Força
Uma das poucas razões que tenho para ficar morgando em frente à TV têm sido as meninas do “Sex and the city”. Assisti somente uns poucos capítulos, mas já virei um apreciador da narração em off da Sarah Jessica Parker contando as aventuras e desventuras dela e do grupo de amigas.
Posso estar sendo bastante raso na minha visão, mas acredito que a idéia seja caracterizar quatro personagens bastante diferentes e frágeis em algum aspecto.
Me lembro que existe a devoradora de homens que busca no sexo a realização daquilo que ela não conseguiu com o amor. Parece que ela desistiu de tentar encontrar algo mais “completo” e se contentou com uma coisa sabidamente recompensadora.
Outra das amigas da Sarah é uma trabalhadora fanática que parece também buscar uma espécie de compensação. Essa é a menos atraente de todas e talvez por isso use o trabalho como escudo e desculpa para tudo. É mais ou menos como quando muitos de nós dizem que estão sem tempo de fazer alguma coisa quando na realidade não conseguimos ou não temos prioridade para fazer essa coisa. Eu mesmo faço muito isso e nunca “tenho tempo”.
A terceira é a perfeita “mulher para casar”.
Tudo nela está no lugar, do broche de lapela que combina com o cinto que combina com qualquer outra coisa que se possa vestir à lingerie da Victoria Secret que serve (também) para mostrar que o sucesso e o dinheiro fazem parte do pacote “perfeito”.
De tão perfeccionista e certinha aquela mulher acaba sendo chato. Nada pode estar fora do lugar e até o sexo deve ter sua etiqueta respeitada de forma religiosa.
Me parece que isso acaba com toda a graça do inesperado dentro do relacionamento. Não há muito espaço para improvisar, para temperar, para surpreender.
E quando a surpresa deixa de fazer parte do relacionamento, basta contar os dias até o seu fim.
Por fim vem a própria Sarah.
Queria ter visto mais episódios para não ser tão raso no comentário, mas vejo que ela é o centro gravitacional do grupo. Todas circulam em torno dela e com isso fornecem experiências para as estórias que ela escreve. É mais ou menos como o que eu faço, só que ela tem talento e mora em Nova Iorque.
No último episódio que vi, ela estava enfrentando problema para lidar com o namorado que havia se mudado para a sua casa. Os problemas vinham da briga entre a independência que ela sempre gostou de ter e da vontade de ter o cara amado ali bem juntinho dela.
Entre idas e vindas, eles brigaram por que ele tentava ajudá-la com um problema no computador e com a tristeza da morte da mãe da amiga trabalhadora.
Ela não queria ser ajudada para não passar a precisar dessa ajuda em outra ocasião. Era uma briga para manter a independência em tudo, para manter o controle da situação.
Como conseqüência da briga, o cara devolveu a chave do apartamento e a deixou livre para fazer as coisas do jeito dela. Ele disse que não iria interferir nas decisões dela.
Na minha opinião, não é preciso ser auto-suficiente para ser feliz. É perfeitamente possível que se dividam até as necessidades com o parceiro e que a própria presença dele passe a ser uma necessidade.
Não é preciso fazer tudo sozinho só para não correr o risco de sofrer caso o parceiro falte por alguma razão. Não é errado precisar de alguém e até depender um pouco dessa pessoa.
Não é errado precisar da força de alguém em momentos de fraqueza ou baixo astral.
Voltando ao episódio, a Sarah e as amigas foram ao tal enterro e passaram a fazer as tradicionais descobertas de cada dia.
Uma das melhores foi a da Sarah ao ver o namorado (aquele que tinha devolvido a chave) lá nos fundos da igreja, dando a tradicional força, mesmo que ela tenha afirmado não precisar e nem soubesse que ele estaria lá.
O importante é que ele estava , ela o viu, gostou disso e resolveu arriscar.
No final, eles aparecem juntos de novo e ela resolve escrever sobre os benefícios da vontade de mudar.
Tenho a impressão de que ela estava aprendendo a curtir a idéia de trocar dependências com quem se ama.
Parece também que ela estava gostando muito disso.
terça-feira, setembro 30, 2003
segunda-feira, setembro 29, 2003
Cores
Fiquei pensando em representar o que sinto por você através de cores e de relacioná-las a algo que tenha a ver com a nossa história. Pode até ficar meio piegas e ingênuo, mas é o que estou com vontade fazer. Ultimamente não tenho passado vontade de fazer nada, principalmente se isso tem algo a ver com o que sinto por você.
Logo de cara pensei no verde.
Traços dessa cor aparecem misturados nos seus olhos grandes e vivos. Não sei dizer que outras cores sua mãe colocou lá, mas consigo ver que é o verde quem dá as cartas.
Teus olhos ficam um pouco mais intensos quando bate o sol. Deve ser por que calor combina com você e te energiza.
É meio perigoso ficar te encarando em um dia claro e sem nuvens. Dá a impressão de que posso ficar indefeso e sem reação a qualquer coisa que você resolva fazer comigo.
Pensando bem, pra que escapar?
Fiquei animado de uma forma bem diferente quando me lembrei das suas partes cor de rosa.
Como não poderia deixar de ser, elas são muito delicadas e frágeis. O mais leve toque é capaz de alterar seu estado e a externalização do que você estiver sentindo naquele momento.
O recente retoque que você resolveu dar neles acabou virando uma nova marca registrada da sua presença.
Adoro pensar que tive alguma participação na sua decisão. Acho que você adorou a idéia de me agradar ao aumentar a atração que aquelas duas manchinhas cor de rosa me faziam sentir.
As variações de amarelo do seu cabelo foram a minha inspiração seguinte.
Por mais que eu ache que você fica bem de qualquer forma, gosto de saber que uma quantidade saudável de vaidade te anima a encarar algumas horas de salão para retocar a sua já não mais tão longa cabeleira.
Aliás, se não bastasse a cor, agora também a forma me faz querer estar ainda mais perto de você e do perfume gostoso que sempre exala dos seus fios delicados e
Acabei de me lembrar de uma cor que poucos privilegiados tiveram a oportunidade de ver: o vermelho das suas bochechas logo depois do amor.
É simplesmente lindo ficar ali, abraçado ao seu corpo magro e quente e olhando seus olhos fechados e seu rosto levemente avermelhado. Você fica assim até alguns minutos depois que a nossa respiração volta ao normal, mas é tempo suficiente para que eu não queira te largar por nada deste mundo. Dá vontade de ter o poder de parar o tempo e te deixar daquele jeito para sempre.
Já mencionei o branco da sua pele e a delícia do seu perfume natural.
Adoro quando você usa coisas caras e especiais, mas não consigo pensar em um cheiro mais gostoso do que o que exala da sua pele logo depois que você sai do banho, ainda enrolada em uma toalha e com aquele sorriso sacana de quem sabe que não passa despercebida.
Consigo ver pouco das regiões que a toalha não cobre, mas isso basta para que eu já viaje longe e perto com você.
É cada sonho acordado que você nem imagina.
Por último, quis registrar o preto do asfalto que teima em impor limitações àquilo que sentimos vontade de fazer.
Sei que isso nada tem a ver com as suas cores, mas acho que tem tudo a ver com as nossas.
O danado do “pretinho” começa a nos cansar e a vontade de mudar o mundo aumenta muito.
Ainda bem que ambos estamos juntos nessa e entendemos que o tempo jogar a nosso favor. Nada de pular estágios e ter pressa.
A recompensa não vai sair do seu lugar e só devemos andar juntos para alcançá-la.
Que tal trazer suas cores para perto de mim e descobrir o que acontece, hein?
Fiquei pensando em representar o que sinto por você através de cores e de relacioná-las a algo que tenha a ver com a nossa história. Pode até ficar meio piegas e ingênuo, mas é o que estou com vontade fazer. Ultimamente não tenho passado vontade de fazer nada, principalmente se isso tem algo a ver com o que sinto por você.
Logo de cara pensei no verde.
Traços dessa cor aparecem misturados nos seus olhos grandes e vivos. Não sei dizer que outras cores sua mãe colocou lá, mas consigo ver que é o verde quem dá as cartas.
Teus olhos ficam um pouco mais intensos quando bate o sol. Deve ser por que calor combina com você e te energiza.
É meio perigoso ficar te encarando em um dia claro e sem nuvens. Dá a impressão de que posso ficar indefeso e sem reação a qualquer coisa que você resolva fazer comigo.
Pensando bem, pra que escapar?
Fiquei animado de uma forma bem diferente quando me lembrei das suas partes cor de rosa.
Como não poderia deixar de ser, elas são muito delicadas e frágeis. O mais leve toque é capaz de alterar seu estado e a externalização do que você estiver sentindo naquele momento.
O recente retoque que você resolveu dar neles acabou virando uma nova marca registrada da sua presença.
Adoro pensar que tive alguma participação na sua decisão. Acho que você adorou a idéia de me agradar ao aumentar a atração que aquelas duas manchinhas cor de rosa me faziam sentir.
As variações de amarelo do seu cabelo foram a minha inspiração seguinte.
Por mais que eu ache que você fica bem de qualquer forma, gosto de saber que uma quantidade saudável de vaidade te anima a encarar algumas horas de salão para retocar a sua já não mais tão longa cabeleira.
Aliás, se não bastasse a cor, agora também a forma me faz querer estar ainda mais perto de você e do perfume gostoso que sempre exala dos seus fios delicados e
Acabei de me lembrar de uma cor que poucos privilegiados tiveram a oportunidade de ver: o vermelho das suas bochechas logo depois do amor.
É simplesmente lindo ficar ali, abraçado ao seu corpo magro e quente e olhando seus olhos fechados e seu rosto levemente avermelhado. Você fica assim até alguns minutos depois que a nossa respiração volta ao normal, mas é tempo suficiente para que eu não queira te largar por nada deste mundo. Dá vontade de ter o poder de parar o tempo e te deixar daquele jeito para sempre.
Já mencionei o branco da sua pele e a delícia do seu perfume natural.
Adoro quando você usa coisas caras e especiais, mas não consigo pensar em um cheiro mais gostoso do que o que exala da sua pele logo depois que você sai do banho, ainda enrolada em uma toalha e com aquele sorriso sacana de quem sabe que não passa despercebida.
Consigo ver pouco das regiões que a toalha não cobre, mas isso basta para que eu já viaje longe e perto com você.
É cada sonho acordado que você nem imagina.
Por último, quis registrar o preto do asfalto que teima em impor limitações àquilo que sentimos vontade de fazer.
Sei que isso nada tem a ver com as suas cores, mas acho que tem tudo a ver com as nossas.
O danado do “pretinho” começa a nos cansar e a vontade de mudar o mundo aumenta muito.
Ainda bem que ambos estamos juntos nessa e entendemos que o tempo jogar a nosso favor. Nada de pular estágios e ter pressa.
A recompensa não vai sair do seu lugar e só devemos andar juntos para alcançá-la.
Que tal trazer suas cores para perto de mim e descobrir o que acontece, hein?
sexta-feira, setembro 26, 2003
A moeda de três lados
Um amigo meu me falou sobre uma mulher que ele havia conhecido de forma intensa, mas que continuava sendo um grande mistério para a sua cabeça acostumada a coisas meio paradas e sempre confortáveis.
Ele gosta de saber onde pisa e de impor um certo controle nas suas coisas, mas com ela isso nunca era possível. Era mais ou menos como entrar em uma sala escura que não parasse de girar: a gente nunca poderia saber para que lado ficaria a saída.
Uma coisa interessante que ele me contou foi a comparação da personalidade dela com uma moeda e seus três lados. Isso me pareceu incoerente, mas quando ele mencionou a parte externa da moeda, entre os dois lados, entendi um pouco melhor o tipo de impressão que aquela mulher havia causado nele.
Primeiro ele me contou detalhes a respeito do primeiro e mais perigoso lado dela.
Acabei ouvindo horas e horas de estórias sobre o efeito da risada escrachada e do cinismo irônico que ela adorava distribuir a quem estivesse ao alcance. Era uma verdadeira metralhadora giratória detonando a qualquer desavisado que ousasse criticar um autor que ela curtisse, uma música que estivesse sendo trilha sonora de momentos felizes ou as suas escolhas de roupas e acessórios.
Ela adorava intimidar as pessoas com a sua inteligência, charme e beleza. Parecia que rolava uma competição para saber que era o mais poderoso e interessante.
Esse tipo de postura não agradava nada ao meu amigo, mas ele continuava tentando descobrir algo menos letal na dona daquele colo salpicado de sardas. Acho que ele acabou chegando à conclusão de que ela se “montava” desse jeito só para não correr o risco de se sentir inferiorizada em alguma situação.
Depois ele me falou do poder de sedução que vinha daquela boca hábil em dizer coisas sinceras para agradar alguém por conta de objetivos nem tão sinceros.
Ele mesmo acabou “vítima” de uma sedução muito bem armada e temperada com prosecco, muffins de café e acid jazz.
Mesmo tendo adorado a forma intensa com que ela fazia amor, ele continuava com a pulga atrás da orelha com relação à sinceridade dela. Era como se ela quisesse provar algo para si mesma ao levá-lo para a sua cama e tomar toda a iniciativa da transa.
Era a confirmação da competição.
Felizmente ela não o expulsou de casa logo após se satisfazer. Ainda rolaram alguns momentos de carinho, conversa despreocupada e divisão de banheiro.
Segundo ele, foi preciso sair da cama dela para começar a ver resquícios do que ele acreditava ser a verdadeira natureza daquela mulher. Foi somente quando ela saiu da cama, colocou um hashi no cabelo, armou as madeixas no alto da cabeça e vestiu um robe de seda que ele parou de se sentir em uma competição.
Aparentemente, ao “descer do salto” ela mostrou um lado mais calmo, verdadeiro e sereno, coisa que o agradou muito.
Ele teria ficado um ano inteiro contando as suas sardas e falando sobre comida vegetariana, mas ambos tinham que voltar aos seus compromissos e assumir de novo as suas carrancas e personagens.
Acho que foi exatamente isso que ele mais lamentou já que nunca mais ele conseguiu chegar até o terceiro lado daquela mulher. Nunca mais ele achou o lado mais inacessível aos reles mortais.
Nunca mais ele viu aquele robe e aquelas sardas livres de máscaras.
Acho que ele lamenta isso até hoje.
Um amigo meu me falou sobre uma mulher que ele havia conhecido de forma intensa, mas que continuava sendo um grande mistério para a sua cabeça acostumada a coisas meio paradas e sempre confortáveis.
Ele gosta de saber onde pisa e de impor um certo controle nas suas coisas, mas com ela isso nunca era possível. Era mais ou menos como entrar em uma sala escura que não parasse de girar: a gente nunca poderia saber para que lado ficaria a saída.
Uma coisa interessante que ele me contou foi a comparação da personalidade dela com uma moeda e seus três lados. Isso me pareceu incoerente, mas quando ele mencionou a parte externa da moeda, entre os dois lados, entendi um pouco melhor o tipo de impressão que aquela mulher havia causado nele.
Primeiro ele me contou detalhes a respeito do primeiro e mais perigoso lado dela.
Acabei ouvindo horas e horas de estórias sobre o efeito da risada escrachada e do cinismo irônico que ela adorava distribuir a quem estivesse ao alcance. Era uma verdadeira metralhadora giratória detonando a qualquer desavisado que ousasse criticar um autor que ela curtisse, uma música que estivesse sendo trilha sonora de momentos felizes ou as suas escolhas de roupas e acessórios.
Ela adorava intimidar as pessoas com a sua inteligência, charme e beleza. Parecia que rolava uma competição para saber que era o mais poderoso e interessante.
Esse tipo de postura não agradava nada ao meu amigo, mas ele continuava tentando descobrir algo menos letal na dona daquele colo salpicado de sardas. Acho que ele acabou chegando à conclusão de que ela se “montava” desse jeito só para não correr o risco de se sentir inferiorizada em alguma situação.
Depois ele me falou do poder de sedução que vinha daquela boca hábil em dizer coisas sinceras para agradar alguém por conta de objetivos nem tão sinceros.
Ele mesmo acabou “vítima” de uma sedução muito bem armada e temperada com prosecco, muffins de café e acid jazz.
Mesmo tendo adorado a forma intensa com que ela fazia amor, ele continuava com a pulga atrás da orelha com relação à sinceridade dela. Era como se ela quisesse provar algo para si mesma ao levá-lo para a sua cama e tomar toda a iniciativa da transa.
Era a confirmação da competição.
Felizmente ela não o expulsou de casa logo após se satisfazer. Ainda rolaram alguns momentos de carinho, conversa despreocupada e divisão de banheiro.
Segundo ele, foi preciso sair da cama dela para começar a ver resquícios do que ele acreditava ser a verdadeira natureza daquela mulher. Foi somente quando ela saiu da cama, colocou um hashi no cabelo, armou as madeixas no alto da cabeça e vestiu um robe de seda que ele parou de se sentir em uma competição.
Aparentemente, ao “descer do salto” ela mostrou um lado mais calmo, verdadeiro e sereno, coisa que o agradou muito.
Ele teria ficado um ano inteiro contando as suas sardas e falando sobre comida vegetariana, mas ambos tinham que voltar aos seus compromissos e assumir de novo as suas carrancas e personagens.
Acho que foi exatamente isso que ele mais lamentou já que nunca mais ele conseguiu chegar até o terceiro lado daquela mulher. Nunca mais ele achou o lado mais inacessível aos reles mortais.
Nunca mais ele viu aquele robe e aquelas sardas livres de máscaras.
Acho que ele lamenta isso até hoje.
quinta-feira, setembro 25, 2003
Independência
Cheguei à conclusão de que não gosto de assumir responsabilidades herdadas.
Não quero dizer que sou totalmente irresponsável, mas acho extremamente injusto que tenhamos que responder pelos atos de outra pessoa simplesmente por que essa pessoa nos é cara.
Uma coisa é se jogar na frente de uma bala por um amigo-irmão ou pela mulher que se ama, outra bem diferente é ser jogado por que a pessoa sabe que ela vale muito no nosso conceito.
Prefiro relações independentes onde cada um sabe viver sua vida isolada e curte intensamente os momentos em que tem que rolar uma divisão ou compartilhamento.
Entre pessoas emocionalmente saudáveis e inteligentes, existe uma separação entre o individual e o conjugal, entre o eu e o nós, entre o que se tem dentro e o que se quer colocar para fora.
Acho que devo explicar um pouco melhor o que entendo como responsabilidade herdada.
Imagine que você se oferece para ajudar um amigo ou uma parceira em alguma situação emocional ou financeiramente complicada. Você vai até a pessoa, oferece sua ajuda e acaba resolvendo parte do problema. Nesta situação não importa muito se foi uma mera questão de sorte. O fato é que a pessoa pode acabar associando a sua presença à resolução de problemas e é aí que mora todo o perigo.
É possível que se estabeleça uma relação de semi-dependência onde a pessoa não se sinta mais segura para enfrentar problemas se você não estiver lá para oferecer o ombro ou dar aquela empurradinha quando a coisa não anda.
Por mais simbólica que seja a ajuda, você se transforma no salvador e perde um pouco do direito de ter a sua vida, com seus próprios problemas e inconsistências.
Mesmo sem querer, você acaba herdando a responsabilidade de estar lá quando o outro precisar.
Situação pior se configura quando a sua parceira não faz nada sem você.
Pra mim não tem coisa mais irritante do que ter ao meu lado alguém que não tem opinião, que anula a sua personalidade em nome da “harmonia do casal”.
Entendo que devam existir concessões para que as coisas fluam um pouco melhor, mas daí a deixar de ser quem se é só por que o namorado quer ou a namorada precisa, são outros quinhentos.
Na verdade, isso pode até ser bom a curto prazo, mas é promessa de infelicidade a médio e longo prazo.
Acredito que não exista relacionamento que resista a muito anos de anulação e falta de expressão da verdadeira personalidade. Uma hora ou outra a corda estoura e aí não há band-aid que resolva.
É por isso que prefiro saber com quem estou lidando desde o começo.
Acho muito mais saudável fazer (e receber) concessões logo nos primeiros meses de relacionamento e adaptar aquilo que for possível. Por mais ardente que seja a paixão, acho melhor que ela se revele por completo ao invés de se velar e disfarçar.
Nada salva um relacionamento que se mascarou apenas para ganhar tempo.
Algo me diz que estou no caminho certo nesse quesito.
Acredito que tenho conseguido mostrar o que realmente sou e manter o interesse dela.
Vejo que isso é verdade também para as coisas que são dela. Não enxergo máscaras ou disfarces.
Acho isso muito bom e pressinto que vai ficar ainda melhor.
Cheguei à conclusão de que não gosto de assumir responsabilidades herdadas.
Não quero dizer que sou totalmente irresponsável, mas acho extremamente injusto que tenhamos que responder pelos atos de outra pessoa simplesmente por que essa pessoa nos é cara.
Uma coisa é se jogar na frente de uma bala por um amigo-irmão ou pela mulher que se ama, outra bem diferente é ser jogado por que a pessoa sabe que ela vale muito no nosso conceito.
Prefiro relações independentes onde cada um sabe viver sua vida isolada e curte intensamente os momentos em que tem que rolar uma divisão ou compartilhamento.
Entre pessoas emocionalmente saudáveis e inteligentes, existe uma separação entre o individual e o conjugal, entre o eu e o nós, entre o que se tem dentro e o que se quer colocar para fora.
Acho que devo explicar um pouco melhor o que entendo como responsabilidade herdada.
Imagine que você se oferece para ajudar um amigo ou uma parceira em alguma situação emocional ou financeiramente complicada. Você vai até a pessoa, oferece sua ajuda e acaba resolvendo parte do problema. Nesta situação não importa muito se foi uma mera questão de sorte. O fato é que a pessoa pode acabar associando a sua presença à resolução de problemas e é aí que mora todo o perigo.
É possível que se estabeleça uma relação de semi-dependência onde a pessoa não se sinta mais segura para enfrentar problemas se você não estiver lá para oferecer o ombro ou dar aquela empurradinha quando a coisa não anda.
Por mais simbólica que seja a ajuda, você se transforma no salvador e perde um pouco do direito de ter a sua vida, com seus próprios problemas e inconsistências.
Mesmo sem querer, você acaba herdando a responsabilidade de estar lá quando o outro precisar.
Situação pior se configura quando a sua parceira não faz nada sem você.
Pra mim não tem coisa mais irritante do que ter ao meu lado alguém que não tem opinião, que anula a sua personalidade em nome da “harmonia do casal”.
Entendo que devam existir concessões para que as coisas fluam um pouco melhor, mas daí a deixar de ser quem se é só por que o namorado quer ou a namorada precisa, são outros quinhentos.
Na verdade, isso pode até ser bom a curto prazo, mas é promessa de infelicidade a médio e longo prazo.
Acredito que não exista relacionamento que resista a muito anos de anulação e falta de expressão da verdadeira personalidade. Uma hora ou outra a corda estoura e aí não há band-aid que resolva.
É por isso que prefiro saber com quem estou lidando desde o começo.
Acho muito mais saudável fazer (e receber) concessões logo nos primeiros meses de relacionamento e adaptar aquilo que for possível. Por mais ardente que seja a paixão, acho melhor que ela se revele por completo ao invés de se velar e disfarçar.
Nada salva um relacionamento que se mascarou apenas para ganhar tempo.
Algo me diz que estou no caminho certo nesse quesito.
Acredito que tenho conseguido mostrar o que realmente sou e manter o interesse dela.
Vejo que isso é verdade também para as coisas que são dela. Não enxergo máscaras ou disfarces.
Acho isso muito bom e pressinto que vai ficar ainda melhor.
quarta-feira, setembro 24, 2003
Terapia física
Uma das coisas que mais chamava a minha atenção quando eu curtia sair na balada era o jogo de interesses que meninos e meninas faziam quando queriam demonstrar vontade ou sossego total.
Me lembro que meus amigos sempre diziam que era perda de tempo tentar interromper a conversa de duas mulheres em um bar: se elas não paravam de falar entre si era por que não tinham a menor intenção de permitir que algum inseto se infiltrasse na conversa e tentasse modificar qualquer que fosse o rumo dos comentários que elas estavam fazendo.
Em bom português: era um tiro n´água em quase que 100% dos casos.
Outra coisa que aprendi assistindo muitos programas “jovens” foi que se a menina conversa com você de braços cruzados é por que ela não quer que exista qualquer tipo de aproximação.
É mais ou menos como dizer “não vem não, violão”!!
Era realmente complicado ler todos esses sinais e invariavelmente eu optava por abrir mão da luta e me contentar com uma loira gelada ou uma russa ardente para me fazer companhia.
Enquanto isso, meus amigo seguiam na batalha pelo melhor entendimento dos sinais e pelo mais eficiente furo nas defesas montadas pelas mocinhas.
Certamente foi isso que fez ficar sempre em inferioridade na hora de contabilizar estórias.
Enquanto eles chegavam perto de encher uma mão com o número de moças que haviam dado o telefone ou que haviam sentido o gosto doce de um beijo, eu podia, no máximo, contar o número de sorrisos que havia arrancado com meus comentários gentis e piadas infanto-juvenis.
É certo que eu nunca curti competições e que vira e mexe eu acabava ajudando algum tipo de conquista deles, mas nunca reclamei da sorte. Sempre achei que cada um tinha o seu papel e que o meu era criar o clima e atuar como escudeiro.
Por mais Sancho Pança que eu meu sentisse às vezes, minha realidade estava longe da auto-piedade e da solidão. Sempre havia uma moça que curtia mais o bom humor do que o papo furado.
De qualquer maneira, o que fez querer escrever este texto foi a vontade de comentar os sinais que são dados durante a conquista e que podem significar a diferença entre uma noite de amor e outra de torpor.
Já falei sobre a conversa na mesa e seu efeito na abordagem externa. Agora acho interessante mencionar a necessidade de retorno quando uma pessoa quer se aproximar de outra.
É certo que para alguns não importa se a pessoa está interessada, olhando ou dando algum tipo de “entrada”: a personalidade rolo-compressor indica que se deve atacar, invadir espaço e tomar pela sufocação.
Por mais bem sucedida que seja essa tática, acredito que o sabor final não seja dos melhores.
Me parece muito mais adequado que exista uma troca antes da consumação final do relacionamento entre a “vítima” e o “caçador”.
Acho muito mais gostoso quando, por exemplo, uma mulher solta um convite através de um olhar. Independente de quem receba a mensagem, o convite foi feito de forma sutil e quase subjetiva e ninguém pode dizer que houve facilitação ou atitude escancarada.
Isso é bem diferente do jogo de “buscar um fora”.
Nessa variante da conquista, a pessoa que é abordada nem sempre sabe que algo vai acontecer e via de regra tem que improvisar uma reação no momento em que a abordagem acontece.
Nessa hora é matar ou morrer e as chances do “abordador” dependem diretamente do poder combinado do seu sorriso, do seu charme e da forma utilizada para se chegar à outra pessoa.
A pessoa que “chega” não se importa se vai se dar bem ou não. Na verdade, ela busca o fora, o fracasso. Mentalmente é melhor buscar o fracasso e encontrar o sucesso, do que o contrário.
Desta forma, sempre vale a pena conversar com alguém achando que não vai colar, que vai rolar uma dispensa, que o outro lado vai nos presentear com um belo e glacial olhar de canto de olho.
Se o fora vier, ok. Se não vier, melhor ainda.
Parece que é tudo uma questão de oportunidades e perspectivas.
Ganha quem melhor souber combinar os dois.
Acho que ainda tenho muito a aprender.
Uma das coisas que mais chamava a minha atenção quando eu curtia sair na balada era o jogo de interesses que meninos e meninas faziam quando queriam demonstrar vontade ou sossego total.
Me lembro que meus amigos sempre diziam que era perda de tempo tentar interromper a conversa de duas mulheres em um bar: se elas não paravam de falar entre si era por que não tinham a menor intenção de permitir que algum inseto se infiltrasse na conversa e tentasse modificar qualquer que fosse o rumo dos comentários que elas estavam fazendo.
Em bom português: era um tiro n´água em quase que 100% dos casos.
Outra coisa que aprendi assistindo muitos programas “jovens” foi que se a menina conversa com você de braços cruzados é por que ela não quer que exista qualquer tipo de aproximação.
É mais ou menos como dizer “não vem não, violão”!!
Era realmente complicado ler todos esses sinais e invariavelmente eu optava por abrir mão da luta e me contentar com uma loira gelada ou uma russa ardente para me fazer companhia.
Enquanto isso, meus amigo seguiam na batalha pelo melhor entendimento dos sinais e pelo mais eficiente furo nas defesas montadas pelas mocinhas.
Certamente foi isso que fez ficar sempre em inferioridade na hora de contabilizar estórias.
Enquanto eles chegavam perto de encher uma mão com o número de moças que haviam dado o telefone ou que haviam sentido o gosto doce de um beijo, eu podia, no máximo, contar o número de sorrisos que havia arrancado com meus comentários gentis e piadas infanto-juvenis.
É certo que eu nunca curti competições e que vira e mexe eu acabava ajudando algum tipo de conquista deles, mas nunca reclamei da sorte. Sempre achei que cada um tinha o seu papel e que o meu era criar o clima e atuar como escudeiro.
Por mais Sancho Pança que eu meu sentisse às vezes, minha realidade estava longe da auto-piedade e da solidão. Sempre havia uma moça que curtia mais o bom humor do que o papo furado.
De qualquer maneira, o que fez querer escrever este texto foi a vontade de comentar os sinais que são dados durante a conquista e que podem significar a diferença entre uma noite de amor e outra de torpor.
Já falei sobre a conversa na mesa e seu efeito na abordagem externa. Agora acho interessante mencionar a necessidade de retorno quando uma pessoa quer se aproximar de outra.
É certo que para alguns não importa se a pessoa está interessada, olhando ou dando algum tipo de “entrada”: a personalidade rolo-compressor indica que se deve atacar, invadir espaço e tomar pela sufocação.
Por mais bem sucedida que seja essa tática, acredito que o sabor final não seja dos melhores.
Me parece muito mais adequado que exista uma troca antes da consumação final do relacionamento entre a “vítima” e o “caçador”.
Acho muito mais gostoso quando, por exemplo, uma mulher solta um convite através de um olhar. Independente de quem receba a mensagem, o convite foi feito de forma sutil e quase subjetiva e ninguém pode dizer que houve facilitação ou atitude escancarada.
Isso é bem diferente do jogo de “buscar um fora”.
Nessa variante da conquista, a pessoa que é abordada nem sempre sabe que algo vai acontecer e via de regra tem que improvisar uma reação no momento em que a abordagem acontece.
Nessa hora é matar ou morrer e as chances do “abordador” dependem diretamente do poder combinado do seu sorriso, do seu charme e da forma utilizada para se chegar à outra pessoa.
A pessoa que “chega” não se importa se vai se dar bem ou não. Na verdade, ela busca o fora, o fracasso. Mentalmente é melhor buscar o fracasso e encontrar o sucesso, do que o contrário.
Desta forma, sempre vale a pena conversar com alguém achando que não vai colar, que vai rolar uma dispensa, que o outro lado vai nos presentear com um belo e glacial olhar de canto de olho.
Se o fora vier, ok. Se não vier, melhor ainda.
Parece que é tudo uma questão de oportunidades e perspectivas.
Ganha quem melhor souber combinar os dois.
Acho que ainda tenho muito a aprender.
terça-feira, setembro 23, 2003
Por que te amo?
Resolvi listar algumas das razões que te fazem ocupar o lugar de mulher que eu amo.
Não foi sem razão que fiz isso. Foi para celebrar a felicidade que sinto por estar participando da escolha mútua que estamos fazendo. Nenhum de nós dois está com o outro por razões que não sejam o amor e a vontade enorme de ficar junto.
Acho que essa é a primeira resposta para a pergunta do título: te amo por que quero ficar junto de você o maior tempo possível. É o reino do amor-presença.
Te amo também por que adoro meus amigos como se fossem da família. E por gostar tanto deles é que valorizo cada gesto de aprovação que eles fazem quando estamos juntos.
Se eles dizem que é certo, é por que esse amor-companhia é certo.
Sinto amor quando quero te abraçar ainda mais depois de gozarmos juntos e de nos rendermos ao torpor merecido que sentimos. Nada mais importa nesse momento, só eu, você e nosso amor-tesão.
Amo teu sorriso de dentes grandes e queixo projetado para a frente. Fico com vontade de te beijar toda vez que te vejo sorrir e adoro quando isso acontece o tempo todo. Teu sorriso é o principal gosto do meu beijo, e isso é amor. É amor-sorriso.
Te amo pela pele branca e pintadinha, de poucas sardas e muito perfume. Cada pequena parte que descubro quando fazemos amor me faz sentir vontade de gastar dias e dias sem te deixar totalmente nua, só para curtir cada centímetro que toco. É amor-pele.
Acho que te amo também pelo bom humor, pelo companheirismo, pela disposição para aventuras, pela paciência com minhas manias e pelo abraço apertado dado sem razão aparente. Acho que é amor-divisão.
Amo teus olhos esverdeados, teu cabelo claro, tuas bochechas quentes, teus seios macios, tua barriga lisa, teu pé delicado e teus dedos finos e fortes. Amo cada parte do teu corpo, mesmo aquelas que só posso tocar com a mente quando estamos em público. Amo teu amor-corpo.
A simples idéia de que você me quer, me ama e me deseja, é suficiente para me causar amor.
Amo compartilhar isso com você e querer ir cada vez mais fundo no que temos para trocar.
Amo nosso amor-troca.
Amo o passar rápido dos dias para te ver, te abraçar, te colocar no meu colo, te ninar, velar teu sono e te acordar com um beijo. Não me importo com distâncias reais. Derrubo tudo com a vontade de te ver e de te ter. Amo o efeito do nosso amor-ponte.
Te amo por que te amo. É amor-amor. E isso basta.
Resolvi listar algumas das razões que te fazem ocupar o lugar de mulher que eu amo.
Não foi sem razão que fiz isso. Foi para celebrar a felicidade que sinto por estar participando da escolha mútua que estamos fazendo. Nenhum de nós dois está com o outro por razões que não sejam o amor e a vontade enorme de ficar junto.
Acho que essa é a primeira resposta para a pergunta do título: te amo por que quero ficar junto de você o maior tempo possível. É o reino do amor-presença.
Te amo também por que adoro meus amigos como se fossem da família. E por gostar tanto deles é que valorizo cada gesto de aprovação que eles fazem quando estamos juntos.
Se eles dizem que é certo, é por que esse amor-companhia é certo.
Sinto amor quando quero te abraçar ainda mais depois de gozarmos juntos e de nos rendermos ao torpor merecido que sentimos. Nada mais importa nesse momento, só eu, você e nosso amor-tesão.
Amo teu sorriso de dentes grandes e queixo projetado para a frente. Fico com vontade de te beijar toda vez que te vejo sorrir e adoro quando isso acontece o tempo todo. Teu sorriso é o principal gosto do meu beijo, e isso é amor. É amor-sorriso.
Te amo pela pele branca e pintadinha, de poucas sardas e muito perfume. Cada pequena parte que descubro quando fazemos amor me faz sentir vontade de gastar dias e dias sem te deixar totalmente nua, só para curtir cada centímetro que toco. É amor-pele.
Acho que te amo também pelo bom humor, pelo companheirismo, pela disposição para aventuras, pela paciência com minhas manias e pelo abraço apertado dado sem razão aparente. Acho que é amor-divisão.
Amo teus olhos esverdeados, teu cabelo claro, tuas bochechas quentes, teus seios macios, tua barriga lisa, teu pé delicado e teus dedos finos e fortes. Amo cada parte do teu corpo, mesmo aquelas que só posso tocar com a mente quando estamos em público. Amo teu amor-corpo.
A simples idéia de que você me quer, me ama e me deseja, é suficiente para me causar amor.
Amo compartilhar isso com você e querer ir cada vez mais fundo no que temos para trocar.
Amo nosso amor-troca.
Amo o passar rápido dos dias para te ver, te abraçar, te colocar no meu colo, te ninar, velar teu sono e te acordar com um beijo. Não me importo com distâncias reais. Derrubo tudo com a vontade de te ver e de te ter. Amo o efeito do nosso amor-ponte.
Te amo por que te amo. É amor-amor. E isso basta.
segunda-feira, setembro 22, 2003
A perda da alegria
Ele costumava ser a alegria das festas e de praticamente qualquer lugar público que freqüentava. Parecia mágica o poder que ele tinha de animar as pessoas que encontrava e de incentivar todos a esquecerem um poucos as travas “de adulto”, de baixarem a guarda e deixarem o bom humor fluir sem a preocupação de estar fazendo ridículo ou “desimpressionando” aquela gatinha ou aquele deus grego.
Quando ele estava por perto todos tinham a mesma idade. E nunca isso passava dos quinze.
Foi assim que os grandes amigos se acostumaram a vê-lo e era com isso que eles contavam quando se aproximavam de algum grupo de meninas onde havia ao menos um ponto de interesse: bastava que ele chegasse perto das meninas e falasse meia dúzia de besteiras para que os sorrisos brotassem abertos como girassóis e para que guarda fosse abaixada.
Era até covardia a facilidade com que eles se aproximavam das meninas e conseguiam ao menos em parte os seus objetivos.
Essa fase do bom humor extremo durou uma boa centena de beijos para os amigos, mas algo aconteceu e a fonte secou.
O sorriso dele foi diminuindo aos poucos até sumir por completo. O “pianinho estilo Coringa” que ele exibia naturalmente deu lugar a uma risada meio amarelada e de canto de boca.
Um amigo meu diria que ele passou a rir de “esgueio” e com isso o encanto se quebrou.
Ele não mais era a “arma secreta” dos amigos, a alegria das meninas e o centro das atenções.
As luzes pararam de procurá-lo e com isso ele se encondeu ainda mais.
Parece que até o clima esfriava quando ele se aproximava.
De presença obrigatória ele passou a “qual o nome dele mesmo?”.
Conversando longamente com ele, descobri algumas pistas para o entristecimento gradativo.
Ele havia se acostumado a ser a garantia de alegria e a fonte de energização dos amigos e parece que isso começou a consumir mais do que ele podia dar.
Era mais ou menos como uma fonte radiante que começa a secar e definhar com o uso constante.
De tanto ajudar os amigos e o ambiente, ele começou a precisar de ajuda, de energia e de luz.
Seus próprios problemas passaram a consumi-lo e ele não conseguia mudar de comportamento e pedir ajuda.
Só o que se via era um cara que já tinha sido alegre e que hoje era meio down e deprê.
Ele realmente precisou voltar para a toca para lamber as feridas e reencontrar motivos para sorrir.
Uma das saídas encontradas foi admitir o problema, ter consciência de que ele já havia vivido tempos melhores e sentir vontade sincera de retomar o que era bom.
Ele até que tentou buscar alguém que pudesse oferecer o ombro, mas os amigos eram mais dependentes dele do que se gostaria e a resposta foi encontrada dentro do seu próprio espírito.
Passando a controlar melhor o fluxo de energia destinada aos amigos, ele reservou um pouco para si, para alimentar o sorriso e para reencontrar a alegria.
Novamente a mágica foi sendo encontrada, mas desta vez havia um pouco mais de consciência e controle.
Hoje em dia ele voltou a sorrir de forma fácil, a matar de rir as pessoas que compartilham alguns momentos com o seu grupo e a se posicionar como ponto de força para qualquer grande amigo que precise.
Ele voltou a sorrir por que está feliz e isso deve ter muito a ver com as coisas do coração.
Vale a pena dizer que uma das maiores razões da sua recuperação foi o sorriso aparentemente “classe 3” de uma dentista loira.
A força da dona daquele cabelo “chapinha” foi o que ele precisava para voltar a subir.
Do jeito que vai, ele vai acabar na estratosfera de tão feliz e energizado.
Espero continuar por perto para assistir a sua felicidade e aproveitar a volta da alegria.
E tenho certeza de que não sou o único com essa opinião.
Ele costumava ser a alegria das festas e de praticamente qualquer lugar público que freqüentava. Parecia mágica o poder que ele tinha de animar as pessoas que encontrava e de incentivar todos a esquecerem um poucos as travas “de adulto”, de baixarem a guarda e deixarem o bom humor fluir sem a preocupação de estar fazendo ridículo ou “desimpressionando” aquela gatinha ou aquele deus grego.
Quando ele estava por perto todos tinham a mesma idade. E nunca isso passava dos quinze.
Foi assim que os grandes amigos se acostumaram a vê-lo e era com isso que eles contavam quando se aproximavam de algum grupo de meninas onde havia ao menos um ponto de interesse: bastava que ele chegasse perto das meninas e falasse meia dúzia de besteiras para que os sorrisos brotassem abertos como girassóis e para que guarda fosse abaixada.
Era até covardia a facilidade com que eles se aproximavam das meninas e conseguiam ao menos em parte os seus objetivos.
Essa fase do bom humor extremo durou uma boa centena de beijos para os amigos, mas algo aconteceu e a fonte secou.
O sorriso dele foi diminuindo aos poucos até sumir por completo. O “pianinho estilo Coringa” que ele exibia naturalmente deu lugar a uma risada meio amarelada e de canto de boca.
Um amigo meu diria que ele passou a rir de “esgueio” e com isso o encanto se quebrou.
Ele não mais era a “arma secreta” dos amigos, a alegria das meninas e o centro das atenções.
As luzes pararam de procurá-lo e com isso ele se encondeu ainda mais.
Parece que até o clima esfriava quando ele se aproximava.
De presença obrigatória ele passou a “qual o nome dele mesmo?”.
Conversando longamente com ele, descobri algumas pistas para o entristecimento gradativo.
Ele havia se acostumado a ser a garantia de alegria e a fonte de energização dos amigos e parece que isso começou a consumir mais do que ele podia dar.
Era mais ou menos como uma fonte radiante que começa a secar e definhar com o uso constante.
De tanto ajudar os amigos e o ambiente, ele começou a precisar de ajuda, de energia e de luz.
Seus próprios problemas passaram a consumi-lo e ele não conseguia mudar de comportamento e pedir ajuda.
Só o que se via era um cara que já tinha sido alegre e que hoje era meio down e deprê.
Ele realmente precisou voltar para a toca para lamber as feridas e reencontrar motivos para sorrir.
Uma das saídas encontradas foi admitir o problema, ter consciência de que ele já havia vivido tempos melhores e sentir vontade sincera de retomar o que era bom.
Ele até que tentou buscar alguém que pudesse oferecer o ombro, mas os amigos eram mais dependentes dele do que se gostaria e a resposta foi encontrada dentro do seu próprio espírito.
Passando a controlar melhor o fluxo de energia destinada aos amigos, ele reservou um pouco para si, para alimentar o sorriso e para reencontrar a alegria.
Novamente a mágica foi sendo encontrada, mas desta vez havia um pouco mais de consciência e controle.
Hoje em dia ele voltou a sorrir de forma fácil, a matar de rir as pessoas que compartilham alguns momentos com o seu grupo e a se posicionar como ponto de força para qualquer grande amigo que precise.
Ele voltou a sorrir por que está feliz e isso deve ter muito a ver com as coisas do coração.
Vale a pena dizer que uma das maiores razões da sua recuperação foi o sorriso aparentemente “classe 3” de uma dentista loira.
A força da dona daquele cabelo “chapinha” foi o que ele precisava para voltar a subir.
Do jeito que vai, ele vai acabar na estratosfera de tão feliz e energizado.
Espero continuar por perto para assistir a sua felicidade e aproveitar a volta da alegria.
E tenho certeza de que não sou o único com essa opinião.
sexta-feira, setembro 19, 2003
Santidade
Ainda tenho bem fresco na memória o comentário feito por uma certa moça de cabelos loiro-esbranquiçados (o popular loiro-puta) quando ainda era amiga da minha mineira.
Logo depois de me conhecer pessoalmente, ela comentou que uma das únicas certezas que ela tinha era que de santo eu não tinha nada.
Isso poderia ter me causado uma enorme dor de cabeça ou ainda ter gerado um grande mal estar entre as meninas, mas felizmente os tempos de piti já haviam passado e a reação não poderia ter sido mais inglesa: um aceno de cabeça e um “tudo bem” para encerrar o assunto.
Tempos depois, quando fiquei sabendo daquele comentário, eu quis saber por que a reação dela tinha sido aquela e o que ela pensava a respeito do assunto.
Era importante entender o tipo de expectativa que existia quando se realiza tal afastamento do ideal de comportamento para o parceiro.
Antes de voltar a este caso, acho interessante colocar algumas coisas que tem a ver com idealização e que podem servir para pensar na solução do problema de alguém.
Não creio que o homem deva ser santo para que se porte adequadamente dentro do relacionamento ou para que a mulher possa sentir segurança na manutenção da fidelidade.
Na verdade, sou do time que acha que a mulher também não tem essa obrigatoriedade. Ninguém deveria ter a obrigatoriedade de ser santo para que o parceiro se sentisse bem ou para que o relacionamento vingasse.
Acho que é ser muito carola (para não falar ingênuo e bobo) achar que as pessoas que fazem parte de um relacionamento jamais vão olhar para o lado com diferentes níveis de interesse.
É impossível que todos fiquem impassíveis quando se deparam com pessoas sabidamente maravilhosas ou realisticamente próximas. Ninguém deixaria de esticar o rabo do olho só por que tem namorada ou marido.
O pronto crucial desta questão é a forma como se estica esse rabo de olho e a forma como se encara o relacionamento.
Me parece muito mais leal que ambos saibam que a possibilidade de encantamento ou de paixão por outra pessoa existe, mas que isso está longe dos planos do parceiro.
É claro que esta consideração vale para casais em harmonia, mas acho que nem preciso perder tempo falando de relacionamentos com data de validade vencida.
A experiência provou que quando mais se prende ou pega no pé de alguém, mais o “outro lado” vai exercer fascínio sobre ele e maior será a sua vontade de experimentar “só um pouquinho”.
Todos sabem que esse “pouquinho” acaba se tornando algo maior, chegando até a virar um hábito. Nesse momento, a “pegação no pé” e a tentativa de manutenção de santidade só servirão de riso para os momentos em que o cara (ou a moça) estiver se deitando em outra freguesia e se livrando da sua auréola.
É muito mais inteligente mostrar que os motivos para a manutenção da harmonia do casal são outros e que ninguém tem nada a provar a ninguém.
É impressionante como isso tira a graça da pulada de cerca.
Voltando ao meu exemplo, fico feliz em inspirar reações tranqüilas como essa e em ter a oportunidade de me relacionar com quem se importa com as coisas certas e não deixa de admitir que as oportunidades podem ser abraçadas por qualquer um, independente do seu grau de santidade.
É exatamente essa tranqüilidade que faz que as pessoas não sintam vontade de desviarem seu encantamento de quem já o conquistou.
É a vitória sem luta.
Adoro táticas inteligentes.
Ainda tenho bem fresco na memória o comentário feito por uma certa moça de cabelos loiro-esbranquiçados (o popular loiro-puta) quando ainda era amiga da minha mineira.
Logo depois de me conhecer pessoalmente, ela comentou que uma das únicas certezas que ela tinha era que de santo eu não tinha nada.
Isso poderia ter me causado uma enorme dor de cabeça ou ainda ter gerado um grande mal estar entre as meninas, mas felizmente os tempos de piti já haviam passado e a reação não poderia ter sido mais inglesa: um aceno de cabeça e um “tudo bem” para encerrar o assunto.
Tempos depois, quando fiquei sabendo daquele comentário, eu quis saber por que a reação dela tinha sido aquela e o que ela pensava a respeito do assunto.
Era importante entender o tipo de expectativa que existia quando se realiza tal afastamento do ideal de comportamento para o parceiro.
Antes de voltar a este caso, acho interessante colocar algumas coisas que tem a ver com idealização e que podem servir para pensar na solução do problema de alguém.
Não creio que o homem deva ser santo para que se porte adequadamente dentro do relacionamento ou para que a mulher possa sentir segurança na manutenção da fidelidade.
Na verdade, sou do time que acha que a mulher também não tem essa obrigatoriedade. Ninguém deveria ter a obrigatoriedade de ser santo para que o parceiro se sentisse bem ou para que o relacionamento vingasse.
Acho que é ser muito carola (para não falar ingênuo e bobo) achar que as pessoas que fazem parte de um relacionamento jamais vão olhar para o lado com diferentes níveis de interesse.
É impossível que todos fiquem impassíveis quando se deparam com pessoas sabidamente maravilhosas ou realisticamente próximas. Ninguém deixaria de esticar o rabo do olho só por que tem namorada ou marido.
O pronto crucial desta questão é a forma como se estica esse rabo de olho e a forma como se encara o relacionamento.
Me parece muito mais leal que ambos saibam que a possibilidade de encantamento ou de paixão por outra pessoa existe, mas que isso está longe dos planos do parceiro.
É claro que esta consideração vale para casais em harmonia, mas acho que nem preciso perder tempo falando de relacionamentos com data de validade vencida.
A experiência provou que quando mais se prende ou pega no pé de alguém, mais o “outro lado” vai exercer fascínio sobre ele e maior será a sua vontade de experimentar “só um pouquinho”.
Todos sabem que esse “pouquinho” acaba se tornando algo maior, chegando até a virar um hábito. Nesse momento, a “pegação no pé” e a tentativa de manutenção de santidade só servirão de riso para os momentos em que o cara (ou a moça) estiver se deitando em outra freguesia e se livrando da sua auréola.
É muito mais inteligente mostrar que os motivos para a manutenção da harmonia do casal são outros e que ninguém tem nada a provar a ninguém.
É impressionante como isso tira a graça da pulada de cerca.
Voltando ao meu exemplo, fico feliz em inspirar reações tranqüilas como essa e em ter a oportunidade de me relacionar com quem se importa com as coisas certas e não deixa de admitir que as oportunidades podem ser abraçadas por qualquer um, independente do seu grau de santidade.
É exatamente essa tranqüilidade que faz que as pessoas não sintam vontade de desviarem seu encantamento de quem já o conquistou.
É a vitória sem luta.
Adoro táticas inteligentes.
quinta-feira, setembro 18, 2003
O fim
Neste último final de semana eu finalmente corrigi uma grande mancha no meu currículo cinéfilo e assisti em vídeo à segunda parte da saga Senhor dos Anéis.
Nem me lembro mais por que, mas acabei deixando passar o filme no cinema e fui forçado a aguardar alguns meses até que as locadoras pudessem me ajudar a matar a ansiedade de ver as aventuras de Legolas, Gimli e companhia.
O filme não me emocionou muito (mais ou menos como Matrix Revolutions), mas admito que as cenas da batalha no Abismo de Helm vão ficar na minha memório por muito e muito tempo.
Para quem foi meu colega na paciência de ler o livro (bem) antes de ver o filme, a seqüência de cortes rápidos para contar coisas que demoram vinte páginas para acontecer é meio nauseante, mas não vejo outra maneira para contar uma estória daquelas em “apenas” três horas: ou era isso ou as pessoas teriam que assistir a cada filme em dez capítulos de uma hora cada. Finalmente as mulheres apaixonadas teriam um rival à altura.
Mas não foi para falar do Um Anel que eu quis escrever o texto de hoje.
Meu assunto é aquele que envolveu a Arwen e o Aragorn: o fim dos relacionamentos.
No caso deles, a coisa ficou meio velada já que o último encontro foi marcado por promessas de amor e planos para a volta da Sociedade (mesmo que fossem só da parte dela). Infelizmente, o Elrond tinha outros planos e a Liv Tyler teve que fazer a sua escolha quando foi confrontada com a obediência ao sangue em um lado e um amor marcado para morrer de outro.
Foi meio desleal da parte dele, mas ela acabou cedendo e abrindo mão do seu amor mortal.
No fim das contas, eles não ficaram juntos.
Nunca vivi relacionamento de cinema, nem para o início e nem para o fim deles.
Nunca tive que escolher entre o bem da humanidade e o amor de uma mulher.
Meus problemas e verdades são muito menos glamurosos e cruciais. No máximo, tive que lidar com pais trogloditas e com filhas submissas ao extremo.
Para falar de finais, acho melhor me limitar aos que envolveram mulheres que chamei de namoradas. Elas foram poucas em comparação com o número total de seres do maravilhoso sexo feminino que encontrei nas minhas andanças, por isso mesmo merecem um carinho e um respeito quase que religiosos quando são mencionadas.
Com essas moças, aconteceram rompimentos de ambos os lados, mas nem sempre com empates e equilíbrios.
Acho que se eu tivesse que colocar um placar para estas categorias, os número do “jogo” seriam 3 a 1.
Isso parece mostrar que a corda sempre arrebenta do meu lado, mas não é bem a verdade.
O que acontece é que as moças com quem me relaciono acabam tendo mais coragem do que eu para terminar relacionamentos insatisfatórios e pouco positivos.
Tenho uma tendência preguiçosa de não gostar de términos e de estender o que já morreu.
Foi assim com a primeira, que me pediu um tempo que dura até hoje, com a segunda, que não me deixou entrar na vida dela e foi buscar alguém em outras bandas, e com a terceira, que deve ter se arrependido de ter começado a gostar de mim.
Somente com a quarta eu pude exercitar o acordo de entrar com o pé. A boa educação me impede de explicitar qual foi a participação dela na “transação”.
Voltando ao tópico do início, nenhum desses fins de caso (grande Graham Greene) teve cores cinematográficas, nenhum contou com grandes dramas, nenhum gerou internações, tentativas de suicídio ou ligações insanas durante a madrugada.
Tudo sempre foi quadradamente normal, bem ao meu estilo: acabou e ponto!
Pessoalmente, tenho uma disposição muito grande para não aumentar minha experiência com rompimentos e passar a colecionar somente conjunções de alma.
Sei que não depende só de mim, mas a lição de casa está sendo feita direitinho.
Neste último final de semana eu finalmente corrigi uma grande mancha no meu currículo cinéfilo e assisti em vídeo à segunda parte da saga Senhor dos Anéis.
Nem me lembro mais por que, mas acabei deixando passar o filme no cinema e fui forçado a aguardar alguns meses até que as locadoras pudessem me ajudar a matar a ansiedade de ver as aventuras de Legolas, Gimli e companhia.
O filme não me emocionou muito (mais ou menos como Matrix Revolutions), mas admito que as cenas da batalha no Abismo de Helm vão ficar na minha memório por muito e muito tempo.
Para quem foi meu colega na paciência de ler o livro (bem) antes de ver o filme, a seqüência de cortes rápidos para contar coisas que demoram vinte páginas para acontecer é meio nauseante, mas não vejo outra maneira para contar uma estória daquelas em “apenas” três horas: ou era isso ou as pessoas teriam que assistir a cada filme em dez capítulos de uma hora cada. Finalmente as mulheres apaixonadas teriam um rival à altura.
Mas não foi para falar do Um Anel que eu quis escrever o texto de hoje.
Meu assunto é aquele que envolveu a Arwen e o Aragorn: o fim dos relacionamentos.
No caso deles, a coisa ficou meio velada já que o último encontro foi marcado por promessas de amor e planos para a volta da Sociedade (mesmo que fossem só da parte dela). Infelizmente, o Elrond tinha outros planos e a Liv Tyler teve que fazer a sua escolha quando foi confrontada com a obediência ao sangue em um lado e um amor marcado para morrer de outro.
Foi meio desleal da parte dele, mas ela acabou cedendo e abrindo mão do seu amor mortal.
No fim das contas, eles não ficaram juntos.
Nunca vivi relacionamento de cinema, nem para o início e nem para o fim deles.
Nunca tive que escolher entre o bem da humanidade e o amor de uma mulher.
Meus problemas e verdades são muito menos glamurosos e cruciais. No máximo, tive que lidar com pais trogloditas e com filhas submissas ao extremo.
Para falar de finais, acho melhor me limitar aos que envolveram mulheres que chamei de namoradas. Elas foram poucas em comparação com o número total de seres do maravilhoso sexo feminino que encontrei nas minhas andanças, por isso mesmo merecem um carinho e um respeito quase que religiosos quando são mencionadas.
Com essas moças, aconteceram rompimentos de ambos os lados, mas nem sempre com empates e equilíbrios.
Acho que se eu tivesse que colocar um placar para estas categorias, os número do “jogo” seriam 3 a 1.
Isso parece mostrar que a corda sempre arrebenta do meu lado, mas não é bem a verdade.
O que acontece é que as moças com quem me relaciono acabam tendo mais coragem do que eu para terminar relacionamentos insatisfatórios e pouco positivos.
Tenho uma tendência preguiçosa de não gostar de términos e de estender o que já morreu.
Foi assim com a primeira, que me pediu um tempo que dura até hoje, com a segunda, que não me deixou entrar na vida dela e foi buscar alguém em outras bandas, e com a terceira, que deve ter se arrependido de ter começado a gostar de mim.
Somente com a quarta eu pude exercitar o acordo de entrar com o pé. A boa educação me impede de explicitar qual foi a participação dela na “transação”.
Voltando ao tópico do início, nenhum desses fins de caso (grande Graham Greene) teve cores cinematográficas, nenhum contou com grandes dramas, nenhum gerou internações, tentativas de suicídio ou ligações insanas durante a madrugada.
Tudo sempre foi quadradamente normal, bem ao meu estilo: acabou e ponto!
Pessoalmente, tenho uma disposição muito grande para não aumentar minha experiência com rompimentos e passar a colecionar somente conjunções de alma.
Sei que não depende só de mim, mas a lição de casa está sendo feita direitinho.
quarta-feira, setembro 17, 2003
Injustiça – Parte 2
Foi preciso uma “armação” dos recém-casados para que algo acontecesse.
Ele pouco se lembrava do que tinha visto no casamento, mas a reconheceu no mesmo instante em que a viu entrando no salão daquele bar da Zona Oeste. Ela estava menos arrumada e talvez por isso ele tenha prestado ainda mais atenção aos detalhes.
Seu sorriso era mesmo aberto e suas mãos não paravam de se mexer.
Apesar esforços em descobrir assuntos para explorar, ela demonstrou uma deliciosa timidez e preferiu conversar mais com a parte feminina do casal.
Na hora de ir embora, o destino fez das suas: estava garoando e os carros de ambos estavam no mesmo lugar. Como bom cavalheiro que era, ele ofereceu seu guarda-chuva e ela chegou mais perto dele. Não era um proximidade que permitisse o roubo de um beijo, mas já era um avanço.
No estacionamento ele pediu os dois carros e também o telefone dela, que sorriu e soletrou uma quantidade enorme de números.
Ele anotou tudo direitinho, a colocou no carro, entrou no seu e a seguiu por algumas quadras.
No momento em que iam se separar, ela desferiu o golpe mortal: soltou um “me liga” e jogou um beijo para o ar. Por pouco esse beijo não causa uma batida, mas ainda não era a hora para acidentes na vida daqueles dois.
Ele ligou, fez o convite e ela aceitou.
Acho que eles foram ao cinema, a uma lanchonete, ele a levou para casa e roubou um beijo.
Ela parecia uma colegial saindo do carro e ele ficou com a idéia de que havia pisado na bola.
As ligações dos dias seguintes mostraram que não e a oficialização do namoro foi a prova definitiva de que aquela italiana de pele bronzeada fazia a cabeça do ex-guerreiro.
Eles tinham que conviver com algumas limitações impostas pela família dela, mas não era nada que algumas mentirinhas brancas não pudessem resolver. A primeira transa rolou exatamente em uma dessas viagens “fictícias”. Foi uma transa boa, esperada, cuidadosa e muito curtida por ambos. Acabou durando quase um dia inteiro tal foi o relaxamento que eles sentiram.
Não se tratava de sexo animal, vulcânico ou violento. Era algo mais parecido com gestos de carinho e de prazer a temperaturas medianas.
Tudo parecia estar indo bem até que ele começou a se atrapalhar para conciliar o namoro com os amigos.
Parece coisa de criança, mas ela não conseguia se decidir quando os amigos e a namorada o chamavam para fazer alguma coisa.
Mais de uma vez ele saiu mais cedo de um evento da família dela para encontrar os amigos e fazer um programa que eles sempre faziam naquele dia e horário.
Isso começou a cansá-la e a minar a vontade de estar com ele.
Ouvir que ele não sabia o que fazer com ela foi a gota d´água para que ele percebesse que o encanto inicial havia ido embora e que o resultado daquilo só poderia ser sofrimento para ambos.
Como bom covarde que era, ele segurou o relacionamento até que ela tomou coragem e disse que já não podia mais continuar.
Foi jogo sujo. Ele estava tão infeliz quanto ela, mas preferiu não levar a fama pelo rompimento. Era mais fácil assim e ele apreciava coisas fáceis.
Para ele, o pior foi encarar o casal de amigos depois de ter deixado o namoro terminar.
Foi injusto o que ele fez com ela. Foi injusto tê-la tirado do seu sossego se ele não estava preparado para viver longe dos amigos. Foi injusto tê-la obrigado a terminar e não aceitar quando ele tentou reatar. Foi injusto ter usado algumas palavras doces quando o mais adequado teria sido sumir de uma vez. Foi injusto aquele namoro.
Felizmente ela já se recuperou e deve estar prestes a se casar com um cara que estava mais preparado para viver a estória que ela tinha para oferecer.
Ele. Acho que colocou a cabeça no lugar, definiu o que quer e o que não quer para a sua vidinha e aprendeu a conviver com namoradas e amigos.
Agora ele coloca os relacionamentos no seu devido lugar e às vezes isso é bem à frente dos amigos. Bom saber que eles entendem, aprovam e praticam isso.
Assim fica muito mais justo para todos.
Foi preciso uma “armação” dos recém-casados para que algo acontecesse.
Ele pouco se lembrava do que tinha visto no casamento, mas a reconheceu no mesmo instante em que a viu entrando no salão daquele bar da Zona Oeste. Ela estava menos arrumada e talvez por isso ele tenha prestado ainda mais atenção aos detalhes.
Seu sorriso era mesmo aberto e suas mãos não paravam de se mexer.
Apesar esforços em descobrir assuntos para explorar, ela demonstrou uma deliciosa timidez e preferiu conversar mais com a parte feminina do casal.
Na hora de ir embora, o destino fez das suas: estava garoando e os carros de ambos estavam no mesmo lugar. Como bom cavalheiro que era, ele ofereceu seu guarda-chuva e ela chegou mais perto dele. Não era um proximidade que permitisse o roubo de um beijo, mas já era um avanço.
No estacionamento ele pediu os dois carros e também o telefone dela, que sorriu e soletrou uma quantidade enorme de números.
Ele anotou tudo direitinho, a colocou no carro, entrou no seu e a seguiu por algumas quadras.
No momento em que iam se separar, ela desferiu o golpe mortal: soltou um “me liga” e jogou um beijo para o ar. Por pouco esse beijo não causa uma batida, mas ainda não era a hora para acidentes na vida daqueles dois.
Ele ligou, fez o convite e ela aceitou.
Acho que eles foram ao cinema, a uma lanchonete, ele a levou para casa e roubou um beijo.
Ela parecia uma colegial saindo do carro e ele ficou com a idéia de que havia pisado na bola.
As ligações dos dias seguintes mostraram que não e a oficialização do namoro foi a prova definitiva de que aquela italiana de pele bronzeada fazia a cabeça do ex-guerreiro.
Eles tinham que conviver com algumas limitações impostas pela família dela, mas não era nada que algumas mentirinhas brancas não pudessem resolver. A primeira transa rolou exatamente em uma dessas viagens “fictícias”. Foi uma transa boa, esperada, cuidadosa e muito curtida por ambos. Acabou durando quase um dia inteiro tal foi o relaxamento que eles sentiram.
Não se tratava de sexo animal, vulcânico ou violento. Era algo mais parecido com gestos de carinho e de prazer a temperaturas medianas.
Tudo parecia estar indo bem até que ele começou a se atrapalhar para conciliar o namoro com os amigos.
Parece coisa de criança, mas ela não conseguia se decidir quando os amigos e a namorada o chamavam para fazer alguma coisa.
Mais de uma vez ele saiu mais cedo de um evento da família dela para encontrar os amigos e fazer um programa que eles sempre faziam naquele dia e horário.
Isso começou a cansá-la e a minar a vontade de estar com ele.
Ouvir que ele não sabia o que fazer com ela foi a gota d´água para que ele percebesse que o encanto inicial havia ido embora e que o resultado daquilo só poderia ser sofrimento para ambos.
Como bom covarde que era, ele segurou o relacionamento até que ela tomou coragem e disse que já não podia mais continuar.
Foi jogo sujo. Ele estava tão infeliz quanto ela, mas preferiu não levar a fama pelo rompimento. Era mais fácil assim e ele apreciava coisas fáceis.
Para ele, o pior foi encarar o casal de amigos depois de ter deixado o namoro terminar.
Foi injusto o que ele fez com ela. Foi injusto tê-la tirado do seu sossego se ele não estava preparado para viver longe dos amigos. Foi injusto tê-la obrigado a terminar e não aceitar quando ele tentou reatar. Foi injusto ter usado algumas palavras doces quando o mais adequado teria sido sumir de uma vez. Foi injusto aquele namoro.
Felizmente ela já se recuperou e deve estar prestes a se casar com um cara que estava mais preparado para viver a estória que ela tinha para oferecer.
Ele. Acho que colocou a cabeça no lugar, definiu o que quer e o que não quer para a sua vidinha e aprendeu a conviver com namoradas e amigos.
Agora ele coloca os relacionamentos no seu devido lugar e às vezes isso é bem à frente dos amigos. Bom saber que eles entendem, aprovam e praticam isso.
Assim fica muito mais justo para todos.
terça-feira, setembro 16, 2003
Injustiça – Parte 1
Conheço um cara que teve a oportunidade de viver uma grande estória de amor e jogou tudo fora por que não soube balancear as importâncias de algumas pessoas dentro da sua vida.
Explicando um pouco melhor: ele fazia parte de um grupo muito unido de amigos, daqueles que só não dormem juntos por que acham que isso é coisa de viado, mas que poderiam pensar seriamente em se jogar na frente de uma bala para proteger o outro.
Talvez a metáfora da bala seja meio exagerada, mas acho que deu para entender a idéia.
Pois bem, esse cara que mencionei estava solteiro há mais tempo do que ele gostava de se lembrar. Da última namorada ele só tinha a infeliz lembrança da impossibilidade de fazer parte da vida dela: ela simplesmente não deixava e o largou quando a situação ficou insustentável.
Ele não ficou muito tempo lambendo as feridas, mas teve que se contentar com companheiras fugazes e/ou desinteressantes. Nenhuma delas tinha a doçura, o sorriso e o bom humor que ele buscava.
Foram precisos dois casamentos para que ele encontrasse uma esperança de felicidade.
Ambos foram de amigos muito queridos, mas a diferença das situações acabou significando muita coisa depois.
O primeiro casório não foi dos mais tradicionais: rolou em um buffet, com direito a benção e palmas tendo que equilibrar os sanduíches de carne louca e os canapés de salmão.
Na mesma mesa que ele estavam todos os outros amigos que encararam com ele os anos duros daquela bendita faculdade. Naquela época todos estavam acompanhados e ele era a única ovelha negra do grupo.
Como era de se esperar, as moças começaram a sugerir nomes de amigas que poderiam ser apresentadas.
Uma das sugestões envolvia uma moça que vivia uma relação de vai e vem com um cara que ninguém suportava, um verdadeiro mala sem alça.
A colocação de que ela seria garantia de dor de cabeça por gostar de tipos como aquele fez com que a própria idealizadora desistisse da idéia ainda no ninho.
Restavam mais duas moças na mesa e cada uma pensou muito na sua sugestão antes de torná-la pública.
Primeiro falou aquela que devia ser a única casada da mesa.
Havia uma menina que poderia ter o perfil do pobre abandonado, mas parece que ela era mais velha e muito mais rica do que todos na mesa. Isso não o agradou muito e ele preferiu ouvir a descrição da última pré-candidata antes de seguir qualquer caminho.
Essa terceira menina parecia ter uma quantidade razoável de qualidades: descendente de italianos, boa filha, apreciadora de atividades familiares, esportista, profissional dedicada e muito calma no que se refere a homens e adjacências.
Ela já havia namorado um amigo do casal, mas antes que ele pudesse dizer algo em reclamação, os noivos chegaram para bagunçar a mesa, distribuir abraços e matar o assunto.
Somente no evento seguinte é que ele pôde voltar a falar no assunto.
Na verdade, ele teve a oportunidade única de fazer muito mais do que falar: como era o casamento do mesmo casal que colocou a última sugestão no casamento anterior, a tal moça estava lá e começou a despertar o interesse do rapaz.
Infelizmente ele recebeu uma ducha de água fria quando ela não desgrudou de um outro convidado. Mais tarde se descobriu que era ele que não dava sossego, mas aí ele já tinha parado de observá-la e estava concentrado em fazer seus amigos rirem.
Foi preciso uma “armação” dos recém-casados para que algo acontecesse.
Ele pouco se lembrava do que tinha visto no casamento, mas a reconheceu no mesmo instante em que a viu entrando no salão daquele bar da Zona Oeste. Ela estava menos arrumada e talvez por isso ele tenha prestado ainda mais atenção aos detalhes.
Seu sorriso era mesmo aberto e suas mãos não paravam de se mexer.
Apesar esforços em descobrir assuntos para explorar, ela demonstrou uma deliciosa timidez e preferiu conversar mais com a parte feminina do casal.
Na hora de ir embora, o destino fez das suas: estava garoando e os carros de ambos estavam no mesmo lugar. Como bom cavalheiro que era, ele ofereceu seu guarda-chuva e ela chegou mais perto dele. Não era um proximidade que permitisse o roubo de um beijo, mas já era um avanço.
No estacionamento ele pediu os dois carros e também o telefone dela, que sorriu e soletrou uma quantidade enorme de números.
Ele anotou tudo direitinho, a colocou no carro, entrou no seu e a seguiu por algumas quadras.
No momento em que iam se separar, ela desferiu o golpe mortal: soltou um “me liga” e jogou um beijo para o ar. Por pouco esse beijo não causa uma batida.
Continua...
Conheço um cara que teve a oportunidade de viver uma grande estória de amor e jogou tudo fora por que não soube balancear as importâncias de algumas pessoas dentro da sua vida.
Explicando um pouco melhor: ele fazia parte de um grupo muito unido de amigos, daqueles que só não dormem juntos por que acham que isso é coisa de viado, mas que poderiam pensar seriamente em se jogar na frente de uma bala para proteger o outro.
Talvez a metáfora da bala seja meio exagerada, mas acho que deu para entender a idéia.
Pois bem, esse cara que mencionei estava solteiro há mais tempo do que ele gostava de se lembrar. Da última namorada ele só tinha a infeliz lembrança da impossibilidade de fazer parte da vida dela: ela simplesmente não deixava e o largou quando a situação ficou insustentável.
Ele não ficou muito tempo lambendo as feridas, mas teve que se contentar com companheiras fugazes e/ou desinteressantes. Nenhuma delas tinha a doçura, o sorriso e o bom humor que ele buscava.
Foram precisos dois casamentos para que ele encontrasse uma esperança de felicidade.
Ambos foram de amigos muito queridos, mas a diferença das situações acabou significando muita coisa depois.
O primeiro casório não foi dos mais tradicionais: rolou em um buffet, com direito a benção e palmas tendo que equilibrar os sanduíches de carne louca e os canapés de salmão.
Na mesma mesa que ele estavam todos os outros amigos que encararam com ele os anos duros daquela bendita faculdade. Naquela época todos estavam acompanhados e ele era a única ovelha negra do grupo.
Como era de se esperar, as moças começaram a sugerir nomes de amigas que poderiam ser apresentadas.
Uma das sugestões envolvia uma moça que vivia uma relação de vai e vem com um cara que ninguém suportava, um verdadeiro mala sem alça.
A colocação de que ela seria garantia de dor de cabeça por gostar de tipos como aquele fez com que a própria idealizadora desistisse da idéia ainda no ninho.
Restavam mais duas moças na mesa e cada uma pensou muito na sua sugestão antes de torná-la pública.
Primeiro falou aquela que devia ser a única casada da mesa.
Havia uma menina que poderia ter o perfil do pobre abandonado, mas parece que ela era mais velha e muito mais rica do que todos na mesa. Isso não o agradou muito e ele preferiu ouvir a descrição da última pré-candidata antes de seguir qualquer caminho.
Essa terceira menina parecia ter uma quantidade razoável de qualidades: descendente de italianos, boa filha, apreciadora de atividades familiares, esportista, profissional dedicada e muito calma no que se refere a homens e adjacências.
Ela já havia namorado um amigo do casal, mas antes que ele pudesse dizer algo em reclamação, os noivos chegaram para bagunçar a mesa, distribuir abraços e matar o assunto.
Somente no evento seguinte é que ele pôde voltar a falar no assunto.
Na verdade, ele teve a oportunidade única de fazer muito mais do que falar: como era o casamento do mesmo casal que colocou a última sugestão no casamento anterior, a tal moça estava lá e começou a despertar o interesse do rapaz.
Infelizmente ele recebeu uma ducha de água fria quando ela não desgrudou de um outro convidado. Mais tarde se descobriu que era ele que não dava sossego, mas aí ele já tinha parado de observá-la e estava concentrado em fazer seus amigos rirem.
Foi preciso uma “armação” dos recém-casados para que algo acontecesse.
Ele pouco se lembrava do que tinha visto no casamento, mas a reconheceu no mesmo instante em que a viu entrando no salão daquele bar da Zona Oeste. Ela estava menos arrumada e talvez por isso ele tenha prestado ainda mais atenção aos detalhes.
Seu sorriso era mesmo aberto e suas mãos não paravam de se mexer.
Apesar esforços em descobrir assuntos para explorar, ela demonstrou uma deliciosa timidez e preferiu conversar mais com a parte feminina do casal.
Na hora de ir embora, o destino fez das suas: estava garoando e os carros de ambos estavam no mesmo lugar. Como bom cavalheiro que era, ele ofereceu seu guarda-chuva e ela chegou mais perto dele. Não era um proximidade que permitisse o roubo de um beijo, mas já era um avanço.
No estacionamento ele pediu os dois carros e também o telefone dela, que sorriu e soletrou uma quantidade enorme de números.
Ele anotou tudo direitinho, a colocou no carro, entrou no seu e a seguiu por algumas quadras.
No momento em que iam se separar, ela desferiu o golpe mortal: soltou um “me liga” e jogou um beijo para o ar. Por pouco esse beijo não causa uma batida.
Continua...
segunda-feira, setembro 15, 2003
Enfrentando um casamento
Recentemente eu fiquei sabendo que mais uma amiga teve uma estória com um cara casado.
Esse tipo de relação é assustadoramente comum nos dias de hoje e normalmente o final acaba sendo de conhecimento de todos.
Na verdade, acho que se envolver com um homem casado não é privilégio das mulheres do mundo atual, mas a tal liberação sexual acabou significando um grande peso na vida desses seres maravilhosos. Infelizmente, elas se viram pressionadas a fazerem tudo aquilo que os homens faziam e isso incluía o pouco respeito às instituições.
A equalização de “direitos” acabou fazendo delas mais vítimas do que beneficiadas.
Mas não quero fazer um tratado sobre os malefícios da liberação feminina.
Prefiro contar o que essas minhas amigas viveram quando se apaixonaram por caras casados.
Acho importante citar que para todas as três, o que rolou foi paixão, quando não amor.
Nenhuma delas teve um envolvimento casual com o cara, do tipo sexo e amizade ou coisa que o valha.
Todas se envolveram sentimentalmente com o safardana e souberam desde o princípio que não eram as únicas na vida dele. Ainda assim, todas bancaram o desafio de mudar a vida do sujeito e de tê-lo para si, custasse o que custasse.
Não houve exceção para a tristeza do final da estória delas. Todas acabaram sozinhas e machucadas.
Tenho uma opinião pessoal meio radical sobre o assunto.
Mesmo sendo homem e tendo uma vontade crescente de defender a classe, tenho que admitir que a maioria de nós entra nesse tipo de estória mais pela aventura de ter outra mulher do que pelo fato de ter se apaixonado.
Não estou dizendo aqui que seja impossível que um cara casado se apaixone por outra pessoa, mas acredito que a maioria nem cogita abandonar o casamento para ficar com a outra mulher.
Para os poucos corajosos que fizeram isso, mando minhas reverências e admirações.
Bom, como estava dizendo, normalmente o homem entra nessa com safadeza e sem intenções de mudar de vida.
Não sei se com as minhas amigas foi assim, mas acredito que não passou muito longe.
A primeira situação envolveu uma mulher mais velha com quem eu me envolvi em um dos intervalos da estória com o cara casado.
Na verdade, ele não era casado, mas namorava há muito tempo com outra e dava milhares de desculpas para não terminar o relacionamento e ficar com a minha amiga.
A principal delas era que ele estava acostumado com a namorada e não queria fazê-la sofrer.
Nessa brincadeira, o lazarento fazia a minha amiga sofrer.
Assim foi durante um bom par de anos, até que a minha amiga resolveu por um ponto final.
Não foi muito fácil já que o cara não deu muito sossego, mas no fim ela acabou se curando daquele mal de amor.
Hoje ela vive uma vida mais tranqüila, tem outras estórias tristes para contas, mas não vive uma situação de incerteza como aquela.
Ela acredita que tudo vai dar certo no final e que o cara que vai fazê-la feliz de novo está nas cercanias. Eu também acredito nisso.
O outro caso que me lembro envolve uma menina linda do Sul.
Neste caso o cara era realmente casado e enrolou a situação até que não foi mais possível suportar.
Até hoje minha amiga sofre com a lembrança do amor que sentiu pelo cara, mas parece que não existem mais esperanças de tirá-lo da esposa.
Hoje ela acredita que o cara sofre um tipo de distúrbio psicológico que o fazia brigar para não deixá-la viver outras estórias.
Não sei se isso é verdade, mas espero que a cura venha logo para ela.
Aqueles cachinhos vermelhos e aqueles olhos verdes merecem isso.
Por último, queria mencionar um caso um pouco diferente dos demais.
Neste, existem evidências fortíssimas de que o cara se envolveu e quase largou tudo para ficar com a minha amiga.
Parece que isso só não rolou por que a família aumentou de repente e ele perdeu a coragem que tinha ao largar somente a esposa. A vinda da criança minou seu desejo de ser feliz com a minha amiga e com isso a vida dela mergulhou em uma complicada infelicidade.
Nem mesmo o relacionamento que ela arrumou em caráter de “primeiros socorros” adiantou muita coisa: a lembrança do cara casado era forte demais para que qualquer outra pessoa pudesse ajudá-la a se recuperar.
Parece que ainda hoje o coração dela sangra um pouquinho quando se lembra dele, mas isso vem diminuindo com o tempo.
Espero que não demore muito para que ela o esqueça e encare um longo período de felicidade com alguém que não tenha “outros compromissos”.
Aquele rosto sardento e bonito merece.
Recentemente eu fiquei sabendo que mais uma amiga teve uma estória com um cara casado.
Esse tipo de relação é assustadoramente comum nos dias de hoje e normalmente o final acaba sendo de conhecimento de todos.
Na verdade, acho que se envolver com um homem casado não é privilégio das mulheres do mundo atual, mas a tal liberação sexual acabou significando um grande peso na vida desses seres maravilhosos. Infelizmente, elas se viram pressionadas a fazerem tudo aquilo que os homens faziam e isso incluía o pouco respeito às instituições.
A equalização de “direitos” acabou fazendo delas mais vítimas do que beneficiadas.
Mas não quero fazer um tratado sobre os malefícios da liberação feminina.
Prefiro contar o que essas minhas amigas viveram quando se apaixonaram por caras casados.
Acho importante citar que para todas as três, o que rolou foi paixão, quando não amor.
Nenhuma delas teve um envolvimento casual com o cara, do tipo sexo e amizade ou coisa que o valha.
Todas se envolveram sentimentalmente com o safardana e souberam desde o princípio que não eram as únicas na vida dele. Ainda assim, todas bancaram o desafio de mudar a vida do sujeito e de tê-lo para si, custasse o que custasse.
Não houve exceção para a tristeza do final da estória delas. Todas acabaram sozinhas e machucadas.
Tenho uma opinião pessoal meio radical sobre o assunto.
Mesmo sendo homem e tendo uma vontade crescente de defender a classe, tenho que admitir que a maioria de nós entra nesse tipo de estória mais pela aventura de ter outra mulher do que pelo fato de ter se apaixonado.
Não estou dizendo aqui que seja impossível que um cara casado se apaixone por outra pessoa, mas acredito que a maioria nem cogita abandonar o casamento para ficar com a outra mulher.
Para os poucos corajosos que fizeram isso, mando minhas reverências e admirações.
Bom, como estava dizendo, normalmente o homem entra nessa com safadeza e sem intenções de mudar de vida.
Não sei se com as minhas amigas foi assim, mas acredito que não passou muito longe.
A primeira situação envolveu uma mulher mais velha com quem eu me envolvi em um dos intervalos da estória com o cara casado.
Na verdade, ele não era casado, mas namorava há muito tempo com outra e dava milhares de desculpas para não terminar o relacionamento e ficar com a minha amiga.
A principal delas era que ele estava acostumado com a namorada e não queria fazê-la sofrer.
Nessa brincadeira, o lazarento fazia a minha amiga sofrer.
Assim foi durante um bom par de anos, até que a minha amiga resolveu por um ponto final.
Não foi muito fácil já que o cara não deu muito sossego, mas no fim ela acabou se curando daquele mal de amor.
Hoje ela vive uma vida mais tranqüila, tem outras estórias tristes para contas, mas não vive uma situação de incerteza como aquela.
Ela acredita que tudo vai dar certo no final e que o cara que vai fazê-la feliz de novo está nas cercanias. Eu também acredito nisso.
O outro caso que me lembro envolve uma menina linda do Sul.
Neste caso o cara era realmente casado e enrolou a situação até que não foi mais possível suportar.
Até hoje minha amiga sofre com a lembrança do amor que sentiu pelo cara, mas parece que não existem mais esperanças de tirá-lo da esposa.
Hoje ela acredita que o cara sofre um tipo de distúrbio psicológico que o fazia brigar para não deixá-la viver outras estórias.
Não sei se isso é verdade, mas espero que a cura venha logo para ela.
Aqueles cachinhos vermelhos e aqueles olhos verdes merecem isso.
Por último, queria mencionar um caso um pouco diferente dos demais.
Neste, existem evidências fortíssimas de que o cara se envolveu e quase largou tudo para ficar com a minha amiga.
Parece que isso só não rolou por que a família aumentou de repente e ele perdeu a coragem que tinha ao largar somente a esposa. A vinda da criança minou seu desejo de ser feliz com a minha amiga e com isso a vida dela mergulhou em uma complicada infelicidade.
Nem mesmo o relacionamento que ela arrumou em caráter de “primeiros socorros” adiantou muita coisa: a lembrança do cara casado era forte demais para que qualquer outra pessoa pudesse ajudá-la a se recuperar.
Parece que ainda hoje o coração dela sangra um pouquinho quando se lembra dele, mas isso vem diminuindo com o tempo.
Espero que não demore muito para que ela o esqueça e encare um longo período de felicidade com alguém que não tenha “outros compromissos”.
Aquele rosto sardento e bonito merece.
sexta-feira, setembro 12, 2003
Performance
Sempre achei que os relacionamentos duradouros eram aqueles em que existia equilíbrio entre os diversos aspectos da vida das pessoas.
Nunca acreditei em casais que tinham apenas uma razão para estarem juntos. Eu tinha plena certeza de que relacionamentos baseados apenas em beleza ou em sexo não tinham muito futuro e acabam se consumindo em um processo meio suicida.
Eu fiquei acreditando nisso até o dia em que um grande amigo me contou a estória que havia vivido com uma ex-namorada. Talvez essa mulher tenha sido uma das grandes paixões desse cara e um dos grandes motivos de desgosto no campo amoroso.
Me lembro que eles se conheceram meio que por acaso em uma boate.
Ela estava visitando uma prima em uma cidade do interior e ele estava com colegas de trabalho em mais um dos intermináveis happy hours.
Parece que não houve muita receptividade no início e talvez isso tenha feito com ele tenha sentido mais vontade de descobrir mais sobre aquela moça de cabelos lisos e perfil romano.
Não demorou muito para que eles acabassem ficando juntos e iniciassem um relacionamento igualmente tórrido e auto-destrutivo.
Parecia que havia alguma conspiração astral em todos os momentos em que eles se encontravam.
Não havia muito tempo para conversas, brigas, balanços da relação ou outras coisas menos prazerosas: o contato da pele deles produzia estragos majestosos e somente o dia seguinte permitia algum tempo para os demais componentes do relacionamento.
Não é de se espantar que os signos deles fossem Escorpião e Touro.
E foi assim, mais a fogo do que a ferro, que eles namoravam e se pegavam.
O problema começou quando ela começou a demonstrar algumas características que não podiam ser identificadas na cama.
O ciúme doentio era a principal delas. Não havia a menor cerimônia para “dar piti” se um cara que ela não gostasse ligasse para o namorado durante um jantar. Nem adiantava dizer que nada havia sido combinado e que o namorado não tinha a menor intenção de sair com o amigo depois de deixá-la em casa. Nada adiantava. Ela era capaz de tomar o telefone da mão dele e falar um monte de barbaridades em plena mesa de restaurante.
Às vezes eles não estavam sozinhos e isso deixava meu amigo ainda mais envergonhado.
Mas se era tão ruim assim, por que eles continuavam juntos?
A resposta é óbvia e já foi mencionada: na cama eles eram feitos um para o outro e isso compensava tudo.
Ao menos compensou durante um bom tempo, até que ele não agüentasse mais a parte ruim do relacionamento. Às vezes ele me dizia que por melhor que fosse o sexo, aquele namoro só lhe fazia mal. Mesmo assim ele demorou para tomar coragem de terminar.
Como era de se esperar, o término não durou muito: depois de alguns meses eles se encontraram por acaso em uma festa e voltaram a ficar juntos. Da ficada veio o sexo e daí veio a retomada do namoro. Ela continuava lhe fazendo mal fora da cama e enlouquecendo-o dentro dela.
Foi preciso um terceiro retorno para que ele percebesse que aquilo não poderia lhe fazer bem de nenhuma maneira.
Foi duro abrir mão da alma gêmea sexual, mas ele conseguiu.
Não adiantou muito buscar consolo em outros corpos. A lembrança do dela estava impregnada na sua pele. Ele demorou para se livrar do cheiro dela. Mas ele conseguiu. Ele sofreu mas teve êxito.
Hoje ele sabe que aquela mulher foi importante na vida dele, mas não tem a menor intenção de reviver esse tipo de relacionamento.
Ele aprendeu a preferir uma temperatura menor na cama e um equilíbrio maior fora dela.
Talvez ele tenha aberto mão do que o fazia feliz, mas eu não acredito nisso.
Prefiro pensar que ele conheceu as benesses do inferno e optou pela paz.
É muito mais agradável assim.
Sempre achei que os relacionamentos duradouros eram aqueles em que existia equilíbrio entre os diversos aspectos da vida das pessoas.
Nunca acreditei em casais que tinham apenas uma razão para estarem juntos. Eu tinha plena certeza de que relacionamentos baseados apenas em beleza ou em sexo não tinham muito futuro e acabam se consumindo em um processo meio suicida.
Eu fiquei acreditando nisso até o dia em que um grande amigo me contou a estória que havia vivido com uma ex-namorada. Talvez essa mulher tenha sido uma das grandes paixões desse cara e um dos grandes motivos de desgosto no campo amoroso.
Me lembro que eles se conheceram meio que por acaso em uma boate.
Ela estava visitando uma prima em uma cidade do interior e ele estava com colegas de trabalho em mais um dos intermináveis happy hours.
Parece que não houve muita receptividade no início e talvez isso tenha feito com ele tenha sentido mais vontade de descobrir mais sobre aquela moça de cabelos lisos e perfil romano.
Não demorou muito para que eles acabassem ficando juntos e iniciassem um relacionamento igualmente tórrido e auto-destrutivo.
Parecia que havia alguma conspiração astral em todos os momentos em que eles se encontravam.
Não havia muito tempo para conversas, brigas, balanços da relação ou outras coisas menos prazerosas: o contato da pele deles produzia estragos majestosos e somente o dia seguinte permitia algum tempo para os demais componentes do relacionamento.
Não é de se espantar que os signos deles fossem Escorpião e Touro.
E foi assim, mais a fogo do que a ferro, que eles namoravam e se pegavam.
O problema começou quando ela começou a demonstrar algumas características que não podiam ser identificadas na cama.
O ciúme doentio era a principal delas. Não havia a menor cerimônia para “dar piti” se um cara que ela não gostasse ligasse para o namorado durante um jantar. Nem adiantava dizer que nada havia sido combinado e que o namorado não tinha a menor intenção de sair com o amigo depois de deixá-la em casa. Nada adiantava. Ela era capaz de tomar o telefone da mão dele e falar um monte de barbaridades em plena mesa de restaurante.
Às vezes eles não estavam sozinhos e isso deixava meu amigo ainda mais envergonhado.
Mas se era tão ruim assim, por que eles continuavam juntos?
A resposta é óbvia e já foi mencionada: na cama eles eram feitos um para o outro e isso compensava tudo.
Ao menos compensou durante um bom tempo, até que ele não agüentasse mais a parte ruim do relacionamento. Às vezes ele me dizia que por melhor que fosse o sexo, aquele namoro só lhe fazia mal. Mesmo assim ele demorou para tomar coragem de terminar.
Como era de se esperar, o término não durou muito: depois de alguns meses eles se encontraram por acaso em uma festa e voltaram a ficar juntos. Da ficada veio o sexo e daí veio a retomada do namoro. Ela continuava lhe fazendo mal fora da cama e enlouquecendo-o dentro dela.
Foi preciso um terceiro retorno para que ele percebesse que aquilo não poderia lhe fazer bem de nenhuma maneira.
Foi duro abrir mão da alma gêmea sexual, mas ele conseguiu.
Não adiantou muito buscar consolo em outros corpos. A lembrança do dela estava impregnada na sua pele. Ele demorou para se livrar do cheiro dela. Mas ele conseguiu. Ele sofreu mas teve êxito.
Hoje ele sabe que aquela mulher foi importante na vida dele, mas não tem a menor intenção de reviver esse tipo de relacionamento.
Ele aprendeu a preferir uma temperatura menor na cama e um equilíbrio maior fora dela.
Talvez ele tenha aberto mão do que o fazia feliz, mas eu não acredito nisso.
Prefiro pensar que ele conheceu as benesses do inferno e optou pela paz.
É muito mais agradável assim.
quinta-feira, setembro 11, 2003
Impressões – Parte 5
Nosso primeiro contato com a Costa Azul foi bem ao estilo baiano nagô: nós não chegamos, estreamos.
Ainda hoje não sei se Marselha pode ser considerada parte dessa região maravilhosa, mas como foi a primeira cidade da costa da França que visitamos, achei legal contar um pouco sobre o que eu o Presidente vivemos por lá.
Como de praxe, já chegamos tentando achar o bendito albergue da juventude para largar as malas e as carcaças cansadas de andar de carro.
Não demorou muito para que achássemos o lugar e estranhássemos o camping improvisado no terreno ao lado do albergue. Podíamos ver pelos menos três barracas em um lugar originalmente reservado para carros ou piqueniques. Era esquisito ver as pessoas escovando os dentes em pé e sem água e depois entrando no prédio para pegar sabonete ou alguma outra coisa igualmente básica.
Por menos sofisticada que fosse a nossa rotina naquele momento, ainda mantínhamos o gosto por um banheiro limpo e por uma cama sem cheiros suspeitos. Nem sentimos muita vontade de descobrir o estilo de decoração daqueles barbudos desencanados.
Sinto que nossas mentes não estavam preparadas para algo tão original.
Depois do banho restaurador resolvemos nos arriscar pelas ruas da cidade.
Não sei se foi a visão dos barbudos das barracas ou se foi a vontade seguir viagem, mas Marselha nos deixou meio de bode. Andamos durante um bom tempo em um calçadão à beira mar e logo sentimos vontade de comer alguma coisa e restar um bom tempo.
Nem sentimos vontade de conhecer algum boteco ou de confraternizar com a galera feminina do lugar: nossas camas nos receberam quase que imediatamente e só voltamos a lembrar onde estávamos no dia seguinte.
O café da manhã do albergue não era nada para deixar lembranças e acabamos resolvendo ir embora logo depois. Não conhecemos nenhuma atração da cidade e botamos o pé na estrada de novo. Nosso destino final era Nice e não sabíamos direito o que encontraríamos no caminho.
Foi uma grata surpresa encontrar aquele monte de pequenos balneários, cheios de gente endinheirada e com praias onde o nudismo era prática comum. Obviamente nossas criações latino-católicas não nos permitiram entrar na dança, mas até que nos divertimos com aquelas branquelas colocando e tirando os biquínis na frente de todo mundo.
Saint Tropez foi o primeiro lugar onde vi um Dodge Viper ao vivo. Parece que aquele monstro da indústria americana também fazia a cabeça dos presentes já que o dono do bólido cobrava bem caro para deixar os turistas darem um passeio naquela máquina barulhenta e maravilhosa.
Não sei bem se foi o cansaço ou a falta de paciência, mas bastou chegarmos em Nice para pararmos no primeiro hotel que nos pareceu decente para jogar as malas fora.
Nós até que tentamos encontrar o albergue local, mas depois de nos perdermos um monte, achamos melhor parar naquele hotelzinho simpático, com a entrada recuada e fomos recebidos por uma velhinha igualmente simpática.
Nosso hotel ficava a uns cinco minutos de caminhada de um calçadão enorme e resolvemos curtir aquela paisagem deixando o carro um pouco parado.
O pouco que sabíamos de Nice era que Monte Carlo estava bem pertinho.
As lembranças das corridas de Fórmula 1 e do Cassino nos fizeram ir e vir daquele principado esnobe um monte de vezes. Foi lá que encaramos um monte de mulheres de top less, o túnel onde o Senna e o Piquet voavam, as moças de preto que “fazem companhia” para os apostadores do cassino e a “plantação” de Ferraris. Nunca vi tantas “machinas” num mesmo lugar e, claro, aproveitei para tirar uma casquinha.
Uma coisa engraçada era a reação dos turistas a uma Lamborghini Diablo que estava parada em frente ao cassino. Acho que por terem muita quantidade, as Ferraris não causavam tanto frissom quanto aquele enorme carro preto. Um monte de gente quis tirar fotos ao lado do bicho e acho que muitas mulheres ficaram se perguntando o que aquela lata velha tinha que elas não tinham.
Ficamos no eixo Nice-Monte Carlo durante uns dois ou três dias.
Não me lembro bem o que queríamos com tantas idas e vindas, mas sei que foi muito lugar viver uma rotina perrengue em um lugar tão sofisticado.
Assim como a gente ria da sofusticação besta, a cidade ria do nosso improviso.
Foi uma troca justa e agradável para todos.
Para nós foi ainda melhor já que acabamos ganhando dinheiro no caça-níqueis e pagamos a entrada para o cassino.
Deixamos a costa azul meio sem rumo.
Sabíamos que a Itália estava à frente, mas não tínhamos planos de explorar a terra da pizza.
Queríamos chegar à Suíça e à neve. Tínhamos intenção de gelar os narizes um pouco mais.
Mas sobre isso só vou falar no próximo episódio.
Nosso primeiro contato com a Costa Azul foi bem ao estilo baiano nagô: nós não chegamos, estreamos.
Ainda hoje não sei se Marselha pode ser considerada parte dessa região maravilhosa, mas como foi a primeira cidade da costa da França que visitamos, achei legal contar um pouco sobre o que eu o Presidente vivemos por lá.
Como de praxe, já chegamos tentando achar o bendito albergue da juventude para largar as malas e as carcaças cansadas de andar de carro.
Não demorou muito para que achássemos o lugar e estranhássemos o camping improvisado no terreno ao lado do albergue. Podíamos ver pelos menos três barracas em um lugar originalmente reservado para carros ou piqueniques. Era esquisito ver as pessoas escovando os dentes em pé e sem água e depois entrando no prédio para pegar sabonete ou alguma outra coisa igualmente básica.
Por menos sofisticada que fosse a nossa rotina naquele momento, ainda mantínhamos o gosto por um banheiro limpo e por uma cama sem cheiros suspeitos. Nem sentimos muita vontade de descobrir o estilo de decoração daqueles barbudos desencanados.
Sinto que nossas mentes não estavam preparadas para algo tão original.
Depois do banho restaurador resolvemos nos arriscar pelas ruas da cidade.
Não sei se foi a visão dos barbudos das barracas ou se foi a vontade seguir viagem, mas Marselha nos deixou meio de bode. Andamos durante um bom tempo em um calçadão à beira mar e logo sentimos vontade de comer alguma coisa e restar um bom tempo.
Nem sentimos vontade de conhecer algum boteco ou de confraternizar com a galera feminina do lugar: nossas camas nos receberam quase que imediatamente e só voltamos a lembrar onde estávamos no dia seguinte.
O café da manhã do albergue não era nada para deixar lembranças e acabamos resolvendo ir embora logo depois. Não conhecemos nenhuma atração da cidade e botamos o pé na estrada de novo. Nosso destino final era Nice e não sabíamos direito o que encontraríamos no caminho.
Foi uma grata surpresa encontrar aquele monte de pequenos balneários, cheios de gente endinheirada e com praias onde o nudismo era prática comum. Obviamente nossas criações latino-católicas não nos permitiram entrar na dança, mas até que nos divertimos com aquelas branquelas colocando e tirando os biquínis na frente de todo mundo.
Saint Tropez foi o primeiro lugar onde vi um Dodge Viper ao vivo. Parece que aquele monstro da indústria americana também fazia a cabeça dos presentes já que o dono do bólido cobrava bem caro para deixar os turistas darem um passeio naquela máquina barulhenta e maravilhosa.
Não sei bem se foi o cansaço ou a falta de paciência, mas bastou chegarmos em Nice para pararmos no primeiro hotel que nos pareceu decente para jogar as malas fora.
Nós até que tentamos encontrar o albergue local, mas depois de nos perdermos um monte, achamos melhor parar naquele hotelzinho simpático, com a entrada recuada e fomos recebidos por uma velhinha igualmente simpática.
Nosso hotel ficava a uns cinco minutos de caminhada de um calçadão enorme e resolvemos curtir aquela paisagem deixando o carro um pouco parado.
O pouco que sabíamos de Nice era que Monte Carlo estava bem pertinho.
As lembranças das corridas de Fórmula 1 e do Cassino nos fizeram ir e vir daquele principado esnobe um monte de vezes. Foi lá que encaramos um monte de mulheres de top less, o túnel onde o Senna e o Piquet voavam, as moças de preto que “fazem companhia” para os apostadores do cassino e a “plantação” de Ferraris. Nunca vi tantas “machinas” num mesmo lugar e, claro, aproveitei para tirar uma casquinha.
Uma coisa engraçada era a reação dos turistas a uma Lamborghini Diablo que estava parada em frente ao cassino. Acho que por terem muita quantidade, as Ferraris não causavam tanto frissom quanto aquele enorme carro preto. Um monte de gente quis tirar fotos ao lado do bicho e acho que muitas mulheres ficaram se perguntando o que aquela lata velha tinha que elas não tinham.
Ficamos no eixo Nice-Monte Carlo durante uns dois ou três dias.
Não me lembro bem o que queríamos com tantas idas e vindas, mas sei que foi muito lugar viver uma rotina perrengue em um lugar tão sofisticado.
Assim como a gente ria da sofusticação besta, a cidade ria do nosso improviso.
Foi uma troca justa e agradável para todos.
Para nós foi ainda melhor já que acabamos ganhando dinheiro no caça-níqueis e pagamos a entrada para o cassino.
Deixamos a costa azul meio sem rumo.
Sabíamos que a Itália estava à frente, mas não tínhamos planos de explorar a terra da pizza.
Queríamos chegar à Suíça e à neve. Tínhamos intenção de gelar os narizes um pouco mais.
Mas sobre isso só vou falar no próximo episódio.
quarta-feira, setembro 10, 2003
Desgosto por mudanças
Outro dia uma amiga jogou tarô para mim.
Antes que algum engraçadinho venha com brincadeiras infames, vale a pena dizer que isso não tem nada a ver com arremesso de objetos de qualquer natureza.
O que ela fez foi me pedir para escolher três cartas que me pareciam as mais agradáveis e outras três que me incomodavam de forma especial. Não me lembro bem quantas cartas havia no total, mas posso garantir que não houve muito tempo para fazer algo além de olhar as figuras.
Nas cartas que me agradavam não houve muita novidade: ela me disse que eu era um cara que apreciava muito a companhia da família e de amigos, que não me deixava abater (muito) pelos contratempos da vida e que era muito focado no bom resultado, sem deixar as dificuldades diminuírem meu entusiasmo.
Isso é mais ou menos como me sinto atualmente e por isso a interpretação me pareceu muito correta.
O caldo entornou quando ela falou sobre as cartas ruins.
Nelas estava “escrito” que eu detesto mudanças, detesto abandonar o conforto de uma situação para me arriscar em outra e me sinto muito preso a coisas que não demandem muita coragem para serem encaradas. Em poucas palavras: sou um quase bundão.
Apesar de não ficado exatamente feliz com o que ouvi, não pude deixar de concordar com algumas coisas.
Eu realmente não gosto de mudar meu jeito confortável de ser e viver. Fico incomodado quando percebo que aquele não é o melhor jeito de fazer alguma coisa e até irritado quando essa percepção vem de outra pessoa. Tenho a tendência de achar que tenho boas justificativas internas para fazer as coisas ou para agir de certa maneira e por isso não vejo razão para mudar.
Nem com relacionamentos falidos eu consigo agir diferente: sempre são elas que me chutam!!
Infelizmente para o meu ego, essa atitude tende a ser incorreta, quando não suicida.
Não há como se dar bem na vida sem mudar algumas vezes com o passar do tempo. Não existe ninguém perfeito – a não ser o futebol do Zidane – e quem não se adapta tende a sofrer “praca".
Quis falar um pouco de mudança por que acabei de passar por uma: depois de muitos anos morando em casas alugadas (duas), finalmente conseguimos um canto só nosso para jogar as tralhas e colocar a nossa cara em cada rejunte de azulejo.
Este lugar é nosso, mas viver bem com isso vai demandar muita mudança em todos nós.
Já comecei meu doloroso processo mental de convencimento e finalmente decidi me livrar de coisas que venho “colecionando” há muitos anos. Não é nada fácil ver tanta coisa que conta uma parte da minha vida indo embora, mas não posso ir contra o princípio físico: ou ficam as coisas ou fico eu.
Como ainda não decidi abandonar o mundo mundano e abraçar alguma causa eremita ou espiritual, resolvi organizar minhas tranqueiras e tentar tirar algum benefício da faxina geral.
Essa faxina vai ser mais ou menos como a limpeza sentimental que fiz há alguns anos.
Foi muito duro eliminar os telefones que me traziam conforto e companhia, mas tive que fazer isso para me exorcizar e me renovar.
Não gostei, mas tive que fazer. Foi mais por sobrevivência do que por vontade.
Voltando ao tarot...
Apesar de confiar na pessoa que interpretou as cartas, acho que ela acabou usando um pouco o que sabia de mim para dar o veredito. Não deve ser tão difícil perceber que mudanças me incomodam e que luto para sair do meu conforto.
Talvez essa seja a maior mudança a ser feita.
Outro dia uma amiga jogou tarô para mim.
Antes que algum engraçadinho venha com brincadeiras infames, vale a pena dizer que isso não tem nada a ver com arremesso de objetos de qualquer natureza.
O que ela fez foi me pedir para escolher três cartas que me pareciam as mais agradáveis e outras três que me incomodavam de forma especial. Não me lembro bem quantas cartas havia no total, mas posso garantir que não houve muito tempo para fazer algo além de olhar as figuras.
Nas cartas que me agradavam não houve muita novidade: ela me disse que eu era um cara que apreciava muito a companhia da família e de amigos, que não me deixava abater (muito) pelos contratempos da vida e que era muito focado no bom resultado, sem deixar as dificuldades diminuírem meu entusiasmo.
Isso é mais ou menos como me sinto atualmente e por isso a interpretação me pareceu muito correta.
O caldo entornou quando ela falou sobre as cartas ruins.
Nelas estava “escrito” que eu detesto mudanças, detesto abandonar o conforto de uma situação para me arriscar em outra e me sinto muito preso a coisas que não demandem muita coragem para serem encaradas. Em poucas palavras: sou um quase bundão.
Apesar de não ficado exatamente feliz com o que ouvi, não pude deixar de concordar com algumas coisas.
Eu realmente não gosto de mudar meu jeito confortável de ser e viver. Fico incomodado quando percebo que aquele não é o melhor jeito de fazer alguma coisa e até irritado quando essa percepção vem de outra pessoa. Tenho a tendência de achar que tenho boas justificativas internas para fazer as coisas ou para agir de certa maneira e por isso não vejo razão para mudar.
Nem com relacionamentos falidos eu consigo agir diferente: sempre são elas que me chutam!!
Infelizmente para o meu ego, essa atitude tende a ser incorreta, quando não suicida.
Não há como se dar bem na vida sem mudar algumas vezes com o passar do tempo. Não existe ninguém perfeito – a não ser o futebol do Zidane – e quem não se adapta tende a sofrer “praca".
Quis falar um pouco de mudança por que acabei de passar por uma: depois de muitos anos morando em casas alugadas (duas), finalmente conseguimos um canto só nosso para jogar as tralhas e colocar a nossa cara em cada rejunte de azulejo.
Este lugar é nosso, mas viver bem com isso vai demandar muita mudança em todos nós.
Já comecei meu doloroso processo mental de convencimento e finalmente decidi me livrar de coisas que venho “colecionando” há muitos anos. Não é nada fácil ver tanta coisa que conta uma parte da minha vida indo embora, mas não posso ir contra o princípio físico: ou ficam as coisas ou fico eu.
Como ainda não decidi abandonar o mundo mundano e abraçar alguma causa eremita ou espiritual, resolvi organizar minhas tranqueiras e tentar tirar algum benefício da faxina geral.
Essa faxina vai ser mais ou menos como a limpeza sentimental que fiz há alguns anos.
Foi muito duro eliminar os telefones que me traziam conforto e companhia, mas tive que fazer isso para me exorcizar e me renovar.
Não gostei, mas tive que fazer. Foi mais por sobrevivência do que por vontade.
Voltando ao tarot...
Apesar de confiar na pessoa que interpretou as cartas, acho que ela acabou usando um pouco o que sabia de mim para dar o veredito. Não deve ser tão difícil perceber que mudanças me incomodam e que luto para sair do meu conforto.
Talvez essa seja a maior mudança a ser feita.
terça-feira, setembro 09, 2003
Cara de sono
A gente se encontrou pela primeira vez em uma casa alugada na paradisíaca Bombinhas.
Antes de falar da nossa “primeira vez”, vale a pena dizer que no final de 96, a região de Bombas era povoada quase que só por “catarinos”, “curitibocas” e outros tipos de paranaenses. Ainda não dava para saber que a paulistada baixaria em peso, com seus carros rebaixados, pranchas zeradas e apetite só matado por beijos com o sotaque cantado do litoral.
Ela estava com mais duas amigas na casa: a ex-namorada (e futura esposa) de um grande amigo e uma loira maravilhosa que trabalhava na TV e que assombrou meus sonhos durante um bom tempo.
Na verdade, a loira ainda não havia chegado quando invadimos a casa às 9 da manhã.
Por mais horrendo que possa parecer, tínhamos um ótimo motivo para o desespero: o lugar onde iríamos ficar ainda não estava liberado e teríamos que voltar a Blumenau se não contássemos com a caridade daquelas moças sonadas e simpáticas.
Até hoje me lembro do inchaço dos olhos daquela estudante de direito. Ela é do tipo que paga para não sair da cama e a nossa chegada havia soado quase como um sacrilégio.
Ela se esforçou muito para ser simpática com aqueles malas e graças a Deus conseguiu com louvor.
Apesar do início traumático, aquele Reveillon se transformou em um dos melhores da minha - até agora – breve passagem por esta bolinha de terra e porcarias.
Enquanto estivemos hospedados com elas curtimos cozinhas coletivas (as toneladas de camarão no bafo foram inesquecíveis), degustação de fermentados (secamos inúmeras latas de cevada), conversas sobre relacionamentos (excetuando o ex e futuro casal, nada aconteceu entre os demais convivas) e muitas noites de felicidade e relaxamento.
A noite da virada rolou na casa onde ficamos depois as deixamos. Seguramente as três eram as mais bonitas da noite e só a minha tradicional lerdeza hormonal pode explicar por que não me aproximei de nenhuma delas.
Como já me foi bem peculiar, eu fiquei fazendo o papel de amiguinho e de alegria da festa e deixei que outros, muito mais espertos, colhessem os frutos dos fartos sorrisos femininos que despertei.
Mas não tem nada. Afinal de contas, alguém tem que trabalhar neste país, né?
Só não entendi por que tinha que ser justo eu!!
Depois daquele Reveillon a gente construiu uma amizade muito próxima, apesar da existência da Régis Bittencourt (ou BR116, para o resto do país) nos impedindo de tomar uns chopes no sábado à tarde e pegar um cineminha no domingo à noite.
Foram dezenas de cartas trocadas, fotos mandadas e telefonemas prometidos. Nem mesmo a temporada espanhola fez com que a gente sumisse da vida do outro.
Acho que a gente criou uma relação de carinho quase sanguíneo. Não era tão próxima para que a gente se tratasse como irmãos, mas era especial de alguma maneira.
Acho que poderíamos nos considerar primos por afinidade. Primos de sangue, já que nenhum de nós é amador!!
Recentemente fiquei sabendo que ela abandonou a capital ecológica para tentar a sorte no Brasil Central. Apesar do delay das notícias, fiquei muito feliz com as novidades e já fiz meus apelos aos meus representantes na comissão técnica do céu.
Espero que tudo dê muito certo para essa moça de sotaque cantado, jeito de ser marcante e sorriso de criança.
E espero também que algum tipo de monção a traga para estas bandas para que eu possa matar a saudade de abraços e poder curtir de novo aquele bom humor que não fica nada a dever aos ingleses.
“BeiJus mil pra vc!!”
A gente se encontrou pela primeira vez em uma casa alugada na paradisíaca Bombinhas.
Antes de falar da nossa “primeira vez”, vale a pena dizer que no final de 96, a região de Bombas era povoada quase que só por “catarinos”, “curitibocas” e outros tipos de paranaenses. Ainda não dava para saber que a paulistada baixaria em peso, com seus carros rebaixados, pranchas zeradas e apetite só matado por beijos com o sotaque cantado do litoral.
Ela estava com mais duas amigas na casa: a ex-namorada (e futura esposa) de um grande amigo e uma loira maravilhosa que trabalhava na TV e que assombrou meus sonhos durante um bom tempo.
Na verdade, a loira ainda não havia chegado quando invadimos a casa às 9 da manhã.
Por mais horrendo que possa parecer, tínhamos um ótimo motivo para o desespero: o lugar onde iríamos ficar ainda não estava liberado e teríamos que voltar a Blumenau se não contássemos com a caridade daquelas moças sonadas e simpáticas.
Até hoje me lembro do inchaço dos olhos daquela estudante de direito. Ela é do tipo que paga para não sair da cama e a nossa chegada havia soado quase como um sacrilégio.
Ela se esforçou muito para ser simpática com aqueles malas e graças a Deus conseguiu com louvor.
Apesar do início traumático, aquele Reveillon se transformou em um dos melhores da minha - até agora – breve passagem por esta bolinha de terra e porcarias.
Enquanto estivemos hospedados com elas curtimos cozinhas coletivas (as toneladas de camarão no bafo foram inesquecíveis), degustação de fermentados (secamos inúmeras latas de cevada), conversas sobre relacionamentos (excetuando o ex e futuro casal, nada aconteceu entre os demais convivas) e muitas noites de felicidade e relaxamento.
A noite da virada rolou na casa onde ficamos depois as deixamos. Seguramente as três eram as mais bonitas da noite e só a minha tradicional lerdeza hormonal pode explicar por que não me aproximei de nenhuma delas.
Como já me foi bem peculiar, eu fiquei fazendo o papel de amiguinho e de alegria da festa e deixei que outros, muito mais espertos, colhessem os frutos dos fartos sorrisos femininos que despertei.
Mas não tem nada. Afinal de contas, alguém tem que trabalhar neste país, né?
Só não entendi por que tinha que ser justo eu!!
Depois daquele Reveillon a gente construiu uma amizade muito próxima, apesar da existência da Régis Bittencourt (ou BR116, para o resto do país) nos impedindo de tomar uns chopes no sábado à tarde e pegar um cineminha no domingo à noite.
Foram dezenas de cartas trocadas, fotos mandadas e telefonemas prometidos. Nem mesmo a temporada espanhola fez com que a gente sumisse da vida do outro.
Acho que a gente criou uma relação de carinho quase sanguíneo. Não era tão próxima para que a gente se tratasse como irmãos, mas era especial de alguma maneira.
Acho que poderíamos nos considerar primos por afinidade. Primos de sangue, já que nenhum de nós é amador!!
Recentemente fiquei sabendo que ela abandonou a capital ecológica para tentar a sorte no Brasil Central. Apesar do delay das notícias, fiquei muito feliz com as novidades e já fiz meus apelos aos meus representantes na comissão técnica do céu.
Espero que tudo dê muito certo para essa moça de sotaque cantado, jeito de ser marcante e sorriso de criança.
E espero também que algum tipo de monção a traga para estas bandas para que eu possa matar a saudade de abraços e poder curtir de novo aquele bom humor que não fica nada a dever aos ingleses.
“BeiJus mil pra vc!!”
segunda-feira, setembro 08, 2003
The one
Ontem eu estava tentando fazer um pouco de exercício na academia.
A idéia era fazer musculação para desenferrujar a carcaça, mas a Natasha apareceu na TV e minha concentração foi por água abaixo.
A moça em questão é a Natasha Henstridge, uma atriz americana “fedida” de tão bonita.
A “magreza com curvas” dela faz muito o meu tipo e não consegui tirar os olhos da TV nos intervalos dos exercícios. Às vezes eu até demorava mais para passar de um aparelho para o outro só para poder olhar um pouco mais para ela.
Não bastasse a atração irresistível daqueles olhos claros, a “danada” ainda estava de cabelos curtinhos e cuidadosamente caídos sobre o rosto. Assim não dá!!!
Depois de algum tempo, eu consegui me desviar da Natasha e passei a prestar um pouco de atenção à estória. Isso não foi tarefa das mais fáceis já que a TV estava muda e eu só podia acompanhar o filme através das cenas e das legendas.
Mesmo na base da mímica, consegui descobrir que o filme contava a estória de um casal que se encontra por acaso durante os preparativos para o casamento de ambos. Para que fique bem claro, eles iriam se casar com outras pessoas e não entre si.
Nem é preciso muita imaginação para saber que no final do filme eles acabam juntos, à despeito dos contratempos. E dos casamentos!!
Até aí, pouca novidade.
O que me fez querer escrever sobre o filme foi a idéia de termos alguém destinado a ficar conosco como grande amor da vida. Nem vou mencionar a eternidade da relação para não parecer irreal demais, mas curti muito a idéia de destinos entrelaçados.
Fiquei meio chapado ao pensar que pode não adiantar ter milhares de relacionamentos se alguém da comissão técnica do céu estiver a fim que fiquemos com aquela magrelinha do primário ou com aquele recepcionista chato e babão. Se estiver escrito, danou-se!!
No filme o cara acabou desistindo do casamento e se afastando da Natasha.
Ela fez mais ou menos o mesmo, mas só descobriu o que tinha acontecido depois de ler um livro que ele havia escrito. O livro era a estória dos cinco dias que eles passaram correndo atrás dos preparativos para os casamentos e como aquilo havia mudado a vida dele.
A vida dela também havia se ficado de cabeça para baixo, mas ele não tinha como saber.
Foi o acaso que a trouxe de volta à vida dele. Foi a vontade de ficar perto dela - mesmo que isso signifique se contentar com a lembrança de alguns dias e nenhum beijo – que o fez acreditar no destino e “deixar um recado” no livro.
Nunca vivi uma estória tão comandada pelo destino.
Apesar dele ter colaborado bastante para me aproximar das Minas Gerais, acho que tenho feito a minha parte direitinho.
Mesmo que não exista muita lógica para que nossos destinos tenham se cruzado, o fato é que entrei na vida dela e não tenho a menor intenção de sair. Nem que ela queira.
Se isso é destino, não sei.
Só posso garantir que é bom. E que vai durar até quando Vinícius quiser,
Ontem eu estava tentando fazer um pouco de exercício na academia.
A idéia era fazer musculação para desenferrujar a carcaça, mas a Natasha apareceu na TV e minha concentração foi por água abaixo.
A moça em questão é a Natasha Henstridge, uma atriz americana “fedida” de tão bonita.
A “magreza com curvas” dela faz muito o meu tipo e não consegui tirar os olhos da TV nos intervalos dos exercícios. Às vezes eu até demorava mais para passar de um aparelho para o outro só para poder olhar um pouco mais para ela.
Não bastasse a atração irresistível daqueles olhos claros, a “danada” ainda estava de cabelos curtinhos e cuidadosamente caídos sobre o rosto. Assim não dá!!!
Depois de algum tempo, eu consegui me desviar da Natasha e passei a prestar um pouco de atenção à estória. Isso não foi tarefa das mais fáceis já que a TV estava muda e eu só podia acompanhar o filme através das cenas e das legendas.
Mesmo na base da mímica, consegui descobrir que o filme contava a estória de um casal que se encontra por acaso durante os preparativos para o casamento de ambos. Para que fique bem claro, eles iriam se casar com outras pessoas e não entre si.
Nem é preciso muita imaginação para saber que no final do filme eles acabam juntos, à despeito dos contratempos. E dos casamentos!!
Até aí, pouca novidade.
O que me fez querer escrever sobre o filme foi a idéia de termos alguém destinado a ficar conosco como grande amor da vida. Nem vou mencionar a eternidade da relação para não parecer irreal demais, mas curti muito a idéia de destinos entrelaçados.
Fiquei meio chapado ao pensar que pode não adiantar ter milhares de relacionamentos se alguém da comissão técnica do céu estiver a fim que fiquemos com aquela magrelinha do primário ou com aquele recepcionista chato e babão. Se estiver escrito, danou-se!!
No filme o cara acabou desistindo do casamento e se afastando da Natasha.
Ela fez mais ou menos o mesmo, mas só descobriu o que tinha acontecido depois de ler um livro que ele havia escrito. O livro era a estória dos cinco dias que eles passaram correndo atrás dos preparativos para os casamentos e como aquilo havia mudado a vida dele.
A vida dela também havia se ficado de cabeça para baixo, mas ele não tinha como saber.
Foi o acaso que a trouxe de volta à vida dele. Foi a vontade de ficar perto dela - mesmo que isso signifique se contentar com a lembrança de alguns dias e nenhum beijo – que o fez acreditar no destino e “deixar um recado” no livro.
Nunca vivi uma estória tão comandada pelo destino.
Apesar dele ter colaborado bastante para me aproximar das Minas Gerais, acho que tenho feito a minha parte direitinho.
Mesmo que não exista muita lógica para que nossos destinos tenham se cruzado, o fato é que entrei na vida dela e não tenho a menor intenção de sair. Nem que ela queira.
Se isso é destino, não sei.
Só posso garantir que é bom. E que vai durar até quando Vinícius quiser,
quarta-feira, setembro 03, 2003
Coisas mal resolvidas
Pensando um pouco no grau de amizade que tenho hoje com o Presidente, é curioso imaginar que a gente tenha ficado afastado durante um bom par de anos.
Hoje nós somos quase como irmãos, mas houve uma época em que passávamos meses sem nos falar e anos sem nos encontrar. Vai entender.
O afastamento começou quando saí da empresa em que trabalhávamos. Na verdade, a gente se conheceu nessa empresa quando éramos estagiários e voltamos a trabalhar lá depois da aventura européia.
Enquanto eu procurava outro emprego, o Presidente começou a ser enviado em viagens de trabalho e a assumir maiores responsabilidades na empresa.
Um dos resultados mais imediatos disso foi um longo período passado em Araraquara. Ele foi para lá com uma equipe e só voltava de vez em quando para que a mãe não se esquecesse do seu rosto e para que o pai parasse um pouco de reclamar.
Era natural que a gente se afastasse um pouco.
A rotina do interior era “dura”: trabalho até as 18:00, hotel, banho, balada, birita e muita, mas muita mulher. Um dos caras que passou essa temporada com ele é uma figura extremamente peculiar que sempre rende assunto para as conversas de boteco.
Uma das passagens mais engraçadas que envolve os dois diz respeito a uma certa “troca” de favores.
Pelo que me lembro, eles conheceram duas meninas em uma boate da região e acabaram se dando muito bem com elas. Na verdade, parece que o interesse inicial deles estava trocado e meu amigo acabou “cedendo a vez” para o outro.
O grande problema é que o estrago já havia sido feito e a retirada estratégica do meu amigo acabou deixando uma “pulguinha” atrás da bela orelha daquela loira com nome russo e olhos profundamente azuis.
O resultado da troca acabou sendo bom para o Presidente. A outra menina era um espetáculo de beleza e só foi “trocada” por que não estava curtindo o jeito meio cafajeste do outro cara.
O Presidente agiu naturalmente e ganhou a parada com facilidade.
Tempos depois, quando já havíamos nos reencontrado e matado a saudade à custa de milhares de células hepáticas, o Presidente me contou que a estória com a outra loirinha não havia sido resolvida.
Segundo ele, esse tipo de estória só acaba quando termina.
É mais ou menos como naquela música do Lenny Kravitz: não adianta parecer que terminou, tem que terminar de verdade.
Não é preciso um exercício muito complicado de imaginação para saber o final real dessa estória.
Na verdade, eu testemunhei a tal “resolução”: nós fomos para o interior, ele ficou com ela, nós voltamos para Sampa e eles não demoraram muito para perder o contato.
Foi uma coisa quase matemática. Cármica até: assim que a pendência foi resolvida, ambos puderam “descansar”.
Depois desse episódio, passei a dar muito valor aos “ensinamentos” do Presidente e a acreditar que, por mais improváveis que pareçam, it ain’t over ‘til it’s over.
Pensando um pouco no grau de amizade que tenho hoje com o Presidente, é curioso imaginar que a gente tenha ficado afastado durante um bom par de anos.
Hoje nós somos quase como irmãos, mas houve uma época em que passávamos meses sem nos falar e anos sem nos encontrar. Vai entender.
O afastamento começou quando saí da empresa em que trabalhávamos. Na verdade, a gente se conheceu nessa empresa quando éramos estagiários e voltamos a trabalhar lá depois da aventura européia.
Enquanto eu procurava outro emprego, o Presidente começou a ser enviado em viagens de trabalho e a assumir maiores responsabilidades na empresa.
Um dos resultados mais imediatos disso foi um longo período passado em Araraquara. Ele foi para lá com uma equipe e só voltava de vez em quando para que a mãe não se esquecesse do seu rosto e para que o pai parasse um pouco de reclamar.
Era natural que a gente se afastasse um pouco.
A rotina do interior era “dura”: trabalho até as 18:00, hotel, banho, balada, birita e muita, mas muita mulher. Um dos caras que passou essa temporada com ele é uma figura extremamente peculiar que sempre rende assunto para as conversas de boteco.
Uma das passagens mais engraçadas que envolve os dois diz respeito a uma certa “troca” de favores.
Pelo que me lembro, eles conheceram duas meninas em uma boate da região e acabaram se dando muito bem com elas. Na verdade, parece que o interesse inicial deles estava trocado e meu amigo acabou “cedendo a vez” para o outro.
O grande problema é que o estrago já havia sido feito e a retirada estratégica do meu amigo acabou deixando uma “pulguinha” atrás da bela orelha daquela loira com nome russo e olhos profundamente azuis.
O resultado da troca acabou sendo bom para o Presidente. A outra menina era um espetáculo de beleza e só foi “trocada” por que não estava curtindo o jeito meio cafajeste do outro cara.
O Presidente agiu naturalmente e ganhou a parada com facilidade.
Tempos depois, quando já havíamos nos reencontrado e matado a saudade à custa de milhares de células hepáticas, o Presidente me contou que a estória com a outra loirinha não havia sido resolvida.
Segundo ele, esse tipo de estória só acaba quando termina.
É mais ou menos como naquela música do Lenny Kravitz: não adianta parecer que terminou, tem que terminar de verdade.
Não é preciso um exercício muito complicado de imaginação para saber o final real dessa estória.
Na verdade, eu testemunhei a tal “resolução”: nós fomos para o interior, ele ficou com ela, nós voltamos para Sampa e eles não demoraram muito para perder o contato.
Foi uma coisa quase matemática. Cármica até: assim que a pendência foi resolvida, ambos puderam “descansar”.
Depois desse episódio, passei a dar muito valor aos “ensinamentos” do Presidente e a acreditar que, por mais improváveis que pareçam, it ain’t over ‘til it’s over.
terça-feira, setembro 02, 2003
Não era a hora
A gente se conheceu no curso de italiano.
Eu havia começado aquele curso para me sentir mais próximo da Romana que não tive e foi durante o primeiro estágio que acabei ficando sozinho depois de mais de três anos. Uma coisa não teve muito a ver com a outra, mas o resultado não foi dos melhores em termos sentimentais.
Diferente das cores do meu passado, ela tinha cabelos pretos e encaracolados.
A pele branca contrastava de um jeito elegante com as roupas escuras que teimava em usar.
Sempre era possível sentir um perfume leve e gostoso quando eu a cumprimentava ou simplesmente quando a gente se cruzava nos corredores do Instituto.
Ela sonhava em morar na Itália, casar e ter filhos. Eu só queria arrumar a bagunça da minha sentimental e sentir aquele cheiro mais de perto.
Começamos a sair meio sem querer: marcamos de ver “Caro Diário” do Nanni Moretti no Cinearte e depois fomos tomar um suco ou algo assim.
Até hoje me lembro da obsessão que ela tinha com coisas da Itália: durante boa parte do filme ela ficou anotando expressões que pareciam interessantes e usuais. Tudo isso no escuro do cinema!!
Mesmo com esse jeito meio complicado de ser, eu fiquei muito a fim dela e tentei transformar isso em “algo mais”. Saímos algumas vezes e nos aproximamos cada vez mais. Não sei bem por que ela não foi minha, mas o fato é que não foi.
Nos afastamos e reaproximamos várias vezes depois que ela deixou o curso.
Cheguei até perto do desejado beijo inaugural, mas meu timing estava errado: ela estava de partida para uma temporada na Itália e não queria deixar “pendências” por aqui. Foi quase como ouvir que ela preferia a minha amizade.
Foi mais ou menos isso que aconteceu com aquela moça mestiça que havia cometido o desvario de ter gostado de um curso de engenharia.
Ele veio trabalhar no meu setor quando eu já estava enrolado com a secretária (que era noiva). Não que houvesse qualquer pretensão da minha parte já que ela morava com o namorado há bastante tempo.
Exatamente por conta dos nossos “relacionamentos” (as aspas dizem respeito só ao meu lado), nunca rolou nenhum clima e nem cantadas explícitas.
A única coisa que dava pinta do potencial que existia era a mania de elogiar alguns detalhes da minha personalidade.
Como ela não estava sozinha, eu nunca me importei com isso e sempre achei que ela fosse educada e gentil.
Esta segunda estória também tem uma viagem no meio. A diferença foi a distância: ela e o namorado foram morar na Austrália e correr atrás do futuro em um país um pouco mais “civilizado” (estas aspas são por conta deles).
Tempos depois fiquei sabendo que eles haviam terminado e que o namorado havia voltado para o Patropi. Não sei a razão certa disso, mas acredito que tenho algo a ver com a diferença de sonhos: estar em Sydney ela o sonho dela e ele se esforçou para acompanhá-la. Infelizmente não deu.
O “tapa” que levei dessa moça foi dado via Internet.
A gente conversava com certa freqüência pela rede e certa vez ela soltou que me achava “o cara” e que só não tinha ficado comigo por conta da viagem.
Fiquei meio baratinado com esse papo: ela não deixou de ficar comigo por que estava namorando, mas sim por que a gente não ficaria muito tempo junto antes da sua viagem.
Nem preciso dizer que essa revelação não me fez bem. Eu não precisava saber que era o namorado ideal de alguém que não quis trocar o amor pelo sonho.
Prefiro pensar que amor e sonho podem caminhar juntos.
Hoje não tenho notícias de nenhuma das duas.
A “italiana” se mudou em definitivo para Milão, casou, teve duas filhas e deixou de me mandar cartas depois que descobriu a Internet e passou a viver problemas com o marido.
A “australiana” sumiu de vez depois de me contar que estava morando novamente com alguém. Ela tinha o hábito de morar com namorados.
Torço pelos sonhos de ambas. E pelo meu também.
Mas disso eu estou cuidando um pouquinho a cada dia.
A gente se conheceu no curso de italiano.
Eu havia começado aquele curso para me sentir mais próximo da Romana que não tive e foi durante o primeiro estágio que acabei ficando sozinho depois de mais de três anos. Uma coisa não teve muito a ver com a outra, mas o resultado não foi dos melhores em termos sentimentais.
Diferente das cores do meu passado, ela tinha cabelos pretos e encaracolados.
A pele branca contrastava de um jeito elegante com as roupas escuras que teimava em usar.
Sempre era possível sentir um perfume leve e gostoso quando eu a cumprimentava ou simplesmente quando a gente se cruzava nos corredores do Instituto.
Ela sonhava em morar na Itália, casar e ter filhos. Eu só queria arrumar a bagunça da minha sentimental e sentir aquele cheiro mais de perto.
Começamos a sair meio sem querer: marcamos de ver “Caro Diário” do Nanni Moretti no Cinearte e depois fomos tomar um suco ou algo assim.
Até hoje me lembro da obsessão que ela tinha com coisas da Itália: durante boa parte do filme ela ficou anotando expressões que pareciam interessantes e usuais. Tudo isso no escuro do cinema!!
Mesmo com esse jeito meio complicado de ser, eu fiquei muito a fim dela e tentei transformar isso em “algo mais”. Saímos algumas vezes e nos aproximamos cada vez mais. Não sei bem por que ela não foi minha, mas o fato é que não foi.
Nos afastamos e reaproximamos várias vezes depois que ela deixou o curso.
Cheguei até perto do desejado beijo inaugural, mas meu timing estava errado: ela estava de partida para uma temporada na Itália e não queria deixar “pendências” por aqui. Foi quase como ouvir que ela preferia a minha amizade.
Foi mais ou menos isso que aconteceu com aquela moça mestiça que havia cometido o desvario de ter gostado de um curso de engenharia.
Ele veio trabalhar no meu setor quando eu já estava enrolado com a secretária (que era noiva). Não que houvesse qualquer pretensão da minha parte já que ela morava com o namorado há bastante tempo.
Exatamente por conta dos nossos “relacionamentos” (as aspas dizem respeito só ao meu lado), nunca rolou nenhum clima e nem cantadas explícitas.
A única coisa que dava pinta do potencial que existia era a mania de elogiar alguns detalhes da minha personalidade.
Como ela não estava sozinha, eu nunca me importei com isso e sempre achei que ela fosse educada e gentil.
Esta segunda estória também tem uma viagem no meio. A diferença foi a distância: ela e o namorado foram morar na Austrália e correr atrás do futuro em um país um pouco mais “civilizado” (estas aspas são por conta deles).
Tempos depois fiquei sabendo que eles haviam terminado e que o namorado havia voltado para o Patropi. Não sei a razão certa disso, mas acredito que tenho algo a ver com a diferença de sonhos: estar em Sydney ela o sonho dela e ele se esforçou para acompanhá-la. Infelizmente não deu.
O “tapa” que levei dessa moça foi dado via Internet.
A gente conversava com certa freqüência pela rede e certa vez ela soltou que me achava “o cara” e que só não tinha ficado comigo por conta da viagem.
Fiquei meio baratinado com esse papo: ela não deixou de ficar comigo por que estava namorando, mas sim por que a gente não ficaria muito tempo junto antes da sua viagem.
Nem preciso dizer que essa revelação não me fez bem. Eu não precisava saber que era o namorado ideal de alguém que não quis trocar o amor pelo sonho.
Prefiro pensar que amor e sonho podem caminhar juntos.
Hoje não tenho notícias de nenhuma das duas.
A “italiana” se mudou em definitivo para Milão, casou, teve duas filhas e deixou de me mandar cartas depois que descobriu a Internet e passou a viver problemas com o marido.
A “australiana” sumiu de vez depois de me contar que estava morando novamente com alguém. Ela tinha o hábito de morar com namorados.
Torço pelos sonhos de ambas. E pelo meu também.
Mas disso eu estou cuidando um pouquinho a cada dia.
segunda-feira, setembro 01, 2003
Tenemos casa nueva
Ainda não conheço os padrões dos tacos e nem as imperfeições das paredes.
O lugar inteiro foi pintado e a parede azul royal sumiu por completo. Não me lembro das cores dos outros quartos mas o feng shui da mama deu um jeito de definir novos padrões para todos os cômodos.
As cabeceiras das camas também foram posicionadas segundo as indicações esotérico-energéticas daquela mulher que nos vendeu bússolas, pedras, baguás e amuletos. Tenho certeza que ela está muito mais feliz do que nós com relação a esses acessórios.
O Ganesh de madeira (feito na Índia) já está no hall de entrada para dar uma de host da Disco: só entra quem se adequa!!
A cômoda para os CDs foi encomendada e chega em algumas semanas. Tudo está sendo ajeitado neste novo lugar. Tito Fernandez ficaria orgulhoso.
Esta é a terceira casa onde me escondo desde que cheguei a Sampa.
As anteriores não eram ruins de tudo, mas esta é certamente diferente. Esta tem mais a nossa cara. Esta é nossa.
Para marcar a nossa entrada definitiva no novo lar, coloquei “La casa nueva” umas vinte vezes. Uma em cada canto do lugar, uma para cada cerimonial, uma para cada esperança de felicidade. Meu quarto mereceu um pouco mais de capricho: toquei também “Me gusta el vino”, afinal de contas, tenho que manter a minha fama de mau.
Minha irmã cineasta já começou a dar seu toque pessoal às paredes e aos armários. Gael García, Robbie Williams e Michael Owen estão lá em algum lugar. Ewan MacGregor está lá em todo lugar.
Meus pais estão meio apertados no quarto. Ele é bem menor do que o anterior, mas não é nada que algumas topadas do dedinho na quina da cama não resolvam.
Até o computador ganhou seu próprio quarto. Bem, próprio não é bem a palavra já que existem centenas de revistas encaixotadas no mesmo quartinho, mas pelo menos a maquininha infernal pode ter seus momentos de sossego longe da gente: temos que percorrer o apê inteiro antes de chegar nele.
A comissão técnica do céu foi convocada para abençoar e proteger este novo canto. Todos fizemos nosso quinhão de orações e ao menos algumas delas devem ser atendidas. Mais que isso seria exagero.
Nem mesmo Murphy consegue nos atrapalhar agora. Deixa ele vir!!! Nem mesmo Angel Parra pode entristecer esta passagem da minha vida. Nem tudo está 100% mas está bom demais assim mesmo. Acho que vou escutar Los Tres para comemorar.
Este texto não deve ser entendido totalmente por quem não conhece a cultura daquela estreita faixa de terra, espremida entre os Andes e o Pacífico. Peço desculpas por isso, mas este momento é só nosso.
Ainda não conheço os padrões dos tacos e nem as imperfeições das paredes.
O lugar inteiro foi pintado e a parede azul royal sumiu por completo. Não me lembro das cores dos outros quartos mas o feng shui da mama deu um jeito de definir novos padrões para todos os cômodos.
As cabeceiras das camas também foram posicionadas segundo as indicações esotérico-energéticas daquela mulher que nos vendeu bússolas, pedras, baguás e amuletos. Tenho certeza que ela está muito mais feliz do que nós com relação a esses acessórios.
O Ganesh de madeira (feito na Índia) já está no hall de entrada para dar uma de host da Disco: só entra quem se adequa!!
A cômoda para os CDs foi encomendada e chega em algumas semanas. Tudo está sendo ajeitado neste novo lugar. Tito Fernandez ficaria orgulhoso.
Esta é a terceira casa onde me escondo desde que cheguei a Sampa.
As anteriores não eram ruins de tudo, mas esta é certamente diferente. Esta tem mais a nossa cara. Esta é nossa.
Para marcar a nossa entrada definitiva no novo lar, coloquei “La casa nueva” umas vinte vezes. Uma em cada canto do lugar, uma para cada cerimonial, uma para cada esperança de felicidade. Meu quarto mereceu um pouco mais de capricho: toquei também “Me gusta el vino”, afinal de contas, tenho que manter a minha fama de mau.
Minha irmã cineasta já começou a dar seu toque pessoal às paredes e aos armários. Gael García, Robbie Williams e Michael Owen estão lá em algum lugar. Ewan MacGregor está lá em todo lugar.
Meus pais estão meio apertados no quarto. Ele é bem menor do que o anterior, mas não é nada que algumas topadas do dedinho na quina da cama não resolvam.
Até o computador ganhou seu próprio quarto. Bem, próprio não é bem a palavra já que existem centenas de revistas encaixotadas no mesmo quartinho, mas pelo menos a maquininha infernal pode ter seus momentos de sossego longe da gente: temos que percorrer o apê inteiro antes de chegar nele.
A comissão técnica do céu foi convocada para abençoar e proteger este novo canto. Todos fizemos nosso quinhão de orações e ao menos algumas delas devem ser atendidas. Mais que isso seria exagero.
Nem mesmo Murphy consegue nos atrapalhar agora. Deixa ele vir!!! Nem mesmo Angel Parra pode entristecer esta passagem da minha vida. Nem tudo está 100% mas está bom demais assim mesmo. Acho que vou escutar Los Tres para comemorar.
Este texto não deve ser entendido totalmente por quem não conhece a cultura daquela estreita faixa de terra, espremida entre os Andes e o Pacífico. Peço desculpas por isso, mas este momento é só nosso.
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