segunda-feira, novembro 24, 2003

Estar acostumado

Neste final de semana acabei sendo um pouco rude demais com a minha mineira.
Acredito que não havia muita justificativa para o destempero que rolou, mas meu atual estado de stress potencializou algo que poderia muito bem ter sido resolvido com muita conversa e alguns beijos.
O fato é que fiquei nervoso pela insistência dela em dizer que não estava acostumada a fazer determinada coisa e que por isso não havia como fazê-la direito.
Ao invés de brigar, teria sido muito melhor se eu tentasse fazê-la entender que nem sempre a gente faz somente coisa com as quais se está acostumado.

Por mais que eu não goste de grandes mudanças, tenho consciência de vivo uma dicotomia ao exigir de mim mesmo um grande poder de adaptação a qualquer nova situação que eu viva.
Talvez eu consiguisse viver melhor sem essa exigência toda, mas aí não seria eu, não haveria o gosto de ser crica e "analítico".
Não importa se é um novo caminho para casa, se é um novo emprego que encaro ou se é um novo relacionamento que se inicia. Sempre procuro me adaptar o mais rápido possível para que a situação me cause o mínimo de prejuízo ou sofrimento.
Tenho a impressão de que isso tem a ver com sobrevivência (grande Darwin).

Voltando à bronca do final de semana.
Por mais doce que seja, a minha mineira gosta de insistir nessa linha de não estar acostumada com algumas coisas.
Isso costuma me incomodar um pouco, mas desta vez foi complicado. Eu diria que pode até ter sido justificado, mas certamente foi exagerado.
Tenho que tentar entender que talvez essa seja a verdade dela, que talvez ela não entenda isso como uma exigência a cumprir, que talvez ela viva melhor assim.
Acho que esta última frase resume bem o que esta questão deve conter: se a pessoa vive bem com seu próprio grau de adaptação às coisas e situações, que seja assim e que ela continue feliz.

Vou tentar passar isso para a minha doce mineira.
Algo me diz que ela vai entender.

sexta-feira, novembro 21, 2003

Falta

No final de semana passado eu assisti à parte final do Matrix.
Não quero ser espírito de porco e estragar o prazer de quem ainda não conseguiu ver o Revolutions, por isso vou me concentrar apenas em um aspecto do filme.
Na verdade, o que me chamou a atenção nesta nova chuva de efeitos e kung fu acrobático já tinha aparecido no segundo de forma bem intensa: me refiro ao amor da Trinity pelo Neo.

Apesar disto (o amor) ser muito mais legal quando envolve duas pessoas, não acho que o Neo tenha dado muitas demonstrações de que ama a dona daqueles olhos verdes e estilo impecável. Talvez tenha algo a ver com a "expressão dramática" do Keanu Reeves, mas sempre achei que ela o amava com muito mais intensidade.
O amor dela é cheio de sacrifício e entrega. Ela seria capaz de morrer por amor a ele e isso é para poucos.

Entendo que o amor também é feito de um pouco de sacrifício, nada em exagero, nada que o torne mais um carma do que um benefício. Apenas um tempero para que a coisa fique mais valorizada.
Também acredito que uma das formas mais intensas de demonstrar o amor é sentir falta dele.
É aí que eu me aproximo um pouco da Trinity. Ela fez o diabo para salvar o tal do Neo e tudo foi em nome do amor. O reencontro deles deixou bem claro o valor que ela dava para aquilo que eles tinham. Aquilo era a vida dela.
Não tenho a menor pretensão de ter aqueles olhos nem aquele estilo, mas sinto falta do amor e seria capaz de muitas coisas por ele.

Obviamente temos algumas diferenças básicas: o dela estava lutando pela vida dentro de um mundo virtual e o meu está "apenas" a 600 longos quilômetros de mim. Não é nada mortal, torturante ou coisa parecida, mas de vez em quando pinta uma dorzinha fina lá no fundo.
É mais ou menos como se uma agulha fininha ficasse me espetando quando me lembro que ela está ao alcance do telefone mas não do meu beijo.

Tenho sentido mais do que deveria a passagem dos tradicionais 15 dias.
É certo que as luas-de-mel que fazemos de vez em quando ajudam a aumentar o impacto da falta, mas está ficando complicado viver à distância.
Acho que chegou a hora de fazer algo para arredondar isto. Talvez seja a hora de crescer de verdade.
É claro que isto não significa que vai rolar algo impensado ou definitivo. Apenas vou dar um jeito na distância e me concentrar nos outros aspectos desta dinâmica.
Não vai mais haver desculpa para não almoçar em algum self service na quarta ou tomar um chope rápido na quinta à noite. Não vai ser mais impossível marcar um cinema ou algo mais romântico na sexta.

Talvez isso seja o começo de algo mais.
Não é impossível que seja também o fim de outras coisas, mas prefiro deixar isso nas mãos Dele.

quinta-feira, novembro 20, 2003

Sinais

Ontem eu recebi uma espécie de sinal de que as coisas boas do passado sempre podem voltar a nos alegrar quando não estamos exatamente nadando em felicidade.
Não estou em uma semana muito feliz e receber a visita inesperada do meu ex-chefe soou como um alento.
Nunca fui muito fã de chefes, mas ver o "espanhol" na minha frente depois de mais de um ano da sua partida para a terra natal, foi estranhamente satisfatório.
Não é de se estranhar que hoje eu me lembre dele mais como amigo do que como ex-chefe.

Ele continua magrão, meio careca (como eu), com os dentes meio encavalados e branco como cera.
Nosso principal assunto continua sendo o futebol e parece que nosso reencontro nos deu sorte a ambos: mal no encontramos e a Espanha marcou o primeiro gol contra a Noruega.
Isso me fez recordar das "conversas sérias" que tinhamos durante a Copa. Todos se espantavam quando ele atravessava o andar e vinha debater os resultados do dia anterior e os prognósticos para o dia seguinte.
Foi engraçadissímo quando cada um de nós preencheu uma tabela da Copa com seus próprios gostos. Na dele, a Espanha finalmente seria campeã e em cima do Brasil.
Na minha, era Brasil de ponta a ponta.

É engraçado pensar que só quando todos sabíamos que ele ia embora é que eu baixei a guarda e me permite uma aproximação. Ele era tão ou mais zeloso das coisas do trabalho quanto eu e por isso raramente nos víamos fora do ambiente de trabalho.
Ainda bem que deu tempo de levá-lo até O Velhão e deixá-lo embasbacado com a enorme quantidade de comida.

Hoje me lembro com saudade dos primeiros anos na empresa.
Era tudo mais inocente e divertido. Eu era mais imaturo mas não sofria tanto com a vontade de fazer as coisas certas.
Talvez a volta dele signifique mesmo que eu deva relaxar mais e deixar as coisas andarem mas livres.
Talvez seja um sinal para que eu relaxe mais.
Talvez...

quarta-feira, novembro 19, 2003

Missões

Estou terminando de ler o Senhor dos Anéis e finalmente o nanico do Frodo conseguiu fazer aquilo que ele passou o livro inteiro esperando. Finalmente ele conseguiu dar um jeito naquele anel lazarento e agora ele pode voltar à sua vidinha normal no Condado, em meio a atividades muito estressantes como tomar café da manhã cinco vezes e ir até o rio para pescar o almoço.
Ainda não cheguei ao final do livro e devem rolar mais algumas aventuras para cada um dos componentes da Sociedade, mas o Frodo já não precisa fazer mais nada. A sua parte foi devidamente cumprida e os outros devem se esforçar para chegar perto daquilo. A sua missão foi cumprida.

O primeiro pensamento que me veio à mente quando imaginei o Um Anel caindo foi a possibilidade de que cada um de nós venha para este mundo com alguma espécie de propósito, com alguma missão qualquer.
Mesmo que essa tal missão seja teoricamente irrelevante se comparada com a paz mundial ou com a erradicação da fome, o significado pessoal dela deve ser crucial para a vida de cada pessoa.

Sempre achei que eu tinha saído lá dos recônditos da minha mãe para realizar algum tipo de ato heróico.
Não sei bem por que, mas a imagem de uma cena de luta contra o mal, de conquista esportiva extrema ou de fama irrestrita sempre esteve presente na minha cabecinha doida quando eu pensava no futuro.
Talvez essa seja a grande razão de eu me emocionar facilmente quando o Brasil ganha algum jogo dramático ou quando alguém supera seus limites em uma competição.
É certo que eu me emociono até em filme da Sessão da Tarde, mas isso é outro assunto.
A intenção aqui é questionar a existência de missões pessoais para cada um, missões sem as quais a pessoa não possa completar sua passagem pela vida. Talvez isso tenha a ver com o conceito de carma, reencarnação e a continuidade da vida. Talvez seja só coincidência.

Tenho uma visão meio pessimista e umbiguista sobre a minha própria missão: me vejo mais como sendo responsável pela felicidade de outras pessoas do que pela minha própria. Sinceramente, acho que sou mais eficiente nos outros do que em mim.
Não costumo questionar a validade dessa idéia. Não questiono a possibilidade de não conseguir ser exatamente feliz.
Ao invés disso eu procuro fazer a minha parte nas coisas que tenhoa algum controle. Procuro fazer o que me cabe e confiar Nele.
Se com isso vou conseguir desmentir meu próprio pessimismo ancestral, eu não sei.

Mas será que alguém aí sabe?

terça-feira, novembro 11, 2003

Sincronizando

Mais uma vez "Sex in the city" me inspirou a escrever alguma coisa relacionada a sentimentos e relacionamentos.
Ando meio que precisando de inspiração externa. Tenho sofrido o efeito de uma tríade de contra-incentivos, as populares faltas: falta de tempo, falta de assunto e falta de vontade.
Se ao menos meus dois ou três leitores pudessem me sugerir algum assunto....

Mas não é por isso que volto a falar sobre a Kerri e suas amigas.
O sono que sinto hoje é consequência direta do aviso da minha irmã de que às 22:50 começava mais um episódio inédito (no Brasil) da quarta temporada. Como fiquei meio viciado nas estorinhas rápidas do seriado, não consegui resistir e tive que deixar minha cama esperando por mais algum tempo.
Isso me custou a ida à academia, mas acho que ela vai continuar no mesmo lugar hoje à noite.

A cada episódio que vejo, fico com mais certeza de que não me interesso muito pela devoradora de homens, pela certinha carente e pela mega-profissional que não se preocupa muito com nada. Por mais que essa última se pareça muito comigo, o que eu gosto mesmo é de ver os conflitos da Kerri, moça descolada, inteligente e independente que está tendo que aprender a adaptar a sua vida à presença de outra pessoa.
É muito legal vê-la sofrer com suas próprias decisões e ficar meio louca com a presença do namorado dentro da sua casa. Foi ela mesmo que o convidou para morar naquele apê (acho) e por isso mesmo o conflito de interesses e desejos acaba sendo exclusividade dela.

Mesmo que algumas amigas gostem de pensar que o amor é combustivel suficiente para garantir o sucesso de qualquer relacionamento, eu acredito que não é só aí que outras coisas acabam sendo igualmente importantes. O que vi na TV ontem me mostrou que o sincronismos entre as expectativas e as necessidades dos "adversários" têm igual ou maior importância do que os mais puros sentimentos românticos.
Digo isso por que a Kerri ama o Aidan e vice-versa. Ela o ama tanto que abriu mão de um pouco da sua liberdade para tê-lo mais junto e presente. Ele a ama tanto que quer se casar com ela.
Foi exatamente aí que o caldo entornou.

Parece que o amor intenso, o sexo romântico e as milhares de coisas em comum que eles tinham ficaram pequenas perto da alergia quase patológica que ela desenvolveu à assinatura do papel.
É bem importante dizer que ela não era contra continuar dividindo o teto com o homem que amava. A urticária surgiu quando se acrescentou a idéia de compromisso assumido perante outros.
Até um inocente brincadeira com velhos vestidos de noiva acabaram causando violentas alergias à pele daquela mulher acostumada a ser livre, mesmo que isso jamais tenha significado promiscuidade.

Fiquei pensando se eu já tinha vivido algo assim.
Graças a Deus a cena mais parecida com isso que vivi foi a resistência de uma namorada a me incluir na sua vida. Tentei durante algum tempo e acabei tendo que desistir: ela terminou comigo, seguiu sua vida e depois foi embora para se casar.
Não houve tempo para alergias, urticárias e coisas afins.
Não houve a oportunidade de colocar na balança os sentimentos que se tinha e o incômodo de se considerar casado.

Sinceramente, não tenho medo de dizer ao mundo que estou casado. Não acho que isso signifique que perdi alguma coisa ou que vou ter que abrir mão do melhor vida.
Atualmente meu pensamento é exatamente o contrário. Cada vez mais penso em casório com um ganho, uma troca com vantagem.
Espero que o “adversário” esteja na mesma fase da vida e que não exista nenhuma possibilidade de encararmos o problema de sincronismo da Kerri e do Aidan.

quinta-feira, novembro 06, 2003

Classe nórdica

A elegância daquela menina começa no nome.
Por muito tempo pensei que aqueles trações delicados viessem da Dinamarca, terra das loiras esculturais, do Aqua (aquele da música Barbie Girl) e da estátua da sereia na entrada do porto da capital.
Foi só recentemente que descobri que estava enganado. Aquele nome classudo vinha de um terra um pouco mais ao norte, do mesmo lugar de onde veio o Abba, as loiras ainda mais maravilhosas e um povo que adora os brasileiros. Diferente do que eu pensava, ela era sueca!!

Se bem que isso muda muito pouco o meu relacionamento com ela.
Dinamarquesa ou sueca, a minha admiração pelo jeito de ser daquela menina delicada permanece o mesmo. Gosto especialmente da forma educada com que ela expressa a sua opinião. É fácil conversar com ela por que não existe o risco dela aceitar a sua opinião simplesmente por que você é homem ou por que ela é bem mais jovem. Se houver motivo para discordar, educadamente ela dirá que não concorda e explicará o por que.

Demorei um pouco para me acostumar com isso.
Confesso que no começo eu achava que ela seria outra menina bem criada que prefere não criar polêmica e agradar antes de tudo. Eu sentia que ela seria outra menina bonita, perfumada e elegante que não teria muito a dizer por medo de não agradar.
Só depois de conhecê-la melhor, de conversar mais longamente sobre assuntos diversos e de atender aos seus convites para ir à igreja aos domingos é que encontrei a verdadeira mulher por trás daquelas bochechas rosadas. Para minha surpresa, aquela mulher tinhas bastante personalidade e opinião. Gostei muito dessa descoberta e hoje faço questão de conversar com ela quando quero entender melhor alguns assuntos, principalmente no que diz respeito a meninas do perfil dela.

O engraçado da nossa amizade é que tudo começou com o namoro da irmã mais velha dela com o irmão mais novo do Presidente. Já falei sobre isso em outras ocasiões e não tenho muito a acrescentar.
Na época em que a encontrei, os irmãos já não estavam mais juntos e a vida de todos havia mudado demais. Por ser alguns anos mais jovem do que a gente, ela sempre viveu momentos diferentes, mas agora essa diferença tem pouco significado e podemos compartilhar o que estivermos a fim.

Uma coisa engraçada do passado foi quando tentamos aproximar uma amiga dela do nosso amigo uruguaio. Parece que houve interesse de ambos os lados, mas o velho é bom “relacionamento anterior” fez com que ela não abrisse a porta para que ele tentasse entrar.
Foi uma pena que não desse certo. Acho que eles teriam formado um belo casal.

Hoje em dia não temos mais essa preocupação. Nossos amigos estão todos trilhando seus próprios caminhos e podemos concentrar nos nossos próprios momentos.
O fato dela ter se aproximado do Presidente só ajudou para que os momentos com a minha mineira ficassem ainda mais gostosos. Nós quatro sempre nos divertimos muito e ainda temos planos de fazer muito mais.
Gosto muito dela e acho que nunca tive a oportunidade de dizer o quanto.
Talvez agora eu consiga e espero que ela curta o gesto.
Espero também que ela curta a idéia de boa parte das minhas preces quando vamos juntos à igreja sejam destinadas à ela, sua saúde e sua felicidade. Na minha opinião, poucas pessoas merecem tanto.

quarta-feira, novembro 05, 2003

Cores diferentes

Quando eu era um moleque um pouco menos asseado do que sou agora, existia uma piada de muito mau gosto a respeito da anatomia sexual das mulheres orientais.
Não tenho coragem de repetir a piada aqui, mas garanto que não daria para ninguém se sentir elogiado ao ouvir a barbaridade de alguém.

Depois que engordei um pouco (por que crescer eu nunca consegui) acabei tendo oportunidade de comprovar a velha lenda da infância, mas infelizmente não consegui. Fiquei a ponto de matar mais um fantasma de repressão infanto-juvenil, mas na hora H a moça pulou fora.
Na verdade não foi uma só.

O relacionamento com aquela veterinária baixinha tinha tudo para dar certo. A sua mãe era japonesa e seu pai alagoano, acho. A mistura resultou em um rostinho meio redondo e em um sorriso lindo de se ver.
A gente gostava das mesmas músicas, curtia os mesmos filmes, gostava de bares mais tranqüilos, conseguia conversar sobre um monte de coisas, planejava as viagens que viriam e adorava o gosto do beijo do outro.
Ela foi uma das poucas com quem eu não senti pressa em passar da fase dos beijos. Podíamos ficar horas e horas só mudando a forma e a posição do beijo. Não rolavam toques nem apertos, apenas o contato dos lábios e o roçar das línguas.
Não era falta de tesão. Era simplesmente vontade de curtir o beijo.

A gente se conheceu no curso de inglês, mas só fomos começar a sair no segundo estágio que fizemos juntos. Uma colega nossa adorou saber que a gente estava junto e torceu muito para que desse certo.
Na verdade, até hoje não sei bem o que rolou. Sei que a gente saía há cerca de um mês quando senti vontade de oficializar a coisa. Queria romper a minha barreira pessoal e chamá-la de namorada. Ela não devia ter os mesmos planos e disse que preferia que a gente continuasse do jeito antigo.
Obviamente a coisa degringolou antes do namoro, do sexo e da intimidade maior.

A outra experiência oriental aconteceu com uma comissária de bordo que vinha de Suzano. Coincidentemente, a mãe dessa menina também estava morando no Japão e ela estava sozinha em Sampa.
Desta vez o curso era da japonês (um dos meus desvarios lingüísticos) e ela era mais alta e bonita. As diferenças terminaram por aí: foi só eu dizer que queria algo mais do que cinemas e bate-papos para ela inventar mil desculpas e sumir.
Mais uma vez fiquei longe da cama e do coração de alguém com sangue oriental.
Neste caso foi mais fácil aceitar já que ela era bem menos legal do que a veterinária.

Não posso terminar esta estória sem mencionar outra lenda sexual da minha infância.
Alguns amigos fingidamente experientes diziam que mulheres de sangue negro eram muito mais selvagens e ativas embaixo dos lençóis.
Apesar de não ser especialmente curioso, não perdi a oportunidade de provar um pouco do gosto da África e posso dizer que não existe um padrão.
Se aquela moça de cabelos curtos, cintura fina e voz delicada me trouxe ótimas experiências, a nutricionista de Natal foi mais um erro do que um acerto.
Infelizmente fui eu quem errei ao não tratá-la do jeito certo. Desde o começo eu a mantive afastada da minha vida até o momento em que decidi que ela deveria sair.
É engraçado dizer isso já que ela mal entrou, mas não conheço outra forma de dizer que decidi não vê-la mais.
Espero que nenhuma delas tenha sofrido e que ambas estejam felizes hoje.
É meio piegas dizer isso agora, mas nunca tive intenção de magoá-las.
Fiz o que sentia vontade. Experimentei o que quis e retribuí o carinho da melhor forma que pude.

Valeu experimentar o sabor diferente e eliminar as besteiras da infância.
Se tiver que escolher a minha favorita, a vencedora de longe é a veterinária. Espero que seu casamento esteja indo bem e que Ele garanta o recebimento da felicidade que ela merece.

terça-feira, novembro 04, 2003

Impressões – Parte 7

Aliviados por termos mantido nossas carteiras intactas após a passagem por Zurique, tomamos a estrada para a Alemanha. Tínhamos um pouco de medo do que podíamos encontrar na terra de Goethe, mas não havia muito jeito de chegar até Amsterdam por terra.
O caminho mais fácil nos pareceu ser aquele que pegava um breve trecho em território austríaco. Naquela época eu ainda não tinha esse desejo grande conhecer Viena e Praga e por isso não rumamos para o Leste. Queríamos chegar logo a Munique e por isso seguimos a estrada para o Norte.

A primeira boa impressão que tivemos da Alemanha foi logo na estrada.
As tais Autobahn eram o verdadeiro paraíso dos motoristas: asfalto impecável, inclinações para evitar o acúmulo de água, banheiros públicos com descarga e limpeza automáticas, locais para descanso sem o risco de assalto e o melhor, sem limite de velocidade.
O Presidente judiou do Renault 19 diesel e tascou 170km/h sem dó. Infelizmente não éramos os únicos que sabiam da lendária segurança das entradas e freqüentemente éramos quase que atropelados por Mercedes, BMWs e Audis a mais de 200!!! Dava até raiva!!!

A capital da Bavária se mostrou surpreendente desde o princípio.
Apesar do tamanho, não tivemos nenhuma dificuldade para chegar até o albergue. Pensando bem, tivemos sim, tanto que eu desci do carro para pedir informação na recepção de um hotelzinho na entrada da cidade. Quase ficamos por lá mesmo!!! É que a recepcionista era tão linda e simpática que mal me lembrei da pergunta que queria fazer.
Demorei alguns segundos para limpar a baba e logo estávamos no albergue lutando para nos comunicar com os chucrutes da recepção. Todos eles pareciam o Boris Becker e não pareciam muito pacientes para nos dar informações.
Depois da luta inicial, largamos as bagagens, tomamos um belo banho, descansamos uns minutos e nos arriscamos para descobrir o que a cidade poderia nos oferecer.

Eu tinha ouvido falar de um relógio gigante que mostrava as horas através do balé de uma série de bonecos coloridos e por isso nos enfiamos no centro da cidade para tentar ver o espetáculo.
Obviamente estávamos no lugar certo na hora errada e vimos apenas um ou dois bonequinhos e um par de badaladas de sino. Acho que a bagunça se forma mesmo ao meio dia!!
Depois de ver as horas fomos procurar o que comer. Nosso tosco conhecimento do local nos fez procurar comida local, mas infelizmente nenhum de nós sabia como dizer “salsicha” em inglês. Muita perna batida depois, sentamos em uma mesa na calçada e fomos atendidos por uma “alemoa” velha, gorda e mal encarada. Pedimos e nos arrependemos amargamente: a tal salsicha era branca, dura e intragável. Acho que cometemos algum erro e pagamos o preço.
Contrariados, tivemos que abandonar a culinária local e abraçar o Big Mac mais próximo.

O dia seguinte foi passado no complexo olímpico, no museu da BMW e nos jardins do museu da cidade. Na manhã do outro dia seguimos em direção à Floresta Negra e ao sossego de Baden Baden.
Infelizmente para nós, o sossego era maior do que esperávamos e saímos da cidade antes do planejado. Só conseguimos ver velhos nas ruas, gramados impecáveis e um castelo antigo muito bem conservado e aberto à visitação. Algumas fotos depois pegamos a estrada sonhando com Amsterdã.

Antes da Holanda, fizemos um pit stop em Bonn e finalmente tivemos uma boa surpresa: a antiga capital do país era o lar de Beethoven e de milhares de estudantes do mundo todo, inclusive um brasileiro que nos reconheceu na rua e nos levou para tomar litros de cerveja às margens do Reno. Além da cerveja deliciosa, ficamos boquiabertos com uma alemã linda que estava com esse brasileiro e que falava português.
Curtimos um pouco com eles e no dia seguinte finalmente tomamos a estrada para a Holanda.
Tínhamos a esperança de ver os campos de tulipas, os bares para fumar maconha e a mulherada do Red Light District, mas novamente tivemos novas surpresas.

No próximo capítulo: o perfume da Holanda.

segunda-feira, novembro 03, 2003

Linha dura

A primeira impressão que tive dela estava relacionada à parte física: achei que uma menina pequena como aquela não poderia ter personalidade forte e nem dar tanto trabalho para ter seu coração conquistado.
Tenha certeza que não fui o único a pensar isso, afinal de contas ela parece mesmo ser uma menininha: magrinha, delicada, de proporções pequenas, não dá mesmo para associá-la a coisas fortes e incisivas.

Mas não é que essa moça adora contrariar as primeiras impressões de quem a conhece?
Foi assim com a gente em Fortaleza: nos vimos em alguns dos passeios que fizemos juntos e acabamos combinando umas poucas saídas. Ela estava com uma amiga e eu, com o Presidente.
Por mais que tivéssemos a impressão de que elas estavam paquerando outros caras do grupo, acabamos nos divertindo bastante por lá. Não chegamos mais longe do que isso e foi até meio surpreendente que nosso contato tivesse voltado para o Sul.

Eu e ela nunca fomos mais do que amigos. O mesmo não pode ser dito do Presidente, mas não é sobre isso que quero falar agora.
Prefiro me concentrar na característica que me parece mais marcante na personalidade dessa descendente de espanhóis: é realmente um osso duro de roer conseguir convencê-la a se entregar a alguém.
Antes de ser mal interpretado quero deixar claro que não sei disso por experiência própria. Como já disse antes, a gente nunca ficou junto e nem rolaram tentativas de nenhuma parte. Não sei se foi falta de vontade, de oportunidade ou simplesmente a vontade de manter aquilo como uma amizade preto e branco mesmo, mas o resultado é esse mesmo: zero a zero.

Bom, o que chamo de “dureza” é um dos grandes motivos de brincadeiras entre a gente: sempre que nos encontramos, gosto de perguntar quantos ela dispensou nos últimos tempos.
Exagerando um pouco, é mais ou menos assim que rolam os relacionamentos dela: desde o final do namoro de cinco anos (pouco antes da ida para Fortaleza), seus envolvimentos não duram mais do que poucos meses. Normalmente é ela que dispensa o cara dizendo que não tem mais paciência ou algo do gênero.
Parece até que ela curte a variedade, mas quem a conhece sabe que isso está longe da verdade. Acredito que o que ela queira seja estar com alguém pelas razões certas e não pagar qualquer preço para não ficar sozinha. Aliás, essa é mais uma das amigas que admiro pela aceitação do fato de encarar a solidão ao invés da má companhia.

Gosto muito de sair, conversar e me divertir com ela.
Sempre rola um clima bem descontraído, apesar de vez por outra achar que ela só está me zoando!!! Pensando bem, faz parte do pacote de se divertir comigo!!

Uma de nossas últimas conversas mostrou que ela continua carinhosa como sempre e que a tranqüilidade segue sendo uma de suas melhores características. Pode mudar o emprego, a vida, o carro e o namorado, que sempre ela vai continuar com aquele jeitinho doce de mulher em um corpo de menininha.
Gosto disso nela e torço para que a serenidade se transforme logo em amor, filhos e felicidade duradoura.
Na verdade, faço mais do que torcer, rezo. Rezo para que todo esse “pacote” venha no momento certo e que ela consiga manter o ideal de não pagar qualquer preço.
Acho que é assim que tem que ser!!