quarta-feira, agosto 23, 2006

Crescei e fugi

Quando mais o tempo passa, mais me sinto à vontade com a idéia de ser pai e paradoxalmente, mais me apavoro com isso!
Fico efetivamente aterrorizado quando penso que não mais terei o conforto de cuidar somente da minha mineira (sempre) e de mim mesmo (de vez em quando).
E não adianta os amigos me dizerem que é bom, que vale a pena e que eu vou gostar.
O medo me abandona e não vai me abandonar tão cedo.
Nem imagino quando isso possa acontecer, mas desconfio que não vou descobrir isso tão cedo.
Como a chegada de um herdeiro é uma coisa inevitável no meu relacionamento (quem mandou casar com uma mulher que nasceu para ser mãe?), tenho que começar a tratar essa paúra e dar um jeito de controlá-la.

Tenho certeza que alguém se pergunta de onde virá esse medo e não tenho nenhum problema em dizer que meu medo tem dois nomes: mudança e incompetência.
O medo da mudança sempre acompanhou a minha vida desde que eu dava cabeçadas na minha mãe e na minha avó, mas o medo da incompetência é relativamente novo e tem a idade da idéia de ser pai.
Trocando em miúdos, tenho medo de ser incompetente para criar o herdeiro e impedir que ele se transforme e um vagabundo egocêntrico ou uma descerebrada fútil.
Tenho medo de não conseguir controlar a criança e de me tornar exatamente o tipo de pai permissivo e incapaz que eu tanto critico.
Tenho medo de ter alguém dependendo inteiramente de mim para tudo.
Tenho medo da paternidade em si.

Tenho tantos exemplos e contra-exemplos do que fazer e do que não fazer que não consigo formular uma boa idéia na minha cabeça.
Não consigo me organizar e separar as atitudes em boas e más para a criação da criança. Simplesmente não consigo.
E mesmo que conseguisse, fico com a impressão de que tudo o que eu planejar e preparar será imediatamente jogado no lixo no primeiro momento em que o herdeiro chorar de fome ou na primeira vez que dizer que me ama.
Para isso não existe treino.

Ai que meda!

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