terça-feira, junho 24, 2003

Famílias prontas

Durante uma fase não muito curta da minha vida me relacionei com meninas que possuíam o que muito grosseiramente se poderia chamar de “pacote fechado”.
Esse termo horroroso significa meninas descasadas (de papel passado ou não) e com filhos.
Conheci e me envolvi com tantas mães que meus amigos começaram a me chamar de especialista. Acho que eles diziam isso por terem como ideal uma mulher sem tanta história. Isso somado ao um certo jeito natural para entreter crianças fez a bagunça se formar.

Acho que a primeira “família” na minha vida foi a da mãe da Larissa. A gente se conheceu através de uma amiga comum e não se entendeu muito no começo. Na verdade, acho que o fato de já ter vivido um casamento e de ter gerado uma menina linda era mais problemático para ela do que para mim. Eu nem pensava no assunto: estava interessado na mãe e ponto final. Ela, por outro lado, sempre deixava implícito o medo de se envolver, a descrença no retorno no amor e a falta de confiança nas pessoas.
Acabei por perder a confiança e o afeto dela em definitivo. Tudo por conta de um desejo não saciado por outra pessoa. Mas aí já é outra página.

Me lembro também da mãe do Marco Antonio. Mulher forte, italiana, catarinense, cabelos curtos, magra, decidida, amorosa e carente. Tínhamos tudo para dar certo, mas novamente as caraminholas da minha cabeça azedaram a mistura.
Transamos no dia em que nos conhecemos. Não nos desgrudamos por dias. Não prometemos nada, mas assumimos muita coisa com o olhar.
Terminamos, ou melhor, nos afastamos no momento em que eu não quis encarar um relacionamento com 530km de razões para não funcionar. Na época eu não tinha a maturidade, determinação e sentimentos que tenho hoje.

Com a mãe do Felipe rolou uma espécie de loucura sexual. A gente trabalhava no mesmo lugar e enlouquecia quando se encontrava no estacionamento depois de alguma festinha.
A nossa máxima concessão era a troca de frases sacanas pelo mensageiro instantâneo da empresa. Com o devido cuidado anterior de impedir gravações, claro.
Mais de uma vez combinamos uma saída apenas com um troca de olhares e nos desgrudamos poucas horas antes de iniciar um novo expediente. Acho que fui a sua libertação de um tempo de pouca atenção e carinho. Tenho certeza que ela foi a realização de uma fantasia que eu não sabia que tinha.
O sonho terminou quase sem ter começado. Na verdade, eu sabia disso. Desde o começo.

A justiça e o carinho me fazem mencionar também a mãe a da Bruna, a da Ísis e a do Edu.
Todas elas foram amadas de alguma maneira, mesmo que não houvesse amor. Todas elas mereceram meu carinho e o meu pouco caso com o seu passado. Algumas delas me apresentaram os filhos, mas nem ensaiei me tornar o “pai” de alguns deles.
Por mais que me sinta inseguro a respeito da minha capacidade de inspirar alguém, acho que gosto da idéia da paternidade. Mesmo que ela seja meio oblíqua.

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