quinta-feira, julho 14, 2005

Inesperado

Acabei de deixar de ser pai.
Passei a noite em claro depois de receber a notícia de que a visita da minha mineira estava algumas semanas atrasada e fiquei morrendo de medo do resultado do exame que saiu agora há pouco.
Não dormi e coloquei o resultado na mão de Deus. Fosse qual fosse o resultado, decidi tratá-lo só depois da confirmação.
Não que adiantasse fazer algo diferente, mas é que precisei organizar as idéias para segurar a barra dela. O diabo é que não havia ninguém disponível para segurar a minha barra.

No caminho para o trabalho imaginei milhares de cenários da família aumentada.
Imaginei noites sem sono, olheiras abissais, escolha de padrinhos, aulas de natação e coisas afins.
Imaginei a minha mineira barriguda, com o air bag ainda maior e com desejos de comer mamão com feijão às 3 da manhã.
De tanto imaginar esqueci de verificar o resultado do exame.
A notícia no negativo veio para deixar as coisas claras e para adiar os exercícios de imaginação.
Agora teremos tempo para fazer as coisas no tempo certo e sem pressa. Não vamos precisar eliminar o computador e a cômoda de CDs para acomodar o berço e as fraldas.
Tudo voltou aos eixos e ela pode parar de chorar e de temer a reação dos pais.

Mas se tudo voltou a ser como era antes, por que fiquei com uma certa sensação de decepção na cabeça?
Será que a minha vontade de ter um labrador ao invés de um filho faz parte da minha fachada de mau?
Está aí uma coisa para se pensar. Mas só daqui a alguns anos.
Graças a Deus.

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