quinta-feira, julho 03, 2003

Impressões - Parte 1

Depois te ter lembrado a estória daquela Romana que quase foi minha, fiquei com vontade de lembrar de outros detalhes do tempo que passei na Europa.

A vontade de sumir não surgiu de forma isolada, mas foi a soma das inseguranças de duas pessoas. As duas criaturas no caso éramos eu e meu melhor amigo. Nós dois tínhamos vontade de estudar fora mas ambos sofriamos com o medo de largar a pseudo-segurança do primeiro emprego pós-formatura. Foi esse primeiro emprego, aliás, que nos juntou e foi juntos que o abandonamos.
Pelo que me lembro, não se passaram mais do que 20 dias entre a demissão e o embarque. Acho que tínhamos pressa.

Londres nos recebeu em trajes de gala: o céu estava cinza e chovia fino. Contamos com uma boa dose de compreensão por parte do pessoal da imigração. Só pode ter sido pena dos dois mambembes.
Depois de muito suar em telefonemas com sotaques incompreensíveis e em táxis com preços extorsivos, conseguimos chegar até a estação de Boston Manor. Para quem conhece Londres, a tal estação fica na Zona 4. Para quem não conhece, basta imaginar um lugar distante cerca de 40 minutos (de metrõ) do Centro.
Não precisamos esperar mais do que cinco minutos até que nosso socorro aparecesse: ela se chamava Sandra, era solteira, já havia viajado por boa parte deste mundo e ganhava parte do seu sustento recebendo estudantes de passagem por Londres.
Fisicamente ela era uma Maggie Smith mais compactada, mas o sotaque...

O início da convivência com a Sandra (o nome soou uma perseguição do destino) trouxe o segundo choque do dia: ela me ofereceu um chá e, por estar acostumado com a bebida, aceitei de bom grado. Não me lembro se foi terror ou nojo o que senti quando a vi enchendo o copo de chá com leite frio, mas é certo que meus olhos quase saltaram pra dentro do copo. A última supresa da noite foi que acabei gostando da mistura e trouxe o hábito de volta para casa.

Acho que esqueci de mencionar o primeiro choque na minha relação com Londres: as mensagens nos altos falantes dos vagões do Metrô.
Me lembro como se fosse ontem do comentário que fiz para o meu amigo: "em que língua eles estão falando?"

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