Balanço
Já se passaram quase cinco anos desde que tropeçamos um no outro naquele site.
Não me lembro bem qual era. Minto. Claro que me lembro, mas gosto dessa atitude meio blasé com relação a coisas sabidamente significativas.
Também se passaram mais de quatro anos desde que nos vimos pela primeira vez.
Poderia ter sido antes, mas um misto de preguiça e timidez fez as coisas andarem mais devagar. Deve ter sido melhor assim, já que acho difícil que um ambiente estranho para ambos pudesse nos deixar mais à vontade do que as atrações da minha cidade. Aqui eu reinava e pude oferecer coisas estrategicamente agradáveis e românticas. A "armadilha" perfeita. Ela caiu, eu caí em seguida e o resto é história.
O passo seguinte demorou um pouco mais. Foram necessários dois anos e alguns milhares de quilômetros rodados para que adotássemos aquele símbolo e focássemos o objetivo comum. Não foi da forma tradicional, mas foi do jeito que eu quis, que eu planejei nos mínimos detalhes, que eu ensaiei em cada palavra proferida. Mesmo fora do meu ambiente, acabei tomando conta do espetáculo e "mandando ver".
É certo que o povo dela não entendeu bem a minha sutileza. Eles estavam acostumados com muito mais pompa e cerimônia, mas a coisa toda acabou funcionando e ela ficou muito feliz. Aliás, ambos ficamos.
Estabelecido o símbolo, fui "recebido na família" e felicitado pela minha decisão.
Eu era quase um "mineiro". Faltava só o pulo final.
Quase um ano e meio depois do pedido, lá estava eu saindo debaixo da barra da saia da mãe e passando a dormir pela primeira vez naquele que seria o nosso castelo.
Foi engraçado abrir mão do jantar quentinho que sempre me esperava quando eu chegava do trabalho, das roupas lavadas e passadas e do falatório dos finais de tarde.
Mesmo que fosse uma coisa há muito desejada, morar sozinho naquela situação não era algo definitivo. Dali a poucos dias a minha mineira estaria ali comigo e dividiria tudo, até a vida.
E finalmente Setembro chegou!
Com ele chegou o grande dia, o "enforcamento", o grande pulo no abismo.
Obviamente eu não penso nisso de forma tão trágica, mas é engraçado usar esse tipo de termo para tratar algo tão complexo quanto o casamento.
Passar a compartilhar a vida com alguém é doido e fascinante ao mesmo tempo.
Deixar de lado coisas que fizeram parte da sua vida desde sempre e adotar ações que vão te acompanhar até o fim é algo, no mínimo, assustador. Mas não havia medo nas nossas mentes naquele final de tarde de sábado. Havia, claro, a tensão pelo evento e torcida para que desse tudo certo no dia, mas se pensássemos no que rolaria à partir do domingo só conseguíamos encontrar tranquilidade.
Estávamos juntos, estamos juntos e vamos continuar juntos.
Nos casamos no mês da Primavera e isso só pode ser um sinal. Deve ter algo a ver com renascimento e renovação, afinal de contas, a Mãe Natureza não teria tido tanto trabalho para encher o mundo de flores e filhotes, né?
Só não estou muito a fim de falar dos meus futuros filhotes neste momento, mas algo me diz que isso não vai durar muito e que a natureza vai nos chamar em breve.
Enquanto isso, os dias vão correndo e novos balanços vão sendo feitos.
Mas cada coisa tem o seu momento e este é o de agradecer e continuar curtindo.
Afinal de contas, eu já sabia que casar era bom.
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