conhecia nada sobre ela. Na verdade, essa foi a primeira conversa mais aberta que tivemos e fiquei feliz por ela ter se sentido à vontade para me contar coisas tão íntimas.
Algumas outras pessoas acabaram participando da conversa e dando suas opiniões, mas o principal já havia sido trocado comigo e me senti muito lisonjeado por isso.

Espero poder continuar a acompanhar essa mistura de doçura e decisão e que ela realmente encontre aquilo que está procurando.
Na verdade, tenho minhas próprias opiniões sobre relacionamentos e filhos e por isso vou torcer por ela ao meu jeito. Espero que o pacote completo venha e que a felicidade plena esteja logo atrás.

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