Há poucas semanas o pai de um grande amigo foi conversar com a Comissão Técnica do Céu deixando um espaço considerável na vida de um monte de gente, inclusive na minha, que se não era muito próximo dele, acaba admirando-o em silêncio quando cruzava com ele na descida da Consolação.
Quer dizer, para mim era uma descida, mas para ele, com 70 anos nas costas, era uma longa e cansativa subida.
Assim que soube do ocorrido, procurei fazer o que me cabia, mesmo que eu não soubesse bem o que isso significava. Eu não sabia se devia me fazer presente fisicamente ou se bastava ligar ou mesmo mandar um e-mail.
Essas coisas de cerimoniais nunca foram o meu forte e o fato dos demais amigos também não saberem o que fazer não ajudava muito.
Acabamos não visitando o hospital (nem quando ele ainda estava vivo), mas marcando presença no velório e na missa de sétimo dia.
Não foi como aquela história de Internet onde o doente terminal diz que sabia que o amigo relutante viria visitá-lo, mas acabaram sendo dois momentos bons para o reforço da nossa amizade.
Eu ainda estava sob efeito dessa solidariedade quando acabei sentindo algo muito parecido com o meu próprio sangue. Bastou uma abelha e uma alergia exagerada para que meu velho ficasse todo inchado e me enchesse de preocupação.
Felizmente não foi nada de mais, mas não foi bom pensar no que poderia ter acontecido com ele.
Sou bastante econômico nas demonstrações de sentimentos, mas tenho certeza que não estou preparado para reagir a esse tipo de perda. Não consigo entender a morte, apesar de aceitá-la e até esperá-la, mas no meu caso, não no dele. Ou da minha velha mãe ou de qualquer um da minha família.
Tenho certeza que vou "despirocar" quando isso acontecer.
Sim, por que aqui a condicional não vale. É uma coisa que depende apenas do tempo.
Outra coisa que não sei como será é a minha própria experiência como pai, isso se a Minha Mineira conseguir mesmo me convencer a largar o meu medo da responsabilidade.
Por que é exatamente isso que eu tenho quando se fala de filhos e família: medo de não ser capaz, medo de não fazer direito, medo do fracasso.
Mas acho que meu medo não é suficiente para convencê-la e terei mesmo muito assunto para expandir este tema de paternidade.
Por enquanto, fico com a dor do meu amigo e com o meu próprio susto.
Ou medo. Como queiram.
Sem comentários:
Enviar um comentário