sexta-feira, junho 23, 2006

Datas

Este meu casamento é uma coisa realmente engraçada.
Minto. Na verdade o namoro já era engraçado e o casamento acabou alterando um pouquinho a rotina.
Que outra palavra além de engraçado pode descrever um relacionamento onde o homem se preocupa muito mais com datas comemorativas do que a mulher.
E não estou me referindo ao aniversário de um ano, dois meses, cinco dias e vinte e cinco minutos do primeiro beijo. Falo de aniversários de namoro e do dia em que a gente se conheceu.
Pode até parecer inacreditável, mas enquanto a gente não morava juntos, era muito mais fácil que eu solta-se um "parabéns" no meio do telefonema do que o contrário.
Naturalmente, ela devolvia um outro "parabéns", mas não era raro ela deixar escapar um "ah, é!" antes de sincronizar o calendário.

Não que isso seja uma falta grave, mas certamente é algo curioso no ambiente machista em que vivemos aqui nos trópicos.
Chega a ser ridículo o tradicionalismo que divide as tarefas entre o masculino e o feminino. Isso me parece tão antigo que não me privo de gargalhar quando alguém solta uma dessas na minha frente.
Na minha vida de casado e mesmo na de solteiro, esse tipo de divisão não tem lugar.
Acredito muito mais em iniciativa e capacidade do que em obrigatoriedade.

Mas voltando à memória para datas, depois de algum tempo a minha mineira passou a se antecipar e a lembrar das comemorações. A coisa ficou tão competitiva que eu fui forçado a apelar para uma cola: gravei as principais datas em uma medalhinha que não tiro nem para ensaiar a encomenda do herdeiro.
Nesta medalha estão gravadas a data de início do namoro, a data do noivado e a data do enforcamento final, costumeiramente conhecido como casamento.
Assim não corro risco de perder informações extremamente úteis para a minha integridade física.

Mas o fato de termos diferentes tempos para lembrar das celebrações, não há como negar que ambos gostamos muito de festejar e de lembrar dos primeiros tempos do nosso contato e dos rodeios para o primeiro beijo.
Mal dá para acreditar que a gente tenha feito tanto charme antes de se entregar.
Hoje a gente parece um só de tanto que seguimos no mesmo caminho. Apesar do aprendizado diário e do esforço constante, nos damos muito bem e não temos nenhuma dificuldade em determinar onde comemoraremos tudo o que conseguimos, de um aumento de salário a mais uma vitória do Tricolor.

E mais do que gostar de celebrar, ambos desenvolvemos um gosto especial por preparar surpresas e criar produções para surpreender o outro.
Tradicionalmente, eu acabo criando um número maior de situações, surpresas e produções, mas a minha mineira também é bastante feliz quando resolve agir na surdina e me deixar de boca aberta com ações mais do que surpreendentes.
A próxima surpresa está sendo armada para a semana que vem.
Mesmo sendo na segunda-feira, o Dia dos Namorados vai render uma troca de presentes secretos e um vinhozinho em casa, para embalar a confraternização íntima da sequência.
É bastante provável que o tradicional jantar aconteça no sábado, apesar do meu temor de que enfrentemos um crowd dos piores. Imagino que o mundo inteiro vá ter a mesma idéia, mas não vejo outra alternativa.
Pior seria sair na segunda ou mesmo na terça, depois do jogo do Brasil.

A única certeza que tenho é que desta vez não haverá esquecimentos e nem super-produções. Vão rolar algumas surpresas, claro, mas nada fora do comum.
O importante é a dedicação sincera e a vontade de fazer o outro feliz.
E para isso, não preciso de medalhinha para me lembrar.
Basta olhar para dentro e deixar a coisa acontecer.

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