quinta-feira, setembro 06, 2007

Para fora

Me deu vontade de passar um tempo no exterior.
Deve ter a ver com o e-mail que escrevi há pouco para o amigo-irmão que está em Boston e com a idéia de que a solução para todos os problemas de uma amiga estão na Alemanha.
Mas não sou como ela. Não estou procurando soluções. Não preciso me arrepender (muito) do que fiz no passado e fugir.
Sou mais como ele, que está procurando viver melhor. E voltar, diga-se de passagem.

Tenho amigos morando em Madrid, também. Daqui a pouco terei mais, mas por enquanto é uma só pessoa que foi para lá mais ou menos fugida: ela deixou a vida para trás e fugiu.
Lá ela foi a uma lojinha de descontos e comprou outra, novinha em folha, cheia de coisas coloridas para alegrar os dias, cheia de amores novos, rotinas novas, vidas novas.

Mas também não preciso renovar tudo. Tem coisas que funcionam na minha vida. Nem tudo, mas algumas coisas sim. Não preciso largar tudo. Não quero largar tudo.

Mas bem que poderia passar dois anos na França como o X.
Ele largou pouca coisa aqui. Quase nada, na verdade. E quando voltou, tinha uma vida nova montadinha esperando por ele.
Tudo bem que falta um pouco de emoção, mas não se pode ter tudo, não é?
Ou será que sim?

Não vai adiantar buscar defeitos sentimentais na idéia de sair um pouco.
Por mais que eu os encontre, a vontade de ir só vai passar com o tempo.
Ou com a cerveja.
Ou ainda com uma boa conversa com a Minha Mineira, tão apegada que é às raízes, à família, a tudo.
Ou com tudo isso junto, misturado e batido com gelo e limão. Saúde!

A vontade talvez não passe e eu provavelmente não vá.
Mas fica o registro da vontade, ah, fica.
Quem sabe um dia eu tome coragem e vá. Ou fique e mude tudo. Sei lá.
Vontades são para isso mesmo.

UPDATE:

Esqueci de mencionar o Jar-Jar, que vai passar uma boa temporada em Buenos Aires, em uma situação onde eu queria estar (inveja pura), mas isso é outra história.

terça-feira, setembro 04, 2007

Tiozão

Em recente ida para Bertioga eu vivi uma situação que, se não era nova, acabou sendo meio que reveladora: me vi em meio a um bando de gente mais nova, dando conselhos sentimentais e desafiando algumas idéias que estavam enraizadas em alguns deles.
A idéia era mesmo fazer todo mundo pensar nas suas "verdades" e, adivinhem, virei ídolo dos bêbados.
As meninas me ouviram praticamente sem manifestações, mas os caras, principalmente os mais acelerados na birra me elogiaram até o início da madrugada.

E havia razão para tanta alegria.
Eu falei coisas em que acreditava e que fizeram os caras pensarem nas próprias realidades, principalmente no que se refere ao coração. Falei de mim, da Minha Mineira, do nosso relacionamento e do nosso acordo de cuidar da felicidade um do outro.
Não sei se foi bom ter mencionado o fim da ilusão e a maior adequação de sentimentos que vem com a idade, mas acredito que eles entenderam que a mensagem visava aumentar a confiança no sucesso de relacionamentos.
Sim, por que o sucesso no amor foi a tecla mais batida em toda a conversa.
Ficou a impressão de que só quem tem medo de ficar sozinho não entendeu a idéia de esperança, concessão e ajuste de expectativas que tentei passar.
Me senti como o irmão mais velho cuidando da molecada.

Um dos pontos que mais irritou uma das amigas da Minha Mineira foi a minha idéia de que a fidelidade é uma escolha e não uma coisa natural do ser humano.
Ela ficou indignada e não se acalmou, mesmo depois de eu explicar que não achava moralmente certo ter um relacionamento paralelo, mas sim que acreditava que isso dependia de esforço, dedicação e, principalmente, disposição.
Eu quis dizer que não era natural por não ser fácil, mas ela não entendeu. Ou não quis entender. Ou teve medo de entender.

Não sou o dono da verdade, por isso não posso falar por ela.
Mal posso falar por mim e pelas minhas escolhas, mas me sinto bem em conseguir passar algum tipo de mensagem para aqueles que ainda tem coisas para viver e amores para curtir.
Acho que sou um "tiozão" legal, compreensivo e preocupado e é assim que continuará sendo, mesmo que as recalcadas queiram me matar.