quarta-feira, dezembro 01, 2004

Para a frente e para trás

Há algumas semanas atrás o Projeto Uberlândia deu os primeiros sinais efetivos de vida: fui chamado para uma entrevista em uma grande empresa da cidade.
Na verdade, eu fui chamado para conversar com a empresa que faz a seleção e a contratação de pessoas para essa grande empresa, mas para mim dava tudo na mesma. O fato é que eu tinha uma entrevista agendada.
Isso foi motivo de comemoração para a minha mineira e acho que ganhei algumas boas noites de carinho como prêmio pelo meu aparente sucesso.

Como eu já me julgava preparado para encarar as diferenças de mercado de trabalho entre Uberlândia e São Paulo, achei que seria uma simples questão de verificar minha adequação à vaga, discutir benefícios e assinar o contrato. Eu já esperava um salário menor e uma estrutura menos "generosa" do que a atual.
Pois é. Eu esperava mas não estava preparado para o que encontrei.

Antes de detalhar o que rolou, acho que vale a pena descrever a conversa que tive depois com o Professor.
Eu estava angustiado com as condições de trabalho e levei isso para nossas conversas de escovação de dentes. Eu nem estava pensando se a empresa tomaria a decisão de me contratar e já estava lamentando as minhas perdas com a mudança.
Para minha total surpresa, o Professo foi extremamente simples no comentário. Ele me perguntou o que era mais importante naquele ponto da minha vida, a carreira ou a minha mineira. Respondi o óbvio - a minha mineira - e caí na real sobre o que realmente estava envolvido naquela questão.
Percebi que alguns amigos meus jamais fariam aquele tipo de concessão, mas eu não era esses meus amigos.
Notei que toda a minha vida foi levada tendo como prioridade algo mais íntimo e recompensador do que o trabalho.
Aceitei que o dinheiro sempre havia sido um mal necessário na minha vida e que ter um pouco menos dele na mão todos os meses não seria o final do mundo.

Além de me aliviar o peso dos ombros, o Professor ainda me saiu com mais uma: eu não era obrigado a permanecer naquele emprego para sempre, mas o importante era colocar um pé em Uberlândia e conseguir o objetivo de estar mais perto da minha mineira.
Era brilhante de tão simples. E eu, com todo o meu conhecimento enciclopédico e analítico, jamais havia percebido isso.
A fórmula era simples: dar um passo atrás na carreira significaria dois passos a frente naquilo que realmente era importante para mim. E posteriormente a carreira poderia voltar a avançar e a acompanhar os outros aspectos da vida.

Pensando bem, acho que nem vou comentar os detalhes da proposta que recebi.
Isso fica meio sem peso depois de tudo que contei, ainda mais por que a empresa não me chamou por achar que eu não me encaixava no perfil.
Pelo menos agora eu acho que estou um pouco mais preparado para dar o tal passo atrás e não sofrer tanto com o processo. Vai ser duro ter muito menos din din no bolso para gastar, mas vai valer a pena.

Só fica uma pergunta que ainda não consegui responder: será que eu sacrificaria tanto a minha carreira a ponto de ir para Uberlândia sem emprego?

Quem sabe a resposta venha nos próximo capítulos?

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