Estou terminando de ler um Tony Parsons.
Fiquei curioso em saber por que o Takeda gosta tanto do cara e comprei o livro com um cupom de presente que estava esquecido lá em casa. Tinha na cabeça a idéia de que escritores legais devem gostar de outros escritores legais e lá fui eu mergulhar no mundo absurdamente britânico do tal Parsons.
Apesar de gostar do texto dele, fiquei meio receoso por se tratar de um apanhado de artigos e não de um livro com um fio condutor, com uma estória.
O Parsons era jornalista nos tempos do punk e testemunhou um monte de coisas que alguns amigos meus dariam os testículos para compartilhar. O concerto dos Pistols no Jubileu da Rainha, o começo de carreira do Clash e mais algumas coisas que devem mesmo fazer o Takeda ter orgasmos múltiplos. Vejo muito de Parsons na forma como o Japa escreve, mas não ouso falar em cópia. Inspiração seria uma palavra mais apropriada.
Mas essa proximidade de estilos só pode ser verificada na parte musical do livro.
Quando se começa a falar de costumes, viagens e impressões sobre a sociedade, as outras culturas e a vida, os textos vão para direções completamente diferentes.
Parsons é inglês até o osso e faz questão de exercer essa prerrogativa com toda a acidez, auto-ironia e cinismo possíveis. Ele não se livra da pecha de imperialista, apesar de respeitar muito as pessoas e as culturas que descreve.
Apesar de se adaptar a todas as situações, ele segue sendo inglês e nunca conseguirá ser algo diferente.
O Takeda pode ser um nikkei, nascido no Rio Grande do Sul e residente na Argentina, mas ainda é brasileiro e ainda vive um mundo latino e escreve como um latino influenciado por montanhas de produtos culturais anglo-saxões. Ele é gaúcho e por isso mesmo é um tipo particular de latino, mas ainda assim ele pertence ao nosso mundo de futebol, samba, Carnaval e passividade.
Eles não têm como ver as coisas da mesma forma e acho isso muito bom.
Assim dá para comprar livros que falem sobre o mesmo tema, mas que passem mensagens bem diferentes, cada uma com um ponto de vista na velha e desgastada relação de colonização.
Parsons e Takeda são legais, mas é bom o japa se afastar um pouco da influência do inglês ou os amigos vão começar a achar esquisito a troca do chimarrão pelo earl grey no café da tarde.
Pensando bem, ele não corre esse risco, o que vai deixar a minha irmã cineasta ainda mais feliz.
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