quarta-feira, outubro 18, 2006

Playbas

Na época da faculdade, a turma estava dividida entre três grupos mais ou menos coesos: os playboys, os de classe média e os judeus.
Pensando na minha origem proletária e nas opções disponíveis, não havia como não fazer parte do segundo grupo.
Considerando o isolamento natural do segundo grupo (ainda mais lembrando que a escola ficava praticamente no coração de Higienópolis) e as desventuras de classe média que vivo contando por aqui, achei que teria mais graça falar dos projetos de playboy que eu tinha como colegas e como eles evoluíram para os socialites, jogadores de pólo, pegadores de modelos e apresentadores de TV de hoje em dia.

Algo que era impensável para nós, moradores da Zona Norte, era quase que obrigatório para eles: o carro próprio.
Muitos ainda não tinham idade, mas já exibiam alguns Kadett GS, Gol GTI, Escort XR-3 e Saveiro equipadas. Ainda não existia a onda dos carros "tunados", mas eles caprichavam nos adesivos de surfe, nas rodas de liga leve e nos bancos Recaro.

Como eu não fazia parte da turma, foi curioso que um típico representante da classe dos playbas se tornasse meu melhor amigo.
Se dependesse de mim, acho que não teria rolado. Sou meio sectário com esse tipo de coisa e sou difícil de me misturar. Mas como nos encontramos por acasos profissionais, acabamos nos aceitando mutuamente e construindo uma relação de irmãos até hoje.
Foi essa relação que me apresentou ao mundo do Shopping Iguatemi, da Limelight, do antigo Cabral (aquele que ficava em uma travessa da Cidade Jardim) e das noitadas experimentando toda sorte de destilados disponíveis na casa.
Ah, foi com a companhia dos anteriormente odiados playboys que descobri o sexo pago, mas isso é uma estória completamente diferente.

O que ficou disso tudo é que a maioria desses bem nascidos acabam se comportando de forma bastante coesa e até previsível, mas alguns deles ainda assim acabam fazendo algo "que preste" e que faça a diferença.
Um exemplo e um contra-exemplo disso são dois nomes que sempre estão nas bocas dos "formadores de opinião" e nas páginas das mais variadas complicações.
Enquanto um apresenta um programa de televisão pouco criativo, mas bem divertido, é casado e aparenta ser um pai amoroso, outro se limita a dois esportes básicos típicos da classe: jogar pólo e pegar mulher.

Huck e Mansur são dois extremos da turma dos endinheirados e por isso não consigo admirá-los ao mesmo tempo e pelas mesmas razões.
Gosto sinceramente do primeiro e tenho inveja do segundo.
Nada mais que isso. Simples inveja pelas Bundchens, Piovanis e demais objetos do desejo que frequentemente passam pela cama dele.
Mas é só isso. Inveja pura.
Em se tratando de sentimentos, é melhor admirar o Huck, o Joaquim e a menina da pinta, uma típica família endinheirada, jovem e bonita.

Um dia a gente chega lá, não é mesmo, minha mineira?

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