Eu ainda estava no meio do meu Tony Parsons quando um colega de trabalho chegou meio de sopetão me trazendo um exemplar de O Monge e o Executivo.
Eu já havia escutado muita coisa sobre o livro e até já o havia pedido emprestado para o Professor, mas nunca havia conseguido tê-lo em minhas mãos para ver o que o tal James Hunter tinha a dizer.
Não me lembro se fui eu ou ele quem citou o livro pela primeira vez, mas sei que eu estava ligando meu computador em uma sexta-feira fria e preguiçosa quando ele chegou, me entregou o livro e me perguntou se eu conseguiria lê-lo no final de semana.
Fiquei sem jeito de dizer que estava lendo outra coisa e que certamente não conseguiria me dedicar ao Monge na próxima semana, mas o cara foi tão generoso e sorridente que acabei aceitando o livro e pedindo um perdão silencioso ao Parsons.
Li o livro, pensei um pouco e concluí que o marketing é mesmo uma coisa abençoada. Somente isso explica o fato de um livro escrito sem nenhum brilho e que recicla um monte de coisas ditas muito tempo antes por outras pessoas, acaba sendo adotado como bíblia comportamental por um monte de gente.
Provavelmente isso já rendeu até teses e cases em pós-graduações e cursos de extensão.
Não me considero uma sumidade em termos de cultura ou ciência, mas já li coisa muito melhor e nem pagar eu paguei.
Isso me fez lembrar da experiência morna que tive com o Zig Ziglar e do certo arrependimento que sinto ao ter indiretamente sugerido que a minha mineira comprasse um livro dele. Mas isso já passou e não há muito o que fazer.
Só espero que ela aproveite alguma coisa da leitura.
Uma das poucas coisas que achei originais no livro diz respeito ao reconhecimento público e à repreensão privada. Experimentei a primeira parte disso há poucas semanas quando fui homenageado pela Diretoria da empresa por conta dos meus esforços em um projeto micado desde o berço.
Bem ou mal, eu consegui levantar um pouco o "abacaxi" e hoje conseguimos manter o nariz fora d´água, apesar dos pesares.
É difícil dizer o que senti quando meu nome foi mencionado e o chefe do meu chefe me chamou lá na frente.
Sempre gostei de me imaginar em situações heróicas, tipo salvamento da mocinha, mas fiquei visivelmente desconcertado na hora de emitir um simples agradecimento.
Me lembrei do chinesinho na frente do tanque na Praça da Paz Celestial, do povo batendo panelas em Buenos Aires e dos "parentes" tomando jatos d´água nas costas durante as confusões em Santiago.
Apesar da pieguice da cena, me senti meio herói, mesmo que se tratasse apenas de uma homenagem simbólica, sem maiores efeitos para a minha conta bancária e o meu cargo.
Isso me faz pensar em um determinado colega que já taxei de mau caráter pelo péssimo costume de ser o último a pagar a conta do almoço, só para aproveitar os centavos remanescentes de troco dos outros colegas.
Esse mesmo cara acha correto sonegar imposto de renda e recorrer de uma multa que ele mereceu levar, mas não é bem disso que eu quero falar.
Eu o considero um ladrão em espírito e isso só aumentou quando eu mencionei o prêmio e ele me perguntou quanto eu havia ganho nisso.
Não consigo me lembrar da reação dele, mas certamente os pensamentos devem ter passado por algo parecido com "prefiro a minha parte em dinheiro" ou coisa que o valha.
Obviamente não quero ser ingênuo a ponto de dizer que só trabalho pelo prazer.
Isso seria ótimo, mas só se encaixa na trajetória profissional da minha mineira e de outras pessoas que amam o que fazem.
Como eu apenas gosto, admito sem vergonha que trabalho também pelo dinheiro e que esse tipo de elogio e premiação atende apenas uma parte das minhas necessidades.
É preciso mais e é isso que eu vou ter.
O que me leva de volta ao Monge e às citações de Maslow e sua pirâmide de necessidades.
Neste momento, minhas necessidades são de paz de espírito e de um regime.
Não preciso mais do que isso para viver bem e fazer a minha mineira feliz de novo.
Acho que estou meio em falta com ela nesse aspecto e tenho que abrir o olho.
Talvez uma das boas formas de fazer isso seja encarando mais um "guia" comportamental / financeiro.
Vamos ver o que o Senhor Cerbasi tem a me dizer e vamos ver o que disso eu posso passar para a minha mineira.
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