quarta-feira, julho 30, 2003

Concessões

Recentemente descobri que um cara que admiro muito teve que abrir mão de ouvir sua banda favorita por causa da sua esposa. Não que o fato em si seja muito importante. Nada a ver com fanatismo musical. Mais importante é o que ele representa em termos de relacionamento. Mais importante é a concessão que teve que ser feita em nome do amor.

Outro exemplo desta coisa misteriosa de ceder terreno em nome de algo maior é a vida de um certo senhor de cabelos brancos, que vive lá nas bandas do Triângulo Mineiro e que trouxe ao mundo uma bela contribuição para a alegria dos homens: quatro belas filhas.
Segundo ele, o casamento é feito de alegrias, conquistas, amor, filhos e concessões.
Entendo bem o que ele quer dizer. Vejo um exemplo real do sacrifício que deve ser feito às vezes para manter um relacionamento andando nos trilhos.

Não quero que isto pareça uma reclamação ou uma lamentação, pois não é.
O tema de hoje é mais uma constatação de algo que acontece centenas de milhares de vezes com inúmeros casais. É mais uma preparação do que outra coisa.

Fico imaginando o que mais pode estar envolvido nisso:
- comprar apenas pão de forma light e sem casca por que a esposa está sempre de regime;
- fingir que não ouve ou sente o cheiro dos gases intestinais do marido;
- visitar a sogra todo domingo e agüentar o papo de que você era mais carinhoso antes de se casar com a filha dela;
- fingir que gosta de assistir ao jogo do time dele no domingo à tarde;
- bancar a babá para o sobrinho meio pentelho e que todo mundo mima;
- ir sempre à mesma pizzaria e comer sempre a mesma pizza;
- ouvir pela milionésima vez as estórias dos tempos da faculdade, e, o mais cruel;
- achar normal a ligação de um amigo que ela beijou há anos e que continua “mantendo contato”.

O texto acabou ficando meio satírico sem querer, mas acho que ficou melhor assim. Às vezes é melhor usar a frase do filósofo Bozo e dizer “sempre rir”.

De tudo isso, voltando ao amigo do início do texto, posso concluir uma coisa: amar é deixar de ouvir Queen e ser feliz mesmo assim.

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