Todo mundo estava chupando sementes de romã, dando quinze pulinhos com cada perna, vestindo cueca vermelha e fazendo pedidos para Deus Jorge Benjor.
Todo mundo menos eu.
Por alguma estranha razão, neste Réveillon eu não quis comer sete uvas e guardar as sementes na carteira, correndo o risco de ganhar uma colônia de fungos ao invés de algum prêmio da loteria.
Não senti vontade de pedir nada nem de fazer promessas que sei que não vou cumprir.
Apenas deixei as coisas acontecerem e o ano chegarsem muito alarde.
Pensei: que aconteça o que tiver que sere que Deus me ajude no processo.
Não preciso de muito mais do que isso para ser feliz, não mesmo.
Apesar de desta vez não ter sido tão divertido quanto das demais, eu estava na companhia das pessoas mais queridas (talvez só com duas ou três ausências), comendo e bebendo tudo o que eu sentia vontade e acahdno que as preocupações do trabalho e da rotina estavam bem mais longe do que os 530 quilômetros que havíamos percorrido até a fazenda.
Não havia razão nenhuma para eu abandonar os rituais, mas eu os abandonei mesmo assim.
Como não tinha ondinhas para pular, resolvi abrir mão de tudo em um misto de falta de vontade ou de esperança.
Não tenho como dizer qual deles predominou e não sei até que ponto vale a pena pensar nisso.
O ritual não foi feito e isso não pode ser mudado.
O ano começou, está aí para ser vivido e isso sim me interessa.
E que o resto sejam superstições.
Pé de pato, mangalô, três vezes. Valei-me meu São Judas!
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