Poucos assuntos são mais apropriados para um retorno de férias do que o desequilíbrio financeiro de um jovem casal.
Por mais que ambos tentem se policiar e agir de forma austera e econômica, a vontade de comprar aquela "coisinha" que vai ficar perfeita na prateleira da sala ou o DVD daquela banda do coração que você procurava há anos é maior do que qualquer coisa e as administradoras de cartão de crédito acabam agradecendo a preferência. Sim, por que se não fossem aqueles pedacinhos de plástico, minha carteira teria que andar com o dobro do peso para acomodar os talões de cheque ou as notas de cinquenta.
Não bastasse esta vontade de agradar o outro (e a si mesmo) nos 365 dias de lua de mel que costumam acontecer com qualquer casal, eu e minha mineira tivemos que lidar com uma gostosa, mas relativamente custosa viagem à minha terra natal, com direito a alguns mimos para os amigos e, claro, um monte de mimos para a gente.
Não deu para controlar. Foi mais forte do que a gente e nem o temor pelo excesso de bagagem nos impediu de trazer 16 garrafas de vinho e uma batelada de pacotes de geléia. Tudo em nome da exclusividade do produto.
Nem é preciso dizer que esta brincadeira bagunçou ainda mais a nossa já combalida micro-economia, cada dia mais e mais micro.
Tenho que admitir que nossa vida já foi mais afetada por este assunto.
Logo depois que nos casamos, minha mineira perdia noites de sono pensando em juros, empréstimos e prestações atrasadas. Demoramos cinco meses para parar de gastar nossas economias, bem a tempo de assitir ao final delas.
Foi por pouco, mas não precisamos recorrer a financiamento externo. Pelo menos por enquanto.
Infelizmente nosso equilíbrio é apenas relativo.
Não estamos fazendo dívidas que rendam juros imorais, mas também não economizamos um centavo. Tudo que ganhamos vai para pagar as contas da casa, do carro, dos cursos e da diversão que ainda nos permitimos ter. Somos teimosos nisso e achamos que não vale a pena desistir de curtir alguns poucos e bons momentos felizes em troca da manutenção de algumas dezenas de reais. Aí também não, né?
Ainda estamos em busca da fórmula ideal, aquela que não nos obrigue a vegetar e também não faça com que a gaveta de CDs (ou a de sapatos) não tenha mais espaço para as novas aquisições.
Segundo o Professor (que viveu algo parecido enquanto a esposa trilhava o caminho acadêmico), a coisa deve se acalmar lá pelo início do ano que vem.
Isso é um alívio, mas eu e minha mineira não nos conformamos muito com a situação e queremos ver o azul nas nossas contas ainda este ano.
É exatamente aí que está o desafio.
Por que se fosse fácil, qualquer um faria.
Que venham os números, as contas e as planilhas de controle.
O que vier, a gente traça.
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