Hoje completamos 4 anos de junção de escovas de dentes.
Me lembro muito mal e porcamente do que aconteceu na minha vida até o dia 1 de setembro de 2005, mas sou capaz de descrever até o que pensei em cada momento do dia 2 para a frente.
Sem medo de exagerar, foi especificamente no dia 3 que que senti a felicidade mais intensa de toda a minha vida. Nem mesmo a chegada do Herdeiro teve o mesmo impacto.
Com ele, eu fiquei em um estado semi-catatônico, mal acreditando que aquela criaturinha estava viva e que se tornaria o foco das nossas vidas dali em diante.
Mas o que senti há quatro anos atrás foi diferente. Aquilo sim foi felicidade, felicidade em forma de amigos, de alegria, de muita cerveja gelada, de comida mineira, de atrasos, de padrinhos salvadores, de emoção sem controle, de incapacidade de me barbear, de choro sincero e ressacado, de mil cuidados, de homenagens portenhas, de declarações de amor e de preocupação zero.
Não dá para dizer que há quatro anos conheci a felicidade, já que isso fez parte de um processo que começou alguns anos antes, mas com certeza 2005 foi um marco, um divisor de águas.
Depois disso, viver bem e feliz ficou muito mais fácil.
Obrigado por tudo, Minha Mineira, principalmente pelo que fizemos desde 2005!
Deus sabe que valeu muito a pena!
Te amo, agora e sempre!
quinta-feira, setembro 03, 2009
sábado, agosto 01, 2009
Como a minha vida mudou, em sete passos
Número 1 - Terça-feira, 22:50 – A Minha Mineira reclama de mais uma cólica e pede para irmos até o hospital, “só por desencargo”.
Número 2 – Terça, 23:00 – Chegamos ao Hospital Santa Catarina e fomos direto ao Pronto Socorro da Obstetrícia. Continuava a situação de rotina e a ideia de voltar para casa logo.
Número 3 – Terça, 23:25 – A enfermeira ligou para a Obstetra, que pediu a internação. Sabendo que a hora estava chegando, eu ainda pensei ir até em casa para pegar a câmera e as malas. Me enganei.
Número 4 – Quarta, 00:05 - Eu entro na sala de cirurgia e vejo a Minha Mineira deitada e a equipe médica brincando na sua pança.
Número 5 – Quarta, 00:13 – O anestesista me pede para levantar e ver o meu filho nascer. A câmera emprestada estava no bolso e o estado catatônico estava para começar.
Número 6 – Quarta, 00:14 – O Antonio sai de dentro da pança, a Minha Mineira solta uma lágrima e minha vida muda. Aliás, nossas vidas mudaram!
Número 7 – Quarta, 00:15 – Deixo de ser apenas marido e passo a ser também pai. Diferença nada sutil. A câmera finalmente sai do meu bolso e não pára mais.
Número 2 – Terça, 23:00 – Chegamos ao Hospital Santa Catarina e fomos direto ao Pronto Socorro da Obstetrícia. Continuava a situação de rotina e a ideia de voltar para casa logo.
Número 3 – Terça, 23:25 – A enfermeira ligou para a Obstetra, que pediu a internação. Sabendo que a hora estava chegando, eu ainda pensei ir até em casa para pegar a câmera e as malas. Me enganei.
Número 4 – Quarta, 00:05 - Eu entro na sala de cirurgia e vejo a Minha Mineira deitada e a equipe médica brincando na sua pança.
Número 5 – Quarta, 00:13 – O anestesista me pede para levantar e ver o meu filho nascer. A câmera emprestada estava no bolso e o estado catatônico estava para começar.
Número 6 – Quarta, 00:14 – O Antonio sai de dentro da pança, a Minha Mineira solta uma lágrima e minha vida muda. Aliás, nossas vidas mudaram!
Número 7 – Quarta, 00:15 – Deixo de ser apenas marido e passo a ser também pai. Diferença nada sutil. A câmera finalmente sai do meu bolso e não pára mais.
quinta-feira, julho 23, 2009
Expectativas
Estou em uma fase onde todo mundo que vem falar comigo pergunta a data da chegada do Herdeiro (ex-Feijão) e o tamanho da minha ansiedade.
Sobre a primeira pergunta, respondo que não temos datas fechadas, mas que esperamos que ele chegue logo depois da minha chegada ao Patropi.
Já sobre a segunda, acabo dizendo que a ficha está quase caindo, mas que ainda não consigo me ver pai, até por que, dos 9 meses, eu passei metade aqui no Norte, longe deles.
Até aí, tudo tranquilo. Estou com a ansiedade controlada e tudo está dando certo na gravidez.
O problema é se esse meu controle emocional estiver antecedendo a um desmoronamento no momento em que o Herdeiro sair lá de dentro da Minha Mineira, melecado e choroso.
Tenho a impressão que a perna vai bambear, a voz vai sumir e chegarei perto de uma desidratação lacrimal.
O vexame vai ser total, mas a gente gosta.
Sobre a primeira pergunta, respondo que não temos datas fechadas, mas que esperamos que ele chegue logo depois da minha chegada ao Patropi.
Já sobre a segunda, acabo dizendo que a ficha está quase caindo, mas que ainda não consigo me ver pai, até por que, dos 9 meses, eu passei metade aqui no Norte, longe deles.
Até aí, tudo tranquilo. Estou com a ansiedade controlada e tudo está dando certo na gravidez.
O problema é se esse meu controle emocional estiver antecedendo a um desmoronamento no momento em que o Herdeiro sair lá de dentro da Minha Mineira, melecado e choroso.
Tenho a impressão que a perna vai bambear, a voz vai sumir e chegarei perto de uma desidratação lacrimal.
O vexame vai ser total, mas a gente gosta.
segunda-feira, julho 20, 2009
Tamanho
As medidas de um futuro campeão: 3,054 kg de peso, 49 cm de altura e 7,5 cm de pé!
Vai que é sua, Antonio!
sábado, julho 18, 2009
Definição
Frase dita por uma novaiorquina radicada em Miami há dois anos: “Miami é um playground!”.
Nada mais apropriado!
sexta-feira, julho 10, 2009
Inadequação
Ontem vivi duas situações que me deixaram com a nítida sensação de estar no lugar errado, na hora mais errada ainda.
A primeira tinha a ver com a família: a Minha Mineira surtou por que o herdeiro ficou um dia inteiro sem se mexer e eu tive que acalmá-la e orientá-la para ir até o hospital, fazer alguns exames e garantir que o bebê estava bem.
Mesmo à distância, meu trabalho foi confortá-la, apoiá-la e, principalmente, garantir que nada de errado estava acontecendo e que era apenas preguiça do moleque.
Graças a Deus eu estava certo, mas isso não muda um pequeno problema: quem é que me conforta e acalma? A quem eu recorro para não chorar feito um desesperado? Com quem eu falo?!
Pois é, como eu não tinha resposta para nenhuma dessas perguntas, engoli minha própria vontade de gritar e assumi a minha tradicional posição de suporte emocional do casal.
Mas que deu vontade de chutar tudo e correr para o hospital, ah deu.
Já a segunda tem a ver com os relacionamentos que tenho tentado construir aqui no Norte. Tentar é o verbo que mais se adequa à situação que vivemos aqui, já que a sensação que fica é que tudo é superficial e que todos só se interessam pela última versão de software da televisão X e pelo cabo HDMI Y. Que cazzo importa o tal cabo HDMI, cuja existência eu só fui descobrir depois de chegar aqui, afinal?
Quero saber o que as pessoas sentem estando longe da família e o que elas projetam para a vida futura!
Quero que me ajudem a descobrir se vale a pena ficar!
Quero viver bem aqui no Norte!
Mas infelizmente o que eu quero importa bem pouco aqui. O negócio do povo é falar mal de quem não está e discutir se o Mac é melhor que o PC!
Aliás, a questão sobre começarem a falar mal de mim não é 'se', mas 'quando'.
Terminei o dia praticamente fazendo as malas, mas lembrei que existe uma razão para eu estar aqui enquanto quem importa está lá e eu não pretendo desperdiçar o sacrifício que todos nós estamos fazendo até agora.
Falta pouco agora!
A primeira tinha a ver com a família: a Minha Mineira surtou por que o herdeiro ficou um dia inteiro sem se mexer e eu tive que acalmá-la e orientá-la para ir até o hospital, fazer alguns exames e garantir que o bebê estava bem.
Mesmo à distância, meu trabalho foi confortá-la, apoiá-la e, principalmente, garantir que nada de errado estava acontecendo e que era apenas preguiça do moleque.
Graças a Deus eu estava certo, mas isso não muda um pequeno problema: quem é que me conforta e acalma? A quem eu recorro para não chorar feito um desesperado? Com quem eu falo?!
Pois é, como eu não tinha resposta para nenhuma dessas perguntas, engoli minha própria vontade de gritar e assumi a minha tradicional posição de suporte emocional do casal.
Mas que deu vontade de chutar tudo e correr para o hospital, ah deu.
Já a segunda tem a ver com os relacionamentos que tenho tentado construir aqui no Norte. Tentar é o verbo que mais se adequa à situação que vivemos aqui, já que a sensação que fica é que tudo é superficial e que todos só se interessam pela última versão de software da televisão X e pelo cabo HDMI Y. Que cazzo importa o tal cabo HDMI, cuja existência eu só fui descobrir depois de chegar aqui, afinal?
Quero saber o que as pessoas sentem estando longe da família e o que elas projetam para a vida futura!
Quero que me ajudem a descobrir se vale a pena ficar!
Quero viver bem aqui no Norte!
Mas infelizmente o que eu quero importa bem pouco aqui. O negócio do povo é falar mal de quem não está e discutir se o Mac é melhor que o PC!
Aliás, a questão sobre começarem a falar mal de mim não é 'se', mas 'quando'.
Terminei o dia praticamente fazendo as malas, mas lembrei que existe uma razão para eu estar aqui enquanto quem importa está lá e eu não pretendo desperdiçar o sacrifício que todos nós estamos fazendo até agora.
Falta pouco agora!
quarta-feira, maio 06, 2009
Um número
Ontem tivemos a nossa primeira experiência com o sistema de saúde americano. Foi o primeiro passo na tentativa de ficarmos juntos até a chegada do Antonio e depois dela.
E, sinceramente, poderia ter sido melhor, bem melhor.
Quer dizer, não posso reclamar do que foi feito já que reafirmamos a certeza de que o herdeiro está bem, ouvimos seu coração e vimos que as coisas lá dentro estão em ordem, mas sentimos um choque bem grande quando ninguém parou para nos paparicar, perguntar como estava a vida ou mesmo oferecer um cafezinho.
Foi como uma linha de montagem de automóveis onde cada um faz o que é pago para fazer e nada mais. Nada mais mesmo.
Tudo pareceu muito mecânico, quadrado, americano ao extremo. Funcional, mas impessoal.
Acho que se acostumar com essa impessoalidade será o maior desafio que a Minha Mineira terá se conseguirmos que ela fique aqui no Norte até a data da minha volta.
E perto disso, o tal "fantasma" do parto normal é fichinha.
E, sinceramente, poderia ter sido melhor, bem melhor.
Quer dizer, não posso reclamar do que foi feito já que reafirmamos a certeza de que o herdeiro está bem, ouvimos seu coração e vimos que as coisas lá dentro estão em ordem, mas sentimos um choque bem grande quando ninguém parou para nos paparicar, perguntar como estava a vida ou mesmo oferecer um cafezinho.
Foi como uma linha de montagem de automóveis onde cada um faz o que é pago para fazer e nada mais. Nada mais mesmo.
Tudo pareceu muito mecânico, quadrado, americano ao extremo. Funcional, mas impessoal.
Acho que se acostumar com essa impessoalidade será o maior desafio que a Minha Mineira terá se conseguirmos que ela fique aqui no Norte até a data da minha volta.
E perto disso, o tal "fantasma" do parto normal é fichinha.
segunda-feira, maio 04, 2009
Conversa
Dia desses eu tive uma conversa ao "pé do ouvido" com o Antonio.
Na verdade foi mais um monólogo já que meu querido herdeiro ainda se encontra acomodado nas profundezas cálidas da barriga da mãe e verbalizar uma resposta é algo bastante complicado.
Mas, voltando à conversa, ela começou para tentar acalmar a já citada mãe, no caso, a Minha Mineira, que estava cismada com a falta de movimentação no interior do seu ventre, no caso, a pança em si.
Coloquei a mão embaixo do que um dia foi um umbigo, encostei meu rosto e comecei a chamá-lo com uma suavidade que um nunca acreditei ser capaz. Chamei, chamei e ele respondeu com uma sucessão de chutes e cambalhotas que acabaram com qualquer temor e preocupação. Pelo menos até a próxima encucação.
Acho que estou começando bem nesse negócio de paternidade.
Na verdade foi mais um monólogo já que meu querido herdeiro ainda se encontra acomodado nas profundezas cálidas da barriga da mãe e verbalizar uma resposta é algo bastante complicado.
Mas, voltando à conversa, ela começou para tentar acalmar a já citada mãe, no caso, a Minha Mineira, que estava cismada com a falta de movimentação no interior do seu ventre, no caso, a pança em si.
Coloquei a mão embaixo do que um dia foi um umbigo, encostei meu rosto e comecei a chamá-lo com uma suavidade que um nunca acreditei ser capaz. Chamei, chamei e ele respondeu com uma sucessão de chutes e cambalhotas que acabaram com qualquer temor e preocupação. Pelo menos até a próxima encucação.
Acho que estou começando bem nesse negócio de paternidade.
sexta-feira, abril 17, 2009
O sexo do anjo
Chamar o herdeiro de Feijão acabou de perder o sentido!
O apelido genérico que inventamos para ele foi bastante útil e divertido, mas depois do último ultra som, as paredes do quarto já tem cor e o herdeiro, um nome.
À partir de agora, o Feijão vira Antonio!
A cara do Feijão como 25 semanas de gestação
...e o Feijão virou Antonio!
O apelido genérico que inventamos para ele foi bastante útil e divertido, mas depois do último ultra som, as paredes do quarto já tem cor e o herdeiro, um nome.
À partir de agora, o Feijão vira Antonio!
A cara do Feijão como 25 semanas de gestação
...e o Feijão virou Antonio!
90 dias
E se passaram três meses desde que cheguei ao Norte. Cheguei, me adaptei, gostei e tive que voltar para casa sentindo um aperto esquisito no coração. Eu deveria ter ficado aliviado pelos motivos que me levavam de volta para casa, mas não tive como evitar a sensação de estar novamente abandonando a minha casa.
Na verdade eu não tive realmente que ir. Eu quis voltar. E tinha ótimos motivos para isso: a Minha Mineira e o Feijão estavam logo ali, do outro lado do portão de embarque.
Voltei, corri como um louco para rever a todos que haviam ficado, fiz o que pude para garantir a saúde das nossas finanças nos próximos meses, disse "oi" e "tchau" umas duzentas vezes, entreguei algumas encomendas, matei a saudade do "causeo" chileno e da "loira gelada" brazuca e quando dei por mim, já estava na hora de embarcar de volta.
Acho que estou ficando mole demais. Mais uma vez fiquei angustiado por deixar o Castelo, agora personalizado para receber o Feijão.
Para finalizar minha passagem relâmpago pelo Patropi, achei graça quando meu velho me pediu para escrever alguma coisa enquanto estivesse no Norte.
Foi engraçado por que já faço isso há anos e ele sabe, mas talvez a intenção fosse incentivar a transformação do hobby em profissão ou pelo menos que eu me dedique mais aos escritos do que tenho feito ultimamente.
Prometi que iria tentar e embarquei de volta para o Norte.
A próxima volta deve acontecer só daqui a 6 meses e espero ter algo para comprovar o cumprimenro da promessa que fiz.
Na verdade eu não tive realmente que ir. Eu quis voltar. E tinha ótimos motivos para isso: a Minha Mineira e o Feijão estavam logo ali, do outro lado do portão de embarque.
Voltei, corri como um louco para rever a todos que haviam ficado, fiz o que pude para garantir a saúde das nossas finanças nos próximos meses, disse "oi" e "tchau" umas duzentas vezes, entreguei algumas encomendas, matei a saudade do "causeo" chileno e da "loira gelada" brazuca e quando dei por mim, já estava na hora de embarcar de volta.
Acho que estou ficando mole demais. Mais uma vez fiquei angustiado por deixar o Castelo, agora personalizado para receber o Feijão.
Para finalizar minha passagem relâmpago pelo Patropi, achei graça quando meu velho me pediu para escrever alguma coisa enquanto estivesse no Norte.
Foi engraçado por que já faço isso há anos e ele sabe, mas talvez a intenção fosse incentivar a transformação do hobby em profissão ou pelo menos que eu me dedique mais aos escritos do que tenho feito ultimamente.
Prometi que iria tentar e embarquei de volta para o Norte.
A próxima volta deve acontecer só daqui a 6 meses e espero ter algo para comprovar o cumprimenro da promessa que fiz.
sexta-feira, fevereiro 27, 2009
Idas e vindas
Eles vieram, me encheram de alegria, se foram e me encheram de saudade.
Foi exatamente nessa ordem que as coisas aconteceram. Eles, a Minha Mineira e o Feijão (ainda sem sexo), me visitaram aqui no Norte, mudaram completamente a minha rotina, bagunçaram as minhas contas e eu adorei todo o processo.
Foi quase como estar de volta a Sampa, ao nosso Castelo, e dividindo cada momento do dia, como fazíamos antes de Janeiro. Até o cardápio era mais ou menos o mesmo, por mais que tenhamos acrescentado algumas improvisações e adaptações.
Vivemos como o casal normal e cada vez mais próximo que somos.
E conversamos muito entre nós e com o Feijão, já que daqui a pouco ele chegará de vez e começará a se manifestar, mesmo que a gente não tenha como aprender o idioma dele agora. Contamos a ele nossos planos, nossos problemas e nossa vontade de abraçá-lo logo. Mas dissemos para ele não ter pressa de chegar e continuar sugando a mamãe como bom Alien que é, até chegar a hora a certa de abrir o berreiro e, assim como os bahianos, não nascer, mas sim estrear.
E assim como eles vieram, se foram. Não foi para sempre, mas foi tão duro quanto se tivesse sido.
Tentei não chorar no dia, e também no dia seguinte, mas hoje é meio difícil segurar, mesmo que a lembrança venha no meio do expediente. É complicado fingir que está tudo bem quando falta um pedaço tão grande de mim.
Mas, seguindo a minha maior especialidade, eu vou sobreviver. Para vê-los e abraçá-los de novo daqui a pouquinho.
Foi exatamente nessa ordem que as coisas aconteceram. Eles, a Minha Mineira e o Feijão (ainda sem sexo), me visitaram aqui no Norte, mudaram completamente a minha rotina, bagunçaram as minhas contas e eu adorei todo o processo.
Foi quase como estar de volta a Sampa, ao nosso Castelo, e dividindo cada momento do dia, como fazíamos antes de Janeiro. Até o cardápio era mais ou menos o mesmo, por mais que tenhamos acrescentado algumas improvisações e adaptações.
Vivemos como o casal normal e cada vez mais próximo que somos.
E conversamos muito entre nós e com o Feijão, já que daqui a pouco ele chegará de vez e começará a se manifestar, mesmo que a gente não tenha como aprender o idioma dele agora. Contamos a ele nossos planos, nossos problemas e nossa vontade de abraçá-lo logo. Mas dissemos para ele não ter pressa de chegar e continuar sugando a mamãe como bom Alien que é, até chegar a hora a certa de abrir o berreiro e, assim como os bahianos, não nascer, mas sim estrear.
E assim como eles vieram, se foram. Não foi para sempre, mas foi tão duro quanto se tivesse sido.
Tentei não chorar no dia, e também no dia seguinte, mas hoje é meio difícil segurar, mesmo que a lembrança venha no meio do expediente. É complicado fingir que está tudo bem quando falta um pedaço tão grande de mim.
Mas, seguindo a minha maior especialidade, eu vou sobreviver. Para vê-los e abraçá-los de novo daqui a pouquinho.
domingo, fevereiro 01, 2009
Sono
Eu não estava lá em corpo, mas mesmo assim o Feijão me desejou boa noite e foi dormir.
Ele parecia tão diferente de mim: sereno e tranquilo na hora de fechar os olhinhos e sonhar. Dá até para duvidar que ele (ou ela) herdará minhas qualidades e defeitos, conforme a mistura com as "coisas" da mãe dele, na proporção que a Natureza definir.
Pela foto mais recente, dá para ter uma idéia da parte da herança que caberá a mim: o cabeção, ou cabeçones, como a Sô costumava dizer.
Se isso significar mais ferramentas para ser feliz, que venha a cabeça. E o narigão e as orelhas de abano e o queixão pronunciado.
Tudo nele será bom e será nosso.
Por que o Feijão é nosso e nós somos dele.
Para sempre.
Soninho
Ele parecia tão diferente de mim: sereno e tranquilo na hora de fechar os olhinhos e sonhar. Dá até para duvidar que ele (ou ela) herdará minhas qualidades e defeitos, conforme a mistura com as "coisas" da mãe dele, na proporção que a Natureza definir.
Pela foto mais recente, dá para ter uma idéia da parte da herança que caberá a mim: o cabeção, ou cabeçones, como a Sô costumava dizer.
Se isso significar mais ferramentas para ser feliz, que venha a cabeça. E o narigão e as orelhas de abano e o queixão pronunciado.
Tudo nele será bom e será nosso.
Por que o Feijão é nosso e nós somos dele.
Para sempre.
Soninho
sábado, janeiro 31, 2009
Nem motorista nem passageiro
Começo a sentir saudade da minha vida de passageiro de metrô lá em Sampa. Lá eu andava meio apertado e sentia alguns odores não tão agradáveis, principalmente quando chovia e fazia calor, mas me sentia parte de um grupo, mesmo que fosse o grupo dos "sem carro".
Aqui no Norte ninguém anda na rua e poucos usam o metrô. Mesmo o Metromover, que é gratuito, é muito pouco utilizado.
Tudo bem que no dia a dia eu não precise de qualquer tipo de transporte já que moro a cinco minutos de caminhada do escritório, mas fico pensando se eles acham feio não ter carro ou se todo mundo mesmo tem seu próprio queimador de gasolina barata. Talvez até mesmo mais de um.
Esse é um dos mistérios que tenho que resolver até Outubro.
Aqui no Norte ninguém anda na rua e poucos usam o metrô. Mesmo o Metromover, que é gratuito, é muito pouco utilizado.
Tudo bem que no dia a dia eu não precise de qualquer tipo de transporte já que moro a cinco minutos de caminhada do escritório, mas fico pensando se eles acham feio não ter carro ou se todo mundo mesmo tem seu próprio queimador de gasolina barata. Talvez até mesmo mais de um.
Esse é um dos mistérios que tenho que resolver até Outubro.
sexta-feira, janeiro 30, 2009
Escolhas
Agora mesmo estava lendo o novo blog do André Takeda e me deu vontade de chorar. Não tinha nenhum motivo especial para isso, mas foi o que aconteceu. Tenho disso de vez em quando, principalmente quando me identifico com alguém ou alguma coisa, caso da obra do Takeda. Acontece também quando sinto que minha vida poderia ter sido diferente se tivesse feito outras escolhas.
Mas assim como o Takeda, eu também fiz algumas escolhas boas. A mulher que amo é uma delas. Plagiando o "plágio" do Takeda, she´s the one too, man.
Tiamu, Minha Mineira!
Mas assim como o Takeda, eu também fiz algumas escolhas boas. A mulher que amo é uma delas. Plagiando o "plágio" do Takeda, she´s the one too, man.
Tiamu, Minha Mineira!
quinta-feira, janeiro 29, 2009
Latinos mesmo?
Precisei de apenas três semanas aqui no Norte para entender por que os brasileiros adoram considerar como latinos apenas os hispanoablantes e não a si próprios.
Esta cidade é 99% latina e mesmo assim seu ritmo pouco tem a ver com a nossa vida lá no Cone Sul. Nós brazucas achamos a salsa uma dança exótica que só cabe no Carlinhos de Jesus e no Jaime Arôxa, temos certeza que o Ricky Martin é boiola e achamos a Shakira brega. Praticamente nenhum de nós fora do Rio Grande sabe que é o Soda Stereo e os Fabulosos Cadillacs, ninguém foi ao Festival de Viña e Cartagena é praticamente uma marca de rum.
Alguém se arrisca no modelito?
Apesar de sermos latinos na origem, não temos nada de latinos no comportamento e muito menos nos hábitos. Espanhol é algo bonito na boca da Penélope Cruz e nada mais.
Não vale a pena ser latino por isto?
Gostaria de crer que isso tem a ver apenas com nossa dimensão continental e sensação de auto-suficiência, mas fico com a sensação de que a origem disso tudo está aqui no Norte, mais precisamente um pouco mais ao norte. Me parece que o Brasil gosta de ser amigo do States, mas não da Bolívia ou Paraguai. É como se o aluno novo-rico da faculdade só quisesse falar de carros do ano com a turma de quatrocentões enquanto a turma do colégio ficava ali em um canto falando do pagode de todo domingo. A origem e a criação do novo-rico têm tudo a ver com a turma do pagode, mas ele reluta em aceitar isso e acredita piamente que merece se relacionar com os ricos.
E olha que esse mesmo novo-rico adora achar que o Ronaldinho Gaúcho é o máximo e se veste de forma descolada e original!
Com certeza esta é uma comparação barata e rasteira, mas fez algum sentido para mim.
E será que é só para mim?
Esta cidade é 99% latina e mesmo assim seu ritmo pouco tem a ver com a nossa vida lá no Cone Sul. Nós brazucas achamos a salsa uma dança exótica que só cabe no Carlinhos de Jesus e no Jaime Arôxa, temos certeza que o Ricky Martin é boiola e achamos a Shakira brega. Praticamente nenhum de nós fora do Rio Grande sabe que é o Soda Stereo e os Fabulosos Cadillacs, ninguém foi ao Festival de Viña e Cartagena é praticamente uma marca de rum.
Alguém se arrisca no modelito?
Apesar de sermos latinos na origem, não temos nada de latinos no comportamento e muito menos nos hábitos. Espanhol é algo bonito na boca da Penélope Cruz e nada mais.
Não vale a pena ser latino por isto?
Gostaria de crer que isso tem a ver apenas com nossa dimensão continental e sensação de auto-suficiência, mas fico com a sensação de que a origem disso tudo está aqui no Norte, mais precisamente um pouco mais ao norte. Me parece que o Brasil gosta de ser amigo do States, mas não da Bolívia ou Paraguai. É como se o aluno novo-rico da faculdade só quisesse falar de carros do ano com a turma de quatrocentões enquanto a turma do colégio ficava ali em um canto falando do pagode de todo domingo. A origem e a criação do novo-rico têm tudo a ver com a turma do pagode, mas ele reluta em aceitar isso e acredita piamente que merece se relacionar com os ricos.
E olha que esse mesmo novo-rico adora achar que o Ronaldinho Gaúcho é o máximo e se veste de forma descolada e original!
Com certeza esta é uma comparação barata e rasteira, mas fez algum sentido para mim.
E será que é só para mim?
quarta-feira, janeiro 28, 2009
O Feijão
Na minha forma tradicional de ver as coisas, uma criança sempre foi uma enorme fonte de pavor e sarcasmo.
Acho graça em ir contra o senso comum de achar "bonitinho" tudo que uma criança faz ou é. Nesse assunto eu adoro ser do contra e "escandalizar". Minha situação favorita diz respeito ao que se deve fazer quando o casal precisa sair de casa: deixar um pote de ração e uma tigela de água perto da criança, mas não muito. Se ela quiser mesmo sobreviver, dará um jeito de chegar até elas.
Outra coisa que me matava de rir era chamar os filhos dos outros de Joelho, Cotovelo, Cabeção, Girino, Labrador e outros mimos.
Quando descobri que Ele havia decidido que era minha hora de criar algo mais do que baratas na despensa, comecei a tratar o herdeiro de Girino, mas isso perdeu logo a graça por que ele/ela logo perdeu o rabo e, principalmente, por que as esposas dos meus amigos começaram a me ameaçar de morte. Achei que elas haviam perdido o humor, mas preferi me render e passar a tratá-lo/a apenas de Feijão, um apelido "bonitinho" e bastante apropriado para alguém que na sua primeira aparição pública tinha assustadores 18 milímetros.
E como tudo isso que escrevi nada mais era do que uma preparação, deixo vocês com aquele que terá a grande responsabilidade de consertar as cagadas que fiz neste mundo. Coitado/a.
Go, Tiger!
Acho graça em ir contra o senso comum de achar "bonitinho" tudo que uma criança faz ou é. Nesse assunto eu adoro ser do contra e "escandalizar". Minha situação favorita diz respeito ao que se deve fazer quando o casal precisa sair de casa: deixar um pote de ração e uma tigela de água perto da criança, mas não muito. Se ela quiser mesmo sobreviver, dará um jeito de chegar até elas.
Outra coisa que me matava de rir era chamar os filhos dos outros de Joelho, Cotovelo, Cabeção, Girino, Labrador e outros mimos.
Quando descobri que Ele havia decidido que era minha hora de criar algo mais do que baratas na despensa, comecei a tratar o herdeiro de Girino, mas isso perdeu logo a graça por que ele/ela logo perdeu o rabo e, principalmente, por que as esposas dos meus amigos começaram a me ameaçar de morte. Achei que elas haviam perdido o humor, mas preferi me render e passar a tratá-lo/a apenas de Feijão, um apelido "bonitinho" e bastante apropriado para alguém que na sua primeira aparição pública tinha assustadores 18 milímetros.
E como tudo isso que escrevi nada mais era do que uma preparação, deixo vocês com aquele que terá a grande responsabilidade de consertar as cagadas que fiz neste mundo. Coitado/a.
Go, Tiger!
terça-feira, janeiro 27, 2009
Adaptação
Nesta semana acabei percebendo a dificuldade de estar imerso em um ambiente que não acrescenta muita coisa de novo ao que já conheço em termos de vida e cultura.
Vim para o Norte querendo viver algo novo e encontrei praticamente o que tinha em casa, só que com a tecla SAP setada para o espanhol.
Pouca coisa é diferente do que eu tinha em casa e isso me incomoda. Tanto que começo a pensar em andar menos com as pessoas que passei a chamar de amigos desde que cheguei.
Não quero dizer que quero sumir do mapa e largar o povo, mas acho que é melhor para mim, em todos os sentidos, que eu passe e frequentar um ambiente onde as coisas não sejam tão familiares. Preciso entender se o termo "cultura americana" é algo real ou apenas obra de ficção. Tenho que ver esse tal de american way.
Por essas e outras, vou voltar para a faculdade!
Antes que meus colegas de tortura nos anos de Engenharia mandem me matar, devo dizer que não me refiro a voltar a um curso de graduação ou mesmo a um MBA genérico "só para marcar pontos". O que quero é o ambiente universitário com sua diversidade e suas precariedades. Quero ver gente diferente, ouvir coisas diferentes e entender formas diferentes de ver o mundo. Posso estar completamente enganado, mas acho que vou conseguir isso se for estudar inglês no Community Center da faculdade local. Pelo que um amigo me contou, as pessoas que frequentam esses cursos têm origens diferentes e trazem bagagens completamente diversas. É exatemente isso que eu quero e é isso que eu vou ter. Diversidade!
Me aguarde Miami Dade College, daqui a alguns dias serei mais um freshman.
Vim para o Norte querendo viver algo novo e encontrei praticamente o que tinha em casa, só que com a tecla SAP setada para o espanhol.
Pouca coisa é diferente do que eu tinha em casa e isso me incomoda. Tanto que começo a pensar em andar menos com as pessoas que passei a chamar de amigos desde que cheguei.
Não quero dizer que quero sumir do mapa e largar o povo, mas acho que é melhor para mim, em todos os sentidos, que eu passe e frequentar um ambiente onde as coisas não sejam tão familiares. Preciso entender se o termo "cultura americana" é algo real ou apenas obra de ficção. Tenho que ver esse tal de american way.
Por essas e outras, vou voltar para a faculdade!
Antes que meus colegas de tortura nos anos de Engenharia mandem me matar, devo dizer que não me refiro a voltar a um curso de graduação ou mesmo a um MBA genérico "só para marcar pontos". O que quero é o ambiente universitário com sua diversidade e suas precariedades. Quero ver gente diferente, ouvir coisas diferentes e entender formas diferentes de ver o mundo. Posso estar completamente enganado, mas acho que vou conseguir isso se for estudar inglês no Community Center da faculdade local. Pelo que um amigo me contou, as pessoas que frequentam esses cursos têm origens diferentes e trazem bagagens completamente diversas. É exatemente isso que eu quero e é isso que eu vou ter. Diversidade!
Me aguarde Miami Dade College, daqui a alguns dias serei mais um freshman.
domingo, janeiro 25, 2009
Mudança
Eu deveria ter começado a escrever sobre a vida aqui no Norte desde o dia em que cheguei, mas, como de praxe, descobri algumas novas obsessões "internéticas" e me dispersei. Justo agora que, em teoria, eu teria tempo de sobra, acabei escrevendo menos ainda do que costumava fazer em casa.
Mas depois de levar uma chamada da Minha Mineira, vou adotar o hábito de escrever um pouco a cada dia e assim pegar o jeito. Ir devagar é mais fácil do que assumir o desafio de publicar uma tonelada de material e acabar não conseguindo publicar nada.
Ah, e para marcar esta mudança, resolvi alterar temporariamente o nome do blog.
À partir de agora, este lugar se chama Juntando estórias (em Miami). Em outubro o nome volta ao normal.
See ya!
Mas depois de levar uma chamada da Minha Mineira, vou adotar o hábito de escrever um pouco a cada dia e assim pegar o jeito. Ir devagar é mais fácil do que assumir o desafio de publicar uma tonelada de material e acabar não conseguindo publicar nada.
Ah, e para marcar esta mudança, resolvi alterar temporariamente o nome do blog.
À partir de agora, este lugar se chama Juntando estórias (em Miami). Em outubro o nome volta ao normal.
See ya!
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