quarta-feira, maio 30, 2007

A difícil arte

Muita gente diz que estou na profissão errada, que eu deveria ser terapeuta ou, pior, que eu só preciso do diploma para sair por aí consertando o mundo e suas manias.
Outros dizem que eu deveria ser cozinheiro, guia turístico, colunista de jornal e outras coisas que nada têm a ver com a minha atividade atual.
De tudo isso, o que mais me dá prazer é a primeira parte que, mesmo feita sem nenhuma base teórica, acaba dando vários resultados positivos para as pessoas com quem converso.
É claro que não posso dizer que todo mundo encontra a solução dos seus problemas, mas entendo que acabo contribuindo para que a pessoa encontre suas próprias respostas, principalmente por que me coloco na posição de ouvinte atento e de opinador com respeito, o que invariavelmente é o que as pessoas precisam para seguir em frente.

Uma parte engraçada nessa vida de psicólogo amador é quando o necessitado sou eu.
Aí a coisa muda de figura e todos os meus conselhos perdem a sua efetividade.
Não adianta ninguém tentar conversar, me ajudar ou me animar. Nada funciona e eu sigo no buraco até que me decido a sair dele e efetivamente saio. Quando tenho um problema, eu me fecho e só saio quando melhoro.
Considero isso um defeito, mais do que uma capacidade de sobrevivência, coisa que eu admito que é forte em mim. Defeito por que afasta as pessoas de mim e impede que se preocupem comigo. Quer dizer, elas se preocupam, mas eu me isolo e ninguém fica feliz.

Se eu não estivesse em um rotina de estresse e raiva do mundo, talvez ninguém precisasse se preocupar comigo, mas infelizmente isso não está acontecendo e quando consegue se livrar das próprias frustrações e medos, a Minha Mineira vem babando para cima de mim e dos meus perrengues.
Pena que ela não pode fazer nada. Minto. Não que ela não possa, eu é que não deixo que ela faça nada.
Aliás, que não deixo que ninguém faça nada.
Somos só eu e minha casca.
Por enquanto tem sido suficiente.
Pena que seja assim.
É meio solitário e escuro às vezes.

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