sexta-feira, junho 27, 2003

Objeto do desejo

Sempre achei que meu senso moral e o apreço pelas amizades me fariam invunerável a qualquer brincadeira que os deuses do amor quisessem fazer.
Eu tinha essa convicção e não encontrava dificuldades para mantê-la.
Mal sabia eu que era só uma questão de tempo até que um vento um pouco mais sacana me levasse para perto de uma moça praticamente perfeita em todos os sentidos. Ela tinha tudo o que eu poderia querer: beleza, educação, serenidade, cabelo perfumado, corpo espetacular, bom humor, inteligência, cabelos curtos e uma boca convidativa. Um único detalhe veio azedar a mistura: ela preferiu ficar com um amigo.
Pior que isso: ela escolheu meu melhor amigo!!

Mas nem tudo nesta estória foi tão complicado assim.
A bagunça começou na mesa do Mercearia. Em duas mesas, na verdade. Fui o primeiro a vê-la e o primeiro a tomar a iniciativa de sair da minha mesa e tentar uma aproximação. Ela também estava com uma amiga e ambas foram simpáticas e receptivas. Depois de poucos minutos de conversa chamei meu amigo e iniciamos um longo e divertido papo, que incluiu trabalho, viagens, dinheiro, namoros, beijos e bares da vida.
A cada sorriso dela eu sentia vontade de soltar rojões de doze tiros. A impressão causada foi mesmo muito forte.
Pena que, em certo momento da noite, ela exerceu o seu supremo poder de escolha.

Eu não sabia o que pensar quando vi o primeiro beijo. Acho que broxei totalmente. Perdi tanto entusiasmo que meu amigo teve que ligar para outro de nossos comparsas para entreter a outra menina. Eu já não me importava muito. Nem liguei quando o outro cara chegou e, após pouco tempo de conversa, formou um segundo casal na mesa.
Me senti uma enorme vela ornamental.

Talvez tenha sido melhor assim já que ela me impressionou tanto que talvez tivesse me feito mal. Meu amigo se relacionou durante um bom tempo com ela, mas acabou se afastando também. Nas palavras dele "ela era perfeita demais".

Depois de muito tempo eu a reencontrei. Meu amigo estava na Europa a trabalho e desta vez não havia outro alguém para ela escolher. Ficamos juntos. Satisfiz meu desejo ancestral. Criei expectativas. Ela sumiu.
Foi mais ou menos assim que aconteceu. Nunca mais soube dela.

Melhor que isso, só o Rei Roberto cantando "estou amando loucamente a namoradinha de um amigo meu"

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