terça-feira, agosto 26, 2003

Astrologia

O primeiro sinal de que havia química aconteceu logo depois que o filme começou.
A gente havia se conhecido pouco tempo antes, naquele mesmo dia, depois de alguns meses de conversa virtual: foram dezenas de páginas de e-mails antes de decidirmos marcar um encontro.
Passei para pegá-la no apê que o pai mantinha na Vila Mariana e fomos direto ao cinema. Como a sessão ainda demoraria para começar, fomos comer um beirute no Frevinho da Augusta.
O Belas Artes estava bem pertinho dali e por isso não estávamos preocupados ou com pressa.
Depois do lanchinho e de um papo muito animado, pegamos a Paulista e entramos no cinema.
O filme era “Melhor Impossível” com o Jack Nicholson e até que contribuiu para que continuássemos a nos entender.
Até esse momento eu não tinha a melhor idéia de que nossos signos tinham algum tipo de ligação, que tinham a ver em muitos aspectos.

Nunca fui muito ligado em coisas de signos, horóscopos e quetais, mas o resultado do contato com a pele branca daquela publicitária taurina me fez passar a prestar muito mais atenção no assunto.
O primeiro contato foi teoricamente inocente: encostamos nossos cotovelos quando ela foi se ajeitar na poltrona. Senti um leve choque. Até estranhei um pouco o que acontecia, mas preferi esperar para ver o que aquilo significava de verdade.

Do cinema fomos de volta para o apê. Já era mais ou menos meia-noite e nossa animação para falar não parecia ter fim. Falamos sobre um monte de coisas e devastamos as poucas latas de cerveja que ainda restavam na sua geladeira. Toda essa conversa rolou a uma respeitosa distância, mesmo que eu ainda me lembrasse da química do cinema.
Na hora de ir embora a gente se aproximou demais. Só saí de lá por volta das sete da manhã. Devo isso ao vizinho que precisava tirar o carro de uma vaga que estava bloqueada pelo meu.
Acho que a química fez o seu papel.

Outra taurina na minha vida foi a Ju, mas dessa eu não tenho muito a falar. Na verdade nem quero. Não vale a pena.

A moça que morava em Bauru era um pouco mais velha do que eu. Nada que fizesse muita diferença, a não ser pelo seu grau de maturidade: ela já sabia bem o que queria da carreira e eu ainda era um moleque recém saído da faculdade e que não podia faltar às aulas de inglês para ir visitá-la.
Foi exatamente a bendita aula de inglês que me fez chegar tarde na casa dela. O mapa que eu tinha estava bem certinho e quase não me perdi.
Nosso primeiro encontro foi meio sem graça, mas não demorou muito até que a gente quebrasse o gelo e a mão dela ficasse sobre a minha durante longos minutos. Pouco depois já não dava para saber onde estavam as mãos e o computador ficou funcionando para ninguém.
Fui embora no dia seguinte e nenhum de nós tinha planos para um novo encontro. Já tínhamos experimentado o que queríamos e era mais legal deixar as coisas como estavam.

Já falei de outras taurinas antes. Minha dentista e melhor amiga e a moça de cabelos curtos que preferiu meu melhor amigo (que também era de Escorpião, como eu) são dois dos exemplos que mais gosto de lembrar.

Ainda bem que eu jamais tentei negar que o signo do Touro sempre me fez bem.
Entretanto, um passarinho me contou que uma certa pisciana pode fazer a grande diferença na minha vida. Vejamos...

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