Em Janeiro de 2004 eu visitei a minha avó achando que seria a última vez.
Eu ainda estava solteiro e enchi a paciência dela para que desse um jeito de contornar os problemas respiratórios - ela tem calcificação nos pulmões, ou algo parecido - e pegasse um avião para assistir ao enforcamento, mas ela preferiu me abraçar em pensamento e rezar pela minha felicidade. Ela estava lá e meu Tata também. Todos eles estavam lá e viram a bagunça toda do dia mais feliz da minha vida.
Agora já é 2006 e minha velhinha, ou melhor, a velhinha da minha velhinha, continua por aqui controlando tudo e fazendo a alegria dos netos.
Vou visitá-la novamente e morro de saudades do seu colo.
Vou matar saudade do tempo em que morei com ela, aprendi a não comer gordura de bife, me viciei em pastel de choclo com açúcar e tomate e que acompanhei meu Tata no caminho para o descanso.
É bom saber que meus temores eram exagerados e que ela ainda tem muito amor para dar.
Só vou ter problemas com a concorrência dos primos menores que convivem muito mais com ela, mas acho que consigo dar um jeito de puxá-la para um canto e tê-la só para mim uma vez mais.
Ela é a única abue que me resta e tenho que caprichar no dengo.
Mas o capricho não é mais pelo temor e sim pelo amor.
Independente de tudo, ela estará lá onde sempre esteve e isso nunca vai mudar.
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