sexta-feira, setembro 01, 2006

Espectador

Ela precisou de quase quarenta aniversários e inúmeras paixões para se acertar e convencer de que eu tinha razão.
A resistência foi forte, a tristeza teimou em morar com ela, mas eu venci, com persistência, teimosia e uma certa intolerância, eu venci e matei no ninho a decepção e a idéia de desesperança com relação ao amor.
Na verdade, sendo bem sincero, eu não tenho tanta participação assim. Fui mais um inspirador do que um fabricante de esperança, mas o agradecimento dela é sincero e minha felicidade também.
Ela desarmou o coração, viveu feliz e atraiu a felicidade de outra pessoa.
Agora o casamento está marcado, a mudança de vida está ensaiada e a saudade começa a ser acumulada. Cincinatti e Bombain não são bem ali na esquina.

Gostaria muito de compartilhar essa felicidade com ela, mas um casamento na Índia não combina muito com nossos planos de austeridade para suportar o aumento da família.
Passar duas semanas do outro lado do mundo seria uma ótima maneira de acompanhar o início de outro capítulo de uma estória que acompanhei desde o início, mas acho que ela entende as nossas limitações.
Nem mesmo o Professor, do alto da sua desorganizada independência e tranquila liberdade financeira, cogita uma esticada indiana. A brincadeira é pesada demais, apesar do significado sentimental.

Na verdade, eu estou assistindo a essa estória desde antes do seu início, desde que ela encontrou e se perdeu de outro amor e desde que largou tudo para viver o sonho da vida acadêmica.
Mesmo que não sejamos muito próximos no sentido físico, eu estava lá todo o tempo e seguirei fazendo o possível deste lado do vôo continental.

E pensar que tudo começou com um "desarma o coração e vai"!

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