Três acordes
A mania de encurtar caminhos começou na escola.
Eu sempre procurava definir uma forma mais ou menos única de fazer as coisas e demorava muito para abandonar o esquema que tivesse dado certo uma vez. Se o jeito de estudar rendia uma nota satisfatória, eu não perdia muito tempo explorando outra forma na busca de algo mais. O risco não me atraía e a eficácia no rendimento me deixava muito satisfeito.
A idéia sempre foi seguir pelo caminho mais simples possível, sem muito rodeio, sem muita sofisticação. Nunca entendi pessoas que usam palavras difíceis para falar sobre coisas fáceis. Falar em semiótica quando se está sentado em uma mesa de bar sempre me deixa de mau humor. Não gosto de conversar com esse tipo de pessoa que não tem flexibilidade de se adaptar ao ambiente em que está. Parecer intelectual em uma mesa de gente simples é fácil. Difícil é ganhar a simpatia e a amizade falando a linguagem deles.
Apesar de ter algum conhecimento e de ter aprendido alguma coisa ao longo dos litros da minha vida, é muito complicado me fazer falar sobre coisas que não são de domínio ou ao menos de conhecimento de todos. Não aceito a segregação em nenhum sentido.
Tudo isso é para tratar do meu jeito meio “três acordes” de ser: tudo muito simples e direto.
Sou assim no trabalho. À partir do momento que estabeleço uma forma de fazer alguma atividade, é preciso muita realidade para me fazer mudar de idéia. Não que eu seja impermeável a novas idéias, mas preciso de provas bem concretas para admitir que o jeito da outra pessoa é melhor do que o meu.
Fui assim na escola. Depois de decidir de que forma fazer a prova, eu raramente mudava uma resposta durante a revisão. Era meio que teimosia responsável. Nem sempre me dei bem com essa política, mas se estou aqui hoje é por que a coisa não era de todo ruim.
Aprendo muito na prática. Faço, chego a algum bom resultado e crio um hábito.
Se não dá certo, penso um pouco, dou uma ajeitada aqui e ali e toco de novo. Até acertar. Até ficar satisfeito com o resultado.
Foi mais ou menos assim com tudo aquilo relacionado à minha vida sentimental.
Ninguém me ensinou a beijar, a abraçar e a fazer uma mulher feliz. Tive que aprender tudo na marra. Se ao menos eu tivesse um manual de instruções.
Não, esse tipo de coisa não se aprende em livros. Nem se aprende em cursos ou seminários.
Você precisa cair muito para aprender a lidar com outra pessoa. Precisa descobrir o que faz feliz cada mulher que passa pela sua vida, mesmo que esta frase se resuma a um improvável singular.
Comigo foi assim. Aprendi a fazer a outra pessoa feliz ao descobrir um jeito simples e ao errar muito a cada vez que fazia amor. Deixei muita gente infeliz no caminho, mas não foi de propósito. Só estava tentando achar a melhor maneira de agir, a melhor forma de me relacionar, o melhor jeito de demonstrar que estava feliz.
Espero que o jeito que estou usando agora seja o melhor. Espero que eu tenha descoberto a tal “fórmula simples e direta” que fez parte de tudo na minha vida. Espero que a minha mineira só tenha a agradecer aos outros capítulos e ensaios.
Espero que eu consiga amar em três acordes.
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