terça-feira, julho 01, 2003

A melhor amiga

A gente fazia muita coisa juntos. Íamos ao cinema, comíamos pizza, frequentávamos bares, viajávamos para as cavernas do sul do estado, badalávamos em festas e compartilhávamos amigos. Mesmo que a gente quase nunca estivesse sozinho, éramos muito próximos.
Foi até natural que surgisse uma atração. Ao menos na minha parte, esse processo foi muito natural. Eu já a achava interessante quando me tornei seu amigo. Virar seu melhor amigo foi fatal.

Todo mundo achava que a gente tinha alguma coisa. Chegaram a apostar entre eles que a gente namorava escondido. Pena que foram apenas suposições e aparências. Pena que a gente deixou que fosse apenas uma forte e carinhosa amizade. Pena que ela ainda sofresse da "síndrome do relacionamento seguinte".

Por três vezes eu tentei transformar a dupla em casal. Por três vezes ela disse que me adorava, mas como amigo. Por três vezes ela me amassou, jogou na parede e chamou de lagartixa. Tudo sem querer, claro.
Em todas essas vezes eu senti um impulso de roubar um beijo e realizar um sonho. Talvez devesse ter feito isso. Talvez devesse ter satisfeito meu desejo carnal e não preservado tanto o respeito que tinha por ela. Teria sido mais bruto porém muito mais gostoso.

Meu lado bom moço preferiu preservá-la como um ideal, não tocá-la, não profaná-la. Não sei se foi melhor assim, mas definitivamente foi assim.
Ela ainda faz parte da minha vida, como amiga e como dentista. Acho que isso nunca vai mudar.
Felizmente outras coisas mudam e eu posso ficar em paz. Ainda bem que ela não mais me assombra. Seria triste associar esse tipo de idéia àquele sorriso que sempre me deixa feliz.

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