segunda-feira, julho 17, 2006

Coisas a se fazer antes dos 35

Estou mesmo em uma fase complicada da minha vida.
Não é preciso que aconteça nada de especial para que eu comece a refletir sobre minhas decisões e a pensar no que poderia ser diferente.
Infelizmente não consigo focar esses pensamentos apenas no futuro e acabo pensando naquilo que eu teria feito diferente no meu passado.
A retomada desta vez foi motivada pelo filme “Antes do amanhecer” que vi com a minha mineira neste final de semana. A idéia de uma viagem sem compromisso, destino ou propósito me fez pensar nas minhas experiências e me levou a mais um momento “Alta fidelidade”.
O resultado disto foi uma lista das coisas que teriam que ser feitas na vida de um homem antes que ele chegue aos 35. Obviamente, esta lista diz muito sobre mim mesmo, mas talvez alguém possa se espelhar nela e fazer as suas próprias reflexões.
Aí vai ela:

- eu deveria ter ido ao primeiro Rock in Rio: eu tinha 13 anos e meus pais não me deixavam ir ao Shopping à noite, quanto mais viajar para um lugar onde cada um poderia ter o tipo de diversão que quisesse e na quantidade que desejasse; eu certamente não tinha maturidade para tanto, mas teria sido o máximo ver o Queen, o Whitesnake e o meste Ozzy naquele palco;
- eu deveria ter beijado a Francesca: mesmo que ambos tivéssemos namorados em nossas terras, a gente deveria ter se envolvido em Londres e se curtido naquelas duas semanas que faltavam para o fim do curso no Eurocentre; teria sido o máximo me fingir de Jesse e têla como minha Céline; poderia ter mudado a minha vida; na verdade, mudou;
- eu deveria ter ficado mais na Europa: a companhia do Presidente tornou a viagem de mochileiro uma coisa muito direcionada e eu deveria ter jogado tudo para o alto e vivido melhor a oportunidade; eu teria limpado banheiros e servido mesas, mas teria vivido um mundo diferente e não apenas conhecido monumentos; maldito orgulho de engenheiro;
- eu já deveria ter tido um filho: é cada vez mais complicado lidar com a idéia de ter um herdeiro e a nova temporada dos sobrinhos em casa não ajuda em nada; desta vez é um pouco diferente e estou pensando na minha suposta incompetência para educar adequadamente uma criança; sempre critiquei alguns pais pela falta de disciplina com os filhos, mas hoje penso que não é nada fácil fazer com que uma criatura pensante não se desvie do caminho que você acredita ser o melhor para ela; desta vez, não penso na falta de sono que um filho vai trazer, mas sim no medo do fracasso;
- eu deveria ter ido até a Argentina para ver os Smiths: tudo bem que eu nem cheguei a saber que eles tocariam lá e que a logística seria ainda mais difícil do que a do Rock in Rio, mas isso não elimina o fato de ter perdido uma oportunidade única de ver a minha banda predileta em ação;
- eu deveria ter saído de casa antes de casar: ter morado sozinho teria me ensinado algumas coisas que seriam muito úteis na vida a dois; isso sem contar a alta rotatividade que eu poderia ter experimentado com meu próprio “abatedouro”;
- eu deveria ter aproveitado melhor meu estudo de inglês logo que voltei da Europa: eu teria me dado muito melhor na carreira e teria economizado uma boa grana em estágios da Cultura;
- eu deveria ter me comportado melhor nos meus empregos iniciais: tudo bem que tudo para mim aconteceu tardiamente, mas ter sido imaturo ao extremo nos primeiros 7 anos da minha carreira não me ajudou em nada; meus companheiros de curso que o digam, já que praticamente todos ocupam cargos executivos e ganham muito mais do que eu;
- eu deveria ter ousado mais com mulheres: mais um ponto onde a minha imaturidade foi a atriz principal; perdi tantas oportunidades com meninas que me abordaram que só consigo me sentir ridículo e esquisito; e não teria sido só sexo; certamente eu teria vivido grande amores, se não tivesse ignorado a natureza e deixado de lado a idéia que aquela mulher estava mesmo interessada em mim, e;
- eu deveria ter beijado a Cibele: teria sido o primeiro beijo no meu primeiro baile, provavelmente com aquela que seria o meu primeiro amor não imaginário; teria sido inocente e lindo.

Olhando para esta lista fico pensando que não tenho muito do que reclamar desta minha existência.
A coisa toda ficou com um quê de “Epitáfio”, de arrependimento pelo que não fiz, mas estou longe de querer entregar os pontos. Sou teimoso demais para optar pela saída “fácil”.
Prefiro seguir esmurrando a faca até a coisa toda ficar do jeito que eu quero, principalmente com a parte do sangue.
Tanto melhor se for assim.

Estou meio down, é verdade, mas isso vai ter que passar.
Tenho que me lembrar de uma lista ainda maior que contém as coisas que eu fiz nestas 34 primaveras.
Tenho a obrigação de fazer isso e agradecer a quem me ajudou e dividiu alguns desses momentos comigo.
Vai ser complicado lidar com isso hoje, mas amanhã é outro dia e quem sabe eu consigo.
Quem sabe?

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