Perto e longe
A pizza de hoje à noite foi extremamente sintomática.
Ficou patente que estamos nos afastando à medida que nos aproximamos delas.
Quando digo "nós", me refiro aos grandes companheiros que tenho hoje em dia. Amigos de verdade. Quase como um Erasmo para um Roberto. Na verdade, vários Erasmos para alguns Robertos.
O "delas" obviamente se refere às respectivas companheiras, quase esposas, praticamente habitantes da mesma casa.
É cada vez mais patente que agimos diferente quando estamos com elas na turma. Não sei se é pior ou melhor, só sei que é diferente.
Eu sempre soube que as coisas mudariam quando "crescessemos".
O problema é que nunca imaginei que a operação envolvida seria a subtração. Não que eu esperasse uma multiplicação, mas talvez uma adição poderia ter vindo de forma mais tranquila.
Mas não foi assim. Com elas somos melhores mas diferentes. Tentamos ser igualmente dinâmicos e inconsequentes, mas acabamos na mesma responsabilidade e semi-preguiça de sair do conforto que conseguimos.
Acho que todos ansiamos por essa tranquilidade emocional e agora que a conseguimos ficamos com essa sensação de querer manter os amigos por perto. Ao menos é assim que eu me sinto.
Não que eles estejam longe. Nada disso. Mas é que a coisa está diferente. Nós estamos diferentes. Elas nos fazem diferentes.
Volto a dizer que acho que estamos melhores assim, mas a idéia infantil de turma eterna não deixa de martelar minha cabeçorra.
Hoje em dia não achamos mais que um final de ano em Floripa é nosso sonho de consumo. Ao invés disso pensamos em uma noite fria em Campos, com uma garrafa de Black, um prato de alho e óleo e um quarto absurdamente escuro.
Nada de sair pela madrugada atrás dos que se perderam atrás de um sorriso perfeito. Nada de cavalinhos de pau no carro do amigo que foi parar em uma casa com 15 mulheres. Nada de descobrir o outro amigo num flashback com a ex. Nada de achar que "All I want is you" vai marcar a paixão definitiva.
Nada disso. Nada de adolescência. Só vida real. Só amor consentido e correspondido.
Só sexo com amor. Só noites clandestinas em hotéis franceses. Só almoços em buffets japoneses. Só planos para Reveilon em camas de casal. Só pilhas de latas de cerveja e entradas de ano na inconsciência. Só o prazer a dois. Só tudo que eu sempre quis.
Sei que é gostoso, sei que é melhor, sei que é o que eu quero. Mas por que acho que estamos diferentes?
Acho que sinto saudade do que ainda vou ser. Estranho isso, não?
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