segunda-feira, maio 26, 2003

Flashback

Eu já conhecia o beijo, o gosto da pele, os pontos sensíveis, a forma como ela gostava de ser tocada e o som do seu gemido.
A gente já tinha feito amor várias vezes e por isso eu podia deixá-la bem à vontade.

Era a primeira vez que a gente fazia amor depois do rompimento. Na verdade ela me pediu um tempo mas a gente sabe que esse negócio não funciona, né? Eu sabia disso, ela não. Foi por isso que a primeira ligação depois do "tempo" partiu dela. Tinham se passado seis meses.
A gente voltou a sair, conversou sobre a volta, decidi(mos) que não iria rolar mais namoro e voltamos a ficar. Era confortável para ambos, mesmo que soubéssemos que era temporário. Eu sentia saudade da companhia e do corpo dela. Acho que ela queria um pouco mais que isso mas não posso afirmar com certeza.

O flashback acabaria cedo ou tarde, mas eu torcia para que fosse bem tarde. Era gostoso estar com ela.
Acho que o fim foi muito bem planejado por ela. Ela decidiu que seria o fim e que à partir dali cada um seguiria seu caminho. Eu não sabia disso e acho que foi melhor assim.
Fizemos amor uma única vez depois do fim e essa foi a última.
Além de ser a última, aquela vez foi bem sintomática da fase que ela passaria a viver: fizemos amor na cama dos pais dela.
Antes que alguém me condene quero dizer que não foi idéia minha. Foi ela que me levou da sala para lá e que demonstrou que aquele era o dia da libertação.
Ela se libertou de mim, do tesão reprimido, da figura repressora do pai e do medo de prosseguir.

Como a maioria dos flashbacks, aquele terminou com uma decisão unilateral. Nem sempre a gente tem o controle das coisas. Era muito fácil não ter que se comprometer e só ficar com a parte boa. O flashback é isso. O flashback é gostoso. O flashback já nasce morto.

Nunca mais a vi. Espero que ela esteja feliz.

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