A minha é melhor do que a sua
O relacionamento com a minha mineira já me permitiu um contato maior com estruturas familiares muito mais próximas do que a minha e com todas as idiossincrasias e contradições relacionadas a isso.
Um dos exemplos mais recentes e mais complicados de engolir ocorreu no Natal passado e graças a Deus me envolveu somente como ouvinte.
Era uma conversa sobre onde passar o Natal e a tia da minha mineira fazia questão de que os filhos de uma amiga não saíssem de casa na noite da véspera. Essa posição se baseava na crença de que Natal se passa com a família
Até aí tudo bem, se não fosse o fato do filho mais velho ter uma namorada que provavelmente também tinha família. Segundo o raciocínio da tia, a família que importava era só a da amiga e a menina tinha a obrigação de deixar a dela de lado e passar o Natal junto do namorado.
Achei o fim do mundo aquela visão míope, mas não pude considerá-la incoerente vindo dela. Eu já tinha testemunhado outros exemplos onde o dela sempre era melhor que o do resto do mundo.
Parece meio infantil, mas acho que é tudo muito racional e consolidado.
Ao menos do ponto de vista dela, as diferenças existem e o dela é sempre melhor.
Isso vale para o carro, para o apartamento, para os amigos, para a educação e principalmente para os hábitos. O dela é sempre é "de nível" e a família dela é sempre melhor.
Até para se livrar de roupas velhas o complexo não é deixado de lado. Ao invés de dizer que vai doar roupas ou vai passá-las para a frente, ela adora dizer que vai dá-la aos "outros". Eu sempre me pergunto se esses outros são tão inferiores que não merecem ser nomeados ou se eles não passam de fantasmas que ela e a família têm a bondade de aturar para passar por generosos e preocupados.
Deve ter algo a ver com o conceito cristão de generosidade e purgação dos pecados, eu imagino.
Felizmente, não preciso nem olhar para outras famílias para ver exemplos desse comportamento meio metido a besta e com complexo de superioridade.
Meu próprio sangue está buscando sei lá que motivos para afastar o parceiro da vida do novo sobrinho que está por vir. Ela tem uma infinidade de motivos para isso, mas acho que nada justifica impedir um pai de assumir e ter contato com o filho.
Pode ser um julgamento prematuro, mas prefiro repudiar a idéia desde já e fazer o possível para que isso não se concretize.
Pior do que um ex-parceiro que não se quer mais é um filho sem pais para receber amor.
Um último exemplo desse jeito besta de viver envolveu o Presidente e a atual Primeira Dama. Por conta de um problema de saúde potencialmente sério, meu grande amigo recebeu a pena da tal tia que o chamou de azarado por ter escolhido, dentre tantas moças disponíveis, justamente uma doente.
Quem ela pensa que é? Doente é ela! E doente da cabeça! Muito doente, aliás!
Que a minha mineira me dê licença, mas se ter família próxima significa aturar isso, prefiro o meu estilo de respeitosa distância e abraços frios.
E que ela não venha me encher o saco!
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