domingo, março 13, 2005

Para onde ir?

No ano em que completo cinco anos na mesma empresa - recorde absoluto para um cara que achava um crime ficar mais do que três - me deparo com algumas realidades esquisitas e até bizarras.
Isso tem a ver com o tipo de obrigações que somos obrigados a pagar por querer viver em sociedade. Sim, por que sempre existe escolha. Sempre existe a possibilidade de largar a escolha quadrada de faculdade/trabalho/economias/aposentadoria e partir para algo mais espiritualmente prazeroso. Mas esse não é o assunto da hora.
A idéia aqui é falar do preço a pagar por um emprego das 9 às 6.

Já falei aqui sobre a minha dificuldade patológica de amadurecer e sobre o preço que tive que pagar por isso. É exatamente por isso que entendo bem o que aconteceu com o cara que carinhosamente apelidei de Reco Reco.
Depois falo sobre a relação dele com os curiosos Bolão e Azeitona, o trio que nos trouxe uma série de dores de cabeça.
Pois bem, o Reco Reco foi demitido nesta semana. Demitido e escorraçado, diga-se de passagem, já que na empresa você não pode nem esvaziar as gavetas depois do bilhete azul.

A tal demissão veio por motivos aparentemente muito parecidos com os que me fizeram sair de uma empresa alemã onde era instrutor e adorava enganar os alunos: ele abusou de recursos da empresa e não teve maturidade para parar de fazer isso depois de ser avisado pelo Azeitona, seu novo chefe.
É interessante pensar que alguns desses abusos são praticamente parte da empresa. Todo mundo faz, todo mundo sabe e todo mundo continua vivendo.

Teria sido assim com ele se não houvesse uma certa arrogância (devidamente alertada por mim, mas tardiamente modificada), uma imaturidade gritante e uma inquietude irritante. Ele era bom, mas aquele jeito indolente incomodava demais e ofuscava os resultados. Resultado final: rua com uma filha pequena e uma esposa estudante.
Problemas à vista, mas com sorte isso dura pouco e ele se ajeita. Torço por isso.

Depois da notícia, fiquei pensando nos meus próprios pecados e no preço que nunca me foi cobrado por eles. Tenho sorte de ter escorregado poucas vezes e de não ter sido pego em nenhuma. Tenho sorte de ter parado. Tenho sorte de ter finalmente conseguido amadurecer um pouco.
Sei que não tenho coragem de buscar saídas radicais e de largar meu emprego para ser pescador em Floripa ou criados de ostras em Bombinhas. Não nasci para ter essa coragem. Ao invés disso, tenho que entende que o grande culpado da minha situação atual sou eu mesmo.
Tudo bem. Meu chefe tem algo a ver com isso, mas ele só faz aquilo que eu permito. Se eu forçar a barra e exigir minha parte do ouro (assim como fez o Professor) vou conseguir. Meu chefe não tem como me parar.
Quer dizer, tem, mas aí ele perde mais do que. Ou será que não?

Apesar de não ser afeito a soluções radicais, estou trabalhando nos bastidores para inventar algo diferente sem mudar muito de vida.
Se meu projeto der certo, não vou precisar mais me estressar com reuniões improdutivas e gente que não colabora com as soluções.
Mas tudo isso é uma perspectiva de médio prazo. Primeiro tenho que manter no emprego, trazer a minha mineira para esta selva, tirar férias e ver o que acontece na volta.
Depois vejo para onde chuto as pedras do caminho.

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