quarta-feira, junho 27, 2007

Esperança

Acabei de voltar do cinema e minha vida mudou.
Tudo tem outra perspectiva.



Descobri que, se até o Shrek pode aceitar bem a idéia de ser pai, talvez haja mesmo esperança para mim.
Será?

Sobre o filme: como era de se esperar, é divertido, engraçado e vale a pena mesmo que você não precise de persuasão para aceitar que não terá como fugir da paternidade.
Pode confiar.

sexta-feira, junho 22, 2007

Ida e volta

O lugar estava tinindo de novo. Parecia até um hotel ou um shopping. Só caí na real quando não encontrei as lojas e os cachorros do Higienópolis. Bom que isso tenha acontecido antes de eu incomodar a recepcionista.

Assinamos um calhamaço de papéis, seguimos a moça de coque impecável e mãos enrugadas até um quarto do tamanho do nosso apê e começamos a brincar com os botões e controles.
Fiquei fascinado com a cama, cheia de badulaques e inclinações. Precisei me deitar controlar para não tirar uma soneca antes de você e amarrotar a coisa toda. Imaginei que o povaréu que entrava e saía não aprovaria a substituição de corpos.

Falando em gente, a equipe do lugar precisou de reforço para chegar perto do tamanho da nossa turma. A caravana de Uberlândia estava toda lá, com faixas, cornetas e confetes. Só faltaram o tutu e o lombo assado.

Uma picadinha e uns minutos depois, você já estava tomando uma com Sonho e os Perpétuos.
Jogo de paciênca no Ipod, receitas da Ana Maria Braga, explicações para minha mãe sobre mp3 players. Enganei o tempo como deu e até que me dei bem no processo. Quase não dava para perceber que eu estava com vontade de sair correndo pelado pela Martiniano, mas me controlei, para o bem dos olhos do Presidente da empresa que poderia sair para almoçar justo naquela hora.

Só eu sei como você estava em boa companhia. Sei bem como a Matriarca pode ser eficiente e protetora. Tenho certeza que ela cuidou bem de você como se fosse eu. Melhor até.
Com tanto reforço, o lazarento do Murphy não tinha como dar as caras. Nem ele teria essa cara-de-pau.

Noves fora, você entrou e saiu da mesma maneira. Inteirinha. Talvez até mais completa.
Saúde e vaidade equilibradas novamente, o Castelo nos recebeu carinhoso e com saudade da moça rabiscada.
Agora é sossegar o facho e esperar uns dias até pode castigar canais novamente. Por mais que eles mereçam, melhor é não exigir demais da velha/nova carcaça.
Este escriba/acompanhante/amante e toda a trupe do Triângulo e da Octava Región agradecem.

sexta-feira, junho 08, 2007

A arte de gostar de mulher

Ainda nos meus tempos de graduação em jornalismo na Uerj, fui assistir a uma palestra do fotógrafo André Arruda, que foi do JB, Globo e trabalhava, entre outras coisas, com moda. Em determinado momento da palestra ele relatava a sua experiência em fotografar nu artístico e soltou a seguinte frase: "para fotografar nu feminino é preciso gostar de mulher". Eu sorri, porque na minha cabeça aquilo parecia meio óbvio, mas antes que qualquer um fizesse algum comentário ele completou.

- Não se trata de gostar de mulher no sentido sexual, ter tesão por mulher nua, essas coisas. Isso pode ter também. Mas se trata de gostar de mulher em um sentido mais profundo. Gostar do universo feminino. Observar que cada calcinha é única, tem uma rendinha diferente e ficar entretido com isso - afirmou.

O fato é que eu concordo com o conceito do Arruda sobre gostar de mulher. Não basta ser heterossexual, o machão latino. Para gostar de verdade de uma mulher. São necessários outros requisitos que são raros. Por isso as mulheres andam tão insatisfeitas.

Sensibilidade é fundamental. Paciência também. O homem que não tem paciência para escutar a necessidade que a mulher tem de falar, ou sensibilidade para cativá-la, a cada dia, não gosta de mulher. Pode gostar de sexo com mulher. O que é bem diferente.

Gostar de mulher é algo além, é penetrar em seu universo, se deliciar com o modo com que ela conta todo o seu dia, minuto por minuto, quando chega do trabalho. Ficar admirando seu corpo, ser um verdadeiro devoto do corpo feminino, as curvas, o cabelo, seios. Mas também cultuar a sagacidade feminina, sua intuição, admirar seu sorriso que é muito mais espontâneo que o nosso.

Gostar de mulher é querer fazer a mulher feliz. Levar flores no trabalho sem nenhum motivo, a não ser o de ver seu sorriso. É escutar pacientemente todas as queixas da chefa rabugenta, que provavelmente, é assim, porque seu homem não gosta de mulher.

O homem que gosta de mulher não está preocupado em quantas mulheres ele comeu durante a vida, mas sim com a qualidade do sexo que teve. Quantas mulheres ele realizou sexualmente, fazendo-as se sentirem desejadas, amadas, únicas, deusas, na cama e na vida.

O homem que gosta de mulher não come mulher. Ele penetra não só no corpo, mas na alma, respirando, sentindo, amando cada pedacinho do corpo, e, é claro, da personalidade.

"Para viver um grande amor é necessário ser de sua dama por inteiro", afirmou Vinícius de Morais no poema "Para viver um grande amor". Para amar verdadeiramente uma mulher, o homem deve ser totalmente fiel, amá-la até a raiz dos cabelos. Admirá-la, se deixar apaixonar todo dia pelo seu sorriso ao despertar, e, principalmente conquistá-la, seduzi-la, como se fosse a primeira vez. O homem que não tem paciência, nem tesão, nem competência para lhe seduzir várias e várias vezes, esse, minha amiga, não se iluda, não gosta nem um pouco de mulher.

Conquistar o corpo e a alma de uma mulher é algo tão gratificante, que tem que ser tentado várias vezes. Só que alguns homens, os que não gostam de mulher, querem conquistar várias mulheres. Os que gostamos de mulher é que conquistamos várias vezes a mesma mulher. E isso nos gratifica, nos fortalece e nos dá uma nova dimensão. A dimensão da poesia, do amor e em última instância do impenetrável universo feminino.

Mas atenção amigos que gostam de mulher: gostar de mulher e penetrar em seu universo não é torná-las cativas e sim libertá-las, admirá-las em sua insuperável liberdade.

Uma das músicas com que mais me identifico é uma em inglês - por incrível que pareça, para um nacionalista e anti-imperialista convicto. É a "Have you really loved a woman?" do cantor Bryan Adams. A música foi tema do filme Don Juan de Marco, e em uma tradução livre quer dizer "você já amou realmente uma mulher?". Em toda a música o cantor fala sobre a necessidade de se conhecer os pensamentos femininos, sonhos, dar-lhe apoio, para amar realmente uma mulher. Essa música é perfeita.

Como se vê, gostar de comer mulher é fácil. Agora gostar de mulher é dificílimo. Precisa ser macho de verdade para isso. Quem se habilita?