quinta-feira, agosto 21, 2003

Às avessas

Tenho uma amiga que tem um certo preconceito com mulheres descasadas e com filhos.
Ela acha que se o filho dela se envolver com uma moça nessa situação, a reação dela não será das melhores e o relacionamento entre eles pode não ser muito pacífico e agradável.

Por mais infundado que isso possa parecer, acho que o instinto maternal tende a optar pela proteção da cria contra algo desconhecido e potencialmente “perigoso”.
As aspas são necessárias por que não existe forma de ligar diretamente os relacionamentos anteriores com o risco da vida amorosa atual. Não dá para dizer que um relacionamento não vai dar certo só por que a moça já tem uma separação no currículo ou por que o pai da criança não é o parceiro atual. Seria muito injusto dizer que uma mulher separada não pode voltar a ter um parceiro, um marido.

Injustiças à parte, essa minha amiga não curte muito a idéia de herdar netos.
Não fosse um pequeno detalhe, ela não seria muito diferente de muita gente neste perdida nesta terra doida, com seus preconceitos e manias.
Não sei se é triste ou engraçado, mas esta minha amiga está separada há muito tempo, sua muito para botar algum juízo na cabeça do filho pequeno e acabou de sair de um relacionamento com um cara mais novo.
Foi engraçado ouvir a respeito da atitude meio “canibal” que ela imaginaria ter caso estivesse no lugar dos pais do ex dela. Por falar em pais, ao que parece ela foi muito bem recebida após a desconfiança inicial. Entendi que os sogros estranharam a atitude inicial do filho, mas acabaram se convencendo de que a história dela não era promessa de infelicidade para o filho. Eles a aceitaram tão bem que chegaram a oferecer um apartamento mobiliado com a condição de que ela gostasse da distribuição dos quartos.
O apartamento não foi aceito e o relacionamento foi terminado, mas não por problemas com os sogros. Parece que aquele casal incomum não devia mesmo ficar junto.

Mesmo depois da boa experiência com a família do namorado, essa moça que conheço não mudou a sua idéia de “parceira ideal” para o filho. Ela continuou achando que alguém como ela mesma não seria boa para alguém como o seu filho.
Só posso acreditar que ela é insegura a respeito da sua própria capacidade de ser feliz. Temo que ela se julgue culpada por algo que não deu certo no casamento desfeito e nos namoros terminados. Acho que lá no fundo ela acha que não pode mais ser feliz.

Só isso me explicaria esse tipo de pensamento, de preconceito, de mania.

Espero que ela se dê conta de que não vai a lugar nenhum assim. Seria muito bom se ela eliminasse da cabeça essa “proteção” que quer ter em relação ao filho.
Algo me diz que só depois disso é que ela vai estar pronta para ser feliz de novo.

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