quarta-feira, março 23, 2005

Pais

O avô da minha mineira se foi. Finalmente ele descansou e deixou para trás toda a loucura e desespero deste mundo incoerente.
A esta altura ele deve estar valseando com a esposa que o esperou bons 15 anos.
A espera deve ter valido a pena e a música deve demorar para parar.

Meu pai também quase se juntou aos antepassados.
Um acidente pouco explicado o mantém internado há quase uma semana. Um baque para quem chegou de viagem e não sabia de nada.
Hoje fui visitá-lo. Venci milhares de barreiras internas e fui até lá.
Cheguei, cumprimentei a minha mãe e o peguei no meio do corredor dizendo que não era preciso vir e coisa e tal.
Não era preciso mas eu fui. Fui e não dei nenhuma bronca.
Foi difícil mas eu consegui.
Apenas perguntei como ele estava e contei algumas novidades do batismo e do casório.
Pouco antes disso ele começou a falar e se emocionou. Talvez fosse de pena, de vergonha ou sei lá o que. O fato é que os olhos dele ficaram mareados.
Os meus foram no embalo, mas eu não disse nada. Como é de praxe, aliás.
Também de forma tradicional, minha mãe ficou ali no meio, só assistindo.
Foi complicado pensar em perdê-lo. Talvez por isso eu tenha ido vê-lo durante o expediente. Não era preciso para ele, mas era muito preciso para mim.

Termino aqui me despedindo do seu Caleb e rezando pelo meu velho.
Que ele volte logo e que a gente consiga falar. Pelo menos um de nós tem que conseguir.

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