terça-feira, maio 25, 2004

Só pode haver...dois????

Até hoje está fresca na minha memória a frase mais repetida no filme "Highlander".
Para qualquer homem que foi adolescente no final dos anos 80, "só pode haver um" era a deixa perfeita para aprontar alguma barbaridade com o resto da turma.
A simulação das lutas dos imortais do filme era um divertimento besta, mas hilário.
Frisson igual eu só conheci com as imitações do barulho do sabre de luz do Luke Skywalker.

Muito bem. Como já não era mais aquele adolescente magro e meio lento, eu achava que a tal frase não teria muito mais sentido fora das telas. Ainda gostava de rever o filme, mas já não tinha aquela identificação com a busca do MacLeod pela imortalidade e pelo "grande prêmio".

Recentemente, após anos, rugas e quilos a mais, acabei me aproximando novamente da frase e sentindo vontade de alterá-la um pouco para adaptá-la ao que estava vivendo.
Na minha nova realidade, a frase virou "só pode haver dois: eu e o Presidente."

Não sei se a concordância está correta mas a idéia é essa mesma: no final das contas, depois que a gente exclui os ocupados, os perdidos, os encoleirados e os blasés, sempre sobramos eu e o Presidente para pensar e tentar resolver os problemas do mundo em alguma mesa de bar do lado sudoeste da cidade.
É incrível como essa rotina se repete, por mais que a gente gaste horas e horas de celular para convocar o séquito, por mais impulsos que se usem, invariavelmente a mesa acaba tendo apenas dois lugares. Ou algum múltiplo, quando temos a sorte de estarmos acompanhados das namoradas, fiéis escudeiras da nossa sina quixotesca. Não vou chamá-las de Sancho Pança ou acabo apanhando, mas é mais ou menos isso mesmo: onde estão os Quixotes, elas estão junto.

Talvez fosse melhor se fosse diferente, se fôssemos inseparáveis como os Waltons, ou se sentissemos as dores dos outros como os gêmeos, mas isso é algo que não dá para escolher.
É preciso querer e parece que só a gente quer. Ao menos na maioria das vezes, o entusiasmo do grupo, da família, se resume ao Presidente e à mim.

Como não é possível entender, direcionar e muito menos controlar as vidas dos amigos mais próximos, fica o registro de que até entre grupos de grandes amigos, alguns são mais amigos que outros e sempre vale mais a pena o coletivo do que o individual.

Que seja assim, que a gente continue junto e que sempre sobrem ao menos dois. Nós dois.

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