O primeiro
A primeira vez foi bem fácil. Não havia muita tensão nem preocupação de nenhum dos lados.
Eu simplesmente me despedi (ou fingi fazer isso) com um beijo no rosto e um abraço leve, coloquei minha mão na nuca dela e quando me afastava, me aproximei novamente e a beijei na boca.
Ela já esperava por aquilo e correspondeu abertamente.
Não sei desde quando eu estaria "autorizado" àquela liberdade, mas o que se seguiu foi muito tranquilo e gostoso.
Estávamos dentro do carro e a noite de Sampa não nos ameaçava em nada. Era até meio irresponsável estar ali, àquela hora, na rua, mas pra gente pouca coisa importava além do gosto da boca um do outro.
Ambos já tínhamos boas estórias de beijos. Ela mais do que eu, é verdade, mas o número acabava ficando irrelevante àquela altura.
Ambos já havíamos passado pela "brincadeira" do primeiro beijo, da primeira experiência, do primeiro amor.
Muita coisa já não era mais novidade, mas ainda assim o nosso primeiro demorou um pouco. Não, demorou não, criou expectativa.
Dois dias antes do primeiro, ainda na mesma semana, rolou um ensaio, uma prévia do tipo de vida que estava sendo preparada para a gente.
Era nosso primeiro jantar, um evento exploratório mais do que nada. Conversamos por horas, sempre tentando parecer interessantes um para o outro. Só depois de algum tempo é que fui perceber que já éramos interessantes para o outro, mas foi bom começar devagar.
No final da noite fui levá-la em casa como manda o figurino. No primeiro ato, um beijo no rosto e um "até amanhã" esperançoso.
Acabei saindo do carro e fui acompanhá-la até o portão. Fui recompensado com outro demorado beijo no rosto e um abraço gostoso. Um segundo ato perfeito.
Como a comissão técnica do céu estava do nosso lado, o portão estava fechado e tínhamos que ir até o lateral. De mãos dadas, descemos a rua sorrindo, trocamos outro beijo no rosto, ainda mais demorado do que o anterior e finalmente nos desgrudamos.
O terceiro ato para nos matar de vontade de um novo jantar.
Toda essa felicidade com beijos no rosto e repetidas despedidas explica um pouco o que sentimos no primeiro beijo.
Não dava vontade de se desgrudar, de se despedir. No que nos dizia respeito, o mundo poderia acabar em barranco. Já estávamos encostados. E melhor, estávamos encostados um no outro.
Não precisei inventar "mileuma" como o Adam Sandler em "Como se fosse a primeira vez". Para minha sorte, só precisei de uma tentativa.
Para a nossa sorte, ela se lembrava de mim no dia seguinte.
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