Antes de me tornar um homem sério, leia-se, me casar, meus planos de futuro se resumiam a economizar para comprar ou trocar de carro e ter dinheiro suficiente para tomar chope com os amigos duas vezes por semana e visitar Floripa duas a três vezes por ano, de preferência não no Reveillon.
Eram planos simples para uma vida simples e eu não sentia necessidade de complicá-los em nenhum aspecto.
Aquilo era toda a minha vida e eu estava feliz.
Não dá para dizer se foi o casamento em si ou o fato de ter uma pessoa realmente dependendo do meu suporte, mas depois que começamos a correr atrás das coisas do casório, minhas perspectivas de vida passaram a ser muitos mais longas e elaboradas.
É certo que a impossibilidade de visitar Floripa ajudou muito, mas também preciso dar o braço a torcer e admitir que meus próprios interesses mudaram sensivelmente.
Eu já não queria mais depender apenas de mim para elaborar e concluir meus planos. A idéia agora era fazer tudo em conjunto e aproveitar o benefício a dois também.
Nessa linha de planejamento coletivo, traçamos alguns objetivos que batizamos de plano trianual. O nome original era plano trienal, mas acabamos descobrindo que isso remetia a algo que acontecia a cada três anos e não era esse o caso.
Cada uma das nossas metas deveria ser cumprida após um aniversário de casamento.
No primeiro ano, deviamos trocar o carro, no segundo, passar 30 dias na Europa e no terceiro, comprar um apartamento maior para preparar a chegada do Labrador.
Infelizmente as coisas não são como a gente espera que sejam, mesmo que a gente se esfore muito, e nosso primeiro objetivo já teve que ser mudado logo depois de ser estabelecido.
É certo que a gente foi otimista demais e não definiu nada que fôssemos conseguir sem nenhum esforço, mas a coisa não precisava se bagunçar tão cedo assim.
Agora estamos começando a falar dos próximos objetivos e parece que vamos mudar tudo novamente. É possível que pulemos direto para a terceira meta já que a minha mineira não pára de falar em reprodução, mamadeiras e afins.
Fico até assustado com tamanho entusiasmo, mas confio que ela não coloque o carro na frente dos bois e nos arrume um problema onde só deveria rolar alegria.
Cada coisa terá seu tempo, inclusive nossa comemoração sobre as conquistas.
Basta ter paciência e matar a vontade mimando os sobrinhos.
E basta também não achar que uma demora ou um fracasso são finais de linha.
Sempre dá para tentar de novo, buscar outra alternativa ou mudar o objetivo. Nada é tão definitivo assim. E nós vamos viver isso juntos.
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